Michael Manring
+8
Thales Alberto
LFBruschi
Davi Motta
Tarcísio Caetano
Tonante
Edu Fettermann
Binão
s.martyn
12 participantes
:: Fórum Técnico :: Baixistas
Página 1 de 1
Michael Manring
pessoal quase chorei, hehehe.
na boa msm ainda não tinha ouvido o som desse cara, simplesmente perfeito pra mim, gostei demais.
é impressionante o controle que ele tem com as tarraxas da hiphot nas mudanças de afinação.
espero que curtam tbm.
na boa msm ainda não tinha ouvido o som desse cara, simplesmente perfeito pra mim, gostei demais.
é impressionante o controle que ele tem com as tarraxas da hiphot nas mudanças de afinação.
espero que curtam tbm.
s.martyn- Membro
- Mensagens : 558
Localização : Rio de Janeiro, Nova Friburgo
Re: Michael Manring
Este é um dos caras que gosto de ouvir...
Goste ou não do som dele, a abordagem que ele deu ao fretless é bem interessante....
Goste ou não do som dele, a abordagem que ele deu ao fretless é bem interessante....
____________________________
BGM
Binão- Membro
- Mensagens : 3302
Localização : São Paulo
Re: Michael Manring
Um de meus baixistas preferidos... tem um feeling sensacional e um senso melódico ímpar.
Re: Michael Manring
Realmente... desde a primeira vez que vi esse vídeo virei fã do cara!
____________________________
Assino em Baixo!
Tonante- Membro
- Mensagens : 3481
Localização : BH
Re: Michael Manring
Gosto muito disto:
e disto:
como amostras do trabalho dele. Tenho 4 CDs
e disto:
como amostras do trabalho dele. Tenho 4 CDs
____________________________
Finou? Tá bão. O resto é dedo - CT. Colela.
Se traste fosse bom não tinha este nome - Cláudio Cuoco.
Tocar fretless é uma arte. Desafinar faz parte - Márcio Azzarini.
Quando o mundo da música muda, os muros da cidade tremem - Platão.
Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6557
Localização : Brasil
Re: Michael Manring
por incrivel que pareça eu conheci o baixo antes do baixista, pois tenho um livro aqui, the bass book, qu eo nando vasques me deu, e tem a foto desse baixo lá, me lembro que vi aquele mão com 4 hipshots e disse pra que isso, como o cara vai usar tanta afinação louca assim, mas vendo esse video agora ele me convenceu de que realmente usa, e muito bem.
realmente é um baixista que deu um rumo diferente ao fretless.
realmente é um baixista que deu um rumo diferente ao fretless.
____________________________
Samuel Martins, luthier.
samuelluthier@yahoo.com.br
s.martyn- Membro
- Mensagens : 558
Localização : Rio de Janeiro, Nova Friburgo
Re: Michael Manring
Sou muito fã desse gênio...
____________________________
https://www.youtube.com/davimotta
Re: Michael Manring
Essa música selene emociona muito
LFBruschi- Membro
- Mensagens : 1797
Localização : Maceió/AL
Re: Michael Manring
Michael Manring cresceu na Northern Virginia (USA) onde seu fascínio pelo contrabaixo começou com nove anos de idade. Ele tocou em incontáveis bandas de rock de garagem, grupos pop e bandas da escola, incluindo uma premiação ganha durante o laboratório de jazz. Após um ano estudando no Berklee School of Music in Boston, ele começou a tocar profissionalmente e mudou-se para New York City por dois anos, onde estudou com a lenda do baixo elétrico Jaco Pastorius.
Em 1979, Michael iniciou sua longa colaboração com o compositor/guitarrista, Michael Hedges, e subseqüentemente em sete discos de Hedges, incluindo o álbum Oracle de 1995 vencedor do Grammy. Em 1982, Manring tornou-se baixista principal da gravadora Windham Hill Records. Isto levou-o a assinar um contrato com a gravadora Windham Hill em 1984 para lançar seu primeiro CD solo mudando-se para San Francisco Bay Area onde atualmente grava para o selo Alchemy record label. Ele tem cinco álbuns solo lançados tanto quanto centenas de gravações como session musician. Michael tem excursionando através da América do Norte, Sul, Europa e Japão como líder, sideman, e artista solo. Ganhou dois discos de ouro, recebeu nomeação para os prêmios Grammy e Bammie awards, recebeu da Berklee School of Music o prêmio de Distinguished Alumni Award e em 1994 os leitores da Bass Player magazine elegeram-no como o “Bassist of the Year”. Tem sido aclamado como “o contrabaixista com a técnica mais inventiva e moderna (Musician magazine)”, “um virtuose do baixo elétrico que simplesmente redefiniu os limites do instrumento (San Jose Mercury News)”, e “um mestre do fretless bass sem rivais” (Guitar Club).
