Dólar chega a 4 reais
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Dólar chega a 4 reais
Pois é, fujam para as montanhas!
O dólar voltou a subir e chegou hoje a R$ 4,00.
Quais são as expectativas de vocês a curto, médio e longo prazo? Dá pra prever alguma coisa da nossa economia?
joabi- Eterno Colaborador
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Localização : Campinas - SP
Re: Dólar chega a 4 reais
Por essas e outras que estou estudando igual louco para concurso público, parece que é a única opção digna aqui no hue br pra quem não tem costas quentes, um bom qi etc.
Estou desempregado desde o ano passado por conta da crise no setor automotivo (minha area de atuação). Atualmente vivendo de bicos fora de minha área e fazendo um cursinho pro concurso em questão.
Desde 2013, as indústrias do setor previam recessão até meados de 2017, com ínicio de recuperação apenas em 2018. Infelizmente acho que as previsões estavam certas.
Estou desempregado desde o ano passado por conta da crise no setor automotivo (minha area de atuação). Atualmente vivendo de bicos fora de minha área e fazendo um cursinho pro concurso em questão.
Desde 2013, as indústrias do setor previam recessão até meados de 2017, com ínicio de recuperação apenas em 2018. Infelizmente acho que as previsões estavam certas.
Vinicius F- Membro
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Localização : São Paulo - SP
Re: Dólar chega a 4 reais
Daqui a um anos ou dois as coisas melhoram...joabi escreveu:
Pois é, fujam para as montanhas!
O dólar voltou a subir e chegou hoje a R$ 4,00.
Quais são as expectativas de vocês a curto, médio e longo prazo? Dá pra prever alguma coisa da nossa economia?
Mas, o dólar alto traz muitas vantagens para a economia brasileira (o superávit da balança comercial foi bem alto em 2015... Ano que muitos disseram ser de crise - e foi - mas que também foi muito bom pra muitos...); acho que um patamar ideal seria o dólar a R$ 3, pois com isso nos tornamos competitivos no mercado internacional, estimulam-se as exportações e a produção para o mercado interno no que resulta retomada do emprego (que mesmo com essa crise ainda atingiu os níveis de desemprego da Europa...).
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Dólar chega a 4 reais
Bertola, posso estar enganado, mas não vejo nenhuma vantagem no dólar alto desse jeito. Pra mim o ideal seria algo entre 2,20 e 2,50. O Brasil não produz tecnologia e praticamente só exporta produtos primários. Mesmo assim precisa comprar peças, maquinário e tecnologia de fora, pagando alto por isso.
joabi- Eterno Colaborador
- Mensagens : 6617
Localização : Campinas - SP
Re: Dólar chega a 4 reais
joabi escreveu:
Bertola, posso estar enganado, mas não vejo nenhuma vantagem no dólar alto desse jeito. Pra mim o ideal seria algo entre 2,20 e 2,50. O Brasil não produz tecnologia e praticamente só exporta produtos primários. Mesmo assim precisa comprar peças, maquinário e tecnologia de fora, pagando alto por isso.
Não é bem assim.
Não apenas o Brasil produz tecnologia (embora não nos níveis de países avançados), como a maior parte dos setores agrícola e industrial trabalham com exportação.
Dólar baixo significa desindustrialização (que ocorreu no Brasil nos últimos 20 anos) e crise no setor agrícola (que sustenta grande parte da balança comercial), ou seja: Não serve para o país...
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
- Mensagens : 16619
Localização : Niterói, RJ
Re: Dólar chega a 4 reais
^ Não sei, não acho que baixo nem alto sirva. Dólar alto puxa a inflação lá para cima, pois vários dos nossos insumos básicos são importados (gasolina, trigo, industrializados "com valor agregado", como dizem por aí). Ou seja, nos empobrecemos assim. Com o dólar alto, as exportações desenvolvem mais a indústria, sim, mas tem os seus efeitos negativos.
Ao fim e ao cabo, somos periferia do capitalismo e vamos noa f*&¨% com dólar alto ou baixo. Há pouco, inclusive, a "coração valente" vetou a proposta de auditoria da dívida pública, essa sangria de dinheiro para o bolso dos mais ricos. Mas, duvido que vai mexer no superávit primário...
Ao fim e ao cabo, somos periferia do capitalismo e vamos noa f*&¨% com dólar alto ou baixo. Há pouco, inclusive, a "coração valente" vetou a proposta de auditoria da dívida pública, essa sangria de dinheiro para o bolso dos mais ricos. Mas, duvido que vai mexer no superávit primário...
Willian Casagrande- Membro
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Localização : Londrina/PR
Re: Dólar chega a 4 reais
Trabalho com tecnologias para operação portuária e a situação está bem preocupante. Com o dólar alto, a importação caiu drasticamente e os terminais estão cada vez mais vazios, diferente de 1 a 2 anos atrás que faltava espaço para tanto contêiner...
Coder- Membro
- Mensagens : 3785
Localização : Brasil
Re: Dólar chega a 4 reais
Dólar alto é bom pra quem vende produto de produção e montagem completamente nacionais: Quase nada. Duvido que toda nossa produção agrícola seja nacional, tratores e químicos com certeza tem sua parcela de importação. Além de combustíveis. O preço das verduras/frutas/hortaliças subindo em direção ao céu é prova disso. (junto, obviamente, com o restante dos problemas da nossa economia)
Aliás, isso me faz pensar se o dólar alto não coloca a gente num patamar meio "China" em relação aos outros países. Mas, no mínimo, a China sabe fazer tecnologia.
O dólar baixo pelo menos dá uma força em todo o restante que invariavelmente depende de tecnologia de fora.
Aliás, isso me faz pensar se o dólar alto não coloca a gente num patamar meio "China" em relação aos outros países. Mas, no mínimo, a China sabe fazer tecnologia.
O dólar baixo pelo menos dá uma força em todo o restante que invariavelmente depende de tecnologia de fora.
Sonikado- Membro
- Mensagens : 1356
Localização : Estado de SP
Re: Dólar chega a 4 reais
^Penso assim também...
Se o brasil fosse realmente autossuficiente em tecnologia e não dependense tanto de importações de componentes básicos, o dólar alto de fato seria um mecanismo de proteção interessante ao produto nacional. Só que o produto nacional é constrituido na maioria das vezes por componentes e em muitos casos de mão-de-obra importados. Falta know-how e mão-de-obra qualificada na indústria brasileira. Trabalhando por anos nesse setor, pude constatar esse fato, infelizmente.
Mas faço essa crítica também aos profissionais brasileiros. Sou engenheiro mecânico e me considero um cara extremamente técnico. Vejo caras extremamente burocratas e políticos tomarem posse de cargos altamente ou até estritamente técnicos. Certamente são boas competências para áreas administrativas, mas nem sempre as mais adequadas para as áreas técnicas. Essas áreas carecem muito de profissionais que realmente tragam conteúdo, conhecimento e novas idéias. Penso que isso "emperra" muito o desenvolvimento de uma indústria forte 100% nacional.
Se o brasil fosse realmente autossuficiente em tecnologia e não dependense tanto de importações de componentes básicos, o dólar alto de fato seria um mecanismo de proteção interessante ao produto nacional. Só que o produto nacional é constrituido na maioria das vezes por componentes e em muitos casos de mão-de-obra importados. Falta know-how e mão-de-obra qualificada na indústria brasileira. Trabalhando por anos nesse setor, pude constatar esse fato, infelizmente.
Mas faço essa crítica também aos profissionais brasileiros. Sou engenheiro mecânico e me considero um cara extremamente técnico. Vejo caras extremamente burocratas e políticos tomarem posse de cargos altamente ou até estritamente técnicos. Certamente são boas competências para áreas administrativas, mas nem sempre as mais adequadas para as áreas técnicas. Essas áreas carecem muito de profissionais que realmente tragam conteúdo, conhecimento e novas idéias. Penso que isso "emperra" muito o desenvolvimento de uma indústria forte 100% nacional.
Vinicius F- Membro
- Mensagens : 1047
Localização : São Paulo - SP
Re: Dólar chega a 4 reais
Os insumos agrícolas são quase todos importados, boa parte das peças de carros são importadas, nossos eletrônicos tem muita coisa importada... Dolar alto serve pra deixar a gente pobre frente ao resto do mundo.
Thales_Sr- Moderador
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Localização : Aracaju/SE
Re: Dólar chega a 4 reais
^ O setor exportador lucra, o setor de consume perde...
O setor produtivo (indústria) recebe incentivo indireto, pois passa a ser mais viável produzir aqui (ou voltar a produzir) aquilo que era importado.
Produtos fertilizantes, que eram produzidos aqui, passaram a ser importados ( http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/TDs/td_1780.pdf ), o que reduziu o papel do setôr industrial brasileiro (no caso da indústria de fertilizantes); ou seja: desindustrialização - que é um fenômeno à médio e longo prazo MUITO mais prejudicial para o futuro da economia brasileira que a simples formação de preços finais.
O setor produtivo (indústria) recebe incentivo indireto, pois passa a ser mais viável produzir aqui (ou voltar a produzir) aquilo que era importado.
Produtos fertilizantes, que eram produzidos aqui, passaram a ser importados ( http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/TDs/td_1780.pdf ), o que reduziu o papel do setôr industrial brasileiro (no caso da indústria de fertilizantes); ou seja: desindustrialização - que é um fenômeno à médio e longo prazo MUITO mais prejudicial para o futuro da economia brasileira que a simples formação de preços finais.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
- Mensagens : 16619
Localização : Niterói, RJ
Re: Dólar chega a 4 reais
Estou longe de ser um especialista no assunto, mas vejo as notícias da alta do Dólar como sinônimo da fraqueza do Real.
Re: Dólar chega a 4 reais
Uai, o dólar a R$ 4,00 não é novidade.
Estou errado ou ano passado ele bateu esse valor?
Estou errado ou ano passado ele bateu esse valor?
Re: Dólar chega a 4 reais
Zubrycky escreveu:Estou longe de ser um especialista no assunto, mas vejo as notícias da alta do Dólar como sinônimo da fraqueza do Real.
1 yene = 0.0085 dólar
Não me parece que o yene seja uma moeda "fraca"
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
- Mensagens : 16619
Localização : Niterói, RJ
Re: Dólar chega a 4 reais
siodoni escreveu:Uai, o dólar a R$ 4,00 não é novidade.
Estou errado ou ano passado ele bateu esse valor?
01/01/1985 = 3.228,00 – cruzeiros
01/01/1986 = 10.505,00 – cruzeiros
01/01/1987 = 14,917 – cruzados
01/01/1988 = 71,892 – cruzados
01/01/1989 = 761,49 – cruzados
01/01/1990 = 11,524 – cruzado novo
01/01/1991 = 171,85 – cruzeiro
01/01/1992 = 1.079,30 – cruzeiro
01/01/1993 = 12.531,30 – cruzeiro
01/01/1994 = 331,210 – cruzeiro real
01/01/1995 = 0,843000 – real
01/01/1996 = 0,971600 – real
01/01/1997 = 1,03870 – real
01/01/1998 = 1,11570 – real
01/01/1999 = 1,20700 – real
01/01/2000 = 1,80030 – real
01/01/2001 = 1,93760 – real
01/01/2002 = 2,30580 – real
01/01/2003 = 3,52160 – real
01/01/2004 = 2,88540 – real
01/01/2005 = 2,66740 – real
01/01/2006 = 2,33620 – real
01/01/2007 = 2,13340 – real
01/01/2008 = 1,77140 – real
01/06/2008 = 1,63120 – real
01/08/2008 = 1,55850 – real
24/11/2008 = 2,34920 – real
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
- Mensagens : 16619
Localização : Niterói, RJ
Re: Dólar chega a 4 reais
Sobre o termo desindustrialização, contrabaixisticamente falando, que bom que ao longo dos ultimos 20 anos fomos desindustrializados de Tonantes e Gianninis.
