Música própria X covers

Depois de quase 2 anos morando aqui nos USA me acostumei com a "cena musical" da região onde basicamente não se vê bandas cover, onde sexta e sábado são noites de bandas autorais e dia de semana é dia de banda cover...

Estava lendo esse tópico https://www.contrabaixobr.com/t17290-na-busca-de-espaco-para-tocar-para-divulgacao e notei que é basicamente no país todo.
Interessante é que nos 10 anos que toquei no Brasil, 99% foi de covers, e aqui nos USA 99% é música própria...


Alguém entende essa diferença?  
Por que não se tem um espaço descente pra música própria no Brasil?

DenisLM escreveu:Por que não se tem um espaço descente pra música própria no Brasil?

Mercado.

Acho que Seattle também é um lugar um tanto quanto atípico dentro dos EUA.

allexcosta escreveu:

DenisLM escreveu:Por que não se tem um espaço descente pra música própria no Brasil?

Mercado.

Acho que Seattle também é um lugar um tanto quanto atípico dentro dos EUA.

mercado? você acha que o público aqui procura mais bandas autorais do que covers?

Atípico em que sentido?

Acho que o Brasileiro só quer ouvir na noite o que toca na rádio.

Seattle tem aquele povo meio bicho grilo, que presta atenção na letra e vira fã da banda e tal. Em Miami, por exemplo, isso não funciona, pois o público só quer ficar bêbado e dançar até cair.

allexcosta escreveu:Acho que o Brasileiro só quer ouvir na noite o que toca na rádio.

Seattle tem aquele povo meio bicho grilo, que presta atenção na letra e vira fã da banda e tal. Em Miami, por exemplo, isso não funciona, pois o público só quer ficar bêbado e dançar até cair.

oh Florida...  
aqui também tem essa, cada estado é quase um mundo diferente...  

mas senti a mesma pegada em Oregon e SoCal nas vezes que fui lá, talvez seja mais coisa da West coast...  

^ Eu ia dizer isso: West Coast... Lance das tribos, etc...

Seattle é uma cidade onde metade do povo é Japa que trampa na Microsoft. Esse pessoal se acha. Mainstream é coisa de pobre que mora em lugar quente.  

Gente chique fuma charuto, usa chapéu dos anos 50, curte música indie e alternativa em geral...

^
quem dera no Brasil fosse assim...

É difícil encontrar locais que abram para bandas autorais, e quando rola a oportunidade o público não ajuda... :/

é... outra realidade mesmo Dênis.

Em SP o que notei nos últimos 8 anos foi um extermínio das bandas de som autoral (falando do mercado que acompanho, que é o metal). Até eu e meus amigos fomos e estamos no mundo dos covers... Se não for isso não saimos do estúdio...

Aqui no Sul é a mesma coisa... tentou algo autoral... simplesmente tem de ter muita coragem!

O público não comparece, mesmo se mesclar músicas próprias com covers... é muito complicado.

E mercado é mercado, para o dono da casa, o que importa é ganhar, lotar... caso a banda não lote e deixe o público completamente satisfeito, mantendo-o na casa e gastando... dificilmente voltará a tocar...

Talvez a internet seja um caminho legal? (Até chegar ao Faustão  )...

allexcosta escreveu:^ Eu ia dizer isso: West Coast... Lance das tribos, etc...

Seattle é uma cidade onde metade do povo é Japa que trampa na Microsoft. Esse pessoal se acha. Mainstream é coisa de pobre que mora em lugar quente.  

Gente chique fuma charuto, usa chapéu dos anos 50, curte música indie e alternativa em geral...

Words of wisdom haha.
Em outras palavras hipsters.

Acho que o certo é saber apreciar música boa, seja ela mainstream ou não.

Nando Medeiros escreveu:Aqui no Sul é a mesma coisa... tentou algo autoral... simplesmente tem de ter muita coragem!

O público não comparece, mesmo se mesclar músicas próprias com covers... é muito complicado.

