A primeira vez a gente nunca se esquece...
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A primeira vez a gente nunca se esquece...
A Primeira vez a gente nunca esquece...
A primeira vez que eu ouvi uma banda de verdade ao vivo, ela não se chamava banda... Chamava-se conjunto. E como quase tudo que é importante e fundamental em minha vida, apareceu de repente, sem eu nem ter idéia do que acontecia.
1968 ou 1969, não sei precisar. Manhã fria de inverno na Serra da Mantiqueira. Cidadezinha de pouco mais de mil habitantes. Próximo à Campos do Jordão.
Era uma criança com 8 ou 9 anos e não sabia por que meus pais me levantaram tão cedo da cama naquele dia. Era casamento de um parente. 10 h. Depois teria um grande churrasco numa chácara ou fazenda próxima.
A cerimônia foi numa capelinha à beira de uma estrada de terra numa das saídas da cidade para propriedades rurais.
Sem saber o que acontecia, sonolento, assisti à cerimônia e quando todos saímos da capelinha tinha uma conjunto tocando na calçada, do lado de fora.
Era uma surpresa de amigos do noivo que tocavam instrumentos musicais e que tocaram umas 5 ou 6 músicas assim que o casal saiu.
O sol tímido das 11 h da fria manhã de inverno na serra iluminava os cromados da bateria e faziam o menino de 8 anos sonhar.
O cantor, um mulatinho de cabelo pixaim, meio gordinho, usando um paletó vinho, com uma voz tremendamente poderosa começou a cantar:
___Quando o inverno chegar, eu estarei junto a ti... Quando o outono chegar, eu estarei junto a ti. É primavera, te amo... meu amor. Trago esta rosa, para lhe dar.
Era uma música de composição da própria banda. O naipe de metais e bateria não tinham amplificação. Não precisava, eram pouco mais de 100 pessoas. Mas a banda era muito entrosada e o cantor era sensacional.
As músicas que tocaram eram de uma qualidade incrível. Fui uma das maiores emoções de minha vida...
Arrepio até hoje de me lembrar disso...
Lembro de meus pais bravos me chamando para ir para o carro para chegar logo no churrasco, depois que eles encerraram as músicas, mas eu queria ficar perto dos caras do conjunto. Vi começarem a desmontar aquela bateria linda, os amplificadores... Colocarem as guitarras nos cases, guardarem as extensões elétricas. Alguém comentou que eram do Rio de Janeiro e voltariam naquele domingo mesmo... Nem no churrasco iriam.
Nunca em minha vida tinha visto instrumentos elétricos na minha frente... Somente violão, viola e acordeão. Ver o que eu já tinha visto na TV ao vivo, com toda aquela emoção de uma interpretação, mudou a minha vida.
Foi ali que eu tive certeza, na minha ingenuidade de 8 anos que eu tinha que tocar um instrumento.
Hoje não me lembro do casal (nem o grau de parentesco...).
Mas me lembro da igrejinha, do cantor e sua incrível voz, da letra da primeira música que ouvi ao vivo....
Anos depois reconheci de imediato numa rádio que tocava ao longe a música daquela manhã de inverno... Parece que tinham gravado um LP e feito sucesso.
Ainda hoje vou 1 vez por ano nessa cidade no dia de finados (meus tataravôs e avós estão enterrados lá).
É obrigatório passar em frente a esta capelinha que hoje está esquecida num canto da cidade e de minha memória.
A primeira vez que eu ouvi uma banda de verdade ao vivo, ela não se chamava banda... Chamava-se conjunto. E como quase tudo que é importante e fundamental em minha vida, apareceu de repente, sem eu nem ter idéia do que acontecia.
1968 ou 1969, não sei precisar. Manhã fria de inverno na Serra da Mantiqueira. Cidadezinha de pouco mais de mil habitantes. Próximo à Campos do Jordão.
Era uma criança com 8 ou 9 anos e não sabia por que meus pais me levantaram tão cedo da cama naquele dia. Era casamento de um parente. 10 h. Depois teria um grande churrasco numa chácara ou fazenda próxima.
A cerimônia foi numa capelinha à beira de uma estrada de terra numa das saídas da cidade para propriedades rurais.
Sem saber o que acontecia, sonolento, assisti à cerimônia e quando todos saímos da capelinha tinha uma conjunto tocando na calçada, do lado de fora.
