R.I.P. Inezita Barroso.
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R.I.P. Inezita Barroso.
Infelizmente a musica sertaneja ficou mais triste nesta data, uma das maiores personalidades e uma baita mulher nos deixa hoje.
Morreu na noite deste domingo, (08/03), a cantora e apresentadora Inezita Barros. A informação foi confirmada pelo perfil oficial da TV Cultura, emissora pelo qual apresentava o "Viola, minha viola". Inezita estava internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde quarta-feira (04/03), dia em que completou 90 anos. A cantora deixa uma filha, Marta Barroso, três netas e cinco bisnetos.
Em dezembro, Inezita chegou a ser hospitalizada após cair dentro da casa de sua filha, em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Desde então, ela não participou mais do seu tradicional programa de música sertaneja, "Viola Minha Viola", na TV Cultura.
Cantora, atriz, instrumentista, folclorista e professora, Inezita Barroso completa nesta quarta-feira (04) 90 anos de histórias e devoção pela música sertaneja de raiz. Em sua biografia "Inezita Barroso - Rainha da Música Caipira", escrita por depoimento ao jornalista Carlos Eduardo Oliveira, ela ainda mantém a voz discordante contra a modernidade no gênero e chama a safra atual de "sertanojo". "A verdade é que esse pseudosertanejo atual é música inventada pela indústria, sem raiz, paupérrima, sempre a mesma letra, sempre o mesmo ritmo! Um modismo", desabafa.
Inezita foi uma rebelde desde pequena. No livro, ela conta como decidiu cantar após assistir ao show de Carmem Miranda e encarou a resistência que sofreu dos pais "caretas". Casou-se em 1947, aos 22 anos, com o advogado Adolfo Cabral Barroso, mas o relacionamento, ela enfatiza, teve "prazo de validade" de 10 anos. Namorou pouco depois. "Uns seis namoros não muitos longos", observa.
Com uma família proprietária de muitas terras, Inezita Barroso teve uma infância confortável em uma São Paulo que não existe mais. Morou nos bairros de Perdizes e Barra Funda --na época, recantos de tranquilidade. "Esse berço quatrocentão tinha seu lado negativo: infelizmente a família implicava com tudo que fugisse aos padrões vigentes. Tudo era feio, não ficava bem, não era bonito. Mais tarde, para conseguir cantar e ser artista tive que brigar muito".
Para gravar o primeiro compacto, no Rio de Janeiro, enfrentou o nervosismo e defendeu "Moda de Pinga". "Todo mundo achou a maior graça. Só que tinha que gravar o outro lado do disco, e eu nem sabia disso, ninguém havia me avisado". O compositor Paulo Vanzolini estava no estúdio apenas esperando uma carona para São Paulo e escreveu ali o sucesso "Ronda".
As aulas de piano eram as únicas apoiadas pelo pai. "Com 16 anos comprei minha primeira viola e tocava escondida no quarto, até que deslanchei e comecei a tocar profissionalmente", relembrou Inezita Barroso.
Moça da sociedade paulistana, a cantora sempre atraiu olhares pelo cabelo curto, o violão a tiracolo e a disposição em se enfiar nas rodas de viola dos trabalhadores rurais. "Ela sempre estava nas casinhas dos caboclos das fazendas dos avós. Ela acompanhava as rodas de improviso, e recolhia 'como ela costuma dizer' músicas como 'Moda de Pinga'", conta o jornalista Carlos Eduardo Oliveira, autor de "Inezita Barroso - Rainha da Música Caipira"
Com o sucesso de "Moda de Pinga", tinha o costume de ganhar pinga dos fãs. "Normalmente distribuo entre minha equipe", ela garante. Quando a música chegou nas rádios, em 1954, uma cachaça com seu nome foi lançada no interior de São Paulo
Inezita presenciou a efervescência cultural da São Paulo dos anos 40, inaugurou a tradição cinematográfica paulista dos estúdios da Vera Cruz, onde atuou em alguns filmes e foi a primeira cantora contratada da TV Record, antes de Elis Regina.
