Diário de Bordo (Gravação de um CD)

Pessoal
Meu objetivo aqui é contar as aventuras e desventuras na gravação de um CD.
Aprendi muito num tópico de um fórum de guitarristas parecido com esse. Então vou citar aqui tudo que está acontecendo, e quem sabe isso ajude aguém no futuro.

Já citei antes que a gravadora Oversonic Music convidou-nos a participar do seu Cast de contratados.
Assinamos em maio o contrato com a gravadora (válido por 2 anos).

Veja:
http://bass.forumeiros.com/miscelanea-f25/depois-de-um-telefonema-t7013.htm?highlight=depois

Importante deixar claro que quando uma empresa fecha contrato com uma banda, a coisa tem que ser feita de forma profissional. Existem "gravadoras" que são estúdios e que na realidade vendem seus serviços para a banda gravar o CD, cobrando horas de gravação, mixagem, masterização, gráfica, impressão de CD's, etc.
Cuidado com esse tipo de e-mail ou empresa. Se não houver bandas conhecidas dessa "gravadora", e se elas cobrarem alguma coisa, olho vivo... Nada contra gravar um CD assim. Mas isso será um CD independente. Então você pode usar qualquer estúdio de gravação, qualquer artista plástico para fazer a capa do CD, qualquer gráfica, enfim, é melhor a banda contratar cada empresa em cada fase, na minha opinião.

Todos da banda trabalham em empresas (menos o guitarrista que é músico profissional, tocando na noite e professor em uma escola de música). Portanto já deixamos claro que poderíamos gravar somente aos finais de semana, ou das 19 às 24 h).
Mesmo assim nosso baterista trabalha no segundo turno (das 16 às 2 da manhã) e só final de semana mesmo poderíamos gravar a bateria.

Depois da alegria veio a ansiedade e tínhamos que compor 8 músicas, fazer os arranjos, ensaiar e deixar tudo pronto nos próximos 30 dias.
Como levamos 3 anos para compor e gravar 2 músicas (que irão fazer parte do CD), achei que 30 dias para compor 8 músicas seria muito pouco. Ainda mais que no primeiro ensaio, a banda furou e foi cancelado.
O segundo ensaio também. Dai bateu desespero e fiz um planilha de trabalho e um cronograma de atividades e passei para o povo.
A gravadora me cobrava por e-mail como estavam os trabalhos, o tempo passava e ainda não tínhamos nada.

Dai o vocalista teve a idéia de me chamar e fazermos gravações caseiras em nosso estúdio de ensaios das músicas novas à noite. E a medida que a gente ia compondo e gravando as músicas (vocal e violão ou guitarra simples de base, com bateria programada) íamos passando para o resto da banda por e-mail.

Isso motivou a banda, que achou as primeiras "guias" legais e começou a aparecer música para eu colocar letra, letra para eu colocar música, um pedindo para fazer refrão de uma música, outro pedindo para completar uma música baseado num riff... Enfim, depois de 30 dias tinhamos 12 músicas compostas.
Decidimos escolher 8 e fomos para a fase de arranjos, trabalhando em cima das guias.

Depois disso fomos para a fase de ensaios, para ver como ficariam as músicas de verdade. O legal é que como todos acompanharam o processo pelas guias e todos compuseram pelo menos um pedaço de uma música, todos já sabiam o que fazer quando marcamos os ensaios (cerca de 4 apenas) já estavamos com os arranjos preparados.

Surpreendentemente a coisa que ao meu ver começou ruim, com metodologia de trabalho e boas soluções (como a gravação caseira das guias) acabou sendo bem prazerosa e indolor.

Dai voltou a fase de ansiedade: será que as músicas estão legais? Será que não estão muito iguais? Será que a qualidade artística está boa?

