A musicalidade do brasileiro
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A musicalidade do brasileiro
Periodicamente a divisão da empresa onde trabalho faz um balanço de performance para os funcionários.
Gerentes e diretores apresentavam num auditório gigantesco, palestras e audiovisuais, mostrando as conquistas, avanços e eventuais pontos de atenção do período.
Ou seja, em vez de ser algo festivo quando atingíamos as metas, com o passar dos anos, a coisa ficou chata, maçante e com elogios forçados e repetidos.
Até que alguém teve ideia de chamar o próprio pessoal da produção para fazer esse balanço.
Dai para virar um evento realmente marcante e festivo foi um passo.
No ano passado, pediram para eu organizar uma banda entre funcionários do meu setor (os meus chefes sabiam que eu mexia com música...), e lá fomos nós fazer a parte musical do evento, entre uma apresentação e outra dos grupos de funcionários (em vez de palestra tradicional, vários grupos fizeram apresentação teatrais e esquetes, revolucionando o evento).
A resposta do pessoal foi incrível.
Gostaram muito da música “ao vivo”.
Além do que é muito mais interessante ver um teatrinho ou esquete do que uma palestra.
Não sou muito falante e nem popular na produção, mas nos dias seguintes ao evento veio dezenas de pessoas, surpresas por eu ser músico (afinal eu sou bem sério e trabalho com roupa social, ficando mais no escritório e circulando pouco no chão de fábrica).
Ou seja, algo diferente e inusitado, numa empresa onde performance, qualidade, e metas rígidas é o dia a dia.
Nesse ano, pediram para aumentar a parte musical e montaram 3 bandas, distribuindo os caras da banda do ano passado, para que mais gente pudesse participar tocando e cantando.
Me colocaram numa nova banda e escolheram um cara de média chefia e um operário bem tímido e humilde para cantar (foram 5 músicas de cada uma das 3 bandas).
Os caras dessa minha banda fizeram até aulas de canto para se preparem!!!
Como não sabia o que rolava nas outras 2 bandas, foi surpresa para mim também.
A primeira banda foi de música sertaneja, bem movimentada, que agitou e acordou a galera (o evento começou 6h da manhã... Horário de fábrica é coisa totalmente diferente do horário de quem toca na noite!).
Apesar de não ser o gênero que curto, tenho que respeitar esse pessoal novo que vem tocando acordeon, violão e viola com muita maestria. Deram um verdadeiro show.
Já fiquei assustado em perceber que no meio dos operários de uma grande fábrica tem gente com tanto talento.
A segunda banda superou tudo que eu imaginava.
O cantor que arrumaram já tinha passado dos 50 anos. Cabelos brancos, magrinho, óculos fundo de garrafa, sem postura no palco e um surrado uniforme da produção.
Mas participou de um concurso na TV (Raul Gil) e ganhou!!! Uma qualidade vocal, afinação e nível técnico muito acima das bandas que vemos tocando em barzinhos por ai...
O pessoal que acompanhou então... Tecladista e violinista que poderiam tranquilamente tirar o uniforme de operário e ir para um estúdio ser músico de qualquer cantor de qualquer gênero. Tocaram Bee Gees. Sensacional!
Minha banda encerrou o evento, e eu fiquei até emocionado.
Apesar de já ter tocado em grandes eventos, a vibe estava lá em cima. Todo mundo cantando junto. Batendo palmas. Enfim, emocionante, mesmo!
Para um pessoal, que com certeza ralou muito para tocar e cantar o que toca e canta, mas está no dia a dia escondido num uniforme de operário, esse tipo de evento, onde podem tocar num auditório gigantesco, com toda aquela estrutura de um grande evento (PA, Luzes, apoio, etc) e uma grande plateia é uma realização.
Esse povo toca para familiares, churrascos com amigos, ou no máximo em igreja nos finais de semana.
Mas tocam muiiiito!
Puro talento.
Mesmo o cara que ganhou o concurso do Raul Gil, hoje está sumido da mídia. E me confidenciou que nunca subiu num palco com tanta gente como hoje!
Ele veio com lágrimas nos olhos me abraçar no back stage perguntando se tinha sido legal... Que humildade!
Lembrei dos ensaios que fizemos em um estúdio profissional, onde o povo chegava sorrindo, nervosos, mas também orgulhoso de estarem lá, levando esposas e filhos para fotografar tudo.
Com certeza, vários deles nunca tinha entrado num estúdio. Somente tinham ensaiado em garagens.
Tinha fornecedores americanos, europeus e funcionários de outros países assistindo ao evento.
Eles não acreditavam que eram bandas de funcionários. Tinham certeza que eram músicos profissionais...
Como o povo brasileiro tem uma musicalidade incrível no sangue!!!
Gerentes e diretores apresentavam num auditório gigantesco, palestras e audiovisuais, mostrando as conquistas, avanços e eventuais pontos de atenção do período.
Ou seja, em vez de ser algo festivo quando atingíamos as metas, com o passar dos anos, a coisa ficou chata, maçante e com elogios forçados e repetidos.