Em uma típica semana, Michael pode ser encontrado fazendo qualquer coisa, desde uma tour internacional com a tecladista New Age Suzanne Ciani até um improvisado-radical gig em clubes com o guitarrista inovador Henry Kaiser, ou um folk festival com o celebrado trovador John Gorka, ou ainda, gravando com o experimental trio post-metal, Attention Deficit com Tim Alexander (Primus) e Alex Skolnick (Testament).
Diante das concepções de seu mentor, Jaco Pastorius, Michael desenvolveu um caminho inteiramente novo para o instrumento que inclui afinações inortodoxas, técnicas e metodologias particulares. Michael tem depositado suas habilidades em centenas de gravações como um session musician e em centenas de concertos pelo mundo. Uma das mais renomadas e intimidantes colaborações musicais foi com Michael Hedges, que instantaneamente listou Manring como seu parceiro musical quando ouviu seu primeiro CD solo, época em que Manring ainda era adolescente. A trágica morte de Hedges em 1997 encerrou uma extraordinária aliança musical e uma verdadeira amizade.
Os primeiros três trabalhos de Michael para a Windham Hill, Unusual Weather, Toward the Center of the Night, e Drastic Measures demonstraram sua maestria como solista, tanto quanto sua dádiva como compositor. Aclamado pela crítica, seu quarto trabalho Thonk (High Street/BMG) apresenta o baterista Herb (Primus), e os guitarristas Steve Morse e Alex Skolnick. A palavra Thonk significa um staccato e percussivo ornamento musical usado na música clássica da Índia.
Seu mais recente CD, The Book of Flame, contém o chamado instrumental progressivo. Nele atravessa as fronteiras do jazz, rock, trip-hop, e ambient enquanto mantém um único foco pessoal reconhecido pelos fãs ao redor do globo. The Book of Flame é o melhor exemplo da extraordinária criatividade de Michael Manring. Enquanto os discos solo de contrabaixista tendem à ser entediantes por terem a reputação de serem fracos musicalmente agradando estritamente os fãs hard-core, os disco de Michael tem consistentemente agradado seus ouvintes com a acessibilidade e profundidade das composições. Ele pode extrair uma estonteante variedade de sons do baixo.
Michael é amplamente respeitado como clinician (por seus workshops) e educador contribuindo regularmente para muitas revistas especializadas. Possui, também, um livro de transcrições na Hal Leonard.
Michael tem atraído a atenção da crítica com sua estonteante técnica: performances ao vivo podem incluir o toque de três baixos ao mesmo tempo (usando tapping) ou seu versão de Purple Haze em seu state-of-the-art fretless bass interpretação. Freqüentemente ele mantém uma agitada agenda de sessões de gravação, clinicas e concertos como solista, sideman e com o punk-jazz trio underground de Seattle Sadhappy. Ele também é foco central de um recente documentário da PBS, The Artist’s Profile: Michael Manring.
1) Qual foi sua formação musical geral? Você estudou composição, arranjo ou orquestração?
Minha educação formal foi muito breve. Além de estudar com Jaco, estudei na Berklee College of Music por um período muito curto de tempo, mas leio bastante por conta própria quando estou viajando.
Você fala sobre serialismo em sua home page...
É verdade. Eu estudo esse tipo de música porque me interessa, mas não tento compor dentro de um estilo estrito como Schöenberg ou qualquer outro.
2) Em suas composições transparece o domínio do contraponto onde ao invés de melodia acompanhada você utiliza várias melodias, contra, inter e até infra-melodias dispostas e divididas entre os instrumentos. Esta análise está correta? E se estiver, como você trabalha esta visão erudito/popular?
Espero que sua análise esteja correta. Estudei tudo isso por conta própria, contraponto e outras técnicas musicais. E tento incorporar tudo que amo na música que faço.
3) Outra questão que se apresenta é a “quase orquestração de seus arranjos”, onde uma instrumentação inusual ou diferenciada é priorizada. Seria isto tudo uma intenção declarada à algum estilo específico? Algum compositor erudito te levou a isto?
Muitos músicos me influenciaram (risos) Ah! E eu estudei vários tipos diferentes de músicas, de Bach à Mozart, Beethoven, Schöenberg, Bartók, (Josef) Zawinul, (Wayne) Shorter, Miles Davis, Egberto Gismonte, Hermeto Paschoal e Morton Feldman, você conhece ele? Um compositor contemporâneo brilhante. Harry Partch – outro músico brilhante que inventou sua própria teoria musical e inventa seus próprios instrumentos. Eu tento utilizar todas essas idéias, misturando-as de alguma forma.
4) Existe uma forma definida de compor um tema? Por exemplo, você compõe primeiro uma melodia, um groove de baixo ou algo assim?
Não existe nenhum sistema. Gosto de compor a partir de diferentes pontos de vista. Às vezes, eu componho no piano, geralmente, no baixo, e às vezes, sem instrumento algum, compondo só na minha mente, e algumas peças componho até dormindo (risos). Acordo e escrevo. Geralmente, são horríveis.