Até um passado recente podiamos comprar de forma realtivamente acessível um Fender Jazz Bass, todavia já viram quanto está custando um mero Squier Jazz Bass?
Então, em trantando-se da indústria brasileira, a melhor coisa é a desindustrialização mesmo, entrentato hoje estamos obrigados a comprar no máximo um Jazz Bass da Tagima...
Até um passado recente podiamos comprar de forma realtivamente acessível um Fender Jazz Bass, todavia já viram quanto está custando um mero Squier Jazz Bass?
Então, em trantando-se da indústria brasileira, a melhor coisa é a desindustrialização mesmo, entrentato hoje estamos obrigados a comprar no máximo um Jazz Bass da Tagima...
rafacar- Membro
- Mensagens : 764
Localização : Eu moro aqui, você mora ali.
Re: Dólar chega a 4 reais
Essencialmente fiquei surpreso o dolar ter ficado abaixo dos 4 reais. Este mês de janeiro ele ficou maior parte de tempo acima pelo que me recordo. Quanto a isto ser positivo ou não, enquanto vivermos essencialmente exportando commodities nunca iremos para frente. Tecnologicamente infelizmente somos muito ultrapassados :/, mesmo os governos tentando protecionismos tolos, não vemos resultados. Continuaremos exportando toneladas de matéria prima (e comida) e comprando gramas de tecnologia, e continuaremos ferrados e agora com menos poder aquisitivo para tecnologia.
arturbmallmann- Membro
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Localização : Mondaí-SC
Re: Dólar chega a 4 reais
Mas, Bertola, a nossa economia já é industrializada faz tempo. Os produtos agrícolas importados são produzidos em larga escala, com equipamentos sofisticados; a prospecção de minério de ferro e dos outros minérios todos é um processo sofisticadíssimo e altamente industrializado. Não é a indústria dos moldes tradicionais, tampouco a indústria da terceira revolução industrial (essa aí a gente não tem acesso meeesmo), mas é uma atividade que usa tecnologia de ponta. Já somos um país industrializado há um tempinho e, mesmo que essa marcha ao progresso industrial siga, continuaremos sendo dependentes. É tipo o debate dos desenvolvimentistas de 70 anos atrás, aquele do "ovo que nunca choca", do mercado interno que nunca existe e etc...
Willian Casagrande- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
arturbmallmann escreveu:mesmo os governos tentando protecionismos tolos, não vemos resultados. Continuaremos exportando toneladas de matéria prima (e comida) e comprando gramas de tecnologia, e continuaremos ferrados e agora com menos poder aquisitivo para tecnologia.
O expoente da economia global é o país mais protecionista do mundo. Veja o subsídio para o milho nos EUA... Quanto a importar tecnologia ou não, isso está além do fato de não termos condições objetivas de desenvolver tecnologia (o que não deixa de ser verdade).
Willian Casagrande- Membro
- Mensagens : 3676
Localização : Londrina/PR
Re: Dólar chega a 4 reais
rafacar escreveu:
Então, em trantando-se da indústria brasileira, a melhor coisa é a desindustrialização mesmo, entrentato hoje estamos obrigados a comprar no máximo um Jazz Bass da Tagima...
Que isso, jovem!
Existem ótimas marcas despontando no cenário nacional e mesmo internacional... N.Zaganin, M.Laghus, S.Martyn, etc. Fazem frente a qualquer instrumento importado.
joabi- Eterno Colaborador
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Re: Dólar chega a 4 reais
rafacar escreveu:Sobre o termo desindustrialização, contrabaixisticamente falando, que bom que ao longo dos ultimos 20 anos fomos desindustrializados de Tonantes e Gianninis.
Até um passado recente podiamos comprar de forma realtivamente acessível um Fender Jazz Bass, todavia já viram quanto está custando um mero Squier Jazz Bass?
Então, em trantando-se da indústria brasileira, a melhor coisa é a desindustrialização mesmo, entrentato hoje estamos obrigados a comprar no máximo um Jazz Bass da Tagima...
eramos obrigados a conviver com a industria nacional pq não havia opções! Ao menos Collor fez uma coisa boa, quer foi abrir o mercado(+/- mérito, qualquer presidente se demonstrando democrático faria isto naqueles dias..)
Protecionismo é ruim, tanto aquele da época da ditadura, quanto o atual com cargas gigantesca de taxação em produtos importados.
Edit: E mais ainda, protecionismo incentiva produtos ruins! "Pq se estressar com a concorrência se ninguém consegue comprar algo melhor?"
arturbmallmann- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
arturbmallmann escreveu:
eramos obrigados a conviver com a industria nacional pq não havia opções! Ao menos Collor fez uma coisa boa, quer foi abrir o mercado(+/- mérito, qualquer presidente se demonstrando democrático faria isto naqueles dias..)
Protecionismo é ruim, tanto aquele da época da ditadura, quanto o atual com cargas gigantesca de taxação em produtos importados.
O Collor fez um desastre... quebrou todo mundo na época. Abriu o país pra concorrência desleal chinesa e, ao mesmo tempo, travou a poupança, impedindo investimentos necessários pra concorrer no novo mercado.
Também sou contra o protecionismo, feito de qualquer forma. A experiência já mostrou que a indústria torna-se preguiçosa ao invés de evoluir. Concorrência é bom...
joabi- Eterno Colaborador
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Re: Dólar chega a 4 reais
Mauricio Luiz Bertola escreveu:Zubrycky escreveu:Estou longe de ser um especialista no assunto, mas vejo as notícias da alta do Dólar como sinônimo da fraqueza do Real.
1 yene = 0.0085 dólar
Não me parece que o yene seja uma moeda "fraca"
Vivendo e aprendendo. De qualquer forma, cada vez que vou à feira (Coisa que faço toda semana), me desanimo mais e mais com a falta de poder de compra do Real e, francamente, não vejo a menor perspectiva de melhora.
Re: Dólar chega a 4 reais
Eis o país mais "livre" do mundo: http://www.unicamp.br/unicamp/ju/643/estudo-analisa-rede-que-sustenta-protecionismo-agricola-nos-eua
Todo Estado vai ser protecionista quando isso for conveniente. Esqueçam o livre-mercado, isso nunca existiu. O próprio PSDB, na época das privatizações no Brasil, tinha economistas que afirmavam categoricamente que as privatizações reforçam o papel do Estado na economia. Vejam o que aconteceu com os fundos de pensão em 2003...
Todo Estado vai ser protecionista quando isso for conveniente. Esqueçam o livre-mercado, isso nunca existiu. O próprio PSDB, na época das privatizações no Brasil, tinha economistas que afirmavam categoricamente que as privatizações reforçam o papel do Estado na economia. Vejam o que aconteceu com os fundos de pensão em 2003...
Willian Casagrande- Membro
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Localização : Londrina/PR
Re: Dólar chega a 4 reais
a melhor coisa é a desindustrialização mesmo
rafacar, acho que você está brincando, não é...
William Casagrande
Sim, o Brasil é um país industrializado. Mas o peso relativo da indústria na economia brasileira vem caindo sistematicamente, e isso é muito grave e sério.
Quanto a "dependência", bem, ela é histórica, mas hoje em dia, todos os países do mundo são, de uma forma ou de outra "dependentes"; uns mais, outros menos; o que importa é diminuir os resultados negativos dessa "dependência".
Quanto à questão da "3ª Revolução Industrial", essa, o Brasil ficou para trás, o que não significa que os setôres da 2ª sejam irrelevantes, desprezíveis ou não contribuam para a riqueza de um país (principalmente no caso do Brasil).
O Brasil é hoje a 8ª economia do mundo (já foi a 7ª em 2011...), portanto, o Mercado Interno brasileiro não é pequeno...
Veja esses dados:
Taxa média de crescimento do P.I.B:
1950-59 7,1%
1960-69 6,1%
1970-79 8,9%
1980-89 3,0%
1990-99 1,7%
2000-09 3,3%
rafacar, acho que você está brincando, não é...
William Casagrande
Sim, o Brasil é um país industrializado. Mas o peso relativo da indústria na economia brasileira vem caindo sistematicamente, e isso é muito grave e sério.
Quanto a "dependência", bem, ela é histórica, mas hoje em dia, todos os países do mundo são, de uma forma ou de outra "dependentes"; uns mais, outros menos; o que importa é diminuir os resultados negativos dessa "dependência".
Quanto à questão da "3ª Revolução Industrial", essa, o Brasil ficou para trás, o que não significa que os setôres da 2ª sejam irrelevantes, desprezíveis ou não contribuam para a riqueza de um país (principalmente no caso do Brasil).
O Brasil é hoje a 8ª economia do mundo (já foi a 7ª em 2011...), portanto, o Mercado Interno brasileiro não é pequeno...
Veja esses dados:
Taxa média de crescimento do P.I.B:
1950-59 7,1%
1960-69 6,1%
1970-79 8,9%
1980-89 3,0%
1990-99 1,7%
2000-09 3,3%
Última edição por Mauricio Luiz Bertola em Seg Jan 18, 2016 10:12 pm, editado 1 vez(es)
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Dólar chega a 4 reais
William Casagrande
Esqueçam o livre-mercado, isso nunca existiu.
Exatamente.
Ensino e PROVO isso na minha disciplina História Econômica Geral, que ministro na UFF, e a molecada, ignorante e bombardeada todos os dias pelas falácias neo-liberais, fica de bôca aberta...
Esqueçam o livre-mercado, isso nunca existiu.
Exatamente.
Ensino e PROVO isso na minha disciplina História Econômica Geral, que ministro na UFF, e a molecada, ignorante e bombardeada todos os dias pelas falácias neo-liberais, fica de bôca aberta...
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Dólar chega a 4 reais
Também sou contra o protecionismo, feito de qualquer forma. A experiência já mostrou que a indústria torna-se preguiçosa ao invés de evoluir. Concorrência é bom...
joabi, isso é um equívoco.
Se você estudar a História Econônica de TODOS os países ditos hoje desenvolvidos. verá que é EXATAMENTE o protecionismo o maior instrumento de industrialização, e que todos eles foram ou são fortemente protecionistas, e isso, de forma alguma "torna a indústria preguiçosa", ao contrario, isso aconteceu no Brasil e em outras economias sub-desenvolvidas como dinâmica própria do subdesenvolvimento, e, mesmo assim é setorial e determinado por falta de políticas específicas do governo de estímulo à esses stores específicos.
joabi, isso é um equívoco.