Até que alguém teve ideia de chamar o próprio pessoal da produção para fazer esse balanço.
Dai para virar um evento realmente marcante e festivo foi um passo.
No ano passado, pediram para eu organizar uma banda entre funcionários do meu setor (os meus chefes sabiam que eu mexia com música...), e lá fomos nós fazer a parte musical do evento, entre uma apresentação e outra dos grupos de funcionários (em vez de palestra tradicional, vários grupos fizeram apresentação teatrais e esquetes, revolucionando o evento).
A resposta do pessoal foi incrível.
Gostaram muito da música “ao vivo”.
Além do que é muito mais interessante ver um teatrinho ou esquete do que uma palestra.
Não sou muito falante e nem popular na produção, mas nos dias seguintes ao evento veio dezenas de pessoas, surpresas por eu ser músico (afinal eu sou bem sério e trabalho com roupa social, ficando mais no escritório e circulando pouco no chão de fábrica).
Ou seja, algo diferente e inusitado, numa empresa onde performance, qualidade, e metas rígidas é o dia a dia.
Nesse ano, pediram para aumentar a parte musical e montaram 3 bandas, distribuindo os caras da banda do ano passado, para que mais gente pudesse participar tocando e cantando.
Me colocaram numa nova banda e escolheram um cara de média chefia e um operário bem tímido e humilde para cantar (foram 5 músicas de cada uma das 3 bandas).
Os caras dessa minha banda fizeram até aulas de canto para se preparem!!!
Como não sabia o que rolava nas outras 2 bandas, foi surpresa para mim também.
A primeira banda foi de música sertaneja, bem movimentada, que agitou e acordou a galera (o evento começou 6h da manhã... Horário de fábrica é coisa totalmente diferente do horário de quem toca na noite!).
Apesar de não ser o gênero que curto, tenho que respeitar esse pessoal novo que vem tocando acordeon, violão e viola com muita maestria. Deram um verdadeiro show.
Já fiquei assustado em perceber que no meio dos operários de uma grande fábrica tem gente com tanto talento.
A segunda banda superou tudo que eu imaginava.
O cantor que arrumaram já tinha passado dos 50 anos. Cabelos brancos, magrinho, óculos fundo de garrafa, sem postura no palco e um surrado uniforme da produção.
Mas participou de um concurso na TV (Raul Gil) e ganhou!!! Uma qualidade vocal, afinação e nível técnico muito acima das bandas que vemos tocando em barzinhos por ai...
O pessoal que acompanhou então... Tecladista e violinista que poderiam tranquilamente tirar o uniforme de operário e ir para um estúdio ser músico de qualquer cantor de qualquer gênero. Tocaram Bee Gees. Sensacional!
Minha banda encerrou o evento, e eu fiquei até emocionado.
Apesar de já ter tocado em grandes eventos, a vibe estava lá em cima. Todo mundo cantando junto. Batendo palmas. Enfim, emocionante, mesmo!
Para um pessoal, que com certeza ralou muito para tocar e cantar o que toca e canta, mas está no dia a dia escondido num uniforme de operário, esse tipo de evento, onde podem tocar num auditório gigantesco, com toda aquela estrutura de um grande evento (PA, Luzes, apoio, etc) e uma grande plateia é uma realização.
Esse povo toca para familiares, churrascos com amigos, ou no máximo em igreja nos finais de semana.
Mas tocam muiiiito!
Puro talento.
Mesmo o cara que ganhou o concurso do Raul Gil, hoje está sumido da mídia. E me confidenciou que nunca subiu num palco com tanta gente como hoje!
Ele veio com lágrimas nos olhos me abraçar no back stage perguntando se tinha sido legal... Que humildade!
Lembrei dos ensaios que fizemos em um estúdio profissional, onde o povo chegava sorrindo, nervosos, mas também orgulhoso de estarem lá, levando esposas e filhos para fotografar tudo.
Com certeza, vários deles nunca tinha entrado num estúdio. Somente tinham ensaiado em garagens.
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Eles não acreditavam que eram bandas de funcionários. Tinham certeza que eram músicos profissionais...
Como o povo brasileiro tem uma musicalidade incrível no sangue!!!
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https://www.youtube.com/user/ForumContrabaixoBR
Re: A musicalidade do brasileiro
Bonito depoimento Mauricio!!
Música e arte realmente fazem a diferença na alma das pessoas.
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Fernando Zadá- Moderador
- Mensagens : 14306
Re: A musicalidade do brasileiro
O mundo precisa de mais iniciativas como essa.
Parabéns Maurício!!
Sou seu fã viu cara
Re: A musicalidade do brasileiro
^ Parabéns Maurício!!! Muito legal sua declaração.
webercar- Membro
- Mensagens : 3167
Localização : Rio de Janeiro
Re: A musicalidade do brasileiro
Sensacional Maurício, parabéns a todos.
JCBASS- Membro
- Mensagens : 222
Localização : ABC
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