5) O arranjo de cada composição é pensado teoricamente após o término da melodia ou subjetivamente quando você compõe? Até que ponto você utiliza a teoria?
Geralmente – às vezes, a melodia vem – aparece digamos com 60% pronto e o resto é super difícil. O resto é um trabalho de esmero, assiduidade, mas é assim que funciona.
6) Conte-nos a respeito do HyperBass. Se alguém quiser adquiri-lo, a Zon fabricaria um idêntico com toda a engenharia ou bem mais?
É. Você pode comprar um igual ao meu, mas é muito caro. (risos) Fico feliz que... eu não teria tido condições de comprar. Não poderia ter comprado um, por isso fiquei feliz em comprar com desconto. Mas ele também faz versões mais simples da mesma coisa. Há alguns aspectos – você sabe que não precisa, nem todo mundo precisa de todos os aspectos. Certas coisas são super específicas. Acho que os afinadores fazem parte até das versões mais simples. Acho que até o mais simples possui quatro afinadores Hipshot. O mais complicado é o circuito ativo e os captadores piezo no corpo. Para ter isso, você tem que pagar muito caro.
7) Levando-se em consideração que você possui diversos instrumentos, quais baixos você usa mais hoje em dia? Por que a pouca utilização do Larriveé electric acoustic?
Ah, eu amo o Larriveé. Eu só não o uso mais porque, por razões logísticas, porque é difícil levar no avião e para amplificar também. Essa é a única razão. Mas é um instrumento que adoro. Para feedback é demais. Gostaria de usá-lo com mais freqüência, mas é difícil de carregar. Os que mais uso são o HyperBass, o menor fretted, chamado Vinnie, e o nome do terceiro é Junior. Trouxe esses três comigo.
8.) Você é um apaixonado por compor, tocar e projetar instrumentos (tal qual Anthony Jackson). Li certa ocasião na Bass Player que você estaria projetando uma versão do HyperBass com dois braços de seis cordas (um com traste e outro sem), além de estar experimentando o P.M.L. (Paroutaud Music Laboratories Infinite Sustain 5 strings prototype). Poderia nos dizer se o double six string, está pronto e descrever o P.M.L.?
O melhor de tocar baixo é isso, sabe, é um instrumento novo, há tanta coisa para se fazer... estar apenas começando a encontrar uma voz. Então, há muito ainda para se experimentar e tentar, você tenta um caminho e talvez chegue a algum lugar, talvez a nenhum, mas (quando encontra) é um lugar interessante. É muito legal tocar baixo por causa de todas essas novas idéias e experimentos. A gente acabou de falar do double neck bass, baixo com dois braços, que não está ainda terminado. É um projeto muito difícil, super, super elaborado. Mais elaborado que o HyperBass. Os cavaletes estão feitos. Os braços também. As tarraxas também. Mas o corpo e a parte eletrônica ainda não. Então, está quase pronto. O Paroutaud Music Laboratories, PML Bass e outra idéia super interessante. Foi inventado por um homem chamado Fred Paroutaud. Ele pegou um baixo de cinco cordas e construiu um sistema de sustentação para o instrumento. Cinco cordas, no chão há cinco botões ou interruptores, um para cada corda e um pedal, assim você pode decidir que corda quer sustentar e usar o pedal para fazê-lo e ainda conseguir grande controle. Você pode controlar todos os harmônicos que quiser colocar. É um protótipo maravilhoso. Uma tecnologia incrível.
9) Como chegou a conclusão sobre as cordas piccolo?
Ah, sim. Boa pergunta. Foi porque eu estava interessado em afinações abertas e fiquei experimentando com as cordas regulares, encontrei muitas, muitas afinações. No meu baixo regular, 4.096 afinações. Mas eu falei, “Isso não é o bastante – eu preciso de mais”. Aí, me dei conta de que se eu tivesse cordas diferentes, teria mais afinações. O HyperBass tem 10.736 (risos). E isso é quase o bastante. Agora eu tenho o baixo de dez cordas e não sei quantas afinações tem. Ainda estou contando.(risos)
10) Qual fator torna-se importante quando da escolha de uma afinação alternativa? Quando a música já está como você escolhe a afinação de cada corda?
Na maior parte das vezes, de forma super intuitiva, sem pensar muito. Às vezes, eu penso primeiro, mas raramente. Geralmente, só em afinar as cordas, quando ouço o som e penso, “o que isso quer dizer?” O que esse som quer dizer e quais são as coisas que você quer expressar.
11) Qual é a mais usada por você?
Ah... algumas eu uso o tempo todo. A afinação padrão é ótima. Maravilhosa, acreditem! Mas também a C, G, D e A. E uma que uso muito em transposições diferentes, B, F#, B e C#. E também outras versões, C, G, D, G e outra D, A, D e A. C, F, Ab e Bb essa eu uso à beça. (nota: as afinações estão da corda grave para as agudas)
12) Qual é o seu setup atual para shows?
