Bahia - Terra do Carnaval
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Mauricio Luiz Bertola
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Bahia - Terra do Carnaval
CARNAVAL DO APARTHEID
"Faturamento de um camarote de carnaval: R$ 14,4 milhões. Taxa que paga à prefeitura: R$10,58. Ser empresário de bloco ou camarote no Carnaval, na Bahia, não tem preço!
Números reveladores do Carnaval da Bahia, foram publicados na Revista da Metrópole desta sexta:
O bloco Camaleão fatura, sozinho, apenas com a venda de abadás, R$ 6,65 milhões.
O Me Abraça fatura R$ 5,4 milhões do mesmo jeito, fora patrocínios.
O Corujas fatura 4,94 milhões.
Tudo isso em apenas três dias.
Já os camarotes faturam assim:
O do Reino, R$ 7,2 milhões;
Nana Banana, R$ 6,2 milhões;
Camarote Salvador, R$ 14,4 milhões.
Tudo isso fora os patrocínios.
Mas, por outro lado, sabem quanto um empresário paga de taxa à Prefeitura para montar um camarote no circuito do Carnaval?
R$ 10,58 de taxa inicial e mais 42,34 por metro quadrado. Uma pechincha. Um achado. Uma oportunidade da China. Ou seja, os empresários não bancam, nem de longe, o custo da festa.
Então, quem banca? O Governo do Estado e a Prefeitura investem R$ 30 milhões para colocar polícia na rua, realizar a limpeza, montar e desmontar toda infra-estrutura, pagar equipes de saúde, etc, etc, etc.
Porém lembrem-se: o dinheiro do Governo do Estado e da Prefeitura sai do nosso bolso.
E considerando que pesquisa divulgada recentemente no A Tarde constatou que 76% da população de Salvador não pula carnaval, e mesmo os 24% que pulam ficam espremidos entre tapumes e cordas de blocos, bancar essa festa imensa com dinheiro público fica mais injusto ainda. Tá na hora dessa conta mudar de mãos: quem fatura com o Carnaval é que tem que bancar a festa.
Eu gostaria muito de saber a opinião dos que criticam o Bolsa Família como uma “esmola que deixa o povo dependente do governo” para saber o que eles acham dessa “superesmola” que dá lucro absurdo a empresas e mais empresas no carnaval, às custas dos investimentos públicos.
Tudo precisa ser mudado.
Quer fazer Carnaval, faça para o povo baiano também!...
Em tempo: a Daniela Mercury ficou revoltada com a Prefeitura porque não atenderam ao seu pedido de elevar a altura dos fios da rede eletrica; segundo ela, o seu novo trio ficou um pouco mais alto o que colocaria sua vida em risco; o custo desse pedido, só no circuito da Barra seria de mais de 3 milhões de reais;
já comprou seu abadá do próximo carnaval? Não? Então corra que está acabando!...
ENQUANTO ISSO!!!
O hospital Martagão Gesteira declara que a Prefeitura de Salvador há dois meses não recebe uma dívida de R$ 2 milhões e o hospital corre o risco de fechar este mês e 700 crianças ficarão sem tratamento, mas para o carnaval nos bairros da Barra-Ondina foram gastos sem titubear R$ 60 milhões pelos gestores municipal e estadual.
O carnaval é prioritário, a saúde não!
"Faturamento de um camarote de carnaval: R$ 14,4 milhões. Taxa que paga à prefeitura: R$10,58. Ser empresário de bloco ou camarote no Carnaval, na Bahia, não tem preço!
Números reveladores do Carnaval da Bahia, foram publicados na Revista da Metrópole desta sexta:
O bloco Camaleão fatura, sozinho, apenas com a venda de abadás, R$ 6,65 milhões.
O Me Abraça fatura R$ 5,4 milhões do mesmo jeito, fora patrocínios.
O Corujas fatura 4,94 milhões.
Tudo isso em apenas três dias.
Já os camarotes faturam assim:
O do Reino, R$ 7,2 milhões;
Nana Banana, R$ 6,2 milhões;
Camarote Salvador, R$ 14,4 milhões.
Tudo isso fora os patrocínios.
Mas, por outro lado, sabem quanto um empresário paga de taxa à Prefeitura para montar um camarote no circuito do Carnaval?
R$ 10,58 de taxa inicial e mais 42,34 por metro quadrado. Uma pechincha. Um achado. Uma oportunidade da China. Ou seja, os empresários não bancam, nem de longe, o custo da festa.