Sua estreia no cinema aconteceu em 1951 no drama "Ângela". Participou de mais oito filmes. Em uma das filmagens nos estúdios do Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Inezita Barroso ficou com um jipe usado na gravação e partiu em uma viagem ao Nordeste com um único objetivo: pesquisar música. Na época, mulher no volante era tabu. "Posso afirmar até que eu 'causava'"
Com a chegada de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléia na TV, ficou sem gravar de 1961 a 1968. Os shows minguaram, as apresentações na TV idem, os cachês desapareceram. "As rádios e gravadoras só queriam saber do pessoal do banquinho-e-violão ou daquela moçadinha cabeluda e suas guitarras estridentes", ela conta. Acabou aproveitando a febre para ensinar violão para a garotada na época. Foi, como conta no livro, "salva pelo iê iê iê"
Ao falar da Jovem Guarda, ela responde, na lata: "Aquelas musiquinhas eram todas água-com-açúcar". Roqueiro, Carlos Eduardo Oliveira disse que não teve problemas ao visitar Inezita em sua casa em São Paulo para entrevistá-la. "Mas ela não gosta mesmo de coisas eletrônicas, coisas que passam pelo plug", conta. Na foto, ela canta ao lado de Silvio Caldas nos anos 70
No programa "Viola Minha Viola", que se tornou referência no gênero desde os anos 1980, quando estreou na TV Cultura, ela dissecou as lendas, o folclore e a poesia dos versos sertanejos, mas desabafa: às vezes conduziu o programa de maneira intransigente. "Ela passou por algumas fases do 'Viola' em que achavam que não era bom excluir [os novas duplas sertaneja]. Ela quebrou o pau, ameaçou desistir do programa", conta Carlos Eduardo Oliveira.
Na biografia, Inezita Barroso revela sua indisposição com o sertanejo atual: "Durante uma época, produtores chegaram a insinuar que fulano e beltrano viriam porque a gravadora estaria patrocinando. "Esse era o argumento deles. Eu esbravejei".
A rainha, no entanto, faz suas ressalvas. O cantor Daniel sempre tem espaço em seu programa. Chitãozinho e Xororó, por cantarem e tocarem como nos velhos tempos, também são cativos entre os convidados "desde que apareçam sem guitarra e teclado".
Quando criança, Inezita Barroso conta que nutriu uma paixão platônica e infantil por Mário de Andrade, que lecionava História Musical para sua tia no Conservatório de São Paulo. Sempre lembrado como alto, inteligente e poeta, Inezita andava de patins em frente à casa do escritor, perto da sua, na Barra Funda, só para ver aquele homem de perto
A moda de viola sempre foi uma inspiração. "Em períodos de 'crise criativa', quando a 'fonte seca', é a ela que recorro. Pego meus alfarrábios e releio tudo o que eu posso. Poucas coisas se comparam à poesia caipira. Ela é divina, por isso, sempre mergulhei de cabeça"
A tristeza do Jeca
Colcha de retalhos
Marvada Pinga
Canção do Expedicionário
Morreu na noite deste domingo, (08/03), a cantora e apresentadora Inezita Barros. A informação foi confirmada pelo perfil oficial da TV Cultura, emissora pelo qual apresentava o "Viola, minha viola". Inezita estava internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde quarta-feira (04/03), dia em que completou 90 anos. A cantora deixa uma filha, Marta Barroso, três netas e cinco bisnetos.
Em dezembro, Inezita chegou a ser hospitalizada após cair dentro da casa de sua filha, em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Desde então, ela não participou mais do seu tradicional programa de música sertaneja, "Viola Minha Viola", na TV Cultura.
Cantora, atriz, instrumentista, folclorista e professora, Inezita Barroso completa nesta quarta-feira (04) 90 anos de histórias e devoção pela música sertaneja de raiz. Em sua biografia "Inezita Barroso - Rainha da Música Caipira", escrita por depoimento ao jornalista Carlos Eduardo Oliveira, ela ainda mantém a voz discordante contra a modernidade no gênero e chama a safra atual de "sertanojo". "A verdade é que esse pseudosertanejo atual é música inventada pela indústria, sem raiz, paupérrima, sempre a mesma letra, sempre o mesmo ritmo! Um modismo", desabafa.
Inezita foi uma rebelde desde pequena. No livro, ela conta como decidiu cantar após assistir ao show de Carmem Miranda e encarou a resistência que sofreu dos pais "caretas". Casou-se em 1947, aos 22 anos, com o advogado Adolfo Cabral Barroso, mas o relacionamento, ela enfatiza, teve "prazo de validade" de 10 anos. Namorou pouco depois. "Uns seis namoros não muitos longos", observa.
