Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
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Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
Detalhe: o contrabaixo tem apenas 3 cordas!
Claudio- Membro
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Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
^ Coisa bonita de se ver , parece até o meu vizinho fazendo as dele !
Show Claudio .
Show Claudio .
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
Rinat é daqueles nêgos que nasceram lá no escafundó-do-judas, e teve seu primeiro contato com o contrabaixo aos 5 anos de idade. Aí passou mais 50 anos estudando 12 horas por dia, e se transformou nesse monstro virtuoso, com uma afinação raramente vista!
Claudio- Membro
- Mensagens : 15413
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Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
O interpretação dele do concerto de Dittersdorf é excepcional também!
Nelson Bass- Membro
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Christian- Membro
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Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
impressionante!
fheliojr- Membro
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Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
E pensar que esse maravilhoso contrabaixista passou "batido" pelo Brasil em 2012, mais precisamente em Gravatá, no agreste de Pernambuco...
http://www.voilamarques.com/2012/07/ibragimov-contrabaixista-da-sinfonica-de-londres-tocara-em-gravata-pe-19072012/
http://www.voilamarques.com/2012/07/ibragimov-contrabaixista-da-sinfonica-de-londres-tocara-em-gravata-pe-19072012/
Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6556
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Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
^eu estava vendo este tópico.
como é q eu não conhecia o rinat?
como é q eu não conhecia o rinat?
fheliojr- Membro
- Mensagens : 11950
Localização : Fortaleza-CE
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
Algum motivo especial para o contrabaixo ter 3 cordas?
Incrível mesmo a execução dele.
Incrível mesmo a execução dele.
ursoouindio- Membro
- Mensagens : 78
Localização : Porto Alegre
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
^ Originalmente, o contrabaixo acústico tinha 3 cordas, feitas com tripas de macaco.
Claudio- Membro
- Mensagens : 15413
Localização : Rio de Janeiro - RJ
ursoouindio- Membro
- Mensagens : 78
Localização : Porto Alegre
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
O contrabaixo com três cordas era usado muito antigamente.ursoouindio escreveu:Algum motivo especial para o contrabaixo ter 3 cordas? (...)
Bottesini, considerado o pai dos contrabaixistas, usava um deles.
Além de ser um virtuose no contrabaixo, Bottesini foi também um grande maestro e compositor de muitas peças para contrabaixo.
Todas elas não fazem uso da corda mais grave, a mi ou fá sustenido (no caso da afinação solo, um tom acima).
Como as peças de Bottesini foram escritas para a afinação solo, o contrabaixo usa cordas específicas para essa afinação, que soa um tom acima da afinação orquestral.
Afinação orquestral: sol - ré -lá -mi;
Afinação solo: lá - mi - si - fá sustenido.
A afinação solo é usada em mais de 90% do repertório erudito do contrabaixo, e tem origem no Período Clássico, período da música erudita ocidental situado entre a segunda metade do século XVIII e o início do século XIX, quando os contrabaixistas descobriram que as cordas mais "esticadas" no instrumento tornavam o seu som mais brilhante, requisito essencial para a execução de solos.
Bottesini (1821-1889) pertence ao Período Romântico e sempre gostou muito de óperas.
Como seu instrumento era de três cordas, e suas composições eram escritas para afinação solo, a afinação usada era: lá - mi -si.
Atualmente, é bem mais usado o contrabaixo de quatro cordas - os de três cordas são antiquíssimos e carésimos - e o encordoamento é para quatro cordas ou cinco (normalmente usado em orquestra, com a quinta corda mais grave, si ou dó).
Para tocar as peças de Bottesini, a afinação usada atualmente é lá- mi - si - fá sustenido, embora a quarta corda só faça figuração, pois não é tocada.
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
Muito interessante, Voila!
E hoje em dia há ainda quem vai atrás de baixo de 6 cordas de escala curta! hehehe
O baixo acústico é mesmo um instrumento fascinante.
E hoje em dia há ainda quem vai atrás de baixo de 6 cordas de escala curta! hehehe
O baixo acústico é mesmo um instrumento fascinante.
ursoouindio- Membro
- Mensagens : 78
Localização : Porto Alegre
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
Voila, havia uma afinação orquestral para o baixo de 3 cordas? Se sim, seria sol - ré - lá?
Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6556
Localização : Brasil
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
Obrigada, Ursoouindio!ursoouindio escreveu:Muito interessante, Voila!
E hoje em dia há ainda quem vai atrás de baixo de 6 cordas de escala curta! hehehe
O baixo acústico é mesmo um instrumento fascinante.
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
Tarcísio, para te responder acabei enveredando por uma série de textos bem interessantes.Tarcísio Caetano escreveu:Voila, havia uma afinação orquestral para o baixo de 3 cordas? Se sim, seria sol - ré - lá?
Infelizmente, mesmo depois de tanta viagem, não consegui saber se, nessa época, a afinação para o contrabaixo de três cordas era essa em quartas, pois o assunto tem, como se diz, "muito pano pra manga".
Escrevi alguma coisa, que espero servir para te dar um panorama "light" de como o assunto é um emaranhado de informações.
Coloquei os links da "pesquisa" e sugiro uma olhada mais detalhada para aqueles que queiram saber bem mais detalhes.
Vamos lá, ou quem sabe sol, ré ou mi:
Por ter ombrinhos caídos, fundo chato e afinação em quartas, o contrabaixo é considerado um descendente do violone – o instrumento mais grave das famílias das violas da gamba, mesmo sendo um instrumento pertencente à família dos violinos (violino, viola, violoncelo e contrabaixo).