Então, quem banca? O Governo do Estado e a Prefeitura investem R$ 30 milhões para colocar polícia na rua, realizar a limpeza, montar e desmontar toda infra-estrutura, pagar equipes de saúde, etc, etc, etc.
Porém lembrem-se: o dinheiro do Governo do Estado e da Prefeitura sai do nosso bolso.
E considerando que pesquisa divulgada recentemente no A Tarde constatou que 76% da população de Salvador não pula carnaval, e mesmo os 24% que pulam ficam espremidos entre tapumes e cordas de blocos, bancar essa festa imensa com dinheiro público fica mais injusto ainda. Tá na hora dessa conta mudar de mãos: quem fatura com o Carnaval é que tem que bancar a festa.
Eu gostaria muito de saber a opinião dos que criticam o Bolsa Família como uma “esmola que deixa o povo dependente do governo” para saber o que eles acham dessa “superesmola” que dá lucro absurdo a empresas e mais empresas no carnaval, às custas dos investimentos públicos.
Tudo precisa ser mudado.
Quer fazer Carnaval, faça para o povo baiano também!...
Em tempo: a Daniela Mercury ficou revoltada com a Prefeitura porque não atenderam ao seu pedido de elevar a altura dos fios da rede eletrica; segundo ela, o seu novo trio ficou um pouco mais alto o que colocaria sua vida em risco; o custo desse pedido, só no circuito da Barra seria de mais de 3 milhões de reais;
já comprou seu abadá do próximo carnaval? Não? Então corra que está acabando!...
ENQUANTO ISSO!!!
O hospital Martagão Gesteira declara que a Prefeitura de Salvador há dois meses não recebe uma dívida de R$ 2 milhões e o hospital corre o risco de fechar este mês e 700 crianças ficarão sem tratamento, mas para o carnaval nos bairros da Barra-Ondina foram gastos sem titubear R$ 60 milhões pelos gestores municipal e estadual.
O carnaval é prioritário, a saúde não!
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allexcosta- Administrador
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
Negócio da China nada... Negócio da Bahia!!! hehe
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Wellington Rodrigues - http://www.myspace.com/wellmusicrio
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
(2)...Edu Fettermann escreveu:Pão e circo, amigo... pão e circo, nada mais.
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Cantão- Moderador
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
O Carnaval da Bahia a muito virou uma "ação entre amigos" que privilegia um determinado grupo e turistas de fora, enquanto o povo baiano............
Recentemente ví uma entrevista na TVE de um ativista do movimento negro e carnavalesco baiano (não me recordo quem era), em que ele criticava fortemente essa política excludente e "concentradora de renda", e citava o Carnaval do Rio como exemplo de participação popular.
O povo baiano tem que mudar isso.... Para o bem da cultura brasileira...
Recentemente ví uma entrevista na TVE de um ativista do movimento negro e carnavalesco baiano (não me recordo quem era), em que ele criticava fortemente essa política excludente e "concentradora de renda", e citava o Carnaval do Rio como exemplo de participação popular.
O povo baiano tem que mudar isso.... Para o bem da cultura brasileira...
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
O poder público tem um problema gravíssimo que está entre as suas entranhas e não quer sair, é a dificuldade de se modernizar e se adequar às novas situações.... A coisa está errada e vai errada até o fim, sem sequer ser revista e se criar uma forma mais adequada de tratar aquilo, muitos pagam por isso, e poucos se beneficiam com isso, não estou aqui tocando em outros problemas como currupção, violência e tal, que só isso já dariam alguns livros.... Falo apenas da dificuldade de se readequar a situação atual, que infelizmente não existe, o estado não se moderniza de maneira nenhuma, quer outros exemplos? estatuto da criança e adolescente, código penal e código de processo penal que há muito tempo já deveriam ter sido revistos.... Lamentável.
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DUDUBASS- Membro
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
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André Souza- Membro
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
"Turma de fora da corda, a pipoca caçando com o pessoal da corda. Policia aparece e bota a turma da baderna pra correr. Caetano Veloso assiste a briga do Camarote. "
A CORDA brasil.
Quem vê o carnaval do Nordeste pela TV acha que aquela multidão divide democraticamente o mesmo espaço. Ledo engano. Até neste tipo de carnaval temos o nosso apartheid, pobre de um lado, riquinhos do outro se isolando com cordas e seguranças parrudos, para ocupar um espaço público que deveria ser de uso comum para todos os brasileiros. A força policial do Estado da Bahia nem tomou conhecimento - PORRADA NOS POBRES.