Não é o caso desta vinda ao Brasil mas depende, como falamos antes, das companhias aéreas. Um Digitech RP12 é a principal coisa que trago. Isso, três baixos, um tuner (afinador eletrônico) e três EBows.
13) Além de seu aclamado vídeo workshop e do Bass Day 98 (onde apresenta três temas) você possui mais dois, pouco divulgados, que são, respectivamente, o Thonk (com quatro temas) e um de Jamming. Como são estes vídeos?
O Thonk , explora.... é..., é para esse álbum e é sobre peças solos Monkey Business Man, My Three Moons, Adhan e The Enormous Room. É sobre como tocar essas peças. Apenas peças solo, como tocá-las. E o outro. Não lembro como se chama. Jamming, eu acho, algo assim e é exatamente isso. Apenas jamming. Tocamos algumas músicas do Miles Davis, Spirits in the Material World (The Police) e uma música do Bill Evans, eu acho. Só improvisação. Eu acho que tem um pouco de entrevistas, e música a maior parte do tempo. É super informal, não tinha sequer conhecido os músicos antes. Uma autêntica jam session.
14) De onde veio a idéia de usar o EBow? (dispositivo eletrônico usado para ativar as cordas do instrumento através de um eletro-ímã alimentado por uma bateria de 9v. isto proporciona um sustain infinito)
Ah, sabe, porque o som do baixo é sempre o mesmo, sempre kong e eu queria poder fazer sons diferentes com o baixo, como um instrumento de sopro, um oboé, ou como uma clarineta ou um saxofone, e com o EBow, você tem controle sobre a forma do som. É maravilhoso.
Você viu outros usarem?
É, e provavelmente é mais conhecido nos Estados Unidos do que aqui. Por alguma razão, quase todos nos Estados Unidos já ouviram, a maioria, músicos, mas poucas pessoas usam. As pessoas achavam que não se podia usar no baixo, mas eu não sabia disso. Minha ignorância me beneficiou.
15) Como Michael Manring trabalha os processadores de efeito?
Nos dois primeiros álbuns, eu tentei apenas aprender a tocar o baixo (risos). Depois achei que talvez já estivesse bom o bastante para tentar outras coisas.
16) Você é um fã incondicional de Egberto Gismonti. Conhece mais sobre música brasileira?
Ah, claro! Airto e Flora e Hermeto Paschoal, Villa Lobos, é lógico, e Jobim, Milton Nascimento, Dori Caymmi e música brasileira em geral...
17) Sem querer polemizar, como pode alguém ser tão eclético quanto você a ponto de gostar de Chopin à Sepultura, passando por Miles Davis, Nine Inch Nails e Alban Berg?
Porque a vida é isso. A vida é assim, eclética. Você acorda um dia e está zangado, algo acontece com você e você fica zangado. E depois acorda outro dia e está apaixonado, ou carinhoso, ou intelectual, ou muito emocional. Essa é a vida. A vida é isso tudo. Se eu não fosse influenciado por todas essas coisas, estaria mentindo. Seria uma fraude.
18) Quais são as possíveis ligações entre sua arte e você mesmo, com física, astronomia, ufologia e ciências ocultas?
Puxa, acho que, devo dizer de novo que, todas essas coisas são parte da vida. Como os gregos dizem, a vida que não é examinada não vale a pena ser vivida. Se você não pensa sobre a vida, então, ela não terá muito significado, e todas as coisas que você mencionou são formas de pensar sobre a vida e música é uma maneira de... Ser música! É como a ponte entre todas essas coisas. Assim, aproxima todas essas idéias, filosofia e física e também porque para tocar bem você precisa entender filosofia e física e religião. Todas essas coisas.
19) você tem alguma preferência em apresentações solo ou com banda?
Bom, não é preferência na verdade. Gosto de tocar sozinho porque é diferente. É algo que não se faz muito. Então, torna-se um pouco especial, mas não posso dizer que tenho uma preferência de verdade.
20) Vamos falar um pouco do Michael baixista. Quanto às suas origens no contrabaixo, você disse, certa ocasião, que não passa um dia sequer sem pensar em como Jaco tocava. Jaco, Michael Hedges... Quais são suas influências?
Especificamente com relação a melodia?
Sim.
Tantas coisas me influenciaram. A forma de falar é uma grande influência. Acho que a fala é muito importante para a melodia. Acredito que a melodia é à parte da música que mais se assemelha à fala e as inflexões que usamos são muito importantes com relação à melodia. Assim, certamente, a fala de modo geral. Outros músicos, quer dizer, qualquer um que toque melodia bem, seja Wayne Shorter ou James Taylor, qualquer um que seja bom em melodia é sempre bom ouvir e acaba me influenciando.
21) Tapping no fretless, qual é o the real thing? Para você, existe a nota perfeita?