Se você estudar a História Econônica de TODOS os países ditos hoje desenvolvidos. verá que é EXATAMENTE o protecionismo o maior instrumento de industrialização, e que todos eles foram ou são fortemente protecionistas, e isso, de forma alguma "torna a indústria preguiçosa", ao contrario, isso aconteceu no Brasil e em outras economias sub-desenvolvidas como dinâmica própria do subdesenvolvimento, e, mesmo assim é setorial e determinado por falta de políticas específicas do governo de estímulo à esses stores específicos.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Dólar chega a 4 reais
^ Sim, as época de maior crescimento do PIB estão ligadas ao investimento massivo na indústria durante nossa época de urbanização. Mas, não acho que o PIB seja um bom fator de avaliação de riqueza de uma nação. Quanto maior a divisão social do trabalho, mais rica é a nação (isso está lá na economia política).
Quanto ao mercado interno, sei que há um grande mercado interno, e sempre existiu desde que temos trabalho livre/assalariado por aqui, já que não há como viver sem consumir mercadorias. Foi uma referência à linha do pensamento social brasileiro que dizia que devíamos nos desenvolver enquanto nação, nos industrializando, criando mercado interno etc. para ser um país - tanto que eles se perguntavam se a gente seria uma nação um dia...
A queda da participação industrial na economia aqui, que se acentuou nos anos 90, é um dos efeitos do neoliberalismo. Com essa política fiscal, não há Cristo que industrialize um país com os maiores juros do mundo. E isso só acontece porque somos periferia do capitalismo.
Quanto ao mercado interno, sei que há um grande mercado interno, e sempre existiu desde que temos trabalho livre/assalariado por aqui, já que não há como viver sem consumir mercadorias. Foi uma referência à linha do pensamento social brasileiro que dizia que devíamos nos desenvolver enquanto nação, nos industrializando, criando mercado interno etc. para ser um país - tanto que eles se perguntavam se a gente seria uma nação um dia...
A queda da participação industrial na economia aqui, que se acentuou nos anos 90, é um dos efeitos do neoliberalismo. Com essa política fiscal, não há Cristo que industrialize um país com os maiores juros do mundo. E isso só acontece porque somos periferia do capitalismo.
Última edição por Willian Casagrande em Seg Jan 18, 2016 10:23 pm, editado 1 vez(es)
Willian Casagrande- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
joabi escreveu:arturbmallmann escreveu:
eramos obrigados a conviver com a industria nacional pq não havia opções! Ao menos Collor fez uma coisa boa, quer foi abrir o mercado(+/- mérito, qualquer presidente se demonstrando democrático faria isto naqueles dias..)
Protecionismo é ruim, tanto aquele da época da ditadura, quanto o atual com cargas gigantesca de taxação em produtos importados.
O Collor fez um desastre... quebrou todo mundo na época. Abriu o país pra concorrência desleal chinesa e, ao mesmo tempo, travou a poupança, impedindo investimentos necessários pra concorrer no novo mercado.
Também sou contra o protecionismo, feito de qualquer forma. A experiência já mostrou que a indústria torna-se preguiçosa ao invés de evoluir. Concorrência é bom...
O mercado fechado quase nos deixou na idade das pedras comparados com o mundo que se globalizava...
Bloquear o dinheiro foi um mal necessário! era mais fácil investir em títulos e em cadernetas de poupança e esperar a inflação trabalhar por conta própria. O Brasil iria hora ou outra tropeçar em si próprio.
arturbmallmann- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
Mauricio Luiz Bertola escreveu:William Casagrande
Esqueçam o livre-mercado, isso nunca existiu.
Exatamente.
Ensino e PROVO isso na minha disciplina História Econômica Geral, que ministro na UFF, e a molecada, ignorante e bombardeada todos os dias pelas falácias neo-liberais, fica de bôca aberta...
Willian Casagrande- Membro
- Mensagens : 3676
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Re: Dólar chega a 4 reais
Cá entre nós, o yene não tem o conceito de centavos como temos aqui. 1 yene é o "mesmo" que 1 centavo ou 1 cent.Mauricio Luiz Bertola escreveu:1 yene = 0.0085 dólar
Não me parece que o yene seja uma moeda "fraca"
Se fosse falar 1 dólar, o valor a ser comparado seria 100 yenes, que na cotação de hoje (18/Jan) vale R$3,45 ou $0,85 USD.
Só pra facilitar o entendimento mesmo.
Protecionismo, pra mim, só funciona quando se tem o que proteger...
Acho que ninguém aqui sente falta da Gurgel, né?
Sonikado- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
Sonikado escreveu:
Protecionismo, pra mim, só funciona quando se tem o que proteger...
(2) sem mais..
arturbmallmann- Membro
- Mensagens : 2007
Localização : Mondaí-SC
Re: Dólar chega a 4 reais
O mercado fechado quase nos deixou na idade das pedras comparados com o mundo que se globalizava..
arturbmallmann
Se você está falando da tecnologia digital, sim. Fora isso, não...
Somos a 8ª economia do mundo. Não somos Paraguai ou Burkina Faso...
Ademais, "globalização" não é uma "panacéia"; ao contrário, fez mais mal do que bem à economia mundial, não é à toa que o mundo (inclusive os países desenvolvidos) encontra-se em recessão (ou baixo crescimento econômico) há uma década!
arturbmallmann
Se você está falando da tecnologia digital, sim. Fora isso, não...
Somos a 8ª economia do mundo. Não somos Paraguai ou Burkina Faso...
Ademais, "globalização" não é uma "panacéia"; ao contrário, fez mais mal do que bem à economia mundial, não é à toa que o mundo (inclusive os países desenvolvidos) encontra-se em recessão (ou baixo crescimento econômico) há uma década!
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Localização : Niterói, RJ
Re: Dólar chega a 4 reais
arturbmallmann escreveu:Sonikado escreveu:
Protecionismo, pra mim, só funciona quando se tem o que proteger...
(2) sem mais..
Mais uma simplificação...
Protecionismo é política econômica efetiva e utilizada históricamente por todos. Sem ela não tem desenvolvimento econômico
A China também produzia "Gurgéis"...
Hoje...
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Dólar chega a 4 reais
A china essencialmente focou no exportar, em ser forte contra o mundo, mas sacrificou e sacrifica até hj seu povo, inclusive aliando-se aos países oponentes ideológicos para isto. Não vejo como um exemplo lá muito grandioso. O bem estar agora por lá agora pode estar aumentando, mas o custo só eles sabem.
arturbmallmann- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
Não houve protecionismo no Brasil em 1990 em diante não porque "não havia o que proteger", mas, sim, porque a dinâmica do capitalismo global era outra. Juros altos, desnacionalizações de empresas, câmbio valorizado, diminuição brutal dos investimentos sociais, Plano Real etc. Tudo isso, junto, contribuiu para que entrássemos de vez na rota mundial do neoliberalismo e abandonássemos projetos de desenvolvimento de uma indústria nacional.
O protecionismo existiu enquanto foi benéfico para o Estado brasileiro, mas nos anos 90 em diante isso ficou inviável. E isso aconteceu em todo o mundo, no Brasil, no México e até na Rússia do Bóris Ieltsin que tinha acabado de se desintegrar como URSS...
O protecionismo existiu enquanto foi benéfico para o Estado brasileiro, mas nos anos 90 em diante isso ficou inviável. E isso aconteceu em todo o mundo, no Brasil, no México e até na Rússia do Bóris Ieltsin que tinha acabado de se desintegrar como URSS...
Willian Casagrande- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
Já viram a burrocracia que é abrir e manter um empreendimento no Brasil?
A culpa por isso é unica e exclusivamente do Estado e suas infindáveis regulamentações.
Me adimiro que ainda hoje existame pessoas que queiram mais Estado e que culpem o neoliberalismo, ou liberaismo, ou livre mercado, ou os malvadões empresários pela falência do grande e ineficiente Estado que só faz sugar tudo e todos...
Quem dera se a Petrobrás não estivesse mais nas mãos do Brasileiro, quanto prejuízo a menos heim!
A culpa por isso é unica e exclusivamente do Estado e suas infindáveis regulamentações.
Me adimiro que ainda hoje existame pessoas que queiram mais Estado e que culpem o neoliberalismo, ou liberaismo, ou livre mercado, ou os malvadões empresários pela falência do grande e ineficiente Estado que só faz sugar tudo e todos...
Quem dera se a Petrobrás não estivesse mais nas mãos do Brasileiro, quanto prejuízo a menos heim!
Última edição por rafacar em Seg Jan 18, 2016 11:06 pm, editado 1 vez(es)
rafacar- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
Vinicius F escreveu:Por essas e outras que estou estudando igual louco para concurso público, parece que é a única opção digna aqui no hue br pra quem não tem costas quentes, um bom qi etc.
Enquanto a nação super valorizar o concurseiro e crinimalizar o empreendedor vamos continuar patinando.
O que irá acontecer quanto todo mundo for servidor público e ninguém produzir mais nada?
Atualmente já temos Estados como o RJ e o RS com graves dificuldades de pagar a folha do funcionalismo público.
rafacar- Membro
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Localização : Eu moro aqui, você mora ali.
Re: Dólar chega a 4 reais
E funcionalismo se mostra tão eficiente... me dá até sono em lembrar.
Como vc bem citou rafacar o funcionalismo público no rio grande está no limite! a boquinha para toda a vida está acabando por lá...
Como vc bem citou rafacar o funcionalismo público no rio grande está no limite! a boquinha para toda a vida está acabando por lá...
arturbmallmann- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
rafacar escreveu:Vinicius F escreveu:Por essas e outras que estou estudando igual louco para concurso público, parece que é a única opção digna aqui no hue br pra quem não tem costas quentes, um bom qi etc.
Enquanto a nação super valorizar o concurseiro e crinimalizar o empreendedor vamos continuar patinando.
O que irá acontecer quanto todo mundo for servidor público e ninguém produzir mais nada?
Atualmente já temos Estados como o RJ e o RS com graves dificuldades de pagar a folha do funcionalismo público.
Pois é, meu caro. Mas estou prestando concurso pra uma ocupação que considero digna e útil à sociedade e que exige a formação que possuo. Não só pela estabilidade e "comodismo". Até por que não existe comodismo nenhum nisso, visto que estou estudando, tabalhando e me preparando muito para tal. E muito menos é o emprego mais seguro do mundo, muito pelo contrário. Tem que ter "estômago" e sangue frio. Não ficarei horas vagabundando atrás de uma mesa num escritório, como muitos fazem, inclusive no setor privado. Enfim, cabe apenas a nós mesmos julgarmos nossos próprios valores e objetivos.
Cansei de dar sangue por empresas do setor privado e não receber nada ou muito pouco em troca. E não culpo a empresa, é que as condições para o empregador aqui são extremamente desfavoráveis e custam muito alto mesmo. Meu pai mesmo tem uma pequena empresa a tempos e está sofrendo horrores. Estou tendo que ajudar de todas as formas. Então não criminalizo de forma alguma o empreendedor.
E concordo que há excesso de cargos "redundantes" no funcionalismo público.
Vinicius F- Membro
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Localização : São Paulo - SP
Re: Dólar chega a 4 reais
rafacar escreveu:Já viram a burrocracia que é abrir e manter um empreendimento no Brasil?
A culpa por isso é unica e exclusivamente do Estado e suas infindáveis regulamentações.
Me adimiro que ainda hoje existame pessoas que queiram mais Estado e que culpem o neoliberalismo, ou liberaismo, ou livre mercado, ou os malvadões empresários pela falência do grande e ineficiente Estado que só faz sugar tudo e todos...
Quem dera se a Petrobrás não estivesse mais nas mãos do Brasileiro, quanto prejuízo a menos heim!
