Por que eu frequento fóruns de músicos ?

Aos 12 anos montei uma banda de rock com 3 caras da escola de música do bairro onde estudei violão e até os 20 anos essa banda foi a melhor coisa da minha vida.

Eu sabia da importância da música, mas não tinha maturidade para definir essa sensação.

Aos 18 anos, devido à faculdade, tive que mudar de cidade. O violão, o baixo e o amplificador ficaram no porão da casa de meus pais.
Ensaios e shows diminuíram gradativamente e aos 20 anos, com o casamento, a banda foi esquecida.

Filhos, carreira profissional e as responsabilidades transformaram o passado em sonho. Afastei-me da música. Nem em shows ia. E o sonho ficava cada vez mais distante.

Vi o noticiário da morte de John Lennon. Mas nem liguei. Não mexia mais com música!

Lembro-me de uma ligação de minha mãe, quando tinha 30 e poucos anos informando que o amplificador estava com cupim e seria jogado no lixo. Também me falou algo sobre doar o violão para alguém. Não liguei. Não mexia mais com música!

Mas em casa, naquele dia, comentei com meus filhos que eu já tivera uma banda de rock na mesma idade deles.

Olharam-me incrédulos, não acreditando.
Tentei esclarecer: já toquei na TV com gente famosa!
Piorou... A incredulidade virou chacota.
Tive que provar, mas a única foto p&b carcomida pelo tempo mostrava um cara que nem eu mesmo me reconhecia.
Ficou a frustração e o sonho voltou a ficar distante.

Acordei um dia com 42 anos e pensei:
___ 30 anos que a banda foi formada e 22 sem ver ninguém dela. Isso não está certo. O sonho não pode morrer.

Naquele dia encontrei os outros 3 pela Internet (invenção supimpa essa Internet!).
No sábado fizemos um churrasco de reencontro com nossas famílias. Emoção pura.
No outro final de semana fomos para um estúdio. Estava nervoso, suando frio.
Passei na casa de meus pais indo para o estúdio e peguei o baixo que estava há 22 anos no case.

Abri o case já no estúdio. Estava tudo intacto. Liguei o baixo no amplificador e o velho e bom som roncado do baixo amigo esquecido da adolescência voltou como se nunca tivesse ido embora. Como se eu nunca o tivesse traído com o esquecimento.

Nesse dia, no estúdio, aconteceu um dos melhores dias de minha vida. A música rolou... O sonho voltou. Composições minhas e dos outros fluiam e deixavam de ser fantasmas para ser algo real de novo.

Como após 22 anos os meus dedos ainda sabiam correr solto sobre a escala?
Não sei. Isso não se explica.

Só sei que tenho que dividir todas essas emoções com alguém que também me entenda e perceba que música não é só diversão.

Alguém que perceba que podemos ser engenheiros, dentistas, médicos, operários, estudantes, professores ou qualquer outra profissão, mas também podemos ser músicos.

Por isso estou nesse Fórum. E se for um fórum só de baixistas, melhor ainda!

Só depois de ter 20 anos meus filhos puderam escutar o meu som e o som de minha banda e se surpreenderam com o que o pai deles fazia.

Eu quero e eu preciso dividir isso com vocês, músicos.

Nunca quis parecer arrogante, ou maior ou melhor que os outros. Talvez até o contrário disso. Eu toco muito mal comparado com vários aqui. Mas eu preciso falar sobre música, instrumentos, shows e tudo isso junto, pois eu quero é levar a vida na flauta !!!

Lindo texto, lindo mesmo!!!

Essa é uma emoção que não deve morrer, nunca!

E viva o fórum com conteúdo de qualidade!!!!

Cara que depoimento ein.
Fiquei impressionado com a sua historia.
Meus parabens!

Caraio Maurição, ler isso ouvindo Rachmaninoff e longe do baixo ha apenas 3 meses, por motivos profiossionais, me encheu os olhos de lágrimas.

Imagine se fosse há 20...

Valeu pela inspiração!

É Maurício... De uma coisa eu tenho certeza, música é pra vida toda!
Muito legal o seu texto. Parabéns.

Bavana japa demais Maurício!

Eu ´posso dizer q comprar ou falar de baixos e afins é tão bom quanto tocar.
Dividir, compartilhar essas aventuras e emoções é muito bom, nos insere nesse contexto musical, e vemos q somos muitos.
Tb fiquei parado um bom tempo, perdi muito da pouca tecnica e velocidade q tinha qdo era muleque...mas me divirto umas 10 vezes mais!
Força ae brother!
Abçs

Belo texto Mauricio! Bavana Japa mesmo!

Grande Maurício, bacana esse sentimento... parabéns!

é Bavana, Cláudio. Bavana Japa!!

Só uma coisa é melhor que falar sobre musica. Toca-la.

Parabêns Mauricio , pelo seu amor pela música , e pela sua história com ela ,pode ter certeza que mesmo não o conhecendo pessoalmente já o admiro muito como músico e pessoa !!!

Bavana Japa esse depoimento seu !

muito bom maurição.. tô vendo que o seu filho vai ter um concorrente à altura na elaboração de textos..

Xará,
Seu têxto é fantástico, um exemplo de vontade.
Eu, de uma forma ou de outra, nunca deixei a música, mas partí para outro lado, para a luthiería.
Hoje, quase não toco mais, nem tenho mais tempo, o que me entristece; e, de uma certa forma, minha participação nos fóruns tem muito de sublimação.
Meus sinceros parabéns

Rolou uma emoção aqui.

Isso não é Hobbie é uma terapia.
Belas palavaras!

Tal filho, tal pai!!! hehehe
Lindo texto e história atua Mauricio. Se todos os musicos tivessem este sentimento pela muisica com certeza não ouviriamos as pocarias que tocam nas radios hoje em dia( é claro que tem algumas radios que tocam musica boa, mas são poucas).
Parabéns pelo texto e pelo teu sentimento pela musica é parecido com o meu.
Abraços.

arrepiei aqui
mauricio e seus textos fantasticos

Parabéns Maurício.

Sem comentários...
Alias, apenas uma, parafraseando o digníssimo allex: emotivei.

Parabéns Maurício pelo texto. Isto incentiva qualquer pessoa que queira aprender a tocar um instrumento e acha q não é capaz ou q o tempo já passou. Não importa a idade ou o tempo q tem para aprender. O q importa é fazer seu sonho tornasse realidade.

Abraços a todos.....

Bastante filosófico.
Música é assim mesmo, depois que entra no sangue não sai mais.

Realmente isso salvou meu dia!

Aproveitando o momento, vou dar uma lida denovo na carta de Boas Vindas do Allex... overdose dos melhores sentimentos q a musica pode nos dar!!

Parabéns Maurício!

to meio atrasado, nao tive como acessar antes, mas fica aqui meus parabéns, super bacana mesmo o texto, o sentimento e matéria!

Alegria encontrar esse tópico e o depoimento do Maurício!

Abraço grande meu irmão, todo o som do mundo pra vc!

Emotivei! [3]

Fiquei por alguns segundos sem palavras...

Creio que esse 'para e continua' rola com muita gente , mas 22 anos é um tempo demasiado com certeza. Legal que depois desse período todo o Maurício não deixou a chama apagar . Deve ter pensado durante o ensaio do reencontro: "Como consegui ficar longe disso esse tempo todo?"