Você ainda estuda a música mesmo após já a alguns anos tocando?

Gostaria de ter uma visão de como os veteranos que tocam já a algum tempo, se ainda estão estudando alguma coisa relacionado à música, principalmente teoria musical, se estudam para cada vez mais melhorarem, ou se estudam para relembrar algo ou se nunca estudaram e a música foi puro feeling (acertos e erros).

Particularmente entendo que técnica não é exatamente um estudo, mas sim um prática, me perdoem se eu estiver errado e/ou equivocado.

Até recentemente estudava muito algumas mesmas músicas, mas de um tempo pra cá, não.
Interessante isso, mudei o repertório!

Como não tinha uma opção adequada ao meu caso, coloco aqui meu voto:

-Sim. Sem foco. Com preguiça. sem fé.

bodhan escreveu:Como não tinha uma opção adequada ao meu caso, coloco aqui meu voto:

-Sim. Sem foco. Com preguiça. sem fé.

Somos 2.
Adiciona-se a isso a loucura da pandemia, filho em casa, esposa gravida, sem chance. Mal toco por 5 minutos.

Se for no sentido de um músico instrumentista que estuda a mesma peça até ficar perfeita seria não...
Nenhuma paciência mais para isso infelizmente a não ser coisas pontuais que desejo tocar.
Agora como toco algumas músicas sempre mas cada vez de um jeito ou com uma abordagem semelhante mas não idêntica ai a resposta é sim.....
Acho que todos que tocam repertório mais improvisado for ado ambiente pop rock acabam tocando Garota de Ipanema a vida toda na esperança de que um dia ela saia simplesmente maravilhosa e os improvisos lindos....
Kkkk
faz parte da rotina.....

Eu só estudei formalmente violão clássico, bem jovem com uns 12 anos de idade.

Antes disso eu gostava de tocar cavaquinho com afinação de bandolim, então sabia uns frevos e uns choros...

Eu comecei a tocar baixo profissionalmente antes de ter encostado a mão num baixo. Conhecidos meus tinham uma banda que faria alguns shows no interior do nordeste e bateram na minha porta praticamente me comunicando que eu seria o baixista da mini turnê. Expliquei que eu não tinha baixo e que tocava violão clássico... Eles responderam "tá aqui a fita, vai tirando no violão, lá vai ter um baixo". Isso foi tipo na terça-feira e a viagem seria na sexta, ou algo assim. Me entregaram o baixo no ônibus ou no hotel, não lembro agora.

Desde então eu pegava no baixo pra trabalhar, tirar coisas no rádio e em fitas fornecidas pelas bandas. Quando eu sentia que algo não rolava no show, praticava aquilo um pouco em casa.

Algum tempo depois apareceram as vídeo-aulas e cheguei a estudar a do Jaco, do Bill Dickens, do Patitucci, etc... E o livro Slap It era clássico entre meus colegas e amigos baixistas.

Noção de escalas, harmonia e algumas frases eu tinha e estudava alguma coisa aqui e ali... E sempre ouvi muito e tentava ver baixistas ao vivo sempre que podia, algo que ensina muito na minha opinião. Acho que tenho ouvido bom e muita coisa que escuto alguém fazendo me serve como estudo pois consigo fazer quando pego o instrumento, mesmo sem ter praticado.

Então dá pra dizer que me encaixo no "raramente". Também consigo afirmar com toda certeza que jamais houve "foco, força e fé".

Sou do tipo que se não estudar acabo travando. Com a correria do dia a dia, criança pequena em casa, etc acabei desenvolvendo uma maneira de estudar os assuntos que acho relevantes de forma otimizada.

Meu lema é que é preferível estudar pouco tempo que não estudar nunca. As pessoas ficam esperando o momento ideal, que tudo esteja favorável, que os planetas estejam alinhados para poder estudar e acabam que não estudam nada. Fiz até um vídeo no YouTube onde mostro 37 escalas em dois minutos (o objetivo do vídeo é apenas manter as digitações embaixo dos dedos, nem precisa falar da importância do estudo prévio de cada uma delas).

Hoje mantenho sempre um baixo disponível (numa estante na sala) para qualquer momento de folga possa estudar. Outra coisa MUITO importante e organizar o que estudar. Quando pego o instrumento sei exatamente o que estudar. Com pouco tempo, mas focado, dá pra fazer um estrago. Por exemplo, com 5 minutos dá pra ler em torno de 3 a 5 páginas de partitura. O problemas é que geralmente as pessoas por não terem 5 horas disponíveis acabam não estudando nunca. Cinco minutos por dia é sempre melhor que nunca. Todos baixistas sabem que as escalas existem mas são raríssimos os que tem elas embaixo dos dedos (2 minutos diários resolveriam na minha opinião).

Geralmente estudo técnica (separo mão esquerda da direita), leitura, harmonia (escalas e arpejos, como soam nos acordes) improvisação (tirar e transcrever solos) e uma coisa que chamo de imersão. Eu pego um artista que curto e me identifico musicalmente. Faço uma coletânea, separo as músicas que me acrecentam musicalmente. Depois fico algum tempo só escutando e tirando esse artista. Acho mais legal que ficar tirando músicas aleatórias (corro da síndrome do Forest Gump, sair correndo sem rumo). Atualmente estou fazendo imersão no trabalho do Ed Motta, separei 46 grooves que estou tirando e transcrevendo. Vou postar todos no YouTube, já tem vários lá.

