Fender da década de 70

Fala, gentes! Um dia perambulando aqui no fórum vi o allex comentando sobre os fender dessa época, ai aconteceu uma oportunidade de aquisição de um 78...eis a minha dúvida! Existem grandes diferenças entre os baixos dessa época? O que eu li foi: " prefiro os de 70 a 74" ...
Qual ( se existe) a diferença entre os a partir de 75 a 79?

Vlw, galera!

São mais pesados e usam o neck-plate de 3 parafusos, considerado por alguns um sistema inferior. Dá pra testar antes? Uns são bem melhores que outros.

Se eu decidir comprá-lo, vou testá-lo com certeza, msmo pq vou querer retirar em mãos! mas to vendo isso ainda...pesquisando!

Oi Felipe. Eu acabei de pegar um 78 que está com um som maravilhoso, exatamente o que eu esperava de um Fender jazz vintage. Este que vc irá pegar tá todo original?
Realmente, o 78 não é considerado um dos grandes anos da Fender, mas como disse o Alex, alguns são melhores que outros. Agora, ele é bem pesado de fato! Experimente e deixe seus ouvidos e suas mãos julgarem!
Abraço e sorte

Como se aprende nesse fórum...

chrisbass escreveu:Eu acabei de pegar um 78 que está com um som maravilhoso, exatamente o que eu esperava de um Fender jazz vintage.

Para ser esato um Fender '78 nao é vintage...

pariri escreveu:Para ser esato um Fender '78 nao é vintage...

Por quê?

Nos States e tambem na Europa os colecionadores consideram "vintage" até no maximo 1966/67. Para eles Fender 1978 nao è vintage. Para mim sinceramente nao importa. Se é legal e tem um vibe, valeu.

pariri escreveu:Nos States e tambem na Europa os colecionadores consideram "vintage" até no maximo 1966/67.

Não acho que seja o caso...

O valor de um 67 e de um 69 é similar. Um pré-CBS (até 1965) é mais colecionável e portanto tem valor mais alto, mas isso não quer dizer que baixos de outras épocas não são considerados vintage.

Acompanho esse mercado desde 1999 e sempre vi baixos Fender fabricados até 1979 sendo vendidos como vintage nos EUA.

A expressão funciona mais ou menos assim no mercado Americano:

https://www.contrabaixobr.com/t12513-vintage-definicao#255645

allexcosta escreveu: sempre vi baixos Fender fabricados até 1979 sendo vendidos como vintage nos EUA.

A minha experiencia diz o contrario... porem "no problems"...

pariri escreveu:

allexcosta escreveu: sempre vi baixos Fender fabricados até 1979 sendo vendidos como vintage nos EUA.

A minha experiencia diz o contrario... porem "no problems"...

É a experiência de cada um que importa. Só pra ilustrar:

http://www.ebay.com/itm/Vintage-1978-Fender-Precision-Fretless-Bass-/270864620409

http://www.ebay.com/itm/VINTAGE-1975-FENDER-PRECISION-P-BASS-ASH-ALL-ORIGINAL-HARDWARE-ELECTRONICS-/120823897370

http://www.talkbass.com/forum/f8/should-i-modify-my-74-vintage-fender-jazz-782845/

allexcosta escreveu:

É a experiência de cada um que importa.

Eu sei allexcosta... qualquer um poder tentar vender o proprio baixo como "vintage".
Eu digo so o que eu sei, experiencia, colecionadores, forum, etc...

Estes sao Vintage realmente:

http://www.ebay.com/itm/1958-ORIG-Fender-Precision-Vintage-Bass-1-Owner-PRE-CBS-/350477534669?pt=Guitar&hash=item519a16c5cd

http://www.ebay.com/itm/1954-Fender-Precision-Bass-Vintage-w-OHC-/370562361361?pt=Guitar&hash=item56473ce811

E depois para ter um valor realmente de Vintage precisa ter cada parafuso original.

e a grande pergunta, não fugindo do assunto:
Qual o melhor ano dos baixos fender?...por acaso teve um ano que marcou história e que por isso podem ser considerados os melhores fenders?

pariri escreveu:Eu sei allexcosta... qualquer um poder tentar vender o proprio baixo como "vintage".