E mercado é mercado, para o dono da casa, o que importa é ganhar, lotar... caso a banda não lote e deixe o público completamente satisfeito, mantendo-o na casa e gastando... dificilmente voltará a tocar...

Talvez a internet seja um caminho legal? (Até chegar ao Faustão  )...

Aqui em Curitiba é bem dividido. O Crossroads geralmente tem mais covers, mais mesmo assim a banda da casa, o Milk n' Blues tem um projeto autoral muito legal.
Já alguns barzinhos menores do São Francisco geralmente se vê bastante música autoral (No empório São Francisco eu já vi várias bandas legais)

DenisLM escreveu:Por que não se tem um espaço decente pra música própria no Brasil?

o dono de um espaço assim iria à falência super rápido. o povo aqui em sua maioria prefere ouvir 1000x as mesmas músicas do iron maiden, que coisas novas.

Estou com o edumerino, por aqui também o cover está meio complicado mas até que melhorou um pouco, temos tipo uma divisão 70% covers 30% autorais

Somos uma eterna colônia, sem identidade, eh triste mais verdade

jgs escreveu:
O dono de um espaço assim iria à falência super rápido. o povo aqui em sua maioria prefere ouvir 1000x as mesmas músicas do iron maiden, que coisas novas.

Olha, eu ficaria feliz se pelo menos tivéssemos um lugar para tocar um bom Iron Maiden por aqui... mas está complicado até para o Rock por aqui, cover ou autoral...

MarcosTudisco escreveu:

Nando Medeiros escreveu:Aqui no Sul é a mesma coisa... tentou algo autoral... simplesmente tem de ter muita coragem!

O público não comparece, mesmo se mesclar músicas próprias com covers... é muito complicado.

E mercado é mercado, para o dono da casa, o que importa é ganhar, lotar... caso a banda não lote e deixe o público completamente satisfeito, mantendo-o na casa e gastando... dificilmente voltará a tocar...

Talvez a internet seja um caminho legal? (Até chegar ao Faustão  )...

Aqui em Curitiba é bem dividido. O Crossroads geralmente tem mais covers, mais mesmo assim a banda da casa, o Milk n' Blues tem um projeto autoral muito legal.
Já alguns barzinhos menores do São Francisco geralmente se vê bastante música autoral (No empório São Francisco eu já vi várias bandas legais)

Curitiba e Porto Alegre, também não são parâmetros... a cena cultural é muito interessante nestes dois lugares.

Acho que as TVs deveriam aproveitar o sucesso dos programas caça talentos, como o The Voice Brasil e voltar com os festivais da canção com um formato moderno no estilo reality. Nos antigos festivais aparecia muita gente boa com músicas autorais.

Eu curto muito ir pra um bar, balada e ouvir a música que gosto, que 99,9% vai ser cover.

O que acontece é que, hoje alguns bares vêem as bandas como uma "discotecagem ao vivo".
Acho que no Brasil o mercado para som próprio não é esse tipo de bar.

bacana esse tópico...

mas fiquei um pouco confuso, se não há mercado p/ bandas de musicas autorais, de que forma surgiu essas bandas e cantores que estão no mercado nacional a + ou - 5 anos ??? ex: Maria Gadú, Tulipa, Fresno, NX Zero, Cachorro Grande, Vanguart, Céu e alguns outros....

acho mutio relativo esse lance.

allexcosta escreveu:^ Eu ia dizer isso: West Coast... Lance das tribos, etc...

Seattle é uma cidade onde metade do povo é Japa que trampa na Microsoft. Esse pessoal se acha. Mainstream é coisa de pobre que mora em lugar quente.  

Gente chique fuma charuto, usa chapéu dos anos 50, curte música indie e alternativa em geral...

na real aqui tem mais indiano que outra coisa, seguido por chineses. mas esses definitivamente não são o público que vai nos bares aqui.
e sim, a aqui é a cidade onde ser hipster é o mainstream...  mas mais uma vez não é exatamente o público que eu vejo nos bares.
na maioria são pessoas "normais", não se destacam por uma tribo ou uma aparência definida.

já que "reclamamos" de um lado, quem aqui costuma sair pra ver bandas de som próprio?