A CORDA brasil.
Quem vê o carnaval do Nordeste pela TV acha que aquela multidão divide democraticamente o mesmo espaço. Ledo engano. Até neste tipo de carnaval temos o nosso apartheid, pobre de um lado, riquinhos do outro se isolando com cordas e seguranças parrudos, para ocupar um espaço público que deveria ser de uso comum para todos os brasileiros. A força policial do Estado da Bahia nem tomou conhecimento - PORRADA NOS POBRES.
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Bruno A. L. Veloso - msn: brunoalveloso@hotmail.com - TWITTER @brunoalveloso - Clube dos baixista da Bahia, meu rei!!! # 001 / Clube Cort #58 / Clube dos amantes só das 4 cordas #42
Bruno A. L. Veloso- Membro
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
Notícias do Carnaval de Salvador
Carnaval de Salvador: “apartheid” e seletividade em uma ilha de brancos cercada por uma corda de negros.
Marília Lomanto Veloso *
Ignoro o critério dos órgãos responsáveis pelo Carnaval de Salvador, para estabelecer o percurso dos Blocos, Trios Alternativos, Independentes ou qualquer outro nome dessas parafernálias musicais. Até que me esforcei por saber, junto a um órgão de turismo, mas não tive êxito na resposta. Certo é que alguns/algumas dos “deuses/deusas” que puxam essas “corporações” não passam pelos tradicionais percursos da Avenida Sete, Piedade, São Pedro, Praça Castro Alves, chamado Circuito Campo Grande (ou Osmar), que prefiro designar por “Circuito Senzala”, tal é a manifesta concentração de nichos de pobreza que ali se aglutinam. Muitos desse reis/rainhas do Axé, Pagode, desfilam apenas pelo trajeto Barra/Ondina, (ou Circuito Dodô), que denomino “Circuito Casa Grande”, em razão do grupo de elite que prefere curtir o Carnaval com “segurança”, longe da “mistura” do centro da cidade.
Por escolha política, estou no “Circuito Senzala” e, do alto do quinto andar de um prédio em frente ao velho Jardim da Piedade, cercado por grades de ferro escondidas atrás de muralhas de madeira, posso enxergar com maior objetividade o Carnaval declamado internacionalmente por ser a mais intensa expressão de alegria (e com razão) e de respeito à diversidade étnica e cultural que marca nosso povo (o que não é verdadeiro). Lamentavelmente essa festa, em nossa capital, vem resgatando a figura de um Navio Negreiro, dessa feita, sofisticado e de elevada tecnologia. Grilhões de antigamente agora são cordas que negros e negras arrastam, de mãos enluvadas, para dar proteção à grande massa de brancos e brancas que se torce (nem sempre) em frente, ao lado e no rastro dos possantes veículos que transportam “deuses/deusas” (às vezes negros e negras) do Axé, do Pagode e de não sei mais o que.
No podium simbolizado pelos Trios Elétricos, o encanto e a fama de rostos globais, convidados especialmente para gozo e delírio da maioria pobre, apinhada e comprimida ao longo do espaço público legal (mas ilegitimamente) apropriado pelas elites que desfilam nas grandes Empresas/Blocos que dominam o Mercado Carnavalesco de Salvador, produzindo um espetáculo destinado principalmente aos ricos e aos turistas que ocupam a cidade durante a folia momesca.
Enquanto arde minha repulsa pela expropriação dos sítios de divertimento em Salvador, continuo a espiar o rito de passagem dos Trios. Em um deles, sem bloco, três jovens negras reverenciam Carmem Miranda. Fico à espera dos gritos dos “espremidos” na Praça Piedade. Nada acontece. O silêncio e a indiferença do público deixam claro que as vocalistas, não obstante afortunadas na escolha das vestes e do repertório, não eram midiatizadas, logo, não conseguiam animar a platéia.
Outros Trios passam. De repente, acontece a explosão. A Praça Piedade enlouquece, mobilizada por uma das “deusas” douradas que comandam o espetáculo do Carnaval da Bahia. E outros “deuses/deusas” se sucedem, enquanto também se aglomeram os “excluídos da corda”, pulando entre as barreiras formadas pelos edifícios, pelo jardim e pelas “correntes vivas” que circulam os Blocos. Não só, o muro se fortifica por fileiras de policiais militares, que parecem ter olhos e ouvidos apenas para os negros fora da corda, os quais, em todos os momentos que pude presenciar, eram os únicos abordados.