Com uma família proprietária de muitas terras, Inezita Barroso teve uma infância confortável em uma São Paulo que não existe mais. Morou nos bairros de Perdizes e Barra Funda --na época, recantos de tranquilidade. "Esse berço quatrocentão tinha seu lado negativo: infelizmente a família implicava com tudo que fugisse aos padrões vigentes. Tudo era feio, não ficava bem, não era bonito. Mais tarde, para conseguir cantar e ser artista tive que brigar muito".
Para gravar o primeiro compacto, no Rio de Janeiro, enfrentou o nervosismo e defendeu "Moda de Pinga". "Todo mundo achou a maior graça. Só que tinha que gravar o outro lado do disco, e eu nem sabia disso, ninguém havia me avisado". O compositor Paulo Vanzolini estava no estúdio apenas esperando uma carona para São Paulo e escreveu ali o sucesso "Ronda".
As aulas de piano eram as únicas apoiadas pelo pai. "Com 16 anos comprei minha primeira viola e tocava escondida no quarto, até que deslanchei e comecei a tocar profissionalmente", relembrou Inezita Barroso.
Moça da sociedade paulistana, a cantora sempre atraiu olhares pelo cabelo curto, o violão a tiracolo e a disposição em se enfiar nas rodas de viola dos trabalhadores rurais. "Ela sempre estava nas casinhas dos caboclos das fazendas dos avós. Ela acompanhava as rodas de improviso, e recolhia 'como ela costuma dizer' músicas como 'Moda de Pinga'", conta o jornalista Carlos Eduardo Oliveira, autor de "Inezita Barroso - Rainha da Música Caipira"
Com o sucesso de "Moda de Pinga", tinha o costume de ganhar pinga dos fãs. "Normalmente distribuo entre minha equipe", ela garante. Quando a música chegou nas rádios, em 1954, uma cachaça com seu nome foi lançada no interior de São Paulo
Inezita presenciou a efervescência cultural da São Paulo dos anos 40, inaugurou a tradição cinematográfica paulista dos estúdios da Vera Cruz, onde atuou em alguns filmes e foi a primeira cantora contratada da TV Record, antes de Elis Regina.
Sua estreia no cinema aconteceu em 1951 no drama "Ângela". Participou de mais oito filmes. Em uma das filmagens nos estúdios do Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Inezita Barroso ficou com um jipe usado na gravação e partiu em uma viagem ao Nordeste com um único objetivo: pesquisar música. Na época, mulher no volante era tabu. "Posso afirmar até que eu 'causava'"
Com a chegada de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléia na TV, ficou sem gravar de 1961 a 1968. Os shows minguaram, as apresentações na TV idem, os cachês desapareceram. "As rádios e gravadoras só queriam saber do pessoal do banquinho-e-violão ou daquela moçadinha cabeluda e suas guitarras estridentes", ela conta. Acabou aproveitando a febre para ensinar violão para a garotada na época. Foi, como conta no livro, "salva pelo iê iê iê"
Ao falar da Jovem Guarda, ela responde, na lata: "Aquelas musiquinhas eram todas água-com-açúcar". Roqueiro, Carlos Eduardo Oliveira disse que não teve problemas ao visitar Inezita em sua casa em São Paulo para entrevistá-la. "Mas ela não gosta mesmo de coisas eletrônicas, coisas que passam pelo plug", conta. Na foto, ela canta ao lado de Silvio Caldas nos anos 70
No programa "Viola Minha Viola", que se tornou referência no gênero desde os anos 1980, quando estreou na TV Cultura, ela dissecou as lendas, o folclore e a poesia dos versos sertanejos, mas desabafa: às vezes conduziu o programa de maneira intransigente. "Ela passou por algumas fases do 'Viola' em que achavam que não era bom excluir [os novas duplas sertaneja]. Ela quebrou o pau, ameaçou desistir do programa", conta Carlos Eduardo Oliveira.
Na biografia, Inezita Barroso revela sua indisposição com o sertanejo atual: "Durante uma época, produtores chegaram a insinuar que fulano e beltrano viriam porque a gravadora estaria patrocinando. "Esse era o argumento deles. Eu esbravejei".
A rainha, no entanto, faz suas ressalvas. O cantor Daniel sempre tem espaço em seu programa. Chitãozinho e Xororó, por cantarem e tocarem como nos velhos tempos, também são cativos entre os convidados "desde que apareçam sem guitarra e teclado".