Devo dizer de novo que minha ignorância acabou me beneficiando. Porque quando comecei com o tapping no baixo sem traste, nunca imaginei como seria difícil. A entonação é muito importante e não sei se posso dar muitas dicas. Descobri que tinha que aprender entonação para tapping de forma diferente do que para pizzicato. Assim, para entonação, eu literalmente toco em um lugar diferente quando toco tapping do que quando toco pizzicato. É muito difícil. Por isso eu tento usar tapping no baixo sem traste só quando acho que não vai ficar muito ruim e dá para fazer.
22) Sua maneira particular de frasear durante os improvisos está constituída em cima das particularidades de seus instrumentos e das afinações alternativas?
Obrigado por achar minha maneira de frasear original! Respondendo a sua pergunta, acho que por causa de ambas as coisas. Acho que... Eu procuro... Eu tenho uma intuição sobre como cada instrumento quer ser tocado – como se tivesse uma personalidade. Assim, quando toco um instrumento, imagino o que ele iria querer que eu fizesse. Tento ouvir e tocar dessa forma. Na maior parte das vezes, vem do instrumento e é a mesma coisa com as afinações. Ouço uma afinação, penso no que ela quer dizer e procuro encontrar as respostas.
23) Sua exploração matemática dos harmônicos expande as fronteiras do contrabaixo elétrico. Tem algum objetivo específico em mente?
Os harmônicos são ótimos para se estudar matematicamente porque se comportam matematicamente. Nem tudo em música é bom para se estudar assim. Os harmônicos são! Isso é muito bom porque a matemática é um instrumento maravilhoso de estudo. Não sei se isso responde a sua pergunta.
Você tem algum objetivo específico em mente?
Eu quero entender. E quero saber com o baixo, quero saber quais são todas as possibilidades. Estou interessado em descobrir todas as possibilidades.
24) Explique essa interação de técnicas (slap, tapping, pizzicato...), dispositivos técnicos (EBow) e dispositivos estilísticos (hammer, strum, pluck) especificamente com o baixo sem traste.
Gosto de imaginar que todas essas coisas são as mesmas. Não gosto de pensar teoricamente, acho que é mais fácil quando não penso: “agora eu vou tocar pizzicato, agora eu vou usar o tapping, agora eu vou usar o slap...”. Porque assim vou ter que mudar de opinião o tempo todo. Gosto de imaginar que é tudo a mesma coisa, não sei se isso vai ajudar, mas torna tudo mais fácil para mim. Assim não tenho que pensar muito.
25) Em um bass workshop da Bass Player, você disserta sobre o baixo acompanhar (comping) a música executando acordes. Teria algo a acrescentar sobre aquelas conclusões?
Há tanto mais que poderia ser dito. Há muito a se dizer sobre a construção de acordes, suas posições, o que funciona e quais os tipos, sobre sucessão de notas nos acordes, sobre mudar de um acorde a outro. Há muito a ser dito.
26) Sei que você não tem muito tempo para estudar, mas nestas raras horas diárias o que mais te interessa: composição/arranjo, técnica, transcrições, improviso?
Ultimamente, eu me concentro mais em respiração e postura e coisas simples. E também em música serial e música indiana. Ainda estudo jazz, e algum dia a música brasileira. Um dia, ainda aprendo a tocar samba.
27) Você acompanha o trabalho de outros baixistas fretless, tais como o Mick Karn, Percy Jones, Mark Egan, Steve Bailey, Gary Willis...
Ah, sim. Muitos deles são meus amigos. Claro que sim.
28) Faça uma visão geral de seus cinco discos solo.
Em Unusual Weather, eu estava completamente absorvido em tentar aprender a como fazer um disco. Toward the Center of the Night, eu mesmo me produzi e tinha responsabilidades demais. Mas ambos foram boas experiências. Gostei dos dois, mas Drastic Measures também. O Steve Rodby (contrabaixista de Pat Metheny e produtor de Drastic Measures) foi ótimo e na verdade fez... Transformou isso em um disco. Finalizei Drastic Measures por causa do Steve Rodby. E Thonk foi divertido. Foi muito divertido porque consegui tocar o HyperBass, usando um amplificador Marshall, e me diverti muito. Foi tudo muito bobo. Esse aqui (o mais recente The Book of Flame gravado após a morte de seu melhor amigo o guitarrista new age Michael Hedges) é na verdade... Somente eu tentando entender várias coisas. Estou tentando achar uma boa palavra.
Pessoal?
É, pessoal, muito obrigado. Trabalhei quase que sozinho. E lutei com várias idéias. Idéias filosóficas.
29) Algum pensamento final?
Obrigado a todos. Obrigado por me dar a oportunidade de falar sobre música e boa sorte.