Carnaval de Salvador é isso aí: uma ilha de brancos cercada por uma corda de negros e negras. Foi a única resposta que consegui formular diante da indagação que me fez uma paulista sobre essa festa já tão deformada na sua feição democrática. Um simples olhar sobre os Blocos/Empresas Carnavalescos é o bastante para consolidar essa afirmativa que dialoga com uma realidade oposta aos dias de Carnaval, único tempo em que a minoria branca e rica predomina sobre uma cidade histórica e matematicamente negra e pobre. Desse modo, os “habitantes” ocasionais da quase todas essas “cidades dos Blocos” escancaram um violento e insuperável contraste com a população negra dos cárceres, das invasões, das periferias, das favelas, dos quilombos, dos Sem Teto, dos Sem Terra.
Por todo o período de Carnaval, negro é o tom da corda, dos ambulantes que circulam aos milhares. É a cor do povo “Fora dos Blocos”, olhando das calçadas, pulsando ao som de altíssimos equipamentos que amplificam à exaustão as vozes dos “mitos” da passarela e aplaudindo os desfilantes dos Blocos, talvez, na sua expressiva maioria, descendências dos colonizadores de terras no passado, e agora, dos espaços antes livres para brincar e da alegria que vibra a cada passagem dos “latifundiários da folia”.
De fato, no Carnaval de Salvador, a rua, a avenida, a praça se constituem o grande domínio desses novos sujeitos sociais que são os empresários donos dos Blocos e seus associados. É verdade que algum recinto sobra para afrodescendentes, por sua inigualável capacidade vocal e instrumental. Mas por vezes questiono se essa aclamada e fascinante musicalidade não termina sendo uma estratégia excludente a partir de um discurso de inclusão social. Isso significa a urgência em se refletir sobre a utilização, pelas elites, do espaço da música e dos tambores como um grande quilombo, distanciando o potencial de negros e negras das “catedrais cristalizadas” que são as Universidades e de outros locus de poder.
Nesse contexto, chama atenção a quem se dispõe a fazer uma leitura crítica do Carnaval de Salvador, o fato de que em nenhum outro momento a luta de classes se revela com tamanho vigor em nossa cidade. As ruas, praças e avenidas que deveriam pertencer ao povo, seu titular legítimo, se acanham para ceder lugar a alguns privilegiados, a exemplo de atores, atrizes, autoridades e outros figurantes da nobreza daqui e de fora do país que se confinam em luxuosos camarotes garantidos pelos “deuses/deusas” do Carnaval ou explorados por capitalistas do Império de Momo, que vendem o espaço público a quem possa dispor do valor cobrado. O mais censurável é a restrição desses espaços, acessíveis apenas à nata esguia, branca e economicamente estável que desfila rigorosamente vestida de “abadá”, figurino de criação baiana comercializada a preços que humilham a quem ganha um salário e envergonham a tantos quantos militam na trincheira da busca pela destituição das desigualdades e pela construção de uma sociedade onde todos e todas, indistintamente, possam se “empoderar” da exultação de “ser pessoa”, e, nesse sentido, de “ser pessoa dentro de todo o espaço da alegria” do Carnaval de Salvador.
* Doutora em Direito pela PUC/SP, Professora de Direito da UEFS, Ex Promotora de Justiça da Bahia, Membro do Conselho Penitenciário do Estado da Bahia e Presidente do JusPopuli/Escritó rio de Direitos Hum
Carnaval de Salvador: “apartheid” e seletividade em uma ilha de brancos cercada por uma corda de negros.
Marília Lomanto Veloso *
Ignoro o critério dos órgãos responsáveis pelo Carnaval de Salvador, para estabelecer o percurso dos Blocos, Trios Alternativos, Independentes ou qualquer outro nome dessas parafernálias musicais. Até que me esforcei por saber, junto a um órgão de turismo, mas não tive êxito na resposta. Certo é que alguns/algumas dos “deuses/deusas” que puxam essas “corporações” não passam pelos tradicionais percursos da Avenida Sete, Piedade, São Pedro, Praça Castro Alves, chamado Circuito Campo Grande (ou Osmar), que prefiro designar por “Circuito Senzala”, tal é a manifesta concentração de nichos de pobreza que ali se aglutinam. Muitos desse reis/rainhas do Axé, Pagode, desfilam apenas pelo trajeto Barra/Ondina, (ou Circuito Dodô), que denomino “Circuito Casa Grande”, em razão do grupo de elite que prefere curtir o Carnaval com “segurança”, longe da “mistura” do centro da cidade.