SIm, é burocrático abrir uma empresa e ser empresário no Brasil, principalmente se se é um pequeno ou microempresário. Mas, isso ocorre porque a alta carga tributária incide sobre os mais pobres, não interessa se são empresários ou assalariados. E a Petrobras já é 49% privada há muito tempo e sempre deu lucro e dividendos, tanto que é uma multinacional que está em vários países. É estratégica para o desenvolvimento capitalista brasileiro, que sempre teve um Estado enorme porque vincula o país a uma espécie de "imperialismo médio". Não somos um EUA, mas, na América do Sul, somos o país que mais explora nossos vizinhos, tranquilamente. Essa ideia de "abrir porto em Cuba" e "dar dinheiro para a Venezuela" é pura burrice midiática, coisa da Veja. O que as empresas brasileiras transnacionais fazem nesses países é aproveitar mão de obra e produzir para exportar.
E outra, Estado mínimo só existe no social. Todos os governos neoliberais tiveram Estados fortes, seja a burocracia reguladora (uma invenção neoliberal, cheia de executivos com cargos públicos para facilitar a vida das empresas) ou o corpo repressivo (nunca se investiu tanto em polícia e segurança quanto no pós-Guerra Fria). Por fim, o óbvio: não existe capitalismo sem Estado.
Willian Casagrande- Membro
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Re: Dólar chega a 4 reais
Cara, sem ofensa mas toda vez que leio alguns posts aqui fico com muito medo do que minha filha será ensinada na escola... É incrível o alinhamento de alguns professores com várias que coisas que sou veementemente contra... Pelo visto terei muito trabalho para deseducar minha filha daqui há alguns anos....
carimbass- Membro
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Localização : Ananindeua
Re: Dólar chega a 4 reais
Um artigo legal, de uma colega, para quem gosta de ler (são poucos, mas...):
O “Davos Man” e a crise
Rejane Carolina Hoeveler
“Uma terrível tragédia também pressupõe uma oportunidade para o pensamento criativo”. (Matthew Bishop, ex-Young Global Leader do Fórum de Davos.)
Mais um janeiro gélido na Suíça. Mais um encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, onde os homens mais ricos do mundo e seus políticos, artistas e escribas favoritos se reúnem para, do alto de suas fortunas, discutir como preservá-las diante das montanhas de catástrofes que a sua própria existência pressupõe.
Dentre os parceiros do Fórum, encontramos corporações de diversos setores: alimentício, energético, farmacêutico, informático, e principalmente, muitos bancos. Coca-Cola, Goldman Sachs, Volkswagen, Nestlé, Morgan Stanley, Google, Facebook, Allianz SE, Saudi Aramco, Unilever, e dezenas de outras – entre as quais uma brasileira, o Banco Bradesco S.A. O investimento total para os executivos participarem do encontro fica na casa dos três milhões de dólares, mas o retorno parece estar valendo a pena, já que a cada ano um número maior de companhias participa. [1]
O Davos Man é esse capitalista multibilionário que foge dos impostos e investe em filantropia. Ele combina operações financeiras altamente agressivas, engenharia fiscal de ponta para escapar de legislações nacionais e ambientais, doações a organizações filantrópicas e a universidades, tem amigos escritores e um estilo cool. Um verdadeiro “empreendedor social” que compartilha do lema oficial do Fórum, “Committed to improving the world” – “Comprometido em melhorar o mundo”. O Davos Man também é pioneiro da filantropia empresarial e do planejamento corporativo-empresarial no que diz respeito a todo tipo de crise, garantindo para sua marca o selo de “responsabilidade social” ou de “sustentável”. O Fórum foi criado ainda nos anos 1970 pelo empresário suíço Klaus Schwab e desde então tem sido um importante lócus de articulação inter-empresarial internacional. Seu verdadeiro leit-motiv tem sido, cada vez mais, transformar a tragédia em oportunidade.
As novas catástrofes lucrativas
Uma das presenças mais chamativas do encontro deste ano é a do primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, do Syriza, que assinou a mais nefasta proposta de “acordo” já feita pela Troika[2], após um plebiscito convocado pelo próprio governo de Tsipras, no qual a maioria do povo votou contra os termos do acordo. A elite grega se tornou uma das mais apreciadas na Suíça com a eclosão da crise econômica e política no país; entre eles está o assíduo freqüentador do fórum Aristotelis Mistakardis, sócio da multinacional de matérias-primas Glencore, e que graças ao paraíso fiscal suíço se tornou do dia pra noite o homem mais rico da Grécia.
Dos latino-americanos, a presença mais marcante neste ano é a de Mauricio Macri, novo presidente da Argentina, país que há dez anos não enviava representantes ao encontro. O Brasil enviou uma delegação chefiada por Nelson Barbosa, novo ministro da Fazenda, incumbido da missão da garantir a confiabilidade do Banco Central brasileiro e das metas de inflação do governo.
No primeiro dia do encontro, a previsão, feita pelo próprio Fórum, da perda de mais de pelo menos 5 milhões de empregos em todo o mundo nos próximos cinco anos, é creditada a uma “quarta revolução industrial”, “dos computadores, da automação e do big data”, requentando as teses do “fim do trabalho” que tanto sucesso fizeram a partir do final dos anos 1970.[3]
O espectro de um novo crash nas bolsas ronda todos os hotéis em Davos, mas a experiência desde 2007-2008 provou que o Davos Man tem uma notável resiliência.[4] O patrimônio dos 103 ultrarricos mundiais (indivíduos cujo patrimônio ultrapassa 30 milhões de dólares) caiu 20% após 2008, mas em 2011 já havia subido em 33% – portanto, mais do que compensando as perdas anteriores e ultrapassando o recorde anterior. O número de bilionários listado pela Forbes aumentou 27% desde 2007, número certamente inferior àqueles que caíram no desemprego, na dependência de ajuda estatal ou mesmo na miséria extrema.[5]
O tema da extrema polarização das rendas já havia tomado lugar desde 2008, tomando mais fôlego a partir de 2011 e os protestos Occupy e a chamada “Primavera Árabe”. No capitalismo, se a desigualdade se aprofunda mesmo nos períodos de expansão, na crise ela se expande com velocidade. Diante do óbvio, não foram poucos no Fórum os que cinicamente disseram que “nada os impediu” de acumular as fortunas ridiculamente grandes. Eles se recuperam enquanto afundam todo o resto, mas cordialmente abrem espaço para personalidades hollywoodianas como Leonardo di Caprio fazerem inócuos discursos greenwashing.[6]
Outro tema sensível no encontro deste ano é a questão dos refugiados e da imigração, prevalecendo a visão de que devem ser desenvolvidas formas de integrar (leia-se, superexplorar) os mais novos chegados aos continentes europeu e americano. Uma grotesca “vivência” de um dia com refugiados foi montada para que os “líderes mundiais” possam mostrar às câmeras das TVs e jornais bajuladores a sua extrema consternação com a situação desses atingidos. Em contrapartida, reina absoluto o discurso xenófobo que vem embasando as políticas anti-democráticas que vem sendo impostas pelos países imperialistas em nome do combate ao terror.
As catástrofes a serem debatidas, sejam elas sociais ou ambientais[7], são intermináveis. Mas nada que não seja transformável em uma oportunidade de negócios para o Davos Man – com o benefício adicional de melhorar a sua imagem.
Brasil: da euforia à depressão
O jornalista Andy Robinson, do periódico independente La Vanguardia, foi um dos poucos críticos a adentrar nos restritíssimos salões onde se encontravam os Davos Men, e escreveu um livro-reportagem em janeiro de 2013 sobre o que coletou em sua intrépida missão nos Alpes – cenário de um famoso romance de Thomas Mann, A Montanha Mágica, publicado em 1924. Robinson tem se dedicado a investigar como a evasão tributária anda de mãos dadas com o crescimento do mercado filantrópico e a deterioração dos serviços públicos nos quatro cantos do mundo.[8]
Ele visitou o pequeno povoado de Zug, a meio caminho entre Davos e Zurique, que, com pouco mais de 15 mil habitantes, tem nada menos que 30 mil empresas registradas. A explicação não poderia ser mais simples: Zug é um paraíso fiscal dentro de um paraíso fiscal, a Suíça, o lugar no mundo onde menos se paga impostos sobre lucros e ganhos de capital. Lá estão as sedes de centenas de corporações multinacionais, que mantém normalmente um escritório com alguns funcionários, ou mesmo apenas um endereço postal. E que frequentemente utilizam trabalho escravo em Taiwan ou Bangladesh.
Uma das empresas que têm “sede” em Zug é a rede de fast food Burger King, que tem como maior acionista o brasileiro Jorge Paulo Lehmann, um dos 62 homens mais ricos do mundo, de acordo com a espantosa lista divulgada pela Oxfam há poucos dias[9]. Lehman é um dos dois brasileiros na seleta relação, junto com Joseph Safra, do Banco Safra.[10]
Como foi divulgado à época, um ex-funcionário do HSBC vazou a informação da existência de cerca de 8 mil contas secretas de brasileiros na Suíça, no escândalo que ficou conhecido como “Swissleaks”.[11] Tais contas acumulariam cerca de sete bilhões de dólares, volume equivalente ao “ajuste fiscal” proposto pelo governo Dilma Rousseff, que no Fórum de 2014 se encontrou pessoalmente com Sepp Blatter, da FIFA. Os lucros obtidos pela FIFA com a Copa do Mundo no Brasil foram canalizados pelas contas suíças, garantidas pelos mais seguros segredos bancários e melhores cofres do mundo.
Dilma nunca chegou, no entanto, a ser tão bajulada no Fórum com seu antecessor, que “despertava os instintos mais primitivos” do Davos Man, conforme podemos notar no relato do jornalista Andy Rodinson.
“A partir do momento em que Lula ganhou as eleições, os gestores de fundos de investimento globais passaram a elogiar o Brasil durante suas reuniões ao lado das pistas de esqui como se tratassem de uma nova fase do capitalismo. Não há nada mais atraente em Davos do que um operário lutador, convertido em presidente business friendly, e Lula se tornou uma estrela entre os convidados das festas nos ex-sanatórios dos tuberculosos do romance de Thomas Mann, agora convertidos em hotéis de luxo. Foi escolhido estadista global do Fórum Econômico Mundial, um ‘exemplo de liderança planetária a ser seguido’, conforme resumiu Klaus Schwab, o empresário suíço que criou o Fórum da elite há quarenta anos”.[12]
Se em 2014 o Brasil da Copa era a bola da vez, junto com os demais “emergentes”, em 2015 voltou para a reserva; e o confiável Joaquim Levy viajou aos Alpes para garantir aos colegas Davos Men a aplicação do “ajuste” fiscal no Brasil, país que passou de promessa de valorização carnavalesca a mais um dos “indisciplinados” com o “dever de casa” de aplicar a fria “austeridade” do corte de investimentos estatais, da redução das políticas compensatórias, e do ataque brutal aos direitos sociais para a abertura das “novas oportunidades”. E, se em 2011 os chamados “PIGS”[13] eram cidadãos de segunda classe em Davos, o Brasil agora está no mesmo nível dos romances de Paulo Coelho, outro brasileiro tarimbado no fórum.