Texto por Jorge Pescara
Em 1979, Michael iniciou sua longa colaboração com o compositor/guitarrista, Michael Hedges, e subseqüentemente em sete discos de Hedges, incluindo o álbum Oracle de 1995 vencedor do Grammy. Em 1982, Manring tornou-se baixista principal da gravadora Windham Hill Records. Isto levou-o a assinar um contrato com a gravadora Windham Hill em 1984 para lançar seu primeiro CD solo mudando-se para San Francisco Bay Area onde atualmente grava para o selo Alchemy record label. Ele tem cinco álbuns solo lançados tanto quanto centenas de gravações como session musician. Michael tem excursionando através da América do Norte, Sul, Europa e Japão como líder, sideman, e artista solo. Ganhou dois discos de ouro, recebeu nomeação para os prêmios Grammy e Bammie awards, recebeu da Berklee School of Music o prêmio de Distinguished Alumni Award e em 1994 os leitores da Bass Player magazine elegeram-no como o “Bassist of the Year”. Tem sido aclamado como “o contrabaixista com a técnica mais inventiva e moderna (Musician magazine)”, “um virtuose do baixo elétrico que simplesmente redefiniu os limites do instrumento (San Jose Mercury News)”, e “um mestre do fretless bass sem rivais” (Guitar Club).
Em uma típica semana, Michael pode ser encontrado fazendo qualquer coisa, desde uma tour internacional com a tecladista New Age Suzanne Ciani até um improvisado-radical gig em clubes com o guitarrista inovador Henry Kaiser, ou um folk festival com o celebrado trovador John Gorka, ou ainda, gravando com o experimental trio post-metal, Attention Deficit com Tim Alexander (Primus) e Alex Skolnick (Testament).
Diante das concepções de seu mentor, Jaco Pastorius, Michael desenvolveu um caminho inteiramente novo para o instrumento que inclui afinações inortodoxas, técnicas e metodologias particulares. Michael tem depositado suas habilidades em centenas de gravações como um session musician e em centenas de concertos pelo mundo. Uma das mais renomadas e intimidantes colaborações musicais foi com Michael Hedges, que instantaneamente listou Manring como seu parceiro musical quando ouviu seu primeiro CD solo, época em que Manring ainda era adolescente. A trágica morte de Hedges em 1997 encerrou uma extraordinária aliança musical e uma verdadeira amizade.
Os primeiros três trabalhos de Michael para a Windham Hill, Unusual Weather, Toward the Center of the Night, e Drastic Measures demonstraram sua maestria como solista, tanto quanto sua dádiva como compositor. Aclamado pela crítica, seu quarto trabalho Thonk (High Street/BMG) apresenta o baterista Herb (Primus), e os guitarristas Steve Morse e Alex Skolnick. A palavra Thonk significa um staccato e percussivo ornamento musical usado na música clássica da Índia.
Seu mais recente CD, The Book of Flame, contém o chamado instrumental progressivo. Nele atravessa as fronteiras do jazz, rock, trip-hop, e ambient enquanto mantém um único foco pessoal reconhecido pelos fãs ao redor do globo. The Book of Flame é o melhor exemplo da extraordinária criatividade de Michael Manring. Enquanto os discos solo de contrabaixista tendem à ser entediantes por terem a reputação de serem fracos musicalmente agradando estritamente os fãs hard-core, os disco de Michael tem consistentemente agradado seus ouvintes com a acessibilidade e profundidade das composições. Ele pode extrair uma estonteante variedade de sons do baixo.
Michael é amplamente respeitado como clinician (por seus workshops) e educador contribuindo regularmente para muitas revistas especializadas. Possui, também, um livro de transcrições na Hal Leonard.
Michael tem atraído a atenção da crítica com sua estonteante técnica: performances ao vivo podem incluir o toque de três baixos ao mesmo tempo (usando tapping) ou seu versão de Purple Haze em seu state-of-the-art fretless bass interpretação. Freqüentemente ele mantém uma agitada agenda de sessões de gravação, clinicas e concertos como solista, sideman e com o punk-jazz trio underground de Seattle Sadhappy. Ele também é foco central de um recente documentário da PBS, The Artist’s Profile: Michael Manring.
1) Qual foi sua formação musical geral? Você estudou composição, arranjo ou orquestração?
Minha educação formal foi muito breve. Além de estudar com Jaco, estudei na Berklee College of Music por um período muito curto de tempo, mas leio bastante por conta própria quando estou viajando.
Você fala sobre serialismo em sua home page...
É verdade. Eu estudo esse tipo de música porque me interessa, mas não tento compor dentro de um estilo estrito como Schöenberg ou qualquer outro.
2) Em suas composições transparece o domínio do contraponto onde ao invés de melodia acompanhada você utiliza várias melodias, contra, inter e até infra-melodias dispostas e divididas entre os instrumentos. Esta análise está correta? E se estiver, como você trabalha esta visão erudito/popular?
Espero que sua análise esteja correta. Estudei tudo isso por conta própria, contraponto e outras técnicas musicais. E tento incorporar tudo que amo na música que faço.
