Once upon a time...
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Once upon a time...
...uma criança de 6 anos que perdeu seu pai.
Uma de suas lembranças deste tempo é um pedaço de um braço, cabeludo, uma camisa branca dobrada, um relógio com pulseira dourada a brilhar na claridade de um meio dia, uma mão enorme segurando sua pequena mão ao sair da escola. Outra destas é estar sentado em cima um par de pernas grandes, brancas e cabeludas, sentir o suave perfume que exalava do cachimbo, que pendia da boca de seu pai, quando ele chagava do trabalho, punha um short, sentava-se na “cadeira do papai” e assistia ao jornal na TV.
Depois, quando o grande homem cabeludo e branco se foi, ele aprendeu, mesmo que inconscientemente, que amar é fazer sofrer “a coisa” amada, pois ele não entendia a saudade que sentia daquele homem cabeludo e branco.
Sua mãe só fez ensiná-lo mais e mais esta lição. E a cada dia, ele se tornava um expert. Junto a isto, os elogios que sua mãe lhe dispensava, só faziam por ruir sua auto estima, seu amor próprio.
Quatro anos se passaram, e um belo dia, ao receber de volta uma fita K7 gravada por um primo/amigo/irmão, eis que ele se deparou com isto:
(YES - No Opportunity Necessary, No Experience Needed)
(Obs: 2º album do Yes, mas o primeiro a contar com uma orquestra em sua gravação – o segundo foi “Magnification”, dando vida ao chamado “Rock Sinfônico”)
Confusão, confusão, confusão...o que era aquilo que ouvia?! O que o tomava de assalto e o deixava boquiaberto?! Tudo tão diferente do que ouvira até então. Mas, acima disto, o que era aquele som “gordo”? o que era aquele som que unia todos os outros sons, e dava sentido a tudo, e no entanto, não era sempre o principal?! o que tinha aquele som, que parecia tanto...com ele?!
Sim, com ele. Pois era amado e castigado por isto, e não era ninguém e nem seria, jamais - como dizia sua mãe.
Alguns anos se passaram, e já havia alguma familiaridade com aquele som, agora chamado de grave, proveniente de um instrumento de 4 cordas chamado contrabaixo elétrico de marca alemã Rickenbacker, tocado naquela ocasião por um cara inglês de nome, Chris Squire, de difícil pronúncia.
Olha para uma capa cuja pintura lhe causa dúvidas sobre o seu significado, mas o que o assalta o pensamento é a perspectiva do que deverá estar dentro, ou melhor, na superfície “daquela bolacha” preta.
Coloca na pickup Sharp, e escuta. Músicas se suscedem...o impacto sonoro é grande...fica estupefato...e eis que:
(Genesis - Firth of Fifth)
Sua lógica não consegue compreender como pode ser daquilo. Diferentemente de experiências anteriores, agora sim, com certeza, aquilo é ele, porque está meio escondido, por detrás do mais visível/audível – como ele, que se senta nos cantos em sua sala de aula, para que poucos o possam ver.
Mais ou menos nesta época, ele ouve pela primeira vez:
(Rita Lee - Ovelha Negra)
Como pode alguém, que nem o conhece, saber que ele está perdido, e procurando se encontrar? E mais uma vez, aquele som grave dando consistência a tudo.
A idade adulta chega, a barba cresce, o cabelo da cabeça começa a cair...é um homem, agora. Mas um sonho antigo permanece: tocar contrabaixo com aquele primo, amigo de sempre, irmão de coração, que agora é baterista. Mas algo sai errado, do controle, e o sonho acaba mau.
A música, que o confortara sempre, dera a ele a consciência de quem era e do que era, lhe tirara seu melhor amigo/irmão – primo.
Por um ano e meio não escuta nada, como surdo fosse. Nenhum som mais importa, nenhum sonho mais importa.
Passam-se 13, 14 anos. Sua amizade com seu primo/amigo/irmão já está refeita há alguns anos. Mas falta algo.
Reencontra de forma inesperada a oportunidade de retomar seu sonho, seus sons...o mundo dos graves “fala” mais forte que nunca, bate no peito e reverbera em seu coração.
Procurando uma trilha, um caminho, uma estrada, encontra um lugar chamado Fórum ContrabaixoBr.
Uma de suas lembranças deste tempo é um pedaço de um braço, cabeludo, uma camisa branca dobrada, um relógio com pulseira dourada a brilhar na claridade de um meio dia, uma mão enorme segurando sua pequena mão ao sair da escola. Outra destas é estar sentado em cima um par de pernas grandes, brancas e cabeludas, sentir o suave perfume que exalava do cachimbo, que pendia da boca de seu pai, quando ele chagava do trabalho, punha um short, sentava-se na “cadeira do papai” e assistia ao jornal na TV.