Evasão fiscal e filantropia, duas faces da mesma moeda (de ouro)
Melhorar a própria imagem pode ser, afinal, uma das melhores formas de evitar as vistorias da Receita Federal. Diversas pesquisas têm mostrado como o mercado filantrópico tem aumentado no mundo todo, proporcionalmente ao aumento do desastre social exacerbado pela crise econômica e pelos diversos conflitos militares em curso.[14]
Bill Clinton, um dos papas do filantropo-capitalismo, dono de uma das três maiores fundações do mundo (as outras duas são a de Bill e Melinda Gates e o “Fundo Global” de Bono, do U2), deve boa parte de sua conta bancária à sua “missão humanitária” pelo mundo. Somente com seu livro “Giving” (“Doar”), escrito para convencer seus pares dos benefícios da caridade, ele ganhou 6,3 milhões de dólares, dos quais doou apenas 1 milhão. Mas o buraco é muito mais embaixo, pois o que os ultra-conectados ricos de Davos fazem através de suas fundações é facilitar os negócios de seus colegas. Ficou público que a fundação de Clinton foi a principal responsável pelo contato de uma empresa canadense do setor de mineração e energia, com Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, que assinou com ela contratos bastante generosos de exploração de ouro e petróleo no país latino-americano.[15]
Clinton foi um dos paladinos da “reconstrução” do Haiti após o terremoto de 2010, quando uma avalanche de empresas filantrópicas e fundações vieram testar as oportunidades no país devastado. Anos após as suas visitas, milhares de haitianos ainda viviam acampados precariamente em frente a suas antigas casas, mas o serviço de telefonia de Porto Príncipe já havia sido literalmente doado para Denis O’Brien, capitalista filantrópico irlandês sócio da Digicel, empresa que se gaba de mandar mais na cidade do que o prefeito. Na época, Clinton convenceu ainda seu colega Jerry Steiner, da Monsanto, a fazer “generosas” doações de sementes híbridas para os camponeses pobres haitianos – muitas das quais foram queimadas em protesto pelos próprios, que entenderam perfeitamente a relação de dependência e expropriação que estava implicada no caridoso gesto.[16]
Davos foi também o lugar perfeito para o surgimento da chamada “novíssima filantropia”, ligada diretamente à privatização de serviços públicos. Lá foi feita uma negociata envolvendo escolas pobres do subúrbio londrino e a ONG “sem fins lucrativos” ARK (Absolute Return for Kids – “Retorno certo para as crianças”), fundada pelo multimilionário gestor de hedge funds Arpad Busson, freqüentador assíduo de Davos. Com ajuda do governo de David Cameron, recursos privados direto da City londrina, e o complemento de gordas verbas estatais, a ARK deu start em seu primeiro projeto de peso ao ganhar gestão de vinte escolas em bairros pobres da Inglaterra, num claro exemplo de privatização de um serviço público essencial.[17]
A novíssima filantropia vai além, conseguindo transformar até os protestos anti-capitalistas em lucros. Foi o caso do blog criado por Ariana Huffington na esteira dos protestos contra a guerra de Bush no Iraque. De articulador de blogs anti-imperialistas, o Huffington Post, criado por ela em 2005, foi vendido para a AOL por 300 milhões de dólares. Juan Luis Cebrián, CEO do grupo de imprensa espanhol Prisa, ficou tão entusiasmado que firmou, em Davos, parceria com Huffington, e de quebra negociou a venda do tradicional periódico de centro-esquerda El País para um fundo de investimento de outro Davos Man muito conhecido, Nicolas Berggruen.[18] Berggruen é sócio e amigo do economista americano Nouriel Roubini, que como descreve Andy Robinson, sentenciou no fórum de 2013, diante de uma platéia de CEOs perplexos: “Marx tinha razão. O capitalismo cria obstáculos para seu próprio desenvolvimento”…[19]
Mas não podemos encerrar sem falar do roqueiro cool Bono, líder da banda U2, a qual mudou seu domicílio fiscal para Amsterdã, para evitar o pagamento de cerca de 1,4 bilhão de dólares na Irlanda, seu país originário. Aqui a evasão fiscal ganha ares de “rebeldia” roqueira… Mas a sonegação pegou mal entre os fãs irlandeses, que viviam uma crise dramática em 2008, iniciada com o estouro de uma bolha imobiliária. Bono e todos os demais membros do quarteto de Dublin são sócios no mercado imobiliário, amigos/sócios de empreiteiros donos de hotéis e terrenos nos Estados Unidos e na Europa. Quando a bolha estourou, o Estado irlandês lançou um pacote de resgate inacreditável de 40% do PÍB, chafurdando os trabalhadores na pobreza; mesmo assim, ou talvez justamente por isso, a Irlanda não deixou de ser um cobiçado modelo de paraíso fiscal em Davos.
Como lembrou o jornalista Andy Robinson, A Montanha Mágica de Thomas Mann representava a decadência da elite européia no início do século XX, à sombra da Grande Guerra inter-imperialista de 1914. Um século depois, as elites capitalistas globais continuam jogando o mundo na mais profunda decadência. Agora globalizadas, o fazem com muito mais cinismo. E gosto artístico bastante duvidoso.
Notas
[1] A programação oficial, participantes e a lista de empresas associadas pode ser acessada em: http://bit.ly/1SLaZHU.
[2] Expressão usada para designar o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Européia desde a explosão das crises na zona do euro, nas quais essas entidades se uniram para impor planos neoliberais de “austeridade”.
[3] Sobre o tema, ver ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. Campinas: Cortez, 1999; e ______________ Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009.
[4] “Os indivíduos com patrimônio muito alto se recuperaram espetacularmente após a crise” afirmou Alan Walker, da consultora Capgemini, especializada em atender clientes do tipo. ROBINSON, Andy. Um repórter na Montanha Mágica. Como a elite econômica de Davos afundou o mundo. Rio de Janeiro, Apicuri, 2015. p.23-24.
[5] Somente nos Estados Unidos, país de origem da maioria desses bilionários, o censo de 2012 apontava que 32% da população se classificava como classe baixa ou média baixa, comparados com 25% em 2008, grande parte desses vivendo de seguro-desemprego. ROBINSON, Op. Cit, p.85.
[6] “Lavando verde” – expressão usada para designar ironicamente as empreitadas das grandes indústrias para se dizerem “sustentáveis”.
[7] Foi divulgada recentemente pesquisa da NASA provando que 2015 foi o ano mais quente da História, desde que a medição começou a ser feita em 1880, e que 15 dos 16 anos mais quentes foram a partir de 2000. DINIZ, Mariana. “Nasa declara 2015 como o ano mais quente da história”. Agência Brasil, 20 de janeiro de 2016. http://bit.ly/1Qp6O5C.
[8] ROBINSON, Andy. Op Cit. Agradeço a indicação de Luiz Mario Behnken.
[9] OXFAM International. “Richest 1% Will own more than all the rest by 2016”. 19 de janeiro de 2016. Disponível em: http://bit.ly/1BBc62I.
[10] BBC Brasil. “Quem são as 62 pessoas cuja riqueza equivale a metade do mundo”. Folha de S. Paulo, 21 de janeiro de 2016. Disponível em: http://bit.ly/1lBGGaY.
[11] Agência Brasil.”Ministério Público e PF investigam brasileiros envolvidos no SwissLeaks”. 07 de julho de 2015. Disponível em: http://bit.ly/1SB8I4G.
[12] ROBINSON, A. Op. Cit., p.10-11.
[13] Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha na sigla em inglês.
[14] CAMPOS, Adriano. “Os filantrocapitalistas vão salvar o mundo?” Esquerda.net. 10 de janeiro de 2016. http://bit.ly/1Pa4RJk. Agradeço a indicação de Renato Lemos.
[15] Um porta-voz de Clinton chegou a declarar que “aumentar os lucros as companhias não tem por que entrar em disputa com o aumento da eficácia das empresas caridosas”. ROBINSON, op. cit., p.70.
[16] Como se sabe, as sementes híbridas da Monsanto teriam que ser sempre compradas, já que não se reproduzem naturalmente. “É um presente envenenado”, declarou o líder camponês Jean-Baptiste Chavannes, do Movimento Papaye (MPP). ROBINSON, Op. Cit., p.135-136.
[17] O caso está longe de ser exclusivo; na Suécia, por exemplo, dois fundos de private equity gerem centenas de escolas públicas. No Brasil, algo parecido é a Escola Nave, gerida pela Oi Futuro, no Rio de Janeiro.
[18] Com a venda, um terço dos jornalistas foi dispensada e a linha editorial do jornal foi radicalmente modificada. No Brasil, o Huff Post é associado à Editora Abril.
[19] ROBINSON, A. Op. Cit., p.27.
O “Davos Man” e a crise
Rejane Carolina Hoeveler
“Uma terrível tragédia também pressupõe uma oportunidade para o pensamento criativo”. (Matthew Bishop, ex-Young Global Leader do Fórum de Davos.)
Mais um janeiro gélido na Suíça. Mais um encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, onde os homens mais ricos do mundo e seus políticos, artistas e escribas favoritos se reúnem para, do alto de suas fortunas, discutir como preservá-las diante das montanhas de catástrofes que a sua própria existência pressupõe.
Dentre os parceiros do Fórum, encontramos corporações de diversos setores: alimentício, energético, farmacêutico, informático, e principalmente, muitos bancos. Coca-Cola, Goldman Sachs, Volkswagen, Nestlé, Morgan Stanley, Google, Facebook, Allianz SE, Saudi Aramco, Unilever, e dezenas de outras – entre as quais uma brasileira, o Banco Bradesco S.A. O investimento total para os executivos participarem do encontro fica na casa dos três milhões de dólares, mas o retorno parece estar valendo a pena, já que a cada ano um número maior de companhias participa. [1]
O Davos Man é esse capitalista multibilionário que foge dos impostos e investe em filantropia. Ele combina operações financeiras altamente agressivas, engenharia fiscal de ponta para escapar de legislações nacionais e ambientais, doações a organizações filantrópicas e a universidades, tem amigos escritores e um estilo cool. Um verdadeiro “empreendedor social” que compartilha do lema oficial do Fórum, “Committed to improving the world” – “Comprometido em melhorar o mundo”. O Davos Man também é pioneiro da filantropia empresarial e do planejamento corporativo-empresarial no que diz respeito a todo tipo de crise, garantindo para sua marca o selo de “responsabilidade social” ou de “sustentável”. O Fórum foi criado ainda nos anos 1970 pelo empresário suíço Klaus Schwab e desde então tem sido um importante lócus de articulação inter-empresarial internacional. Seu verdadeiro leit-motiv tem sido, cada vez mais, transformar a tragédia em oportunidade.
As novas catástrofes lucrativas
Uma das presenças mais chamativas do encontro deste ano é a do primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, do Syriza, que assinou a mais nefasta proposta de “acordo” já feita pela Troika[2], após um plebiscito convocado pelo próprio governo de Tsipras, no qual a maioria do povo votou contra os termos do acordo. A elite grega se tornou uma das mais apreciadas na Suíça com a eclosão da crise econômica e política no país; entre eles está o assíduo freqüentador do fórum Aristotelis Mistakardis, sócio da multinacional de matérias-primas Glencore, e que graças ao paraíso fiscal suíço se tornou do dia pra noite o homem mais rico da Grécia.
Dos latino-americanos, a presença mais marcante neste ano é a de Mauricio Macri, novo presidente da Argentina, país que há dez anos não enviava representantes ao encontro. O Brasil enviou uma delegação chefiada por Nelson Barbosa, novo ministro da Fazenda, incumbido da missão da garantir a confiabilidade do Banco Central brasileiro e das metas de inflação do governo.