A gravadora tinha proposto fazer uma prévia (gravando em no máximo 2 h um ensaio das 8 músicas "ao vivo" para que o produtor fosse já pensando o que colocar nas músicas, tipo piano, sopros, percussão, etc...). Vibrei com essa ideia pois poderíamos já ver como sairiam as músicas de verdade (com as guias feitas caseiramente não dava para ter real ideia de como ficariam as músicas). E se alguma música não tivesse ficado legal poderíamos preparar outra.
Mas devido à agenda a gravação prévia foi cancelada (balde de água fria) e já foi marcado para fazermos bateria e baixo das 8 músicas no sábado 26.06.2010.

Depois de muita ansiedade, incerteza e nervosismo, acordei dia 26.06.2010 as 7:30 h da manhã para ir para o estúdio (início das gravações às 9 h).
Segundo o cronograma da gravadora estava previsto fazermos as baterias e baixos das 8 músicas até as 21 h no máximo.
Caso não se conseguisse fazer tudo, o baixo poderia atrasar, mas a gravação da bateria não poderia ficar sem terminar (pois o baterista trabalha em segundo turno).
Mandei 5 baixos para o luthier trocar cordas e fazer set-up completo (e foi uma nota esse serviço e 1 ainda não ficou pronto). Mas foi o que eu achei que não usaria mesmo, então não esquentei.
Levei água, amendoim, refrigerante, toalha, escova de dentes, desodorante, enfim, coisas que poderiam ajudar na maratona e peguei estrada.
Cheguei cerca de 8:50h e o baterista já estava lá descarregando as coisas dele e levando para o estúdio da bateria.
Foram usados 14 microfones para bateria. 2 para a caixa de modelos diferentes. Fizeram a capitação dos pratos com 2 overs que ficaram a cerca de 40 cm dos pratos e mais 2 overs que ficaram mais de 1 m acima dos pratos.
O chimbal também foi microfonado com 2 micros diferentes.
Tirei fotos de tudo.

Decidimos não usar metrônomo (uma dica aqui do Alex). Mas como fizemos as guias com bateria eletrônica e o baterista já tinha marcado os BPM de todas as músicas na planilha de trabalho. O baterista ficou com o click antes de começar a música (só o batera) e quando a banda começava a tocar a música, o click era desligado e íamos no rítimo do batera.

Eu também estava com o baixo sendo gravado em linha.

As guitarras e voz, sendo gravados só para servirem de guia.

Depois da bateria pronta para gravar, peguei 3 baixos e fizemos uma pré gravação e testes de timbres. Fender Jazz bass 1983, Fender Precision 2006 com circuito ativo e Giannini Stratosonic 1976.
Fizemos testes com palheta, com pizzicato, com todas as configurações de timbres possíveis.
O pessoal do estúdio gostou dos 3 baixos, mas o Jazz Bass 1983 foi unanimidade. Os caras ficaram muito impressionados e comentaram que nunca tinham gravado um baixo com um timbre tão lindo e sugeriam usar apenas esse baixo nas 8 músicas.

Tentamos usar o Precision num take. Mas ficou estalado e em comparação com o Jazz Bass era difícil.
Acho o Precision perfeito para shows. Mas para gravação o Jazz Bass foi o escolhido.

Após o take, era analisado a gravação da bateria somente. Se tivesse ficado ruim, com erros ou andamento, gravávamos de novo. Passávamos as músicas no máximo 4 vezes. Dai era acertado alguma coisa de andamento ou falha e então era analisado as linhas de baixo dos takes feitos. Era selecionado o melhor e acertado e refeito algum erro ou andamento errado ou atraso ou adiantamento de alguma nota.

Feito isso íamos para a próxima música.

A maior exigência da minha vida de músico foi uma vez que ensaiei em SJCampos das 9 as 12h. Fui para São Paulo ensaiar com outra banda das 14 às 18 h e voltei para SJCampos para um Show que começou as 20 h.

Nesse dia terminei o show tocando de palheta pois os dedos estavam com bolhas estouradas.