Depois, quando o grande homem cabeludo e branco se foi, ele aprendeu, mesmo que inconscientemente, que amar é fazer sofrer “a coisa” amada, pois ele não entendia a saudade que sentia daquele homem cabeludo e branco.
Sua mãe só fez ensiná-lo mais e mais esta lição. E a cada dia, ele se tornava um expert. Junto a isto, os elogios que sua mãe lhe dispensava, só faziam por ruir sua auto estima, seu amor próprio.
Quatro anos se passaram, e um belo dia, ao receber de volta uma fita K7 gravada por um primo/amigo/irmão, eis que ele se deparou com isto:
(YES - No Opportunity Necessary, No Experience Needed)
(Obs: 2º album do Yes, mas o primeiro a contar com uma orquestra em sua gravação – o segundo foi “Magnification”, dando vida ao chamado “Rock Sinfônico”)
Confusão, confusão, confusão...o que era aquilo que ouvia?! O que o tomava de assalto e o deixava boquiaberto?! Tudo tão diferente do que ouvira até então. Mas, acima disto, o que era aquele som “gordo”? o que era aquele som que unia todos os outros sons, e dava sentido a tudo, e no entanto, não era sempre o principal?! o que tinha aquele som, que parecia tanto...com ele?!
Sim, com ele. Pois era amado e castigado por isto, e não era ninguém e nem seria, jamais - como dizia sua mãe.
Alguns anos se passaram, e já havia alguma familiaridade com aquele som, agora chamado de grave, proveniente de um instrumento de 4 cordas chamado contrabaixo elétrico de marca alemã Rickenbacker, tocado naquela ocasião por um cara inglês de nome, Chris Squire, de difícil pronúncia.
Olha para uma capa cuja pintura lhe causa dúvidas sobre o seu significado, mas o que o assalta o pensamento é a perspectiva do que deverá estar dentro, ou melhor, na superfície “daquela bolacha” preta.
Coloca na pickup Sharp, e escuta. Músicas se suscedem...o impacto sonoro é grande...fica estupefato...e eis que:
(Genesis - Firth of Fifth)
Sua lógica não consegue compreender como pode ser daquilo. Diferentemente de experiências anteriores, agora sim, com certeza, aquilo é ele, porque está meio escondido, por detrás do mais visível/audível – como ele, que se senta nos cantos em sua sala de aula, para que poucos o possam ver.
Mais ou menos nesta época, ele ouve pela primeira vez:
(Rita Lee - Ovelha Negra)
Como pode alguém, que nem o conhece, saber que ele está perdido, e procurando se encontrar? E mais uma vez, aquele som grave dando consistência a tudo.
A idade adulta chega, a barba cresce, o cabelo da cabeça começa a cair...é um homem, agora. Mas um sonho antigo permanece: tocar contrabaixo com aquele primo, amigo de sempre, irmão de coração, que agora é baterista. Mas algo sai errado, do controle, e o sonho acaba mau.
A música, que o confortara sempre, dera a ele a consciência de quem era e do que era, lhe tirara seu melhor amigo/irmão – primo.
Por um ano e meio não escuta nada, como surdo fosse. Nenhum som mais importa, nenhum sonho mais importa.
Passam-se 13, 14 anos. Sua amizade com seu primo/amigo/irmão já está refeita há alguns anos. Mas falta algo.
Reencontra de forma inesperada a oportunidade de retomar seu sonho, seus sons...o mundo dos graves “fala” mais forte que nunca, bate no peito e reverbera em seu coração.
Procurando uma trilha, um caminho, uma estrada, encontra um lugar chamado Fórum ContrabaixoBr.
Última edição por Tarcísio Caetano em Seg Jun 08, 2020 9:51 pm, editado 1 vez(es)
Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6557
Localização : Brasil
Re: Once upon a time...
Tarcísio Caetano escreveu:
Alguns anos se passaram, e já havia alguma familiaridade com aquele som, agora chamado de grave, proveniente de um instrumento de 4 cordas chamado contrabaixo elétrico de marca alemã Rickenbacker, tocado naquela ocasião por um cara inglês de nome, Chris Squire, de difícil pronúncia.
Rapaz... nessa a gente está junto, viu...
No meu caso, o primeiro contato foi com uma coletânea, a Sweet Dreams...
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Flávio FM
Oitava Abaixo (um dia fica pronto!)
Re: Once upon a time...
Atualizado em 08/06/2020.
Tarcísio Caetano- Membro
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