Eu quis dizer que o assunto é muito controverso pra haver uma realidade absoluta. Há pessoas que consideram Fenders Fullerton do início dos anos 80 Vintage, pois tem um valor de mercado especial e uma "desirability" maior.

pariri escreveu:Estes sao Vintage realmente:

O "realmente" é que não cabe, pois não é um assunto definido e não há uma verdade absoluta.

pariri escreveu:E depois para ter um valor realmente de Vintage precisa ter cada parafuso original.

Mais uma vez temos a palavra "realmente" no meio.

Um Fender 1978 com todos os parafusos trocados vale mais que um Fender idêntico novo. Por quê?
Porque tem uma "desirability" maior que um Fender novo. Isso mais o fato de ter mais de 30 anos (tempo mais ou menos padrão para instrumentos e carros) fazem com que um Fender 1978 seja amplamente aceito como instrumento "vintage", mesmo tendo algumas peças trocadas.

Existe uma diferença entre "vintage item" e "collector's item" e a sua definição se aproxima mais de "collector's" segundo minha experiência.

NeyBass escreveu:e a grande pergunta, não fugindo do assunto:
Qual o melhor ano dos baixos fender?...por acaso teve um ano que marcou história e que por isso podem ser considerados os melhores fenders?

Acho que não... Há períodos...

Entendo...

É... O tema é controverso.
Tem autores que realmente pensam como o pariri. Mas tem outros autores que também consideram outros aspectos na definição do termo vintage.
Mesmo porque, com o passar do tempo, acredito que mais baixos possam entrar nessa denominação de Vintage.
Para mim também a fronteira entre o termo vintage e collector's também é nebuloso. Um vintage hoje, 10 anos depois pode ser um collector's item.

Maurício_Expressão escreveu:Tem autores que realmente pensam como o pariri. Mas tem outros autores que também consideram outros aspectos na definição do termo vintage.

Existem livros sobre isso? Link?

filipeantunesbarros escreveu:Fala, gentes! Um dia perambulando aqui no fórum vi o allex comentando sobre os fender dessa época, ai aconteceu uma oportunidade de aquisição de um 78...

Só pra deixar registrado meu sentimento de profunda inveja! rs...

Brincadeiras à parte, e quanto aos reissues... não posso considerá-los vintage por não serem de época? Vintage realmente é um conceito esparso pra caramba.

LeandroMuniz escreveu:Brincadeiras à parte, e quanto aos reissues... não posso considerá-los vintage por não serem de época? Vintage realmente é um conceito esparso pra caramba.

Reissue não, irmão... Reissue é novo, baseado em algo antigo.
O conceito não é tão difícil.
Tome como exemplo um Corvette 1973 como o da foto:



Digamos que em 1973 ele custa 20 mil, em 1974 ele custa 18 mil e o preço vai caindo até custar 2 mil em 1988. Esse preço se estabiliza por alguns anos, pois não dá pra cair muito mais que isso e digamos que até 1993 esse carro vale 2 mil. Em 1994 algumas pessoas começam a achar o modelo bonito e o interesse pelo carro aumenta, o preço obviamente vai junto. Esse carro passa a custar 5 mil em 1998 e em 2010 já vale uns 15.000. Ali em 1995-1996 quando o mercado já consistentemente pagava mais caro que o preço mais baixo que chegou esse carro já podia ser considerado vintage, pois havia valor diferenciado e interesse especial, por um motivo qualquer.

Agora, um 1973 todo original e novo como saiu da fábrica com 5 mil milhas rodado é um vintage "collector's item" e vale até 60 ou 70 mil em 2010.

Deu pra entender mais ou menos?

For most collectors, pre-CBS (pre-1966) Fender vintage guitars and amps are the desirable ones. Although CBS purchased Fender (officially) on January 3rd 1965, it took some time till the guitars changed (though by mid 1964, six months before CBS bought Fender, things were already "on the way down"). By the end of 1965, the general look and feel of the Fender guitars had changed significantly. All collectors feel the quality of their instruments and amps suffered as CBS employed more "mass production" manufacturing processes to the Fender guitars. The "large peghead" (starting in late 1965) as used on the Fender Stratocaster was one example of the (bad) changes to come. The "custom contoured" bodies Fender was famous for no longer were as sculped and sleek. Newer (and less attractive) plastics were used for the pickguards. Pearl fingerboard inlays replaced the original "clay" dots. Indian rosewood replaced the beautifully figured Brazilian rosewood on the fingerboards. And by 1968, polyurathane replaced the original nitrocellulose lacquer that was used from Fender's conception. By early 1971 the party was truely over. Fender now employed the infamous "3 bolt neck" and one piece die cast bridge on the Strat, ruining it's tone and feel. Many other models suffered the same miserable fate of being over mass-produced and cheapened by corporate zealots.
Because of this, Fender's most innocent era of the 1950's is their most collectible. This decade produced guitars with one-piece maple necks, single layer pickguards, thin "spaghetti" logos, and tweed cases that seem to capture collectors the most.