Nesta sábado, dia 26, já estou bem mais calejado e não aconteceram bolhas. Mas o cansaço foi terrível e por volta das 17 h me deu cãimbras nos dedos da mão direita. Coisa que nunca tinha me acontecido. E já fiz shows de 4 h de duração.

Foi desesperador. Não podíamos perder tempo e eu interrompi um take de gravação por cauda da cãimbra...

Mas no final, cerca de 18:30 h a seção de gravação de baixo e bateria acabou. 2:30h antes do horário planejado.
Mas sinceramente, acho que não aguentaria tocar até as 21 h. Cheguei em casa exausto...
E tinha uma festa em casa (30 anos de casado...). Tomei um banho, desci, comprimentei o pessoal apenas, subi e desmaie na cama...

Que relato bacana p kct maurício! que maratona rapaz!
Parabéns pela dedicação e esforço!
Tõ esperando o Cd heim...um já é meu ai!
abraço

Muito bem explicado cara, continue escrevendo que eu vou lendo! Sinceramente eu sou um que é bem inexperiente nisso, principalmente porque não achava que era maratona toda...

Mauricio, sensacionais os relatos. Continua com o diário aqui, que a gente tem muito a aprender. Mesmo os que já tem mais anos de estrada. É sempre bom saber coisa nova.

Falando nisso, me explica essa de não usar click?

Excelente Maurícião...que idéia bacana brother...manda ver no Diário de Bordo , que estamos acompanhando aqui...abraço...

Show de bola, Mauricio!!! Não deixe de nos atualizar!!

Gomba escreveu:Falando nisso, me explica essa de não usar click?

Também fiquei curioso.

Essa ideia foi do Allex Costa.
Isso foi discutido num antigo fórum de baixistas que eu participava.

Vejam o texto:

Pessoal: escutem e analisem a música abaixo (Tanto Faz) que gravamos recentemente em um estúdio.
Críticas serão bem vindas.
Maurício_Expressão

Resposta de Allex Costa:
Gostei! Tah com o vibe da velha e boa Camisa de Venus. Eu faria a bateria de novo e remixaria. O baixo precisa aparecer mais e talvez um plug-in de amp valvulado ajude. Em geral a gravacao tah boa. Parabéns.

Respondi que seria difícil gravar a bateria novamente pois fizemos a guia sem bateria e só no metrônomo em 110 bpm.

Ai o Allex Costa respondeu novamente:
Nao grave assim...
Junte todo mundo no estudio tocando junto com o clique bem alto. Ou ateh sem clique mesmo. Mande tudo, inclusive guitarra por DI, com a galera na sala de controle, menos o batera. O importante no primeiro take eh a batera ficar legal. Depois vc pode entrar no aquario e microfonar seu amp e gravar sozinho em cima do seu baixo q jah tah gravado. Depois a guitarra faz o mesmo. E depois de tudo a voz...

O trabalho tá legal, digno de respeito.

Olha, tah legal mesmo viu... A gente soh tah falando algumas coisas aih pra dar o toque final. Mas a essencia de vcs tah boa, e essa gravacao tem um vibe muito bom, da epoca q o rock era rock...

Essas foram as sábias palavras do Allex, depois de minha primeira experiência em estúdio de gravação, que ficaram gravadas no micro e em minha memória.
Fizemos exatamente assim na regravação desta música "Tanto Faz" que irá para o CD. O resultado foi outro! Melhorou muito.

A única diferença é que as linhas de baixo foram gravadas diretamente para mesa de outro estúdio, sem passar por ampli (a gravadora tinha 2 estúdios e o baterista ficou em 1 e eu no outro). O resto da banda ficou na sala de controle.

O motivo foi que a linha de baixo gravada direto fica mais fácil para acerto posteriores, inclusão de plug-in, etc...

Hoje começa a maratona de guitarras base. Depois será voz e por fim guitarras solos.

Tópico pra lá de interessante!!! Nunca soube direito o que é gravar em estúdio, legal mesmo.
E quando o CD ficar pronto, uma cópia é minha.