DenisLM escreveu:mas esses definitivamente não são o público que vai nos bares aqui.

Acho que a percepção do local tem muito a ver com o que você busca e suas afinidades.

Sendo uma pessoa que gosta de rock alternativo, você vai terminar enxergando só esse lado da cidade. Eu mesmo não sei dizer um lugar sequer que toque esse tipo de música em todas as cidades que morei. Não quer dizer que não exista coisa assim em Salvador, Boston ou BH, eu é que não faço parte desse círculo. Em compensação sei dizer cada lugar que toca salsa ou música Brasileira de barzinho ou até forró/pagode de Miami até New Hampshire, porque são os lugares que eu tocava... Nem por isso considero que isso seja a cena na Philadelphia ou em Newark.

DenisLM escreveu:já que "reclamamos" de um lado, quem aqui costuma sair pra ver bandas de som próprio?

Quando havia uma "cena" por assim dizer, sempre que rolava shows aqui em SP eu ia. Bandas como Holy Sagga, Eterna, MonsteR e outras de fora de SP como Tuatha de Danann, Dragonheart. Eram bons tempos.
Hoje confesso que não me animo de sair. Via de regra as bandas de som próprio abrem a noite e são seguidas de algumas bandas covers em seguida. Nem todas com qualidade, por sinal.

A propósito. Além de não curtir música que Americano curte, eu sempre tive dificuldade de tocar gig pra Americano porque acho a coisa mais cômica do mundo a maneira como eles dançam. Não consigo parar de rir um segundo.

É pior que isso aqui:



Em Seattle é assim também, Denis?

já frequentei diversos bares aqui, e sim, quando a música é mais dançante é quase esse o movimento mesmo...

no fim das contas o que eu não entendo é porque americano gosta de "banda pequena" e brasileiro não....

DenisLM escreveu:já que "reclamamos" de um lado, quem aqui costuma sair pra ver bandas de som próprio?

eu costumo fazer isso em média a cada 15 dias. Toco em duas banda de som autoral, mas sou "hobbista". Sei que se fosse para viver como músico profissional a coisa precisaria ser diferente....

Leandro Jeronimo escreveu:bacana esse tópico...

mas fiquei um pouco confuso, se não há mercado p/ bandas de musicas autorais, de que forma surgiu essas bandas e cantores que estão no mercado nacional a + ou - 5 anos ??? ex: Maria Gadú, Tulipa, Fresno, NX Zero, Cachorro Grande, Vanguart, Céu e alguns outros....

acho mutio relativo esse lance.

Fresno e Cachorro Grande, que são daqui de porto alegre, eu sei que estão no mercado desde o final da década de 90, mas só agora atingiram o mercado nacional. Não foi tão de repente como falam os canais de tv e rádio.

E outra, essas bandas não ficam conhecidas tocando ao vivo, e sim lançando material na web pro povo ouvir em casa e ai querer ir ao show

malka_aff escreveu:
E outra, essas bandas não ficam conhecidas tocando ao vivo, e sim lançando material na web pro povo ouvir em casa e ai querer ir ao show

Talvez essa seja uma tendencia?

Antigamente (e até hoje, com menos frequencia) eu conhecia as bandas pela rádio ou por acaso de um amigo me apresentasse. Tinha que ser algo espontâneo, nunca tive aquele momento "vou sair para conhecer uma nova banda".