The early 1960's Fenders with "slab" rosewood fingerboards are also collectible, but not to the extent of the earlier 1950's maple-neck era. Of the rosewood fingerboard models, the "slab" fingerboard (1958/mid-1959 to August 1962) variants are more desirable than the "veener" fingerboard (August 1962 and later) pre-CBS models. The "transistion" era (late summer 1964 to December 1965) are the least collectible of the pre-CBS models. This era is known as a "transition" because later summer 1964 to December 1965 was the time when there was a transition from the Leo Fender management to CBS management, and mass-production manufacturing techniques were starting to take a firm hold.

By 1966 (a year after CBS bought Fender), CBS management had really taken hold of Fender's production facilities and incorporated many changes. The sum of of all these changes had a serious effect on Fender guitars as a whole. 1966 brought an era of "large" pegheads, less contoured bodies, and much higher production numbers. CBS looked for ways to cut production time and costs, which generally led to much lower quality. Because of this, 1966 and later Fender instruments are considered far less collectible than vintage pre-CBS Fender guitars.


Fonte:
http://home.provide.net/~cfh/fender.html

^ Esse texto eu conheço e sei que os pre-CBS tem uma "desirability" muito maior e o preço, obviamente, acompanha. Em nenhum momento do texto se diz que os instrumentos feitos a partir de 1966 não podem ser chamados de vintage. Acredite, no mercado Americano o termo vintage é usado na situação que descrevi acima, usando o Corvette como exemplo.

O Marcus Rampazzo já bem mais abrangente com o termo, e acredito, é bem o que você pensa:

http://www.vintageguitar.com.br/m_oquee.shtml

O termo vintage surgiu com os colecionadores de carros antigos nos Estados Unidos, quando estes queriam designar carros com mais de 20 anos e de interesse para colecionadores. Logo o termo foi importado por outros setores de coleções chegando até o mercado de guitarras usadas.
Uma guitarra é considerada vintage quando ela tem mais de 20 anos e tem algum apelo que a torne colecionável. Normalmente as guitarras antigas são muito bem feitas, com madeiras selecionadas ( na época não havia restrição ao comércio de madeira que há hoje ) e com acabamento espetacular . Tudo isso aliado ao fato de que com o passar dos anos a madeira vai secando cada vez mais , faz com que uma guitarra vintage tenha um som incrível e inatingível se comparado com uma guitarra moderna. Essa combinação de fatores , ou seja , construção exemplar , som perfeito , modelos originais , mais de vinte anos , poucos exemplares , tornam as guitarras vintage muito valorizadas no mundo inteiro.
O maior mercado de guitarras vintage do mundo é o Norte Americano , mas elas são muito valorizadas e consideradas como dinheiro liquido na maior parte do mundo.
A maior dificuldade hoje em dia é a identificação de cada instrumento e sua avaliação , mesmo porque , existem muitas cópias e re-edições dos modelos mais famosos e valorizados.

Outro exemplo muito bom:

Em 1983 foi lançado o jogo de cartas "Illuminati". Essas são algumas cartas do jogo:



Em 2001 o WTC e o Pentagon são atingidos por ataques terroristas. O jogo que era pouco popular passa a ser procurado por milhares de pessoas. Quem tem não vende ou só vende muito caro. Esse jogo passou de um jogo antigo para "vintage" do dia pra noite, por causa de um evento atípico.

Ah, e o termo "vintage" originalmente não tem nada a ver com carros, como diz o Marcus, mas com a produção de vinhos.

Eu concordo com você Allex. Nunca discordei...

Mas veja esse texto:

http://www.wisegeek.com/what-are-vintage-guitars.htm

O cara se refere a um modelo de Gibson específico de 1971.

allexcosta escreveu:Deu pra entender mais ou menos?