Quando criança, Inezita Barroso conta que nutriu uma paixão platônica e infantil por Mário de Andrade, que lecionava História Musical para sua tia no Conservatório de São Paulo. Sempre lembrado como alto, inteligente e poeta, Inezita andava de patins em frente à casa do escritor, perto da sua, na Barra Funda, só para ver aquele homem de perto
A moda de viola sempre foi uma inspiração. "Em períodos de 'crise criativa', quando a 'fonte seca', é a ela que recorro. Pego meus alfarrábios e releio tudo o que eu posso. Poucas coisas se comparam à poesia caipira. Ela é divina, por isso, sempre mergulhei de cabeça"
A tristeza do Jeca
Colcha de retalhos
Marvada Pinga
Canção do Expedicionário
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
R.I.P.
Que notícia triste!
joabi- Eterno Colaborador
- Mensagens : 6617
Localização : Campinas - SP
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
Que notícia triste...
A verdadeira música caipira perdeu alguém que não apenas era uma grande cantora mas também uma incansável pesquisadora e também ardente defensora desta tradição tão nossa e tão desprezada pela grande indústria cultural.
Descanse em paz, Inezita.
A verdadeira música caipira perdeu alguém que não apenas era uma grande cantora mas também uma incansável pesquisadora e também ardente defensora desta tradição tão nossa e tão desprezada pela grande indústria cultural.
Descanse em paz, Inezita.
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
Poxa fiquei especialmente chateado com a notícia pois morei por anos no mesmo prédio que ela e ela era muito simpática e carinhosa.
Na escola precisei fazer um trabalho de escola e a consultei se podia ser uma entrevista com ela e ela não só topou como foi até nosso apartamento e nos deu uma aula sobre música e tivemos um papo maravilhoso.
Era sempre muito cordial e simpática com minha família.
Uma que se vai com a certeza de que cumpriu com louvor sua passagem por aqui.
Descanse em paz.
Na escola precisei fazer um trabalho de escola e a consultei se podia ser uma entrevista com ela e ela não só topou como foi até nosso apartamento e nos deu uma aula sobre música e tivemos um papo maravilhoso.
Era sempre muito cordial e simpática com minha família.
Uma que se vai com a certeza de que cumpriu com louvor sua passagem por aqui.
Descanse em paz.
Fernando Zadá- Moderador
- Mensagens : 14306
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
Fiquei triste de novo, em menos de uma semana: Zé Rico e agora a Inezita...
Adorava ouvi-la cantando a Marvada Pinga.
Adorava ouvi-la cantando a Marvada Pinga.
Giuliano- Membro
- Mensagens : 1001
Localização : São Paulo
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
Fiquei sabendo hoje pela manhã...estou triste...eita começo de ano bravo....deste jeito acabaremos ficando somente com o "sertanojo"
R.I.P. Inezita Barroso
R.I.P. Inezita Barroso
Andre Azulao- Membro
- Mensagens : 293
Localização : Z.O.- SP - Brasil
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
Que notícia triste!
Faço minhas as palavras do Zubrycky e do Fernando Zadá
R.I.P
Faço minhas as palavras do Zubrycky e do Fernando Zadá
R.I.P
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
- Mensagens : 16619
Localização : Niterói, RJ
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
Não foram poucos os domingos em que eu acordava e a primeira coisa que via na sala era meu pai assistindo o "Viola, minha viola". Uma perda até esperada. Mas o que mais me faz ficar chateado é que não haverão herdeiros dessa cultura Sertaneja.
leandrosf89- Membro
- Mensagens : 3716
Localização : São Paulo
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
^ Minha mãe adora esse programa!!!
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
- Mensagens : 16619
Localização : Niterói, RJ
pedrohenrique.astronauta- Membro
- Mensagens : 9200
Localização : Volta Redonda-RJ
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
Uma perda irreparável... para a música caipira, para a nossa cultura.
Sempre tive muito carinho pelo programa não só pela qualidade mas por ser algo que sempre associei à minha avó, que por uma triste coincidência se foi há poucos dias.
Descanse em paz, Inezita!
Sempre tive muito carinho pelo programa não só pela qualidade mas por ser algo que sempre associei à minha avó, que por uma triste coincidência se foi há poucos dias.
Descanse em paz, Inezita!
Samu- Membro
- Mensagens : 116
Localização : São Paulo - SP
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
Quem faz um trabalho com carinho e verdade, vira uma unanimidade!!! Parabéns pelo trabalho Inezita!!!
Re: R.I.P. Inezita Barroso.
Aviso aos navegantes: Esta semana o Cineclube Zubrycky homenageia a grande Inezita Barroso exibindo o filme "Ângela", produção de 1951 na qual ela atuou.
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