Boa sorte e parabéns!!!

Mauricio, deixa eu ver se eu entendi.

Tocaram vocês e o batera juntos.
Guitarra e baixo plugados na mesa, ouvindo o click e o batera ouvindo vcs mas sem o click?

Maurício, quando lançar o CD, lança o livro dessa aventura toda também. Relato bem interessante.

Achei esquisito esse lance do precision ter ficado estalado na gravina!!
Será q não foi o circuito q tem instalado nele que de repente acentuou alguma frequência alta? Po esquisitão...o PJ diz bem o contrário disso, q o precision em gravação é show de bola, mas q em shows ele prefere outros baixos....

Tópico 100% e mais um pouco.

Execelentes relatos Mauricio! Parabéns pelo trabalho brother!
Este topico é certamente muito bom para ajudar aos mais inexperientes em futuras gravações.
E quando ficar pronto que um exemplra pra mim heim?!!!

Grande abraço, fica com Deus e boas gravações pra vocês.

Segundo dia da Maratona – 19 às 24 h

Pessoal o esquema de gravar sem click é exatamente o contrário. Primeiro é ligado o click só para o Baterista pegar a manha do andamento da música e dar os tradicionais 4 toques de baqueta para a música começar.
Ai o click era desligado e a banda ia só seguindo o batera. Todos sem click.

E quanto a escolha do Jazz Bass para todas as músicas, não é que o pessoal não gostou do Precision ou do Stratosonic, pelo contrário, todos gostaram.
O produtor até comentou que não tinha como não gostar do timbre de um Precision Americano.
O problema é que o Jazz Bass surpreendeu demais.
Para vocês terem uma idéia, no segundo dia, quando usei muito pouco o baixo, uma hora que saí do estúdio e fui para sala de espera com o baixo para guardar no case, o pessoal do segundo andar da gravadora (tinha outra banda gravando lá) ficou sabendo e pararam a gravação para ver o Fender 1983...

Como minha responsabilidade já estava cumprida (as linhas de baixo já estavam prontas), curti muito o resultado das gravações do segundo dia da “Maratona”.
É impressionante como está evoluindo o trabalho. E como as músicas que estão na cabeça da gente estão indo para o computador e se tornando reais!
Estou cada vez menos ansioso e cada vez mais animado.

Foram feitas 8 músicas com bases dobradas de quase todas as músicas e várias guitarras sendo usadas:
- REM, guitarra de luthier de SJCampos, que não conhecia e achei que tem um som de Gibson Les Paul sensacional, além de ser semi-acústica e poder ser usada como guitarra limpa,
- Fender Stratocaster 1989, clássica e linda com escala em maple (essas 2 guitarras eram do produtor) e
- Tagima semi-acústica, de nosso guitarrista base.

Ou seja, apesar do guitarrista base (que é também vocalista) ter saído morto de cansado, foi feito em 5 h o serviço previsto para 10 h.
E sem perda de qualidade, pelo contrário, como o pique estava bom, acho que vibe foi mantida em todas as músicas.

Levei o baixo só por desencargo de consciência, mas tive que usá-lo 2 vezes:
- Um erro de uma nota em uma das músicas, que passou no crivo de sábado passado, mas foi corrigido em poucos segundos, e,
- Um pedido de modificação de uma seqüência de notas numa preparação quando a música estava em acordes em Sol era mudado para outra seqüencia de acordes em Mi.

Eu que compus essa música, e nessa transição coloquei um acorde de preparação Ré 7 na guitarra base e eu no baixo fazia um fraseado começando em Ré, mas dando ênfase na nota Lá para criar uma instabilidade.

O produtor achou que se os arranjos fossem ao contrário, ou seja o baixo fizesse o Ré 7 (dando ênfase na sétima) e a guitarra fizesse acorde de Lá o efeito que “bolei” ficaria mais legal, mas da forma que estava ele não estava gostando.