Perfeitamente, allex, muito boa explicação, obrigado.

Mauricio então e um Vintage?

^ Não Nando, Mauricio é um "collector's item", série limitada, última unidade remanescente, precisando urgente de um refinish!!

Galera, a propósito: alguém sabe o porque do Fender 78 ser tão pesado?

Ahh.... so pra constar, mesmo se 78 nao é o ano de ouro da Fender, eu compraria facil se tivesse grana. Ainda mais se estivesse todo "vintejão", mantendo as caracteristicas orginais

^ ^Porque nessa época os baixos fender foram feitos em ash e não em alder, sendo que o alder é mais leve que o ash!

Isso devesse a uma crise aliada da dificuldade em adquirir o alder ...
mas essa história o Maurício sabe mais que eu!

Nando Vasques escreveu:Mauricio então e um Vintage?

Engraçadinho... Hehehehe.

GusVCD escreveu:^ Não Nando, Mauricio é um "collector's item", série limitada, última unidade remanescente, precisando urgente de um refinish!!

Quem vai precisar de refinish é você depois da voadora no pescoço que tenho reservado para você!!!

ELISEUMOHR escreveu:^ ^Porque nessa época os baixos fender foram feitos em ash e não em alder, sendo que o alder é mais leve que o ash!

Isso devesse a uma crise aliada da dificuldade em adquirir o alder ...
mas essa história o Maurício sabe mais que eu!

Imagina que você é o diretor industrial de uma fábrica com cerca de 1.000 funcionários e o relacionamento com o fornecedor de madeira alder não está dos melhores. Você já está no vermelho e não tem matéria prima para a linha funcionar.
Isso é um baita pepino.
Cada mínuto da linha parada é um prejuízo sem possibilidade de retorno. A saída foi desenvolver outro fornecedor com a madeira que tivesse, e que mantivesse pelo menos o timbre do instrumento.

Como demorou desenvolver o novo fornecedor de madeira para corpos, o povo na fábrica foi fazendo braços. E haja local para guardar tanto braço de Fender Jazz Bass principalmente. Mas não dá para vender só braços. Então a situação foi ficando cada vez mais complicada.

Como consequencia desse momento difícil para Fender, tivemos demissão em massa na fábrica (chegou-se a 90 funcionários em 1983), e Fender com braços antigos e serial number começado por S8 sendo desovado aos poucos desde 1978 até 1983... (embora também tenha serial number S9, E0, E1, E2 e E3)

Além do Fender 78/79 em Ash, que é muito pesado.

Esse é meu patrão!

Maurício_Expressão escreveu:

ELISEUMOHR escreveu:^ ^Porque nessa época os baixos fender foram feitos em ash e não em alder, sendo que o alder é mais leve que o ash!

Isso devesse a uma crise aliada da dificuldade em adquirir o alder ...
mas essa história o Maurício sabe mais que eu!

Imagina que você é o diretor industrial de uma fábrica com cerca de 1.000 funcionários e o relacionamento com o fornecedor de madeira alder não está dos melhores. Você já está no vermelho e não tem matéria prima para a linha funcionar.
Isso é um baita pepino.
Cada mínuto da linha parada é um prejuízo sem possibilidade de retorno. A saída foi desenvolver outro fornecedor com a madeira que tivesse, e que mantivesse pelo menos o timbre do instrumento.

Como demorou desenvolver o novo fornecedor de madeira para corpos, o povo na fábrica foi fazendo braços. E haja local para guardar tanto braço de Fender Jazz Bass principalmente. Mas não dá para vender só braços. Então a situação foi ficando cada vez mais complicada.

Como consequencia desse momento difícil para Fender, tivemos demissão em massa na fábrica (chegou-se a 90 funcionários em 1983), e Fender com braços antigos e serial number começado por S8 sendo desovado aos poucos desde 1978 até 1983... (embora também tenha serial number S9, E0, E1, E2 e E3)

Além do Fender 78/79 em Ash, que é muito pesado.

No aguardo da próxima aula.

A Fender começou com ash, passou pra alder, voltou pra o ash e hoje usa os dois. Pelo que me consta, as mudanças sempre foram relacionadas ao mercado de madeiras e nunca ao timbre que cada madeira proporcionava. Historicamente, houve uma preferência por ash para instrumentos com acabamento natural pois o ash é mais bonito.