No primeiro dia do encontro, a previsão, feita pelo próprio Fórum, da perda de mais de pelo menos 5 milhões de empregos em todo o mundo nos próximos cinco anos, é creditada a uma “quarta revolução industrial”, “dos computadores, da automação e do big data”, requentando as teses do “fim do trabalho” que tanto sucesso fizeram a partir do final dos anos 1970.[3]
O espectro de um novo crash nas bolsas ronda todos os hotéis em Davos, mas a experiência desde 2007-2008 provou que o Davos Man tem uma notável resiliência.[4] O patrimônio dos 103 ultrarricos mundiais (indivíduos cujo patrimônio ultrapassa 30 milhões de dólares) caiu 20% após 2008, mas em 2011 já havia subido em 33% – portanto, mais do que compensando as perdas anteriores e ultrapassando o recorde anterior. O número de bilionários listado pela Forbes aumentou 27% desde 2007, número certamente inferior àqueles que caíram no desemprego, na dependência de ajuda estatal ou mesmo na miséria extrema.[5]
O tema da extrema polarização das rendas já havia tomado lugar desde 2008, tomando mais fôlego a partir de 2011 e os protestos Occupy e a chamada “Primavera Árabe”. No capitalismo, se a desigualdade se aprofunda mesmo nos períodos de expansão, na crise ela se expande com velocidade. Diante do óbvio, não foram poucos no Fórum os que cinicamente disseram que “nada os impediu” de acumular as fortunas ridiculamente grandes. Eles se recuperam enquanto afundam todo o resto, mas cordialmente abrem espaço para personalidades hollywoodianas como Leonardo di Caprio fazerem inócuos discursos greenwashing.[6]
Outro tema sensível no encontro deste ano é a questão dos refugiados e da imigração, prevalecendo a visão de que devem ser desenvolvidas formas de integrar (leia-se, superexplorar) os mais novos chegados aos continentes europeu e americano. Uma grotesca “vivência” de um dia com refugiados foi montada para que os “líderes mundiais” possam mostrar às câmeras das TVs e jornais bajuladores a sua extrema consternação com a situação desses atingidos. Em contrapartida, reina absoluto o discurso xenófobo que vem embasando as políticas anti-democráticas que vem sendo impostas pelos países imperialistas em nome do combate ao terror.
As catástrofes a serem debatidas, sejam elas sociais ou ambientais[7], são intermináveis. Mas nada que não seja transformável em uma oportunidade de negócios para o Davos Man – com o benefício adicional de melhorar a sua imagem.
Brasil: da euforia à depressão
O jornalista Andy Robinson, do periódico independente La Vanguardia, foi um dos poucos críticos a adentrar nos restritíssimos salões onde se encontravam os Davos Men, e escreveu um livro-reportagem em janeiro de 2013 sobre o que coletou em sua intrépida missão nos Alpes – cenário de um famoso romance de Thomas Mann, A Montanha Mágica, publicado em 1924. Robinson tem se dedicado a investigar como a evasão tributária anda de mãos dadas com o crescimento do mercado filantrópico e a deterioração dos serviços públicos nos quatro cantos do mundo.[8]
Ele visitou o pequeno povoado de Zug, a meio caminho entre Davos e Zurique, que, com pouco mais de 15 mil habitantes, tem nada menos que 30 mil empresas registradas. A explicação não poderia ser mais simples: Zug é um paraíso fiscal dentro de um paraíso fiscal, a Suíça, o lugar no mundo onde menos se paga impostos sobre lucros e ganhos de capital. Lá estão as sedes de centenas de corporações multinacionais, que mantém normalmente um escritório com alguns funcionários, ou mesmo apenas um endereço postal. E que frequentemente utilizam trabalho escravo em Taiwan ou Bangladesh.
Uma das empresas que têm “sede” em Zug é a rede de fast food Burger King, que tem como maior acionista o brasileiro Jorge Paulo Lehmann, um dos 62 homens mais ricos do mundo, de acordo com a espantosa lista divulgada pela Oxfam há poucos dias[9]. Lehman é um dos dois brasileiros na seleta relação, junto com Joseph Safra, do Banco Safra.[10]
Como foi divulgado à época, um ex-funcionário do HSBC vazou a informação da existência de cerca de 8 mil contas secretas de brasileiros na Suíça, no escândalo que ficou conhecido como “Swissleaks”.[11] Tais contas acumulariam cerca de sete bilhões de dólares, volume equivalente ao “ajuste fiscal” proposto pelo governo Dilma Rousseff, que no Fórum de 2014 se encontrou pessoalmente com Sepp Blatter, da FIFA. Os lucros obtidos pela FIFA com a Copa do Mundo no Brasil foram canalizados pelas contas suíças, garantidas pelos mais seguros segredos bancários e melhores cofres do mundo.
Dilma nunca chegou, no entanto, a ser tão bajulada no Fórum com seu antecessor, que “despertava os instintos mais primitivos” do Davos Man, conforme podemos notar no relato do jornalista Andy Rodinson.
“A partir do momento em que Lula ganhou as eleições, os gestores de fundos de investimento globais passaram a elogiar o Brasil durante suas reuniões ao lado das pistas de esqui como se tratassem de uma nova fase do capitalismo. Não há nada mais atraente em Davos do que um operário lutador, convertido em presidente business friendly, e Lula se tornou uma estrela entre os convidados das festas nos ex-sanatórios dos tuberculosos do romance de Thomas Mann, agora convertidos em hotéis de luxo. Foi escolhido estadista global do Fórum Econômico Mundial, um ‘exemplo de liderança planetária a ser seguido’, conforme resumiu Klaus Schwab, o empresário suíço que criou o Fórum da elite há quarenta anos”.[12]
Se em 2014 o Brasil da Copa era a bola da vez, junto com os demais “emergentes”, em 2015 voltou para a reserva; e o confiável Joaquim Levy viajou aos Alpes para garantir aos colegas Davos Men a aplicação do “ajuste” fiscal no Brasil, país que passou de promessa de valorização carnavalesca a mais um dos “indisciplinados” com o “dever de casa” de aplicar a fria “austeridade” do corte de investimentos estatais, da redução das políticas compensatórias, e do ataque brutal aos direitos sociais para a abertura das “novas oportunidades”. E, se em 2011 os chamados “PIGS”[13] eram cidadãos de segunda classe em Davos, o Brasil agora está no mesmo nível dos romances de Paulo Coelho, outro brasileiro tarimbado no fórum.
Evasão fiscal e filantropia, duas faces da mesma moeda (de ouro)
Melhorar a própria imagem pode ser, afinal, uma das melhores formas de evitar as vistorias da Receita Federal. Diversas pesquisas têm mostrado como o mercado filantrópico tem aumentado no mundo todo, proporcionalmente ao aumento do desastre social exacerbado pela crise econômica e pelos diversos conflitos militares em curso.[14]
Bill Clinton, um dos papas do filantropo-capitalismo, dono de uma das três maiores fundações do mundo (as outras duas são a de Bill e Melinda Gates e o “Fundo Global” de Bono, do U2), deve boa parte de sua conta bancária à sua “missão humanitária” pelo mundo. Somente com seu livro “Giving” (“Doar”), escrito para convencer seus pares dos benefícios da caridade, ele ganhou 6,3 milhões de dólares, dos quais doou apenas 1 milhão. Mas o buraco é muito mais embaixo, pois o que os ultra-conectados ricos de Davos fazem através de suas fundações é facilitar os negócios de seus colegas. Ficou público que a fundação de Clinton foi a principal responsável pelo contato de uma empresa canadense do setor de mineração e energia, com Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, que assinou com ela contratos bastante generosos de exploração de ouro e petróleo no país latino-americano.[15]
Clinton foi um dos paladinos da “reconstrução” do Haiti após o terremoto de 2010, quando uma avalanche de empresas filantrópicas e fundações vieram testar as oportunidades no país devastado. Anos após as suas visitas, milhares de haitianos ainda viviam acampados precariamente em frente a suas antigas casas, mas o serviço de telefonia de Porto Príncipe já havia sido literalmente doado para Denis O’Brien, capitalista filantrópico irlandês sócio da Digicel, empresa que se gaba de mandar mais na cidade do que o prefeito. Na época, Clinton convenceu ainda seu colega Jerry Steiner, da Monsanto, a fazer “generosas” doações de sementes híbridas para os camponeses pobres haitianos – muitas das quais foram queimadas em protesto pelos próprios, que entenderam perfeitamente a relação de dependência e expropriação que estava implicada no caridoso gesto.[16]
Davos foi também o lugar perfeito para o surgimento da chamada “novíssima filantropia”, ligada diretamente à privatização de serviços públicos. Lá foi feita uma negociata envolvendo escolas pobres do subúrbio londrino e a ONG “sem fins lucrativos” ARK (Absolute Return for Kids – “Retorno certo para as crianças”), fundada pelo multimilionário gestor de hedge funds Arpad Busson, freqüentador assíduo de Davos. Com ajuda do governo de David Cameron, recursos privados direto da City londrina, e o complemento de gordas verbas estatais, a ARK deu start em seu primeiro projeto de peso ao ganhar gestão de vinte escolas em bairros pobres da Inglaterra, num claro exemplo de privatização de um serviço público essencial.[17]
A novíssima filantropia vai além, conseguindo transformar até os protestos anti-capitalistas em lucros. Foi o caso do blog criado por Ariana Huffington na esteira dos protestos contra a guerra de Bush no Iraque. De articulador de blogs anti-imperialistas, o Huffington Post, criado por ela em 2005, foi vendido para a AOL por 300 milhões de dólares. Juan Luis Cebrián, CEO do grupo de imprensa espanhol Prisa, ficou tão entusiasmado que firmou, em Davos, parceria com Huffington, e de quebra negociou a venda do tradicional periódico de centro-esquerda El País para um fundo de investimento de outro Davos Man muito conhecido, Nicolas Berggruen.[18] Berggruen é sócio e amigo do economista americano Nouriel Roubini, que como descreve Andy Robinson, sentenciou no fórum de 2013, diante de uma platéia de CEOs perplexos: “Marx tinha razão. O capitalismo cria obstáculos para seu próprio desenvolvimento”…[19]
Mas não podemos encerrar sem falar do roqueiro cool Bono, líder da banda U2, a qual mudou seu domicílio fiscal para Amsterdã, para evitar o pagamento de cerca de 1,4 bilhão de dólares na Irlanda, seu país originário. Aqui a evasão fiscal ganha ares de “rebeldia” roqueira… Mas a sonegação pegou mal entre os fãs irlandeses, que viviam uma crise dramática em 2008, iniciada com o estouro de uma bolha imobiliária. Bono e todos os demais membros do quarteto de Dublin são sócios no mercado imobiliário, amigos/sócios de empreiteiros donos de hotéis e terrenos nos Estados Unidos e na Europa. Quando a bolha estourou, o Estado irlandês lançou um pacote de resgate inacreditável de 40% do PÍB, chafurdando os trabalhadores na pobreza; mesmo assim, ou talvez justamente por isso, a Irlanda não deixou de ser um cobiçado modelo de paraíso fiscal em Davos.
