Engenheiro de playback.

Engenheiro de playback.
https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2024/09/19/ao-vivo-mas-nem-tanto-os-segredos-de-engenheiros-de-playback-de-megashows.htm

Profissionais com notebooks e dezenas de sons pré-gravados no gatilho fazem cada vez mais diferença no palco.

O engenheiro de playback cuida de trechos musicais prontos, disparados e misturados ao que o cantor e a banda executam ao vivo.

Os mais experientes, que trabalham com os maiores artistas, podem ganhar até US$ 10 mil (R$ 55 mil) por semana, mais que instrumentistas de apoio de turnês.

Eles também comandam o "timecode", cronômetro que orienta todos os efeitos, luzes, fogos e telões do palco. Se eles errarem, o show dança.

Uma mistura DJ, músico e técnico.

Brasileiros preferem chamar a prática de "VS" (Virtual Studio), para deixar claro que só uma parte do som é virtual. A sigla vem do equipamento Virtual Studio, popular no final dos anos 1990 e começo dos 2000.

O produto ficou ultrapassado, mas o nome permaneceu e hoje indica o acréscimo das faixas gravadas, fugindo do palavrão "playback".

Seja qual for o nome, o uso de bases pré-gravadas também cresce por aqui, especialmente no pop, mas também no rock e até no sertanejo.

Isso já era comum nos anos 2000.

Trabalhei com a banda Calypso nos EUA em 2003 como motorista e fiquei o dia todo com a técnica. Naquela época eles utilizavam tracks de vocais, metais e percussão e já era tudo sincado com a iluminação. Os técnicos eram super ligados no que havia de mais novo no mercado e pediram logo pra visitar a Guitar Center após a passagem de som.

Nessa mesma época vi um show da Madonna em Worcester MA que era todo sincado e você escutava dezenas de instrumentos que não estavam no palco.

Hoje em dia é difícil uma banda da Bahia que não utilize essa tecnologia, mesmo tendo vários percussionistas.

O sistema obviamente engessa toda a apresentação, mas ao mesmo tempo apresenta algumas vantagens se bem utilizado.

Sem esse recurso, Pink Floyd ao vivo não rolaria.

allexcosta escreveu:Hoje em dia é difícil uma banda da Bahia que não utilize essa tecnologia, mesmo tendo vários percussionistas.

Falando em Bahia e tecnologias de áudio ao vivo, se me permitem desviar um pouco do assunto para narrar algo que alguns podem achar interessante:

Alguns blocos de carnaval de Salvador utilizam o chamado "carro de apoio", que é um caminhão com sala de primeiros socorros, bar, setor VIP (lá em cima) e, com frequência, caixas de PA que repetem o sinal do caminhão principal, o trio elétrico, onde está a banda ou artista que toca naquele bloco naquele dia.

O sinal, obviamente, é transmitido sem fio, mas aí se apresenta um desafio: quem está perto do carro de apoio ouvirá dois sons conflitantes, o do caminhão principal e o do próprio carro de apoio.

A solução é um delay variável, calculado com base na distância que o carro de apoio está do carro central, que varia bastante ao longo do percurso. Isso permite que até quem está no fim do bloco, à cerca de 1km do carro principal, nos blocos maiores, ouça um som adequado e com boa inteligibilidade.

Isso existe desde os anos 90.

Senti falta de tecnologia similar na Sapucaí, quando conheci o carnaval do Rio. É tudo bonito e gigantesco, porém a soma de som de várias torres, carro de som da escola e a própria bateria causam uma confusão sonora sem tamanho.

Eu entendo que faz parte do show e acho válido, mas tenho "mixed feelings" com VS.

Já fiz gig com VS onde eu estava na orquestra da banda. Usar VS é legal pra reforçar a orquestra e — como a velocidade do VS pode ser controlada pelo baterista (ou outra pessoa) — é interessante usar.

Mas — esses dias — tava vendo as gurias do "The Warning" tocar. É uma formação básica: Baixo, Guitarra e Bateria (e todas cantam). Usar VS pra dar um reforço nos vocais é até legal, mas daí há momentos em que claramente tem sintetizador e efeitos de ambiencia... mas não tem ninguém fazendo nada parecido.
Nesse caso eu acho meio caído, até pensando como espetáculo.

Acho estranho quando o VS manda coisas que nitidamente não estão no palco.

Já — por exemplo — ter 2 trompetes no palco e usar VS pra fazer soar como 5, é interessante.

Minha opinião, claro.

O Queen, no Rock in Rio 85, também já usava playback, né?
A parte "operística" de Bohemian Rhapsody inteira, por exemplo.