Stone Temple Pilots - 09/12/2010 - Via Funchal SP

Sou muito fã do STP e quando soube que eles retomaram a banda fiquei ansioso por um show no Brasil. Daí eles vieram para Argentina, um show no Brasil chegou a ser anunciado no site da banda e ingressos começaram a ser vendidos e então cancelaram a apresentação no Brasil. Foi frustrante, ainda que eu não tivesse já comprado o ingresso.

Daí quando soube deste show em dezembro, fui atrás dos ingressos. Minha mulher foi comprar direto na Funchal mas a pista premium já estava esgotada então pegamos a pista normal que, no caso da Funchal, tá beleza pois o lugar é pequeno.

De qualquer forma, dia 9 lá estava eu, pronto para entrar assim que abriram os portões. Pouca gente, peguei um lugar na grade da pista, mais para o lado esquerdo, com melhor visão para o set do baixo e de lá só saí para comprar cerveja quando minha mulher chegou para "garantir o território". Aliás, a cerveja é um caso a parte: lá fora R$ 4 na lata normal e R$ 3 na "fininha"; lá dentro R$ 6 a lata se você comprasse fichinhas para trocar nos bares do local ou (essa foi f****) R$ 7, a dinheiro, se você comprasse dos caras que ficavam vendendo dentro da área premium! Quando o vendedor me lançou uma dessa, falei "Você tá me zoando, né?". E quando ele fez menção de encher o copo em que eu tinha tomado a anterior, que peguei no bar, eu lancei "Cara, esse R$ 1 a mais não paga nem um copo novo?". Ele ficou meio sem graça.

Bom, vamos ao show. Os caras entraram uns 10 minutos após o horário anunciado, sem banda de abertura, e mandando Crackerman logo de cara.

Apesar do clássico som horrível da Funchal (impressionante como o som lá é ruim; não sei se é acústica, equipamento ou ambos), foi uma baita alegria ver os caras ao vivo, aquela sensação de “putz, é de verdade!”. Meio juvenil, eu sei, mas só sei que foi assim.

De cara deu para sacar três coisas: 1) a banda continua muito afiada, entrosada; 2) a voz do Scott Weiland continua matadora; e 3) a redução no consumo de drogas, provavelmente por questões de sobrevivência, afinal os problemas do Scott com os abusos são notórios deixaram o cara mais contido.

O show seguiu com Wicked Garden, Vasoline, Heaven & Hot Rods, até chegar a Between The Lines, faixa que abre o novo disco da banda e uma das poucas deste álbum que fizeram parte do show. Essa faixa, aliá, é uma das que mais faz jus ao som do STP.

A banda, como comentei, permanece super afiada. O Eric Kretz é extremamente preciso e espanca a bateria, mantendo a dinâmica da banda pra cima, junto com o Robert DeLeo, armado com seus baixos Shecter.

O Robert, além de tocar muito, tem uma presença de palco excelente – praticamente só ele interagiu com o público, tocando bem na frente do palco, indo aos extremos e se abaixando perto da platéia, além de agradecer pela acolhida. Ele responde por boa parte das composições do grupo e suas linhas de baixo são aulas de como construir grooves matadores (não é a toa que uma de suas maiores influências seja o mestre James Jamerson). Ele usou apenas dois baixos: um PJ e um P.

O Dean DeLeo, irmão do Robert, atacou na ponta direita, com suas Les Paul. Ele toca muito e teria sido ótimo se ele ensandecesse mais, pois isso ajudaria a encobrir a ausência de explosão do Scott.

O Scott, por sua vez, fez algumas de suas dancinhas, subiu nas caixas de retorno (Robert também mandou umas dessas), usou seu megafone, matou a pau na voz, porém parecia um animal sob um indesejado controle. Olhar melancólico. Fez pensar muitas coisas.

Foi sábio focar o repertório nos clássicos. Interstate Love Song, Sex Type Thing, Big Empty, Dead & Bloated, são canções poderosas, com riffs fortes e melodias bacanas. Me surpreendeu terem colocado o cover de Dancing Days, do Led. Fizeram falta Big Bang Baby e Days of The Week, que são super pra cima.

Para fechar mandaram Trippin' On A Hole In A Paper Heart, talvez a minha favorita deles, uma música para se tocar com a pressão no pico e que, por isso, sentiu um pouco a falta do Scott “insano”.

O último trabalho, que se chama Stone Temple Pilots, é o primeiro deles a soar um pouco sem pegada. Tem músicas bacanas, mas falta o punch característico presente em todos os demais trabalhos, fossem eles mais ou menos recheados de hits. Talvez seja um sinal de que a volta não está sólida o suficiente para estimular a criatividade da banda.

Experimentei um certo conflito de emoções, pois eu queria muito ver aquela performance animal que caracteriza o Scott e que já rendeu comparações ao Iggy Pop. Quem assistiu ao DVD que acompanha a coletânea Thank You sabe do que estou falando. Lá tem alguns takes ao vivo incluindo de um show num lugar gigante, aberto, lotado, onde o Scott engoliu a platéia com uma performance incendiária, insana. Não ter essa energia explosiva com certeza diminuiu muito o impacto do show. Por outro lado, o quanto será que ele aguentaria rodando a 1.000? O quanto o cara não deve sofrer depois, lidando com efeitos do vício.

Minha mulher e um brother meu, que também são fãs da banda, saíram um pouco decepcionados quanto a isso também.

Apesar disso e do som embolado, que para mim atrapalhou bastante, o show foi muito bom. Saí feliz por ver uma banda que amo muito, por vê-los tocando (e muito bem!) canções super bem escritas e que fizeram a banda romper a ideia inicial de que eram apenas um grupo pseudo grunge. Se tivesse grana e tempo, teria ido ao RJ conferir a apresentação no Circo Voador.

Bom show, grande banda.

PS Em Plush, o público procurou cantar em peso e em peso errou uma parte da letra que quase derrubou a banda. Deu para sacar um estranhamento, mas o Scott já foi para o mic para trazer a galera pro lugar.

Longo, mas excelente review!

"... criamos essa nova área para que sejam postados Reviews de instrumentos e equipamentos em geral. Este tópico tem como função auxiliar aos amigos do Fórum Contrabaixo BR na tomada de decisão para aquisição de um instrumento e/ou equipamento." (Por ClaudioBass)

Putz JAZZigo, não tinha atentado a essa regra. Frequento um outro fórum onde reviews de shows, livros e discos tb entram nesta seção. Mas lá é lá, aqui é aqui. E desculpe pelo post longo. Deleto e coloco no Off-Topic?

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Ok. Moderadores, podem dar uma forcinha, por favor? Obrigado. E, mais uma vez, sorry. Se acharem que o tamanho incomoda também, podem excluir o tópico sem problemas.

Não tocaram Creep? Acho tão legal essa música...

Não tocaram. Também acho linda essa música, mas ela é super triste e acho que faltaram algumas mais pra cima neste show. Se ela Creep estivesse no set, sem um pouco mais de músicas up, sei não...