Como lembrou o jornalista Andy Robinson, A Montanha Mágica de Thomas Mann representava a decadência da elite européia no início do século XX, à sombra da Grande Guerra inter-imperialista de 1914. Um século depois, as elites capitalistas globais continuam jogando o mundo na mais profunda decadência. Agora globalizadas, o fazem com muito mais cinismo. E gosto artístico bastante duvidoso.
Notas
[1] A programação oficial, participantes e a lista de empresas associadas pode ser acessada em: http://bit.ly/1SLaZHU.
[2] Expressão usada para designar o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Européia desde a explosão das crises na zona do euro, nas quais essas entidades se uniram para impor planos neoliberais de “austeridade”.
[3] Sobre o tema, ver ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. Campinas: Cortez, 1999; e ______________ Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009.
[4] “Os indivíduos com patrimônio muito alto se recuperaram espetacularmente após a crise” afirmou Alan Walker, da consultora Capgemini, especializada em atender clientes do tipo. ROBINSON, Andy. Um repórter na Montanha Mágica. Como a elite econômica de Davos afundou o mundo. Rio de Janeiro, Apicuri, 2015. p.23-24.
[5] Somente nos Estados Unidos, país de origem da maioria desses bilionários, o censo de 2012 apontava que 32% da população se classificava como classe baixa ou média baixa, comparados com 25% em 2008, grande parte desses vivendo de seguro-desemprego. ROBINSON, Op. Cit, p.85.
[6] “Lavando verde” – expressão usada para designar ironicamente as empreitadas das grandes indústrias para se dizerem “sustentáveis”.
[7] Foi divulgada recentemente pesquisa da NASA provando que 2015 foi o ano mais quente da História, desde que a medição começou a ser feita em 1880, e que 15 dos 16 anos mais quentes foram a partir de 2000. DINIZ, Mariana. “Nasa declara 2015 como o ano mais quente da história”. Agência Brasil, 20 de janeiro de 2016. http://bit.ly/1Qp6O5C.
[8] ROBINSON, Andy. Op Cit. Agradeço a indicação de Luiz Mario Behnken.
[9] OXFAM International. “Richest 1% Will own more than all the rest by 2016”. 19 de janeiro de 2016. Disponível em: http://bit.ly/1BBc62I.
[10] BBC Brasil. “Quem são as 62 pessoas cuja riqueza equivale a metade do mundo”. Folha de S. Paulo, 21 de janeiro de 2016. Disponível em: http://bit.ly/1lBGGaY.
[11] Agência Brasil.”Ministério Público e PF investigam brasileiros envolvidos no SwissLeaks”. 07 de julho de 2015. Disponível em: http://bit.ly/1SB8I4G.
[12] ROBINSON, A. Op. Cit., p.10-11.
[13] Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha na sigla em inglês.
[14] CAMPOS, Adriano. “Os filantrocapitalistas vão salvar o mundo?” Esquerda.net. 10 de janeiro de 2016. http://bit.ly/1Pa4RJk. Agradeço a indicação de Renato Lemos.
[15] Um porta-voz de Clinton chegou a declarar que “aumentar os lucros as companhias não tem por que entrar em disputa com o aumento da eficácia das empresas caridosas”. ROBINSON, op. cit., p.70.
[16] Como se sabe, as sementes híbridas da Monsanto teriam que ser sempre compradas, já que não se reproduzem naturalmente. “É um presente envenenado”, declarou o líder camponês Jean-Baptiste Chavannes, do Movimento Papaye (MPP). ROBINSON, Op. Cit., p.135-136.
[17] O caso está longe de ser exclusivo; na Suécia, por exemplo, dois fundos de private equity gerem centenas de escolas públicas. No Brasil, algo parecido é a Escola Nave, gerida pela Oi Futuro, no Rio de Janeiro.
[18] Com a venda, um terço dos jornalistas foi dispensada e a linha editorial do jornal foi radicalmente modificada. No Brasil, o Huff Post é associado à Editora Abril.
[19] ROBINSON, A. Op. Cit., p.27.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Dólar chega a 4 reais
Ok, critique os donos de multinacionais que fogem dos impostos e taxas, mas não esqueça oq o nosso querido estado anda fazendo aqui no Brasil.
http://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/noticia/2016/01/novo-icms-gera-fechamento-de-uma-empresa-por-minuto.html?utm_source=facebook&utm_medium=social
http://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/noticia/2016/01/novo-icms-gera-fechamento-de-uma-empresa-por-minuto.html?utm_source=facebook&utm_medium=social
arturbmallmann- Membro
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Localização : Mondaí-SC
Re: Dólar chega a 4 reais
Só pra facilitar a leitura do excelente artigo postado pelo Bertola.
- Spoiler:
- Mauricio Luiz Bertola escreveu:Um artigo legal, de uma colega, para quem gosta de ler (são poucos, mas...):
O “Davos Man” e a crise
Rejane Carolina Hoeveler
“Uma terrível tragédia também pressupõe uma oportunidade para o pensamento criativo”. (Matthew Bishop, ex-Young Global Leader do Fórum de Davos.)
Mais um janeiro gélido na Suíça. Mais um encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, onde os homens mais ricos do mundo e seus políticos, artistas e escribas favoritos se reúnem para, do alto de suas fortunas, discutir como preservá-las diante das montanhas de catástrofes que a sua própria existência pressupõe.
Dentre os parceiros do Fórum, encontramos corporações de diversos setores: alimentício, energético, farmacêutico, informático, e principalmente, muitos bancos. Coca-Cola, Goldman Sachs, Volkswagen, Nestlé, Morgan Stanley, Google, Facebook, Allianz SE, Saudi Aramco, Unilever, e dezenas de outras – entre as quais uma brasileira, o Banco Bradesco S.A. O investimento total para os executivos participarem do encontro fica na casa dos três milhões de dólares, mas o retorno parece estar valendo a pena, já que a cada ano um número maior de companhias participa. [1]
O Davos Man é esse capitalista multibilionário que foge dos impostos e investe em filantropia. Ele combina operações financeiras altamente agressivas, engenharia fiscal de ponta para escapar de legislações nacionais e ambientais, doações a organizações filantrópicas e a universidades, tem amigos escritores e um estilo cool. Um verdadeiro “empreendedor social” que compartilha do lema oficial do Fórum, “Committed to improving the world” – “Comprometido em melhorar o mundo”. O Davos Man também é pioneiro da filantropia empresarial e do planejamento corporativo-empresarial no que diz respeito a todo tipo de crise, garantindo para sua marca o selo de “responsabilidade social” ou de “sustentável”. O Fórum foi criado ainda nos anos 1970 pelo empresário suíço Klaus Schwab e desde então tem sido um importante lócus de articulação inter-empresarial internacional. Seu verdadeiro leit-motiv tem sido, cada vez mais, transformar a tragédia em oportunidade.
As novas catástrofes lucrativas.
Uma das presenças mais chamativas do encontro deste ano é a do primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, do Syriza, que assinou a mais nefasta proposta de “acordo” já feita pela Troika[2], após um plebiscito convocado pelo próprio governo de Tsipras, no qual a maioria do povo votou contra os termos do acordo. A elite grega se tornou uma das mais apreciadas na Suíça com a eclosão da crise econômica e política no país; entre eles está o assíduo freqüentador do fórum Aristotelis Mistakardis, sócio da multinacional de matérias-primas Glencore, e que graças ao paraíso fiscal suíço se tornou do dia pra noite o homem mais rico da Grécia.
Dos latino-americanos, a presença mais marcante neste ano é a de Mauricio Macri, novo presidente da Argentina, país que há dez anos não enviava representantes ao encontro. O Brasil enviou uma delegação chefiada por Nelson Barbosa, novo ministro da Fazenda, incumbido da missão da garantir a confiabilidade do Banco Central brasileiro e das metas de inflação do governo.
No primeiro dia do encontro, a previsão, feita pelo próprio Fórum, da perda de mais de pelo menos 5 milhões de empregos em todo o mundo nos próximos cinco anos, é creditada a uma “quarta revolução industrial”, “dos computadores, da automação e do big data”, requentando as teses do “fim do trabalho” que tanto sucesso fizeram a partir do final dos anos 1970.[3]
O espectro de um novo crash nas bolsas ronda todos os hotéis em Davos, mas a experiência desde 2007-2008 provou que o Davos Man tem uma notável resiliência.[4] O patrimônio dos 103 ultrarricos mundiais (indivíduos cujo patrimônio ultrapassa 30 milhões de dólares) caiu 20% após 2008, mas em 2011 já havia subido em 33% – portanto, mais do que compensando as perdas anteriores e ultrapassando o recorde anterior. O número de bilionários listado pela Forbes aumentou 27% desde 2007, número certamente inferior àqueles que caíram no desemprego, na dependência de ajuda estatal ou mesmo na miséria extrema.[5]
O tema da extrema polarização das rendas já havia tomado lugar desde 2008, tomando mais fôlego a partir de 2011 e os protestos Occupy e a chamada “Primavera Árabe”. No capitalismo, se a desigualdade se aprofunda mesmo nos períodos de expansão, na crise ela se expande com velocidade. Diante do óbvio, não foram poucos no Fórum os que cinicamente disseram que “nada os impediu” de acumular as fortunas ridiculamente grandes. Eles se recuperam enquanto afundam todo o resto, mas cordialmente abrem espaço para personalidades hollywoodianas como Leonardo di Caprio fazerem inócuos discursos greenwashing.[6]
Outro tema sensível no encontro deste ano é a questão dos refugiados e da imigração, prevalecendo a visão de que devem ser desenvolvidas formas de integrar (leia-se, superexplorar) os mais novos chegados aos continentes europeu e americano. Uma grotesca “vivência” de um dia com refugiados foi montada para que os “líderes mundiais” possam mostrar às câmeras das TVs e jornais bajuladores a sua extrema consternação com a situação desses atingidos. Em contrapartida, reina absoluto o discurso xenófobo que vem embasando as políticas anti-democráticas que vem sendo impostas pelos países imperialistas em nome do combate ao terror.
As catástrofes a serem debatidas, sejam elas sociais ou ambientais[7], são intermináveis. Mas nada que não seja transformável em uma oportunidade de negócios para o Davos Man – com o benefício adicional de melhorar a sua imagem.
Brasil: da euforia à depressão
O jornalista Andy Robinson, do periódico independente La Vanguardia, foi um dos poucos críticos a adentrar nos restritíssimos salões onde se encontravam os Davos Men, e escreveu um livro-reportagem em janeiro de 2013 sobre o que coletou em sua intrépida missão nos Alpes – cenário de um famoso romance de Thomas Mann, A Montanha Mágica, publicado em 1924. Robinson tem se dedicado a investigar como a evasão tributária anda de mãos dadas com o crescimento do mercado filantrópico e a deterioração dos serviços públicos nos quatro cantos do mundo.[8]
Ele visitou o pequeno povoado de Zug, a meio caminho entre Davos e Zurique, que, com pouco mais de 15 mil habitantes, tem nada menos que 30 mil empresas registradas. A explicação não poderia ser mais simples: Zug é um paraíso fiscal dentro de um paraíso fiscal, a Suíça, o lugar no mundo onde menos se paga impostos sobre lucros e ganhos de capital. Lá estão as sedes de centenas de corporações multinacionais, que mantém normalmente um escritório com alguns funcionários, ou mesmo apenas um endereço postal. E que frequentemente utilizam trabalho escravo em Taiwan ou Bangladesh.