Era uma surpresa de amigos do noivo que tocavam instrumentos musicais e que tocaram umas 5 ou 6 músicas assim que o casal saiu.
O sol tímido das 11 h da fria manhã de inverno na serra iluminava os cromados da bateria e faziam o menino de 8 anos sonhar.
O cantor, um mulatinho de cabelo pixaim, meio gordinho, usando um paletó vinho, com uma voz tremendamente poderosa começou a cantar:
___Quando o inverno chegar, eu estarei junto a ti... Quando o outono chegar, eu estarei junto a ti. É primavera, te amo... meu amor. Trago esta rosa, para lhe dar.
Era uma música de composição da própria banda. O naipe de metais e bateria não tinham amplificação. Não precisava, eram pouco mais de 100 pessoas. Mas a banda era muito entrosada e o cantor era sensacional.
As músicas que tocaram eram de uma qualidade incrível. Fui uma das maiores emoções de minha vida...
Arrepio até hoje de me lembrar disso...
Lembro de meus pais bravos me chamando para ir para o carro para chegar logo no churrasco, depois que eles encerraram as músicas, mas eu queria ficar perto dos caras do conjunto. Vi começarem a desmontar aquela bateria linda, os amplificadores... Colocarem as guitarras nos cases, guardarem as extensões elétricas. Alguém comentou que eram do Rio de Janeiro e voltariam naquele domingo mesmo... Nem no churrasco iriam.
Nunca em minha vida tinha visto instrumentos elétricos na minha frente... Somente violão, viola e acordeão. Ver o que eu já tinha visto na TV ao vivo, com toda aquela emoção de uma interpretação, mudou a minha vida.
Foi ali que eu tive certeza, na minha ingenuidade de 8 anos que eu tinha que tocar um instrumento.
Hoje não me lembro do casal (nem o grau de parentesco...).
Mas me lembro da igrejinha, do cantor e sua incrível voz, da letra da primeira música que ouvi ao vivo....
Anos depois reconheci de imediato numa rádio que tocava ao longe a música daquela manhã de inverno... Parece que tinham gravado um LP e feito sucesso.
Ainda hoje vou 1 vez por ano nessa cidade no dia de finados (meus tataravôs e avós estão enterrados lá).
É obrigatório passar em frente a esta capelinha que hoje está esquecida num canto da cidade e de minha memória.
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Re: A primeira vez a gente nunca se esquece...
Cassiano?
____________________________
O fascismo não é só uma opção política, mas também uma doença da alma...
allexcosta- Administrador
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Re: A primeira vez a gente nunca se esquece...
Na mosca! Acho-o um tremendo compositor e um grande cantor. Desconhecido do grande público, mas respeitado pelo pessoal mais velho do meio artístico.
A música "Coleção" para mim só não é um grande clássico pois foi ele que gravou. Se alguém mais conhecido tivesse gravado, essa música seria uma das mais tocadas de todos os tempos.
É muito linda.
A música "Coleção" para mim só não é um grande clássico pois foi ele que gravou. Se alguém mais conhecido tivesse gravado, essa música seria uma das mais tocadas de todos os tempos.
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Re: A primeira vez a gente nunca se esquece...
Velho, Cassiano sempre serah o maior expoente da Soul Music brasileira. Simplesmente incomparavel.
Gostei muito do seu texto, Mauricio. Acho inclusive q vc poderia escrever um livro de memorias ou cronicas sobra a regiao onde vc cresceu.
Soh uma coisa, as datas nao condizem muito com os 38 anos q vc disse ter neh, mas tudo bem...
Pra ilustrar o topico:
Gostei muito do seu texto, Mauricio. Acho inclusive q vc poderia escrever um livro de memorias ou cronicas sobra a regiao onde vc cresceu.
Soh uma coisa, as datas nao condizem muito com os 38 anos q vc disse ter neh, mas tudo bem...
Pra ilustrar o topico:
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allexcosta- Administrador
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Re: A primeira vez a gente nunca se esquece...
Maurício_Expressão escreveu:A Primeira vez a gente nunca esquece...
A primeira vez que eu ouvi uma banda de verdade ao vivo, ela não se chamava banda... Chamava-se conjunto.
DNA
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