3) Outra questão que se apresenta é a “quase orquestração de seus arranjos”, onde uma instrumentação inusual ou diferenciada é priorizada. Seria isto tudo uma intenção declarada à algum estilo específico? Algum compositor erudito te levou a isto?
Muitos músicos me influenciaram (risos) Ah! E eu estudei vários tipos diferentes de músicas, de Bach à Mozart, Beethoven, Schöenberg, Bartók, (Josef) Zawinul, (Wayne) Shorter, Miles Davis, Egberto Gismonte, Hermeto Paschoal e Morton Feldman, você conhece ele? Um compositor contemporâneo brilhante. Harry Partch – outro músico brilhante que inventou sua própria teoria musical e inventa seus próprios instrumentos. Eu tento utilizar todas essas idéias, misturando-as de alguma forma.
4) Existe uma forma definida de compor um tema? Por exemplo, você compõe primeiro uma melodia, um groove de baixo ou algo assim?
Não existe nenhum sistema. Gosto de compor a partir de diferentes pontos de vista. Às vezes, eu componho no piano, geralmente, no baixo, e às vezes, sem instrumento algum, compondo só na minha mente, e algumas peças componho até dormindo (risos). Acordo e escrevo. Geralmente, são horríveis.
5) O arranjo de cada composição é pensado teoricamente após o término da melodia ou subjetivamente quando você compõe? Até que ponto você utiliza a teoria?
Geralmente – às vezes, a melodia vem – aparece digamos com 60% pronto e o resto é super difícil. O resto é um trabalho de esmero, assiduidade, mas é assim que funciona.
6) Conte-nos a respeito do HyperBass. Se alguém quiser adquiri-lo, a Zon fabricaria um idêntico com toda a engenharia ou bem mais?
É. Você pode comprar um igual ao meu, mas é muito caro. (risos) Fico feliz que... eu não teria tido condições de comprar. Não poderia ter comprado um, por isso fiquei feliz em comprar com desconto. Mas ele também faz versões mais simples da mesma coisa. Há alguns aspectos – você sabe que não precisa, nem todo mundo precisa de todos os aspectos. Certas coisas são super específicas. Acho que os afinadores fazem parte até das versões mais simples. Acho que até o mais simples possui quatro afinadores Hipshot. O mais complicado é o circuito ativo e os captadores piezo no corpo. Para ter isso, você tem que pagar muito caro.
7) Levando-se em consideração que você possui diversos instrumentos, quais baixos você usa mais hoje em dia? Por que a pouca utilização do Larriveé electric acoustic?
Ah, eu amo o Larriveé. Eu só não o uso mais porque, por razões logísticas, porque é difícil levar no avião e para amplificar também. Essa é a única razão. Mas é um instrumento que adoro. Para feedback é demais. Gostaria de usá-lo com mais freqüência, mas é difícil de carregar. Os que mais uso são o HyperBass, o menor fretted, chamado Vinnie, e o nome do terceiro é Junior. Trouxe esses três comigo.
8.) Você é um apaixonado por compor, tocar e projetar instrumentos (tal qual Anthony Jackson). Li certa ocasião na Bass Player que você estaria projetando uma versão do HyperBass com dois braços de seis cordas (um com traste e outro sem), além de estar experimentando o P.M.L. (Paroutaud Music Laboratories Infinite Sustain 5 strings prototype). Poderia nos dizer se o double six string, está pronto e descrever o P.M.L.?
O melhor de tocar baixo é isso, sabe, é um instrumento novo, há tanta coisa para se fazer... estar apenas começando a encontrar uma voz. Então, há muito ainda para se experimentar e tentar, você tenta um caminho e talvez chegue a algum lugar, talvez a nenhum, mas (quando encontra) é um lugar interessante. É muito legal tocar baixo por causa de todas essas novas idéias e experimentos. A gente acabou de falar do double neck bass, baixo com dois braços, que não está ainda terminado. É um projeto muito difícil, super, super elaborado. Mais elaborado que o HyperBass. Os cavaletes estão feitos. Os braços também. As tarraxas também. Mas o corpo e a parte eletrônica ainda não. Então, está quase pronto. O Paroutaud Music Laboratories, PML Bass e outra idéia super interessante. Foi inventado por um homem chamado Fred Paroutaud. Ele pegou um baixo de cinco cordas e construiu um sistema de sustentação para o instrumento. Cinco cordas, no chão há cinco botões ou interruptores, um para cada corda e um pedal, assim você pode decidir que corda quer sustentar e usar o pedal para fazê-lo e ainda conseguir grande controle. Você pode controlar todos os harmônicos que quiser colocar. É um protótipo maravilhoso. Uma tecnologia incrível.
9) Como chegou a conclusão sobre as cordas piccolo?