Por escolha política, estou no “Circuito Senzala” e, do alto do quinto andar de um prédio em frente ao velho Jardim da Piedade, cercado por grades de ferro escondidas atrás de muralhas de madeira, posso enxergar com maior objetividade o Carnaval declamado internacionalmente por ser a mais intensa expressão de alegria (e com razão) e de respeito à diversidade étnica e cultural que marca nosso povo (o que não é verdadeiro). Lamentavelmente essa festa, em nossa capital, vem resgatando a figura de um Navio Negreiro, dessa feita, sofisticado e de elevada tecnologia. Grilhões de antigamente agora são cordas que negros e negras arrastam, de mãos enluvadas, para dar proteção à grande massa de brancos e brancas que se torce (nem sempre) em frente, ao lado e no rastro dos possantes veículos que transportam “deuses/deusas” (às vezes negros e negras) do Axé, do Pagode e de não sei mais o que.
No podium simbolizado pelos Trios Elétricos, o encanto e a fama de rostos globais, convidados especialmente para gozo e delírio da maioria pobre, apinhada e comprimida ao longo do espaço público legal (mas ilegitimamente) apropriado pelas elites que desfilam nas grandes Empresas/Blocos que dominam o Mercado Carnavalesco de Salvador, produzindo um espetáculo destinado principalmente aos ricos e aos turistas que ocupam a cidade durante a folia momesca.
Enquanto arde minha repulsa pela expropriação dos sítios de divertimento em Salvador, continuo a espiar o rito de passagem dos Trios. Em um deles, sem bloco, três jovens negras reverenciam Carmem Miranda. Fico à espera dos gritos dos “espremidos” na Praça Piedade. Nada acontece. O silêncio e a indiferença do público deixam claro que as vocalistas, não obstante afortunadas na escolha das vestes e do repertório, não eram midiatizadas, logo, não conseguiam animar a platéia.
Outros Trios passam. De repente, acontece a explosão. A Praça Piedade enlouquece, mobilizada por uma das “deusas” douradas que comandam o espetáculo do Carnaval da Bahia. E outros “deuses/deusas” se sucedem, enquanto também se aglomeram os “excluídos da corda”, pulando entre as barreiras formadas pelos edifícios, pelo jardim e pelas “correntes vivas” que circulam os Blocos. Não só, o muro se fortifica por fileiras de policiais militares, que parecem ter olhos e ouvidos apenas para os negros fora da corda, os quais, em todos os momentos que pude presenciar, eram os únicos abordados.
Carnaval de Salvador é isso aí: uma ilha de brancos cercada por uma corda de negros e negras. Foi a única resposta que consegui formular diante da indagação que me fez uma paulista sobre essa festa já tão deformada na sua feição democrática. Um simples olhar sobre os Blocos/Empresas Carnavalescos é o bastante para consolidar essa afirmativa que dialoga com uma realidade oposta aos dias de Carnaval, único tempo em que a minoria branca e rica predomina sobre uma cidade histórica e matematicamente negra e pobre. Desse modo, os “habitantes” ocasionais da quase todas essas “cidades dos Blocos” escancaram um violento e insuperável contraste com a população negra dos cárceres, das invasões, das periferias, das favelas, dos quilombos, dos Sem Teto, dos Sem Terra.
Por todo o período de Carnaval, negro é o tom da corda, dos ambulantes que circulam aos milhares. É a cor do povo “Fora dos Blocos”, olhando das calçadas, pulsando ao som de altíssimos equipamentos que amplificam à exaustão as vozes dos “mitos” da passarela e aplaudindo os desfilantes dos Blocos, talvez, na sua expressiva maioria, descendências dos colonizadores de terras no passado, e agora, dos espaços antes livres para brincar e da alegria que vibra a cada passagem dos “latifundiários da folia”.