Resumindo, ele pertence à família dos violinos, mas herdou algumas características da família das violas da gamba, mais precisamente da viola da gamba baixo, o violone.
Os violones do século XVI tinham trastes e eram comumente afinados numa mistura de quartas e terças, tipo a afinação do violão atual e muitas vezes tinham cinco ou seis cordas.
O declínio e ostracismo da família das violas da gamba podem estar relacionados com a preferência do público pelos instrumentos da família dos violinos, que tinham projeção maior e articulação mais nítida das notas.
A história do contrabaixo é complexa, pois envolve uma grande variedade de tamanhos de instrumentos, formatos, afinações, número de cordas e nomes. Pesquisas falam em 40 ou 50 formas de afinar o contrabaixo.
Entre 1700 e 1800, os contrabaixos de três cordas eram afinados em quintas, e os contrabaixos de quatro cordas eram afinados em quartas e os de cinco cordas misturavam quartas e terças.
Alguns desses contrabaixos tinham trastes e outros não.
Na época de Leopold Mozart (1756), o contrabaixo ", vulgarmente conhecido como violone”, 'geralmente tinha quatro ou cinco cordas mas, às vezes, tinha somente três”.
A afinação em quartas (sol- ré – lá – mi) passou a ser comum por volta de 1900.
Mas a afinação do contrabaixo passou por muitas transformações, dentre elas a famosa “afinação vienense”, com terças e quarta, utilizada pelo violone: lá – fá sustenido – ré - lá, a qual podia ainda ter uma quinta corda mais grave (fá), conhecida como “quinta corda vienense”, porém raramente utilizada no repertório solo.
A afinação vienense foi amplamente utilizada em Viena, na segunda metade do século XVIII, apogeu do contrabaixo solista em Viena (entre 1760 e 1790), período em que grandes compositores escreveram peças solo para o instrumento, como Mozart, Haydn, Dittersdorf, Hoffmeister, Vanhall, entre outros.
O primeiro concerto clássico para o contrabaixo, o Concerto para Contrabaixo e Orquestra, de Haydn, escrito em 1763, encontra-se perdido, provavelmente vítima dos dois incêndios ocorridos na casa do compositor, e do qual só são conhecidos os dois primeiros compassos.
No original do Concerto para Contrabaixo e orquestra, de Hoffmeister, composto em 1785, a parte de contrabaixo está escrita em Ré maior, e o acompanhamento orquestral está em Mi bemol maior, o que ressalta a prática da época de afinar o contrabaixo um semitom acima, para deixá-lo com o som mais brilhante e projetado, embora a afinação um semitom acima não seja mais usada.
A afinação solo do contrabaixo, em que o instrumento é afinado um tom acima da afinação orquestral , foi introduzida no século XIX por Bottesini, conhecido como pai dos contrabaixistas e também por outras inovações técnicas, como a utilização de um arco mais comprido e a empunhadura que caracterizam o arco francês, diferentes do arco alemão e de sua empunhadura do arco, que tem origem na empunhadura do violone.
As descrições literárias de afinações para os contrabaixos da família dos violinos só começaram a aparecer no século XVII.
Um manuscrito de Bartolomeu Bismantova, escrito em 1677, descreve um instrumento de quatro cordas, afinado em quartas ao invés de quintas, e com regras de utilização do arco como do violino.
Nesse documento, Bismantova dizia que a corda mais grave deveria ser afinada em mi, mesmo que a corda fosse grossa, mas que se isso não fosse possível, ela deveria ser afinada em sol, e que essa corda era sem trastes.
O desenvolvimento da tecnologia das cordas teve relação direta com o desenvolvimento dos instrumentos.
Cordas grossas de tripa podem ter resultado na incapacidade de conseguir uma corda mi grave que não soasse frouxa e, para contornar a situação o jeito teria sido aumentar a tensão da corda, a afinando num tom mais alto ou a omitindo por completo.
Isso talvez explique a preferência de tantos contrabaixistas, nos séculos XVIII e até XIX, pelos contrabaixos de três cordas, dentre eles, grandes virtuoses como Dragonetti (1763-1846, considerado o pai dos contrabaixistas de orquestra) e Bottesini.
As referências a contrabaixos da família dos violinos, com três cordas (sem a corda mais grave) e afinados em quartas ou quintas só apareceram durante o século XVIII.
O desenvolvimento do contrabaixo também está relacionado às exigências orquestrais.
Berlioz defendia a combinação de contrabaixos com três e quatro cordas na orquestra: de três cordas para favorecer o volume, e de quatro cordas para favorecer a precisão e o ataque das notas.
Depois disso, cansei, hahaha!
Referências:
http://www.henle.de/blog/en/2014/03/17/the-lord-of-the-low-tones-%E2%80%93-tobias-glockler-in-conversation-about-dragonetti%E2%80%99s-%E2%80%9Cfamous-solo%E2%80%9D/
http://www.vitoliuzzi.com/history-4-more-free-download-dragonetti/
http://www.musica.ufmg.br/permusi/port/numeros/14/num14_cap_07.pdf
http://stringtechnique.com/history/10.html
http://osmc.com.br/informativo/020/noticia_2.html
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
Voila, sempre super "informativa" e prestativa. Vou sim, ler os links e MUITO obrigado.
Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6556
Localização : Brasil
Re: Rinat Ibragimov - Isso é 100% virtuose
Obrigada, Tarcísio!Tarcísio Caetano escreveu:Voila, sempre super "informativa" e prestativa. Vou sim, ler os links e MUITO obrigado.
Só depois das perguntas suas e do Ursoouindio é que me dei conta de estava mesmo com saudades de uma boa leitura histórica, hahaha!
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