Fiz outra passagem de transição (que na música não passa de uns 6 segundos), mas retirando uma nota Mi dessa passagem e colocando uma nota Ré uma oitava mais aguda para frisar mais o acorde Ré, mas mantendo a ênfase em Lá e ai todos gostaram (o produtor, o nosso guitarrista solo que é professor de baixo, o técnico do estúdio, enfim, todo o povo que estava lá).

O produtor sugeriu também o uso de piano em 2 músicas, hoje estamos conversando (só o pessoal da banda) por e-mail que esse piano seria só para dar um enfeite a mais. O solo de guitarra limpa previsto ficou sensacional na guia e tem que ser mantido, na nossa opinião, e não trocado por um solo de piano.
O produtor comentou que pretende colocar percussão numa das músicas também.

Sei que é difícil ver um cara de fora da banda dando palpites no trabalho, mas o produtor ajudou bastante em termos de plug-in e timbres.
Ele fez toda a diferença quando jogava os efeitos e simuladores das guitarras dos plug-in no Pro-Tools.

Uma hora ele me chamou para sala de espera enquanto a base continuava a ser gravado para me explicar por que ele pediu a modificação daquela parte de baixo da música. Ele falou que entendeu por que eu fazia Lá enquanto a base fazia Ré 7, mas que com a modificação pedida ficou melhor e perguntou se eu tinha ficado chateado e tal.

Achei legal ele ter se preocupado. Ele tem muito tato, é educado, e acima de tudo é super talentoso.

Depois perguntou se tínhamos idéia de como queríamos a capa do CD e falei para nos apresentar uma proposta para analisarmos.
Comentei que o Logo da banda poderia estar na capa, e que não fazíamos questão de nossa foto. Ele disse que tinha uma idéia em andamento e que estava em execução no departamento de artes.

Vamos ver.

Hoje tem mais uma maratona das 19 às 24 h: Vocal e guitarra solo.

PS.: Levei minha esposa nesse segundo dia. Achava que não ia nem tocar e, portanto, poderia dar um pouco de atenção a ela, pois poderia ser chato ela ficar só acompanhando por horas a fio as gravações.
E, se ela estivesse entediada eu poderia levá-la para casa mais cedo.

Ledo engano. Ela vibrou com toda a cena, tirou fotos, e quando às 23h ainda faltavam terminar 2 músicas ela foi a primeira a falar que a gente tinha mais é que concluir todo o trabalho (fomos até a meia-noite e meia) e pediu para continuar assistindo as gravações.

O chato é que eu acordo as 6 h para trabalhar na fábrica e ela não....

Acho que eu entendi bem o negocio de não usar o click. Mas o batera tem que ser excelente em segurar o andamento.
Você perde menos tempo de edição, quando sem click, porque você nao precisa remendar a pista toda pra botar a bateria e os outros instrumentos no lugar.


E produtor é assim mesmo, por mais que vocês não concordem um pouco com o que ele faz, ele é que é o responsável pelo disco fazer ou não sucesso. Se vender bem, acaba que quem leva a fama é a banda, mas se nao vender, quem tem a culpa é ele
Então, ele tem alguma moral pra dizer algumas coisas. E, pelo que vc disse, ele sabe o que tá fazendo. Já trabalhei com produtores que nao faziam a menor ideia do que tavam fazendo. Só que nao dava pra contrariar, né? Ainda mais quando vc tá contratado por ele =S


E eu tenho uma namorada empolgada assim como sua esposa. Mas ela é filha de musico que trabalha com gravação e ainda por cima é baixista. Então, por isso, é tranquilo dela aguentar essas coisas. Ela tem muita paciencia quando eu a troco pelo baixo, por exemplo. =p


Mauricião, tá bem legal teu diário. Tô gostando e aprendendo bastante com ele! E estou ansioso para ouvir e ver os resultados!