De fato, no Carnaval de Salvador, a rua, a avenida, a praça se constituem o grande domínio desses novos sujeitos sociais que são os empresários donos dos Blocos e seus associados. É verdade que algum recinto sobra para afrodescendentes, por sua inigualável capacidade vocal e instrumental. Mas por vezes questiono se essa aclamada e fascinante musicalidade não termina sendo uma estratégia excludente a partir de um discurso de inclusão social. Isso significa a urgência em se refletir sobre a utilização, pelas elites, do espaço da música e dos tambores como um grande quilombo, distanciando o potencial de negros e negras das “catedrais cristalizadas” que são as Universidades e de outros locus de poder.
Nesse contexto, chama atenção a quem se dispõe a fazer uma leitura crítica do Carnaval de Salvador, o fato de que em nenhum outro momento a luta de classes se revela com tamanho vigor em nossa cidade. As ruas, praças e avenidas que deveriam pertencer ao povo, seu titular legítimo, se acanham para ceder lugar a alguns privilegiados, a exemplo de atores, atrizes, autoridades e outros figurantes da nobreza daqui e de fora do país que se confinam em luxuosos camarotes garantidos pelos “deuses/deusas” do Carnaval ou explorados por capitalistas do Império de Momo, que vendem o espaço público a quem possa dispor do valor cobrado. O mais censurável é a restrição desses espaços, acessíveis apenas à nata esguia, branca e economicamente estável que desfila rigorosamente vestida de “abadá”, figurino de criação baiana comercializada a preços que humilham a quem ganha um salário e envergonham a tantos quantos militam na trincheira da busca pela destituição das desigualdades e pela construção de uma sociedade onde todos e todas, indistintamente, possam se “empoderar” da exultação de “ser pessoa”, e, nesse sentido, de “ser pessoa dentro de todo o espaço da alegria” do Carnaval de Salvador.
* Doutora em Direito pela PUC/SP, Professora de Direito da UEFS, Ex Promotora de Justiça da Bahia, Membro do Conselho Penitenciário do Estado da Bahia e Presidente do JusPopuli/Escritó rio de Direitos Hum
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Bruno A. L. Veloso- Membro
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
Bora Brasil!!!!!!!!!!!!!
Por isso que lá fora gringo adora o Brasil. Essa put**** toda rolando, farra o ano todo, irresponsabilidade e mulher nua todo o canto.
Charlam, depois vão embora.
Adoro a Bahia, mas Salvador é um caso à parte. Cidade linda e acolhedora, porém com mazelas a perder de vista.
Por isso que lá fora gringo adora o Brasil. Essa put**** toda rolando, farra o ano todo, irresponsabilidade e mulher nua todo o canto.
Charlam, depois vão embora.
Adoro a Bahia, mas Salvador é um caso à parte. Cidade linda e acolhedora, porém com mazelas a perder de vista.
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Rafael FindanS- Membro
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
O que eu acho bem interessante é o interesse e a disposição das pessoas em pagar, pelo menos com 1 ano de antecedência, coisa de 900 reais ou mais, pra ficar dentro de uma cordinha, vendo e passando pelas mesmas coisas que as outras pessoas FORA da cordinha vêem e passam... e de graça...
E os ingressos antecipados de 1 ano se esgotam em questão de minutos... é incrível...
tinha uma colega que quando chegava em janeiro ela já estava comprando os ingressos do ano seguinte... coisa de 800 reais há uns 5 anos atrás pelo menos...
É MUITA grana que entra!!! E antecipada...
já pensou você receber TODO seu salário do ano que vem sem nenhum descontinho? purinho? putz... é muita felicidade!!! rsrsr
E os ingressos antecipados de 1 ano se esgotam em questão de minutos... é incrível...
tinha uma colega que quando chegava em janeiro ela já estava comprando os ingressos do ano seguinte... coisa de 800 reais há uns 5 anos atrás pelo menos...
É MUITA grana que entra!!! E antecipada...
já pensou você receber TODO seu salário do ano que vem sem nenhum descontinho? purinho? putz... é muita felicidade!!! rsrsr
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
wellrod escreveu:O que eu acho bem interessante é o interesse e a disposição das pessoas em pagar, pelo menos com 1 ano de antecedência, coisa de 900 reais ou mais, pra ficar dentro de uma cordinha, vendo e passando pelas mesmas coisas que as outras pessoas FORA da cordinha vêem e passam... e de graça...
Me parece um tanto quanto óbvio que você nunca passou um carnaval em SSA...
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allexcosta- Administrador
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Re: Bahia - Terra do Carnaval
Elementar meu caro Watson...
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