As polêmicas trabalhistas que envolvem a Cor-Tek / Cort.

Saudações.
A Cort Guitars é uma fabricante de instrumentos lotada na Coréia do Sul.
A empresa é uma das maiores fabricantes de guitarras do mundo e produz instrumentos para muitas outras empresas. Tem fábricas na Indonésia, na Coréia e na China.
Desde 1997 as fábricas coreanas de Cort e Cor-Tek têm se envolvido em processos devido às alegações de maus tratos aos operário. As reclamações incluem o fechamento de sua fábrica de Daejon sem aviso prévio em 9 de abril de 2007, demissão em massa de todos os funcionários de sua fábrica de Incheon em 12 de abril de 2007 e a demissão e maus-tratos de funcionários sindicais e membros. Em 12 de julho de 2007, um trabalhador de Cort  ateou fogo em si mesmo em protesto e, em 15 de outubro de 2008, os trabalhadores realizaram uma greve de fome de 30 dias e ocuparam uma torre de eletricidade de 40 metros. O guitarrista Tom Morello, do Rage Against the Machine, e o vocalista do System Of A Down, Serj Tankian - ambos parceiros do Axis Of Justice - se juntaram em um show de protesto contra Cort e Cor-tek em 13 de janeiro de 2010 no Centro Cultural Nanum em Los Angeles. Morello disse: "Eu apóio totalmente as demandas dos trabalhadores coreanos por justiça no local de trabalho. Todos os fabricantes americanos de guitarras e as pessoas que os tocam devem responsabilizar Cort pela maneira horrível como trataram seus trabalhadores." Essas controvérsias passaram por vários estágios legais na Coréia de 2007 a 2012.  Por fim, a Cort recebeu decisões favoráveis ​​da Suprema Corte da Coréia que acabaram com qualquer responsabilidade adicional por parte da empresa em relação aos empregados demitidos. O tribunal reconheceu que o fechamento da fábrica em 2008 e a demissão subseqüente foram justificados.

Encontrei essa série de vídeos documentais sobre as relações trabalhistas providas pela empresa.















Todos os vídeos foram extraídos dessa página:
https://www.youtube.com/user/ddoyeon/videos

http://english.hani.co.kr/arti/english_edition/e_national/891184.html

Até pensei em adquirir baixo dessa marca, mas vendo o regime de semi-escravidão de seus funcionários, melhor não!

^ Me lembrei desta notícia de 2 dias atrás: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/12/22/menina-encontra-pedido-de-ajuda-de-trabalhador-chines-em-cartao-de-natal.ghtml

O pior é acaba não dando para fugir muito disso...

fheliojr escreveu:^ Me lembrei desta notícia de 2 dias atrás: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/12/22/menina-encontra-pedido-de-ajuda-de-trabalhador-chines-em-cartao-de-natal.ghtml

O pior é acaba não dando para fugir muito disso...

Nossa! A situação é mais séria do que eu pensava.

As condições de trabalho, no mundo todo, vêm sofrendo ataques e se deteriorando. Não é preciso ir tão longe, nem mesmo restringir essa situação de precariedade às empresas piratas e aos países de terceiro mundo e periféricos. Trata-se de uma condição imposta pelo "mercado". No caso chinês há muito em disputa hoje em dia: um Estado que demanda cada vez mais produção e exportação - e por isso em constante expansão - para se manter em crescimento, uma disputa acirrada por mercados frente àquela que era tida como o modelo hegemônico de economia bem-sucedida (a dos EUA), além de questões culturais e ideológicas que polarizam e distorcem análises e interpretações. É bom lembrar que assim como é certo que existe trabalho escravo na China, são muitas as empresas ocidentais (muitas de artigos de luxo) que produzem lá e que fingem não participar desse modelo, se beneficiando da mão de obra farta e barata. Pra completar, deixo dois links interessantes e mais próximos da nossa realidade. Abraço.

https://veja.abril.com.br/brasil/no-brasil-160-000-trabalham-em-condicoes-analogas-as-de-escravidao/amp/)

https://contec.org.br/governo-atualiza-lista-suja-de-empresas-com-condicoes-analogas-escravidao/

WHead escreveu:As condições de trabalho, no mundo todo, vêm sofrendo ataques e se deteriorando...

Este é um dos retrocessos que o mundo vêm sofrendo... Valem-se da necessidade de se modernizar as relações trabalhistas - o que é muito justo - para se mitigar direitos sociais.
O caso da China é muito mais complicado, pq ela é uma fortíssima economia de mercado e uma ditadura, na prática.

Fheliojr, o modelo político e econômico chinês é complexo e poucos teriam condições de afirmar onde rege o socialismo e onde começa a vigorar o mercado. Em tempos de polarização seria improdutivo discutir isso aqui (infelizmente). Mas a situação trabalhista por lá já foi pior - mesmo depois da revolução - e hoje supera as condições aplicadas em muitos países "livres", como o Brasil, infelizmente.

https://exame.abril.com.br/economia/trabalhador-industrial-brasileiro-ganha-menos-que-um-chines/

Há muito que o tal do "baixo custo de mão de obra", isolado, deixou de explicar o crescimento econômico da China.

https://www.fiesp.com.br/mobile/noticia/?id=22060

O que existe, por lá e pelo mundo à fora, é uma cadeia de produção que exige os custos de fabricação mais baixos possiveis para que a margem de lucro não diminua - e se possível, aumentem.

https://noticias.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/luiz-felipe-alencastro/2015/12/06/china-da-china-pais-aproveita-mao-de-obra-e-energia-barata-da-africa.amp.htm

Enfim, a China se preparou nas últimas décadas para esse crescimento. Realizou uma série de reformas econômicas e investimentos públicos, transformou-se numa verdadeira potência exportadora que foi dos produtos básicos e baratos aos produtos de luxo e de tecnologia de ponta. Manter esse crescimento será outro desafio. Refletir esse crescimento na qualidade de vida de seus cidadãos, então, será o maior de todos. Abraço.