Gozado, nunca vi gravarem sem click. Tenho alguma experiência em gravações, já perdi várias horas em estúdio tanto acompanhando minhas bandas e ex bandas, quanto acompanhando produtores mexendo em gravaçoes, e o que normalmente faziam quando batera nao conseguia levar o click era gravar uma guia com a guitarra ou baixo mais a voz no metronomo e soltar na oreia do maldito. Sem metronomo o trabalho de edição fica muito mais complicado, e segurar o andamento não é pra qualquer um não. Sobre gravar o baixo em linha, é a pratica mesmo, até hj não gravei em nenhum estúdio que microfonava o amp de baixo. A maior extravagancia que eu já fiz, foi a seguinte:
Ligar baixo na pedaleira, pedaleira no cabeçote, e saída di do cabeçote na mesa. Mais nada, nem precisou de plugin, nem de equalizar mais nada. Ficou show. Outra combinaçao bacana pro baixo é gravar em dois canais, principalmente em passagens que exigem efeitos (como drives, principalmente). Dá uma engordada considerável no timbre. Aliás, a passagem de timbre é a parte que eu mais gosto na gravação, pois ali que é a hora da verdade, se você colocar um timbre ruim a chance de salvação é muito pouca. E você tem que considerar todas as variáveis, pois imaginar o timbre do baixo sem sentir a pressao de um stack é bem diferente.

Abs! To aguardando o fim desse diario hein Mauricio! Separa um CD autografado pra mim! ahahahah

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Eu só gravo com GK. Acho o melhor pré pra gravação. Especialmente os da série RB mais antiga.
E eu nunca tentei microfonar o baixo. Mesmo que se fizesse isso, também jogaria ele em linha pela direct out do ampli.

E, o ideal de usar efeitos no baixo, é sempre balancear os efeitos com o sinal limpo, senão o baixo perde muito do seu peso. IMHO
O Billy Sheehan meio que faz isso, só que de uma forma diferente. O baixo dele tem 2 caps, um P e um no braço, que eu nao sei bem como é.
Ele joga os efeitos no P e o do braço vai limpo pro amp, pra dar aquele peso caracteristico do baixo dele.
Até porque, a distorção mata os graves bonito =S

Terceiro dia da Maratona – 19 às 24 h

Acordar as 6 h da manhã é tranqüilo, mesmo indo dormir a 1 h ou 2 h da madrugada.
E olha que a coisa está pegando aqui na fábrica. Não consegui tempo nem para almoçar na terça. Mais isso a gente está tirando de letra.
A adrenalina está deixando a gente super ligado!

Tem coisa maluca acontecendo na gravação desse CD...

O cronograma era bem desafiador e a própria gravadora sabia disso.
Mas estamos 1 dia adiantado !!!
Estava previsto terminarmos as bases no 3º dia, mas elas já ficaram prontas no 2º dia.
Então adiantamos guitarra solo de 5 músicas!
Nosso guitarrista estava numa noite de incrível inspiração.
Além disso, adiantamos o vocal completo de 5 músicas.
A meia-noite eu olhei o pessoal na sala da técnica e a incredulidade estava estampada nos seus rostos:
Nosso vocalista cantando e pulando feito criança diante do microfone como tivesse ainda na primeira música. E ninguém acreditando no pique do cara!
Com base na experiência do pessoal do estúdio, só da para aproveitar o vocal de 3 músicas por dia no máximo, e isso já forçando os vocalistas (pois são cerca de 4 takes por música no mínimo).
Mas exatamente naquela hora estávamos já na quinta música e a voz estava melhor a cada take, o contrário do esperado e do que sempre acontece!
Os caras do estúdio perguntavam de onde a gente tirava tanta energia...

