Ajuste de oitavas no contrabaixo acústico

Estimados,

Estou iniciando minhas práticas em um contrabaixo acústico adquirido recentemente.
Ainda estou em uma fase de descobertas básicas, muitas das quais tenho encontrado respostas em outros tópicos aqui do fórum.
Contudo, até o momento não achei uma informação em nenhum dos textos pesquisados até agora, que seria a seguinte:

Nos contrabaixos elétricos, e mesmo nos fretless, buscamos um ajuste das oitavas de forma que tanto harmônicas quanto os trates do instrumentos respondem o mais perfeitamente possível as notas.
Guardo a impressão que no caso do contrabaixo acústico o "alinhamento das oitavas" (a nota obtida na corda Mi e suas 4ºs, obtidas precisamente alinhadas nas cordas abaixo) não é muito frequente, ou nem mesmo é considerada.
Pergunta: essa minha impressão está correta? Não existe uma linha perpendicular ao espelho que contenha notas que soam exatamente como as 4º na corda logo abaixo, e 5º justas na corda logo acima de cada nota?

Abraços a todos e todas!!

Bom dia Franz.

Mesmo no baixo elétrico com trastes ou qualquer outro instrumento temperado (violão, guitarra) essa correspondência não existe.
Os trastes dos instrumentos são posicionados de uma forma que atenda a resposta de todas as cordas da melhor forma possível, mas não é matematicamente exato em todos os casos.
Se fosse para colocar nos pontos perfeitamente corretos para cada corda, seria necessário um jogo de trastes independentes para cada uma.

Não estamos aqui falando de diferenças gritantes.
No acúsitico às vezes uma ume leve inclinação no dedo pressionando a corda vai tirar ela da nota (ou acertar ela, conforme o caso).

Essa é a menos nobre das razões pela qual certo baixistas fazem vibrato em notas longas quando avançam pelo espelho do baixo. Pra disfarçar o "chute na trave"  

Olá Rafael,

Primeiramente queria agradecer a precisão e didática de sua explicação. Muito obrigado.

Guardo a impressão que vou avançar um pouco mais no tópico, desdobrando este assunto em aspectos complementares.

Compreendi de forma clara sua explicação.
Inclusive, não sei se é correto tal procedimento, mas fiz o seguinte: peguei o afinador utilizado nos contrabaixos elétricos e fui experimentando as notas ponto por ponto no braço buscando atingir a nota exata em cada local. De fato, qualquer detalhe interfere na frequência obtida. Notei que inclusive o tempo de reverberação da corda influência bastante a frequência no contrabaixo acústico (mais do que no elétrico).
Ainda assim, me inquieta inicialmente alguns aspectos:

1. Me parece que deveria haver um alinhamento minimamente exato ao buscar as 4º (ou 5º justas). Isso não consiste em um aspecto considerado relevante entre os usuários de contrabaixos acústicos? Qual o limite tido como aceitável entre os usuários desse instrumento?

2. No tocante ao trabalho do luthier, este aspecto é considerado de forma rigorosa por eles? Em que nível devo solicitar que busquem a precisão de correspondência de frequência entre as cordas ao executar a nota sobre o espelho?

Estou em uma fase inicial de experimentação e descobertas.
Então, tais dúvidas acabam vindo à tona.

Obs.: Parabéns pelo seu canal no Youtube. Informações úteis e interessantes.

abrçs.,

FRANZ

Franz escreveu:Obs.: Parabéns pelo seu canal no Youtube. Informações úteis e interessantes.

Nem lembrava mais do canal heehehe... eu tenho tantas coisas para falar e tão pouco tempo pra gravar, mas fico feliz que te parece útil  

Franz escreveu:1. Me parece que deveria haver um alinhamento minimamente exato ao buscar as 4º (ou 5º justas). Isso não consiste em um aspecto considerado relevante entre os usuários de contrabaixos acústicos? Qual o limite tido como aceitável entre os usuários desse instrumento?
2. No tocante ao trabalho do luthier, este aspecto é considerado de forma rigorosa por eles? Em que nível devo solicitar que busquem a precisão de correspondência de frequência entre as cordas ao executar a nota sobre o espelho?

Um luthier vai garantir que a distância vibrante da corda (ou diapasão) seja compatível com as medidas do seu contrabaixo. Aqui o Claudio explicou em detalhes (https://www.contrabaixobr.com/t8406-duvidas-sobre-os-tamanhos-3-4-e-4-4-me-ajudem-por-favor). Ele, por sua vez, usou dados do paper "Design e Artesanato de Contrabaixo Acústico" do professor Álvaro Gregório da Universidade Anhembi Morumbi.

Fora isso não tem muito mistério. Você mora em Pelotas, pelo que entendi. Aqui nesse tópico há informações sobre luthiers no RS: https://www.contrabaixobr.com/t24149-luthier-em-porto-alegre-baixo-acustico

Pra te ser bem sincero, é a primeira vez que vejo esse tipo de preocupação. Eu só posso imaginar que você não tem um professor (ainda).
Não quero te desanimar, mas baixo acústico é um instrumento bem complicado de se aprender só com video-aulas.
Entender a essência e a mecânica é relativamente "fácil", mas há uma probabilidade muito grande de desenvolver uma série de vícios de postura e outras coisas sem alguém te supervisionando.

Mesmo se não for toda semana, mas de 15 em 15 dias ou uma vez por mês.

Mais uma vez obrigado, Rafael.
As questões que eu trouxe, possivelmente, estão muito associadas à falta de conhecimento técnico mesmo.
De fato, parece que tenho alguns desafios pela frente. Mas vou continuar lentamente me aproximando do assunto sem desistir.

No caso do baixo elétrico uma serie de fatores me empurraram para que vencesse algumas barreiras sem a presença do professor e de aulas. Possivelmente, tenho lacunas importantes devido a isso.

Na caso do contrabaixo acústico, preciso ver o que o destino me reserva. Por hora, as aulas ainda seriam planos desafiadores     .
Mas sigamos em frente.

Abração!!

FRANZ