Uma das empresas que têm “sede” em Zug é a rede de fast food Burger King, que tem como maior acionista o brasileiro Jorge Paulo Lehmann, um dos 62 homens mais ricos do mundo, de acordo com a espantosa lista divulgada pela Oxfam há poucos dias[9]. Lehman é um dos dois brasileiros na seleta relação, junto com Joseph Safra, do Banco Safra.[10]
Como foi divulgado à época, um ex-funcionário do HSBC vazou a informação da existência de cerca de 8 mil contas secretas de brasileiros na Suíça, no escândalo que ficou conhecido como “Swissleaks”.[11] Tais contas acumulariam cerca de sete bilhões de dólares, volume equivalente ao “ajuste fiscal” proposto pelo governo Dilma Rousseff, que no Fórum de 2014 se encontrou pessoalmente com Sepp Blatter, da FIFA. Os lucros obtidos pela FIFA com a Copa do Mundo no Brasil foram canalizados pelas contas suíças, garantidas pelos mais seguros segredos bancários e melhores cofres do mundo.
Dilma nunca chegou, no entanto, a ser tão bajulada no Fórum com seu antecessor, que “despertava os instintos mais primitivos” do Davos Man, conforme podemos notar no relato do jornalista Andy Rodinson.
“A partir do momento em que Lula ganhou as eleições, os gestores de fundos de investimento globais passaram a elogiar o Brasil durante suas reuniões ao lado das pistas de esqui como se tratassem de uma nova fase do capitalismo. Não há nada mais atraente em Davos do que um operário lutador, convertido em presidente business friendly, e Lula se tornou uma estrela entre os convidados das festas nos ex-sanatórios dos tuberculosos do romance de Thomas Mann, agora convertidos em hotéis de luxo. Foi escolhido estadista global do Fórum Econômico Mundial, um ‘exemplo de liderança planetária a ser seguido’, conforme resumiu Klaus Schwab, o empresário suíço que criou o Fórum da elite há quarenta anos”.[12]
Se em 2014 o Brasil da Copa era a bola da vez, junto com os demais “emergentes”, em 2015 voltou para a reserva; e o confiável Joaquim Levy viajou aos Alpes para garantir aos colegas Davos Men a aplicação do “ajuste” fiscal no Brasil, país que passou de promessa de valorização carnavalesca a mais um dos “indisciplinados” com o “dever de casa” de aplicar a fria “austeridade” do corte de investimentos estatais, da redução das políticas compensatórias, e do ataque brutal aos direitos sociais para a abertura das “novas oportunidades”. E, se em 2011 os chamados “PIGS”[13] eram cidadãos de segunda classe em Davos, o Brasil agora está no mesmo nível dos romances de Paulo Coelho, outro brasileiro tarimbado no fórum.
Evasão fiscal e filantropia, duas faces da mesma moeda (de ouro)
Melhorar a própria imagem pode ser, afinal, uma das melhores formas de evitar as vistorias da Receita Federal. Diversas pesquisas têm mostrado como o mercado filantrópico tem aumentado no mundo todo, proporcionalmente ao aumento do desastre social exacerbado pela crise econômica e pelos diversos conflitos militares em curso.[14]
Bill Clinton, um dos papas do filantropo-capitalismo, dono de uma das três maiores fundações do mundo (as outras duas são a de Bill e Melinda Gates e o “Fundo Global” de Bono, do U2), deve boa parte de sua conta bancária à sua “missão humanitária” pelo mundo. Somente com seu livro “Giving” (“Doar”), escrito para convencer seus pares dos benefícios da caridade, ele ganhou 6,3 milhões de dólares, dos quais doou apenas 1 milhão. Mas o buraco é muito mais embaixo, pois o que os ultra-conectados ricos de Davos fazem através de suas fundações é facilitar os negócios de seus colegas. Ficou público que a fundação de Clinton foi a principal responsável pelo contato de uma empresa canadense do setor de mineração e energia, com Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, que assinou com ela contratos bastante generosos de exploração de ouro e petróleo no país latino-americano.[15]
Clinton foi um dos paladinos da “reconstrução” do Haiti após o terremoto de 2010, quando uma avalanche de empresas filantrópicas e fundações vieram testar as oportunidades no país devastado. Anos após as suas visitas, milhares de haitianos ainda viviam acampados precariamente em frente a suas antigas casas, mas o serviço de telefonia de Porto Príncipe já havia sido literalmente doado para Denis O’Brien, capitalista filantrópico irlandês sócio da Digicel, empresa que se gaba de mandar mais na cidade do que o prefeito. Na época, Clinton convenceu ainda seu colega Jerry Steiner, da Monsanto, a fazer “generosas” doações de sementes híbridas para os camponeses pobres haitianos – muitas das quais foram queimadas em protesto pelos próprios, que entenderam perfeitamente a relação de dependência e expropriação que estava implicada no caridoso gesto.[16]
Davos foi também o lugar perfeito para o surgimento da chamada “novíssima filantropia”, ligada diretamente à privatização de serviços públicos. Lá foi feita uma negociata envolvendo escolas pobres do subúrbio londrino e a ONG “sem fins lucrativos” ARK (Absolute Return for Kids – “Retorno certo para as crianças”), fundada pelo multimilionário gestor de hedge funds Arpad Busson, freqüentador assíduo de Davos. Com ajuda do governo de David Cameron, recursos privados direto da City londrina, e o complemento de gordas verbas estatais, a ARK deu start em seu primeiro projeto de peso ao ganhar gestão de vinte escolas em bairros pobres da Inglaterra, num claro exemplo de privatização de um serviço público essencial.[17]
A novíssima filantropia vai além, conseguindo transformar até os protestos anti-capitalistas em lucros. Foi o caso do blog criado por Ariana Huffington na esteira dos protestos contra a guerra de Bush no Iraque. De articulador de blogs anti-imperialistas, o Huffington Post, criado por ela em 2005, foi vendido para a AOL por 300 milhões de dólares. Juan Luis Cebrián, CEO do grupo de imprensa espanhol Prisa, ficou tão entusiasmado que firmou, em Davos, parceria com Huffington, e de quebra negociou a venda do tradicional periódico de centro-esquerda El País para um fundo de investimento de outro Davos Man muito conhecido, Nicolas Berggruen.[18] Berggruen é sócio e amigo do economista americano Nouriel Roubini, que como descreve Andy Robinson, sentenciou no fórum de 2013, diante de uma platéia de CEOs perplexos: “Marx tinha razão. O capitalismo cria obstáculos para seu próprio desenvolvimento”…[19]
Mas não podemos encerrar sem falar do roqueiro cool Bono, líder da banda U2, a qual mudou seu domicílio fiscal para Amsterdã, para evitar o pagamento de cerca de 1,4 bilhão de dólares na Irlanda, seu país originário. Aqui a evasão fiscal ganha ares de “rebeldia” roqueira… Mas a sonegação pegou mal entre os fãs irlandeses, que viviam uma crise dramática em 2008, iniciada com o estouro de uma bolha imobiliária. Bono e todos os demais membros do quarteto de Dublin são sócios no mercado imobiliário, amigos/sócios de empreiteiros donos de hotéis e terrenos nos Estados Unidos e na Europa. Quando a bolha estourou, o Estado irlandês lançou um pacote de resgate inacreditável de 40% do PÍB, chafurdando os trabalhadores na pobreza; mesmo assim, ou talvez justamente por isso, a Irlanda não deixou de ser um cobiçado modelo de paraíso fiscal em Davos.
Como lembrou o jornalista Andy Robinson, A Montanha Mágica de Thomas Mann representava a decadência da elite européia no início do século XX, à sombra da Grande Guerra inter-imperialista de 1914. Um século depois, as elites capitalistas globais continuam jogando o mundo na mais profunda decadência. Agora globalizadas, o fazem com muito mais cinismo. E gosto artístico bastante duvidoso.
Notas
[1] A programação oficial, participantes e a lista de empresas associadas pode ser acessada em: http://bit.ly/1SLaZHU.
[2] Expressão usada para designar o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Européia desde a explosão das crises na zona do euro, nas quais essas entidades se uniram para impor planos neoliberais de “austeridade”.
[3] Sobre o tema, ver ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. Campinas: Cortez, 1999; e ______________ Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009.
[4] “Os indivíduos com patrimônio muito alto se recuperaram espetacularmente após a crise” afirmou Alan Walker, da consultora Capgemini, especializada em atender clientes do tipo. ROBINSON, Andy. Um repórter na Montanha Mágica. Como a elite econômica de Davos afundou o mundo. Rio de Janeiro, Apicuri, 2015. p.23-24.
[5] Somente nos Estados Unidos, país de origem da maioria desses bilionários, o censo de 2012 apontava que 32% da população se classificava como classe baixa ou média baixa, comparados com 25% em 2008, grande parte desses vivendo de seguro-desemprego. ROBINSON, Op. Cit, p.85.
[6] “Lavando verde” – expressão usada para designar ironicamente as empreitadas das grandes indústrias para se dizerem “sustentáveis”.
[7] Foi divulgada recentemente pesquisa da NASA provando que 2015 foi o ano mais quente da História, desde que a medição começou a ser feita em 1880, e que 15 dos 16 anos mais quentes foram a partir de 2000. DINIZ, Mariana. “Nasa declara 2015 como o ano mais quente da história”. Agência Brasil, 20 de janeiro de 2016. http://bit.ly/1Qp6O5C.
[8] ROBINSON, Andy. Op Cit. Agradeço a indicação de Luiz Mario Behnken.
[9] OXFAM International. “Richest 1% Will own more than all the rest by 2016”. 19 de janeiro de 2016. Disponível em: http://bit.ly/1BBc62I.
[10] BBC Brasil. “Quem são as 62 pessoas cuja riqueza equivale a metade do mundo”. Folha de S. Paulo, 21 de janeiro de 2016. Disponível em: http://bit.ly/1lBGGaY.
[11] Agência Brasil.”Ministério Público e PF investigam brasileiros envolvidos no SwissLeaks”. 07 de julho de 2015. Disponível em: http://bit.ly/1SB8I4G.
[12] ROBINSON, A. Op. Cit., p.10-11.
[13] Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha na sigla em inglês.
[14] CAMPOS, Adriano. “Os filantrocapitalistas vão salvar o mundo?” Esquerda.net. 10 de janeiro de 2016. http://bit.ly/1Pa4RJk. Agradeço a indicação de Renato Lemos.
[15] Um porta-voz de Clinton chegou a declarar que “aumentar os lucros as companhias não tem por que entrar em disputa com o aumento da eficácia das empresas caridosas”. ROBINSON, op. cit., p.70.
[16] Como se sabe, as sementes híbridas da Monsanto teriam que ser sempre compradas, já que não se reproduzem naturalmente. “É um presente envenenado”, declarou o líder camponês Jean-Baptiste Chavannes, do Movimento Papaye (MPP). ROBINSON, Op. Cit., p.135-136.
[17] O caso está longe de ser exclusivo; na Suécia, por exemplo, dois fundos de private equity gerem centenas de escolas públicas. No Brasil, algo parecido é a Escola Nave, gerida pela Oi Futuro, no Rio de Janeiro.
[18] Com a venda, um terço dos jornalistas foi dispensada e a linha editorial do jornal foi radicalmente modificada. No Brasil, o Huff Post é associado à Editora Abril.
[19] ROBINSON, A. Op. Cit., p.27.
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