Gente, estou morrendo de medo de estar empolgado demais, e perdendo o critério de qualidade.
Será que não estamos deixando a empolgação tomar conta e não percebendo que as músicas não são tão legais assim?
Mas o pessoal da gravadora está cada vez mais surpreso com os resultados.
O produtor como sempre matador na seleção de timbres, simplesmente chegou para nosso guitarrista solo e deu parabéns e não mudou nenhuma linha dos solos.
Falou que foram sensacionais os takes!
O guitarrista fez questão de usar a velha Squier dele (toda mexida e com os trastes gastos de tanto uso) e deixou as 2 Fenders, a Gibson, a REM e até uma Ibanez de 7 cordas que o produtor trouxe de lado).

Me informou que uma música de minha autoria seria a música de trabalho do CD!

Como eu queria mostrar para todos vocês alguma música para saber as opiniões... mas só terá mp3 daqui a uns 15 dias pelo menos.

Hoje está previsto uma maratona ainda mais árdua: 19 h até 1 h da manhã (guitarra solo e vocal). Mas já vamos para essa fase com 50% das guitarras solos já prontas (5 das 10 músicas) e 70% do vocal já feito (7 das 10 músicas).

Grande Maurício...está tudo dentro dos conformes...que bom...parabéns a todos da banda...

Mauricio estou muito feliz por tudo estar dando certo para vocês, cara.

Estou ansioso para ter o meu exemplar aqui.


Abraços.

Saudações!

Por Maurício gostei bastante do seu diário de gravação, lendo achei muito parecido com o processo de gravação do primeiro disco da minha banda "Fliperama", o que difere era a questão da experiência que no tempo não possuíamos e os equipamentos que usamos exclusivamente todos do estúdio, o que nos ajudou bastante foi justamente o nosso produtor que até mudou algumas coisas dos nossos arranjos e no final ficou muito bom, inclusive ganhamos com esse disco um premio rock potiguar de melhor disco de rock lançado em 2006 aqui no Rio Grande do Norte. Desejo todo sucesso com esse disco e assim que tiver gravado faço questão de ter um, nesses próximos dias vou entrar em estúdio para gravar 04 músicas novas e vou me espelhar na energia de vocês para fazer um lance legal.

Abçs

Parabéns Mauricio!!! Estou super curioso para ouvir o som de vocês!!!
Abração e boa sorte no disco!!!

Quarto dia da Maratona – 19 às 1 h da manhã

Pela primeira vez não cumprimos algo que estava previsto: As gravações terminaram apenas por volta das 2 h da manhã.

Mas acabamos a fase de gravação!!!
2 dias a menos que o desafiador cronograma previa. Surpresa para todo mundo.

Nesse último dia o produtor (que é um dos proprietários do estúdio e também da gravadora) pediu se podia tocar guitarra-base em uma de nossas músicas, pois ele tinha gostado muito da música.
O técnico do estúdio ficou chocado! Nunca isso aconteceu e na hora dos takes era visível o nervosismo do técnico, pois o “patrão” era que estava sendo gravado.

Resultado em números:
- 23 h para gravar 10 músicas com guitarra-base, guitarra solo, baixo e bateria (a gravação mais rápida da gravadora).
- Única banda da gravadora a gravar um CD sem click (ontem soube que até uma reunião entre o produtor e os técnicos de gravação foi feita antes de iniciarmos a maratona, pois havia dúvidas se dessa forma as coisas dariam certo).
- Única banda a gravar 5 vocais em um único dia.
- Conseguimos até tirar o piano da música que o produtor queria colocar...

Mas o importante não são números. O importante é que realizamos um sonho.

A mixagem/masterização deverá ficar pronta em 20 dias.

23h pra gravar 10 musicas. E de boa qualidade.
Nunca vi isso na minha vida

Espetáculo.

Antonio_Ramone escreveu:Saudações!

