Quiz: você identifica uma música pela linha do baixo?

Se em um site de baixistas a gente reconhece músicas pelas linhas de baixo? É isso mesmo?

Ainda mais linhas marcantes como essas. Acertei 14 e googlei a 15, pois desconheço ambas.

No final tem escrito "You really know the sound of a bass!!!" mas não é exatamente distinguir se o som é de baixo ou não, né?

Fá, tu errou uma música ali. Fala que é de um tal de Chic, mas é do Gabriel Pensador.

Juninho Sampaio escreveu:Meu Deus..como uma pessoa abre a boca pra dizer que odeia reggae.

É você que odeia rock, não é?

Eles sentem a mesma coisa quando você fala isso.

Na minha experiência, músico Baiano tem uma visão completamente distorcida do cenário musical brasileiro e mundial.

Coisas que eu achava verdades absolutas até passar temporadas fora do Nordeste:

- Todo mundo gosta de reggae.
- Rock é um estilo decadente no Brasil.
- Todo baixista conhece Jaco, Patitucci e Nico.
- Todo baixista americano conhece Fodera e Jaco.
- Todo baixista sabe regular seu baixo.
- Jamais terei que explicar pra um músico de banda o que é um acorde suspenso.
- Batera que atravessa e cantor que entra errado são lendas urbanas.
- Baixos de 4 cordas estão praticamente extintos.
- Qualquer palco semi-profissional do mundo terá um GK800RB com uma caixa 1x15 e uma 4x10 boas.
- Todo técnico de som saca muito de áudio.

E viajando, percebi que isso eram verdades locais do meio onde cresci. Batera que corria ou atravessava não vinha nem pro próximo ensaio. Pessoal da minha geração acordava de manhã, pegava uma xícara de café, um pão qualquer, duas baquetas, uma borracha de chinelo e subia pra laje pra estudar "stick control" até a hora do almoço. Depois pegava um feijão qualquer e comia em cima da borracha, só parava de noite.

Hoje em dias os cara toca um "besta é tu" e já é músico.

Willian Casagrande escreveu:O NE é terra sui generis na música, Allex, ou o seu meio é que era assim?

As duas coisas.

Eu comecei a tocar baixo de maneira um pouco diferente. Nunca foi diletantismo, por assim dizer...

Eu brincava de violão e um dia bateram na minha porta com um baixo dizendo que tinha uma viagem pra Alagoas e o cachê era tanto. Eu tive uma infância muito pobre e faltava praticamente tudo, fora teto e comida. Fui pela grana e nem sabia direito o que deveria fazer.

Meu ouvido era bom e eu tirei as músicas numa tarde e viajei no outro dia. A partir daí virei baixista...

Então nunca convivi com músicos que tocavam o que curtiam, eu nem sabia que isso existia. Eu convivia com os caras de 40 anos que tocavam pra colocar comida na mesa e, com 13 anos de idade, eu já fazia algo parecido, já ajudava em casa e tal.

Então, meu ambiente sempre foi músico de gig inserido no universo nordestino.

Áudio na Bahia é um negócio muito, mas muito sério. Todo mundo saca um pouco, sabe fazer caixa de som, entende de frequência e tal... Banda baile que você nunca ouviu falar na vida deixa pago o teclado da Roland que ainda nem foi lançado pra ser o primeiro a ter.

Então eu vivia nesse mundo, sempre muito antenado com equipamento e música moderna do exterior, etc... Quando saía um disco do Chick Corea não dava uma semana e todo mundo da cidade tinha uma cópia em K7. Vídeo-aula de baixista então. Tinha um cara chamado Marcelo que era ajudante do luthier Jorge de Itacaranha que tinha acesso assim que lançava. Ele gravava pra todo mundo... Pra mim ele nem perguntava se queria, só ligava dizendoq que tava pronto e eu ia na casa dele e pegava. Ele cobrava baratinho...

Então bem jovem eu tinha vídeo aula de Patitucci, Jaco, Berlin, Myung, Sklarevsky, método Slap It, etc... Todo mundo tinha tudo isso...

Então numa roda de músicos você podia falar do Dennis Chambers normalmente, sem explicar quem é. Ou falar do Anthony Jackson...

Em Salvador tem uma galera que toca rock e geralmente são filhinhos de papai que não precisam da grana. Eu nunca tive contato com esse pessoal. A primeira vez que ouvi falar em Flea foi dividindo ônibus com uma banda dessas de Mauricinho porque era uma gig eclética. Eu nem tinha idéia... Ele veio me mostrar um amp GK e disse "é igual ao do Flea" e eu fiquei com vergonha de dizer que não conhecia. Músico que tocava pela grana não conhecia Red Hot ou nada disso aí.

Minhas primeiras viagens pra fora da Bahia foram SP e Mato Grosso do Sul. Eu ia nas galerias e lojas todo empolgado, falando em Fodera, Smith, Anthony Jackson e nego me olhava como se eu fosse um E.T.

Aí a ficha caiu...

Mesma coisa nos EUA...

Primeira loja que entrei perguntei por encordoamento para baixo de 5 cordas. O cara da loja perguntou se era um tipo de baixo fora de linha ou "custom made". Eu fiquei de cara... Tudo bem que era uma loja pequena e tal, mas nos EUA né?

Aí me levaram na Mars de Framingham, que era gigante, hoje falida. Falei em Fodera e Smith, o cara não tinha idéia, mas foi à internet e olhou o site e falou "é, parece algo custom que você tem que lidar diretamente com o fabricante". Sendo que na Bahia era normal encomendar Fodera naquela época. Uma lojinha chamada Casa Milton Pianos pedia qualquer um que você quisesse.

Enfim, é outro mundo. O FCBR abriu minha mente para entender que minhas experiências como baixista são muito diferentes de 99% dos músicos que tocam o instrumento.

Enfim, é isso.