^ AlbertoBass, é muito esclarecedor e inspirador o seu depoimento. Como professor (educação básica) sei que a troca de experiências é fundamental para melhorar a prática docente. O que você escreveu (alguns podem achar que é lugar comum) pode ajudar muito pessoas que estão perdidas no estudo (como eu). Vou buscar seu vídeo no YouTube. Obrigado.

gloliveira escreveu:^ AlbertoBass, é muito esclarecedor e inspirador o seu depoimento. Como professor (educação básica) sei que a troca de experiências é fundamental para melhorar a prática docente. O que você escreveu (alguns podem achar que é lugar comum) pode ajudar muito pessoas que estão perdidas no estudo (como eu). Vou buscar seu vídeo no YouTube. Obrigado.

Obrigado pela mensagem, dou aula de baixo a mais de 20 anos e sempre percebi isso nas pessoas. Eles ficam sempre esperando que tudo esteja favorável para estudar. E com isso acabam que não estudam nada, nunca. Fiz um propósito de todo dia aprender algo novo, TODO DIA. Tirar uma música, estudar uma partitura diferente etc. Meu foco é ser melhor a cada dia, quero tocar hoje melhor do que tocava ontem. Não tô nem aí para o caminho que os outros percorreram. Quero tocar amanhã melhor que hoje, de grão em grão. Posso garantir que 30 minutos focados (não existe pessoa no mundo que não tenha 30 minutos por dia) pode revolucionar a sua maneira de tocar. Não digo se tornar um Gary Willis ou um Thiago do E.S mas que VOCÊ vai ser cada dia melhor vai.

Vídeo das escalas

^ Obrigado, AlbertoBass!!!

Eu estudo sempre. Não com disciplina religiosa, mas livremente e sem metas. Sempre estou estudando teoria, buscando e descobrindo coisas novas, nunca parei. Idem em relação à técnica. Considero que hoje sempre estou um músico melhor do que ontem e pior do que amanhã.

Ah sempre. Mesmo tendo dias em que toco mais guitarra a evolução tem que ser diária. Seja tocando ou aprendendo algum conceito novo, praticando, produzindo, lendo, aprendendo sobre equipos....
Tudo que gira em torno da música pode nos fazer evoluir...
Tocar é só uma delas mas uma de total importância.

nao digo bem estudar com afinco, mas todo dia to com instrumento no colo, ou o baixo ou o violao. comprei um violao novo entao to redescobrindo o instrumento, principalmente harmonicamente.
mas no baixo meu principal estudo tem sido tirar grooves novos e entender a teoria do q ta rolando.

Quando eu tinha 15 anos, ganhei um violão da minha avó e comecei a aprender sozinho usando aquelas revisitas de cifras. Quando tinha 19, uns amigos me chamaram para tocar baixo num show porque o baixista deles tinha caído de moto e quebrado os dois braços. Tive duas noites para tirar 18 músicas sem nunca ter tocado num baixo direito. Desse show em diante, me vi como baixista.

Uns dois anos depois, me caíram no colo alguns métodos de harmonia da Berklee. Não os estudei tão a sério, mas traduzi dois volumes para um amigo que dava aulas de guitarra. O que tenho de conhecimento de teoria vem mais desse processo de tradução do que de estudar mesmo.

E recentemente me inscrevi no Scott's Bass Lessons e tenho gostado bastante. Pela primeira vez na vida, posso dizer que estou estudando música.

Eu treino escalas e modos, porque eu perco a mecânica com relativa facilidade.

Acho que o melhor investimento que fiz em anos foi um baixolão Eagle, que chegou aqui em casa no meio do ano.

Eu não tenho saco de ligar amp pra tocar, e o baixolão resolveu esse problema, porque pra mim, tocar desplugado só serve pra detonar a técnica. Quando vc vai ver, tá cheio de vícios e notas na trave que você não percebia.

Atualmente, por causa do baixolão, tenho tocado muito Pizzicato, o que tem sido bom. Por outro lado, adoro a palheta, e ela já começou a cair da mão. O baixolão na palheta não é muito agradável, a não ser que você use Palm mute ou espuma, o que também deixa o som "menor".

Ás vezes eu gostaria de um cômodo com uma cama, ar condicionado, amp e baixo no pedestal. Tudo pronto pra eu só apertar o on, sem ter de mexer em um cabo sequer.

Também não tenho um ouvido privilegiado, então, pra mim tudo foi difícil.

Tenho visto muitos vídeos do Vega, porque adoro a palhetada dele. Aí tento fazer parecido e me dou conta que falta entender outras coisas também, mas tô evoluindo devagar e sempre.

Desde o início da pandemia não toco mais. Os baixos estão lá. Estou até pensando em parar com tudo. Desanimado.

Obrigado pelos depoimentos, galera.
Deu pra ter uma ideia de quão podemos estar imersos na música. Já até foi comentado aqui, a pandemia até favoreceu os estudos pra alguns, muita gente comprando instrumentos, a internet jorrando video-aulas, enfim...

A propósito, vocês já faziam isso antes mesmo da pandemia ou os estudos se intensificaram agora?

NESCAU escreveu:Desde o início da pandemia não toco mais. Os baixos estão lá. Estou até pensando em parar com tudo. Desanimado.

É o momento, colega. Desanima não, fazer música é até um alívio, um respiro nessa correria.
Gostaria de estar mais próximo do contrabaixo, mas no momento está competindo com outras questões que logo logo tiro de letra.
Mas vez ou outra estou lendo algum assunto teórico, vendo alguma video-aula...

Li esse tópico no fim de semana e pensei em postar algo, pois estudo bastante, mesmo no pouco tempo disponível que tenho. Coincidentemente (ou Algoriticamente, o que é mais provável), o Tubão me recomendou esse vídeo. Penso muito semelhante, mesmo dividindo essa força motriz entre baixo, guitarra e violão.

Divido bem o tempo entre estudo com foco e aquela "Jam w/ MySelf". Acho ambos igualmente importantes.

EDIT: Em tempo... se você não conhece Robson Albuquerque, dê um Google... vale a pena conhecer.