Baixo sem escudo

Matheus Cid Bass escreveu:Nossa, Allex. Eu achava que você fosse bem mais pragmático e lógico. Ou você está sendo sarcástico né kkkkkkkk

O fato de ser pragmático e lógico (e até acho que sou) não me impede de entender que há um mundo de coisas além da nossa explicação e observação razoável.

Não terminei, mas cursei curso superior de Física e ainda há um resquício de um pensamento científico em mim... E ciência está muito longe de pragmatismo engessado, muito mesmo... Na verdade, quanto mais você entende da natureza e do mundo, mais se dá conta do universo infinito que existe além da explicação e além do conhecimento humano.

No mundo das artes plásticas, por exemplo, há excelentes copistas hoje em dia, especialmente na Ásia, gente capaz de copiar um quadro como a Monalisa com riqueza absurda de detalhes. Mas a Monalisa original irá emocionar e inspirar quem a vê de uma maneira diferente da cópia...

Já conversei sobre esses assuntos com luthiers renomados e a maioria deles concorda que há mais num instrumento musical excelente que geometria e cortes perfeitos. E nenhum deles sabia exatamente o que é... As respostas eram sempre vagas, como por exemplo "a mão de quem faz". Aliás, converse com um profissional de cozinha e ele te dirá algo similar...

E nada do que escrevi acima foge da lógica. Nós simplesmente não temos capacidade de entender tal lógica. Mas o universo vai além da nossa percepção e seria muita pretensão achar o contrário.

Matheus Cid Bass escreveu:Blz. Tem coisas sobre o processo de fabricação dos tais instrumentos que poucos entendem (e os que entendem, trabalham na Fender fazendo Custon Shop).

Olha só... Eu conheço cada etapa de fabricação desses instrumentos, sei até a região de onde vem o maple usado nos braços, sei a umidade média dessas peças no depósito e detalhes dessa natureza.

Matheus Cid Bass escreveu:Isso não significa que não haja uma resposta lógica. Apenas que ninguém ainda encontrou a tal resposta.

Verdade. Te expliquei o meu entendimento sobre a questão que você levantou. E não considero ser um conhecimento leviano, pois além de entender dos processos envolvidos na fabricação de tais instrumentos, já conversei com luthiers renomados internacionalmente sobre esse tipo de assunto e eles têm um entendimento similar ao meu.

Matheus Cid Bass escreveu:Eu também já cursei física. Três semestres, antes de trancar. (ainda pretendo voltar) e uma coisa que aprendi é: não tem problema em não saber.
O problema é:
1) Dizer que sabe sem saber
2) Dizer que não tem resposta antes de procurar.

Sem dúvida. E, acredite, já procurei... Nos idos de 1988 eu já visitava fabricantes e perguntava coisas desse tipo.

Matheus Cid Bass escreveu:Eu realmente não acredito em coisas místicas ou o pó da fadinha que jogam dos Fender CS depois da fabricação. É só um bom instrumento que a gente não sabe como os caras fazem pra ter o resultado que tem.

O pó da fadinha, caso não tenha ficado claro, é uma simples alegoria.

Os caras não fazem nada atípico. Os cortes são corretos, as tolerâncias são baixas, o fretwork é cuidadoso... E só... O luthier muitas vezes sabe que todas as etapas da construção foram corretas e quando o baixo nasce é um baixo normal. E outro, que foi feito pelas mesmas pessoas, com as mesmas técnicas, é um baixo que o músico não coloca de volta na estante. E não há uma pessoa na Fender que realmente saiba explicar o porquê.

Matheus Cid Bass escreveu:E por falar nisso, aqui na minha região umas das pesquisas mais em alta são as relacionadas à física dos materiais, matéria condensada e física experimental. (além de física das nuvens)
Já pensei na possibilidade de pesquisar sobre o quanto a madeira interfere nas características sonoras de um instrumento elétrico(aquela velha discussão), e de maneira totalmente dentro do rirog do método científico. Sem aquele discurso meramente empirico de "fiz o teste e, com o meu ouvidômetro, constatei A ou B." já que todos nós sabemos que o resultado desses testes podem ser influenciados pelo efeito placebo ou de uma opinião pessoal já  favorável a uma futura suposta constatação.

Que bom. Faça isso...

Matheus Cid Bass escreveu:A Fender não tem nada de mística. Não é como se o Leo Fender tivesse ganhado a revelação dos deuses Saiajins do Instinto Superior e do Bills, Deus da destruição, juntamente com Kami-Sama e as Esferas do Dragão para criar a Fender, Music Man ou a G&L. Tão pouco os que trabam atualmente nos Custom Shop.
Ou será que Deus só começou a existir (se é que existe) só após a criação dos Custom Shop?

Bem, existe a mágica antiga do Lago Toba, né?

Matheus Cid Bass escreveu:Como míseros membros da raça humana, deveríamos abortar o projeto do telescópio James Webb, pois

Allexcosta escreveu: o universo vai além da nossa percepção e seria muita pretensão achar o contrário.

Esse comentário é uma interpretação equivocada do que escrevi...

Em resumo:

Já tive o entendimento similar ao que você tem hoje. Depois de ser dono de algumas dúzias de Fender vintage, ter tocado em algumas dezenas, talvez centenas de instrumentos da marca, de todas as eras, incluindo alguns horríveis e alguns CS excelentes, mudei meu jeito de ver a questão.

Primeiro Fender vintage que comprei foi um '78 todo preto. Era um monstro de baixo. Precisei de grana pra algo e vendi com o raciocínio "depois eu pego outro". E, de fato, comprei vários outros que não chegavam aos pés daquele que tive primeiro e que me arrependi de vender.

Aliás, é um assunto que converso vez em quando com Jorgera, que já teve mais de 20 Foderas, vários Fender CS, vintage, etc, etc... E hoje ele usa um Alleva Coppolo, que é uma marca que não conheço bem.

Perguntei pro Jorge "o que esse baixo tem de especial"? Ele respondeu "nada e tudo ao mesmo tempo, não sei explicar".

É claro que existem teorias sobre esse fenômeno. A mais razoável é que cada peça de madeira oferece uma resistência mecânica. As menos resistentes proporcionariam uma vibração maior, que interage com nosso corpo e nos dá essa percepção. Eu e o Ivan conversamos sobre essa teoria com o Galeazzo Frudua, que é um dos poucos luthiers que já vi que realmente tenta explicar esses fenômenos mais ocultos da luteria.

Espero não ter ofendido seu raciocínio lógico e científico com essas teorias e comentários.

Matheus Cid Bass escreveu:Você parece ter bem mais experiência de vida e de estrada do que eu. Com certeza presenciou coisas que nem imagino.

Isso não faz uma pessoa melhor que a outra, mas é provável que seja um fato.

Num nível de raciocínio lógico, já tive visão sobre o assunto similar à que você tem hoje. Mas a nossa experiência muitas vezes precisa passar por cima de uma certa lógica, pois o fenômeno se apresenta independente de sua opinião sobre ele.

Tenho confiança de que se eu te encontrasse pessoalmente com um paquímetro, 10 baixos que já tive ou testei e dez encordoamentos idênticos e novos, você voltaria pra sua casa ao menos com uma pulga atrás da orelha.

Matheus Cid Bass escreveu:PS. Eu espero não ter parecido grosso ou arrogante pelo meu comentário.

Não, de modo algum.