Por Maurício gostei bastante do seu diário de gravação, lendo achei muito parecido com o processo de gravação do primeiro disco da minha banda "Fliperama", o que difere era a questão da experiência que no tempo não possuíamos e os equipamentos que usamos exclusivamente todos do estúdio, o que nos ajudou bastante foi justamente o nosso produtor que até mudou algumas coisas dos nossos arranjos e no final ficou muito bom, inclusive ganhamos com esse disco um premio rock potiguar de melhor disco de rock lançado em 2006 aqui no Rio Grande do Norte. Desejo todo sucesso com esse disco e assim que tiver gravado faço questão de ter um, nesses próximos dias vou entrar em estúdio para gravar 04 músicas novas e vou me espelhar na energia de vocês para fazer um lance legal.

Abçs

Muito legal ai Antonio Ramone. Tomara que sua gravação seja ótima, mas pelo visto, isso será fácil para vocês.

Gravamos uma musica que é uma homenagem aos Ramones nesse CD, pois pelo visto, acho que você também curte essa banda lendária!

Meus grandes amigões:
- Glauco
- Leandro
- Gomba
- Cantão
- Ber
- Renato
- Údi
- Larissa
- Ricardo
- mum
- Aionius
- Keep Rocking

Muito obrigado pelos comentários e incentivo. Vocês não tem noção de como esse tópico ajudou a "descarregar" as emoções, adrenalina, inseguranças, etc...

Estava caindo de sono e hoje finalmente poderia ter uma noite de pelo menos 8 h.

Mas acabei de receber um telefonema do nosso vocalista informando que já nessa segunda-feira será a reunião de apresentação das propostas da capa do CD e encartes, além de agendamento das seções de fotos.

A adrenalina voltou a subir!

Pena que só daqui a 20 dias poderei mostrar alguma música. Aliás esses 20 dias vão demorar muito a passar...

Após sair do fórum, baixarei as fotos que está na máquina. Também foi feito fotos por outras pessoas e teve gente filmando alguns takes. Verei se consigo alguma coisa disso.

As coisas aconteceram muito rápido.

Obrigado, mesmo, a todos!

Maurício, rapaz, certamente estamos na torcida, anciosos e orgulhosos, por esse acontecimento marcante na sua vida e de seus companheiros de banda. é o climax de uma banda, ir para estudio e gravar, lançar um CD...cara isso o torna de certa forma " imortal" aqui na nossa terrinha!
Minha única experiência com gravação assim foi nos idos de 90, ainda na era das " fitas demos" foi bacana tb, mas o registro se perdeu e já era.
nada acontece por acaso, e se está acontecendo com vc, é pq é merecedor....aproveite esse cansaço, essa correria, pq é gostoso, e deixará saudades, sem dúvida!
forte abraço!

Glauco escreveu:Maurício,
(...)
nada acontece por acaso, e se está acontecendo com vc, é pq é merecedor.
(...)

Fato.

Quem sabe o Mauricião não leva o cd pra galera no encontro de SP em Agosto!!! Rsrsrsrsrs

Parabens Mauricio, muito bavana japa o diário! Que tudo de certo agora, já que o mais difícil já passou e vocês tiraram de letra!
abçs

Caramba, que ótimo Diário, e que ótimo resultado Mauricião! Po, fico mó feliz e serve de exemplo também pra gente que quer gravar alguma coisa e acha tão difícil... Ficou provado que com dedicação e amor ao que faz as coisas acontecem numa boa! To ansioso pra ver as fotos, ouvir e ver os videos e finalmente ver o Resultado final!
Agueeeeeeeeenta coração!!!

Mauricio nós é que temos de agradecer por este ótimo diario que com certeza vai servir de guia, referencia e incentivo para quem estiver pensando em gravar alguma coisa. Ver que vocês mesmo depois de tampo tempo sem tocar juntos, voltaram a tocar com muita paixão e agora estão realizando este sonho de gravar um disco com musicas proprias e tudo mais e ainda tendo o incentivo da familia e tals, cara, isso da um gas danado pra quem acha que não vai conseguir realizar sonhos semelhantes.
Mais uma vez obrigado por esta rica contribuição e parabéns novamente pelo trabalho e sonho realizado.
Que Deus abençoe vocês nessa jornada.


Grande abraço brother!!!