"O zagueiro artilheiro."

Excelente tópico, agora eu entendi minha função na banda...
abraços

Buticão escreveu:...acho que... sei-lá... alguns músicos tem o ego muito grande para ficar na banda só fazendo o chão para os outros colegas se destacar... é dificil aceitar papel de coadijuvante.
Dificil pra quem está iniciando (eu por exemplo), entender que não há nada mais sofisticado do que o simples... e as vezes o simples é chato de mais.

Eu tb pensava assim. Mas afinal, nós estamos aqui para fazer música! E a função do baixo é essa...

Como sempre dizem, quem quer aparecer coloca uma melancia no pesoço!

E sobre ser chato... bem, eu me divirto tocando grooves ou riffs. É aí que está o grande desafio: fazer algo interessante, na medida certa, na base. Pra mim é isso que define um bom músico, não quem tem mais técnica ou faz o solo mais difícil... mas quem sabe fazer MÚSICA!

Não tem nada mais maneiro q fazer um groove num andamento q vc consiga ver o pessoal swingando com vc!

Tem sim: Fazer uma emiola bem torta e ficar repetindo ela até todo mundo cair ...hahahah


Brincadeira, tocar o arroz com feijão é necessário. Gostando ou não.

Ouvi essa piada em um workshop com o John Patitucci:
"Sabe qual é a melhor hora para dar em cima da namorada do baixista de uma banda? Quando o baixista estiver solando, pois nem a namorada dele vai prestar atenção"
Brincadeiras a parte, nunca me interessei por baixistas que tomam o instrumento por um instrumento solo, vulgo stanley clark e toda a geração de contrabaixistas que ele influenciou. E sem dúvidas a molecada está muito mais preocupada em impressionar do que em fazer música hoje em dia. Acho que é uma influência da urgência do mundo de hoje. E aquela onda, se vira nos 30. É como o cara tivesse trinta segundos para demonstrar toda sua habilidade.
Meus alunos de música erudita com 1 ano de estudo já querem tocar solos, e eles não conseguem tocar uma escala afinada. É uma doidera a internet fez a maioria dos músicos virarem uma panqueca, o conhecimento deles é grande porém bem raso.

Tive um professor que uma vez pegou uma GIG aqui no Brasil com a banda Mamas and Papas.
Ele falou que o fêz o pessoal optar por ele foi que haveira apenas 1 ensaio e tinha alguns candidatos ao teste, sendo a única exigência, tocar lendo a partitura.
Não deu outra: os caras colocaram os candidatos para tocar acompanhando CD's, com a partitura na frente.
Como todos candidatos já conheciam as músicas, ninguém sequer olhou a partitura e foi tocando junto com o CD.
Todos bons músicos. O repertório não é tão difícil...
Na hora dele, ele olhou a partitura e percebeu que continha apenas poucas notas, muitas frases só com as fundamentais, até mais simples que o que a banda tinha gravado no passado.
Ele se limitou a fazer as notas fundamentais, cabeças de notas, que a partitura pedia.
Por isso foi o escolhido. Como naquela GIG tinha metais, e um monte de outras coisas, os caras precisavam de um baixista que fizesse apenas o fundamental.

Dai quando nas aulas o aluno já ia fazendo muitas firulas, ele simplesmente falava: lembra do Mamas and Papas?

Mas vale lembrar que toda essa geração de baixistas solistas são exímios acompanhadores.

Eles transcenderam o instrumento através de muito estudo. Isso é muito diferente daqueles que pularam etapas.

Renato Leite escreveu:Belo texto.

Fico meio chateado em ver alguns baixistas que sabem fazer slap tapping etc.. mas não sabem fazer uma boa condução. Mas também acho importante o baixista moderno saber improvisar, fazer uns slaps, ou até mesmo alguns tappings.

Acho que essas técnicas servem para somar, e não para substituir uma boa linha de baixo.

Ah não tapping não precisa não vai!!!Rssssss
Nem na guitarra acho necessário, a não ser que você toque metal ou Van Halen.........

É, necessario não seria a palavra certa para tapping. Tapping seria a cereja do bolo.

Como diria um amigo meu: "De nada adianta ter cereja em um bolo de mer..."

hahahah

Aquele tapping acompanhamento + linha de baixo, na onda que o Arismar sempre faz pode ser bastante útil... é algo que quero estudar um pouco melhor, mas ainda não rolou

Há uns 12 anos atras eu tinha um vicio de sair slapando nas musicas que eram um pouco mais swingadas. Toquei com um guitarrista funkeiro durante uns 8 anos e ele no começo falava pra mim: "nao slapa na musica, leva so no dedo, so no dedo...". Eu me forcei a procurar meu swing no pizzicato e encontrei isso. Essa experiencia me abriu um horizonte grande nessa parte pra mim. Quando eu ja estava me mudando pra Curitiba eu lembro de muitas vezes ele falar: "Leva essa musica no slap". E eu falava: "Po, cara, se decide! rsrs". Na verdade acho que ele me falava no começo pra eu nao slapar tanto pra poder desenvolver melhor o pizzicato, e funcionou! Ele tem uns 20 anos a mais que eu (so de musica) e foi uma experiencia magnifica que me fez entender muito bem o papel do baixista na banda e aprender a ouvir os outros (o que considero igualmente essencial).

eltonpereira22 escreveu:...eu tinha um vicio de sair slapando nas musicas...

Pois é, eu tenho disso as vezes.

Super bom o texto. Fazer gol todo mundo quer, mas dificil mesmo é driblar todo mundo até fazer o gol.

E há mais uma comparação a ser feita! A dificuldade de se achar alguem queira ser zagueiro no futebol é a mesma de se achar um baixista para banda. Aparentemente a nossa "defesa" é confundida com omissão.

Concordo perfeitamente com o Primata, e o texto ficou sensacional! O baixista tem que fazer o que tem que ser feito, quando tem que ser feito. Para isso a experiencia e sensibilidade musical contam muito, idependente de idade, por assim dizer. Quem a música e o seu instrumento entenderá essas questões sem nenhum problema ou objeções, porque o que realmente importa é o resultado final.

Licas escreveu:Perfeita essa analogia

[1]

Grande primata!! perfeita analogia! É difícil assimilar tudo isso de uma vez, acho que esse processo vai rolando com o passar do tempo e aprofundamento dos estudos do baixista. Meu professor, que foi aluno do Primata, sempre me diz isso aí.

ClaudioBass escreveu:Excelente texto... tem vezes que converso com músicos mais jovens e digo algo semelhante a isso, e invariavelmente sou mal interpretado.

Como assim Claudio?

Acho que no minimo, a pessoa que quer aprender um instrumento, tem que saber a funçao do mesmo..

Excelente texto!
Já tinha lido algo parecido na Cover Baixo não me lembro se foi na coluna do Savaglia ou outro bassman.