DenisLM escreveu:já que "reclamamos" de um lado, quem aqui costuma sair pra ver bandas de som próprio?

eu.

as poucas vezes que eu saio pra ver show, é de banda de som próprio.

a única banda cover que eu gostava de ver... chutaram da banda o cara mais gente boa, então agora eu consigo dizer que não assisto mais banda cover nenhuma.

edumerino escreveu:Via de regra as bandas de som próprio abrem a noite e são seguidas de algumas bandas covers em seguida.

só fui duas vezes a show desse tipo, e fui embora antes de começarem as bandas cover.

malka_aff escreveu:

Leandro Jeronimo escreveu:bacana esse tópico...

mas fiquei um pouco confuso, se não há mercado p/ bandas de musicas autorais, de que forma surgiu essas bandas e cantores que estão no mercado nacional a + ou - 5 anos ??? ex: Maria Gadú, Tulipa, Fresno, NX Zero, Cachorro Grande, Vanguart, Céu e alguns outros....

acho mutio relativo esse lance.

Fresno e Cachorro Grande, que são daqui de porto alegre, eu sei que estão no mercado desde o final da década de 90, mas só agora atingiram o mercado nacional. Não foi tão de repente como falam os canais de tv e rádio.

E outra, essas bandas não ficam conhecidas tocando ao vivo, e sim lançando material na web pro povo ouvir em casa e ai querer ir ao show

opa, bem observado por vc essa questão do tempo de estrada dos caras, é que eu conheço o trabalho deles com base na midia mesmo....

agora, esse lance de colocar musicas na Web é um estratégia que em alguns casos tem dado retorno p/ as bandas/cantores... mas mesmo assim, acredito que no inicio esses caras tocavam em barzinhos ou casa de shows pequenas e entre as musicas cover, rolava as autorais também.... talvez essas bandas ñ sejam o maior exemplo do eu disse, mas a Wanessa da Mata, Tulipa e Céu se tornaram conhecidas desta forma e claro lançando o material delas na Web... no Sesc Pompeía rola um projeto chamado Prata da Casa (toda terça-feira), o objetivo é lançar artistas novos com trabalhos autorais, inclusive as três cantoras que citei, fizeram parte deste projeto e a carreria delas tiveram uma repercusão muito grande !!!

Seguramente nossa amostragem de bandas cover x autorais deve estar na casa dos:
80% X 20%

Acho que tem muito espaço pra bandas autorais sim. Existem festivais e circuitos de festivais que vivem disso a anos. Eu vejo dois pontos a serem notados:

1 - Rock não é um estilo brasileiro, não esta na nossa cultura e não é popular aqui. Vivam com isso. Rock por aqui sempre vai ser música de nicho. Existem zilhões de trabalhos autorais de samba, pagode, forró, axé, sertanejo, funk carioca, suingueira, brega, etc etc

2 - Tem tambem a questão do entretenimento, uma coisa é fazer um show aqui e outro acolá. Outra coisa é sustentar um público toda semana com o mesmo repertório limitado de musicas próprias, não tem cristão que aguente, até o U2 tocaria cover. Eu tinha uma banda cover que tocava semanalmente no mesmo espaço para uma média aproximada de 500 pessoas. Fizemos em torno de 400 apresentações ao longo dos anos. Tinhamos mais de 300 músicas de repertório, ainda assim sempre chegava alguem pra falar "pô, essa música de novo?".

O público de banda autoral, quer ir pra um espaço sacar coisa nova. O público de banda cover quer tomar umas biritas e dançar com algo mais "orgânico" do que uma playlist de mp3 ou um vitroleiro qualquer chamado "dj adbailson". São propostas um bocado diferentes, com públicos diferentes. Tem espaço pra todo mundo. A meu ver, banda cover disputa espaço com DJ, casa que tem proposta de banda autoral na programação não costuma ver com bons olhos banda cover no espaço. Cada um no seu quadrado.

^ no ceara, mesmo em editais da secretaria de cultura, ha pouco incentivo a trabalho autoral.

das quase 20 salas de um estúdio que alugo só ouço cover de uma... (cada banda aluga uma sala 24/7 nos estudios aqui nos USA)

no outro estudio deve ter umas 40 salas fácil, nunca ouvi covers lá...