Ah, sim. Boa pergunta. Foi porque eu estava interessado em afinações abertas e fiquei experimentando com as cordas regulares, encontrei muitas, muitas afinações. No meu baixo regular, 4.096 afinações. Mas eu falei, “Isso não é o bastante – eu preciso de mais”. Aí, me dei conta de que se eu tivesse cordas diferentes, teria mais afinações. O HyperBass tem 10.736 (risos). E isso é quase o bastante. Agora eu tenho o baixo de dez cordas e não sei quantas afinações tem. Ainda estou contando.(risos)
10) Qual fator torna-se importante quando da escolha de uma afinação alternativa? Quando a música já está como você escolhe a afinação de cada corda?
Na maior parte das vezes, de forma super intuitiva, sem pensar muito. Às vezes, eu penso primeiro, mas raramente. Geralmente, só em afinar as cordas, quando ouço o som e penso, “o que isso quer dizer?” O que esse som quer dizer e quais são as coisas que você quer expressar.
11) Qual é a mais usada por você?
Ah... algumas eu uso o tempo todo. A afinação padrão é ótima. Maravilhosa, acreditem! Mas também a C, G, D e A. E uma que uso muito em transposições diferentes, B, F#, B e C#. E também outras versões, C, G, D, G e outra D, A, D e A. C, F, Ab e Bb essa eu uso à beça. (nota: as afinações estão da corda grave para as agudas)
12) Qual é o seu setup atual para shows?
Não é o caso desta vinda ao Brasil mas depende, como falamos antes, das companhias aéreas. Um Digitech RP12 é a principal coisa que trago. Isso, três baixos, um tuner (afinador eletrônico) e três EBows.
13) Além de seu aclamado vídeo workshop e do Bass Day 98 (onde apresenta três temas) você possui mais dois, pouco divulgados, que são, respectivamente, o Thonk (com quatro temas) e um de Jamming. Como são estes vídeos?
O Thonk , explora.... é..., é para esse álbum e é sobre peças solos Monkey Business Man, My Three Moons, Adhan e The Enormous Room. É sobre como tocar essas peças. Apenas peças solo, como tocá-las. E o outro. Não lembro como se chama. Jamming, eu acho, algo assim e é exatamente isso. Apenas jamming. Tocamos algumas músicas do Miles Davis, Spirits in the Material World (The Police) e uma música do Bill Evans, eu acho. Só improvisação. Eu acho que tem um pouco de entrevistas, e música a maior parte do tempo. É super informal, não tinha sequer conhecido os músicos antes. Uma autêntica jam session.
14) De onde veio a idéia de usar o EBow? (dispositivo eletrônico usado para ativar as cordas do instrumento através de um eletro-ímã alimentado por uma bateria de 9v. isto proporciona um sustain infinito)
Ah, sabe, porque o som do baixo é sempre o mesmo, sempre kong e eu queria poder fazer sons diferentes com o baixo, como um instrumento de sopro, um oboé, ou como uma clarineta ou um saxofone, e com o EBow, você tem controle sobre a forma do som. É maravilhoso.
Você viu outros usarem?
É, e provavelmente é mais conhecido nos Estados Unidos do que aqui. Por alguma razão, quase todos nos Estados Unidos já ouviram, a maioria, músicos, mas poucas pessoas usam. As pessoas achavam que não se podia usar no baixo, mas eu não sabia disso. Minha ignorância me beneficiou.
15) Como Michael Manring trabalha os processadores de efeito?
Nos dois primeiros álbuns, eu tentei apenas aprender a tocar o baixo (risos). Depois achei que talvez já estivesse bom o bastante para tentar outras coisas.
16) Você é um fã incondicional de Egberto Gismonti. Conhece mais sobre música brasileira?
Ah, claro! Airto e Flora e Hermeto Paschoal, Villa Lobos, é lógico, e Jobim, Milton Nascimento, Dori Caymmi e música brasileira em geral...
17) Sem querer polemizar, como pode alguém ser tão eclético quanto você a ponto de gostar de Chopin à Sepultura, passando por Miles Davis, Nine Inch Nails e Alban Berg?
Porque a vida é isso. A vida é assim, eclética. Você acorda um dia e está zangado, algo acontece com você e você fica zangado. E depois acorda outro dia e está apaixonado, ou carinhoso, ou intelectual, ou muito emocional. Essa é a vida. A vida é isso tudo. Se eu não fosse influenciado por todas essas coisas, estaria mentindo. Seria uma fraude.
18) Quais são as possíveis ligações entre sua arte e você mesmo, com física, astronomia, ufologia e ciências ocultas?
Puxa, acho que, devo dizer de novo que, todas essas coisas são parte da vida. Como os gregos dizem, a vida que não é examinada não vale a pena ser vivida. Se você não pensa sobre a vida, então, ela não terá muito significado, e todas as coisas que você mencionou são formas de pensar sobre a vida e música é uma maneira de... Ser música! É como a ponte entre todas essas coisas. Assim, aproxima todas essas idéias, filosofia e física e também porque para tocar bem você precisa entender filosofia e física e religião. Todas essas coisas.
19) você tem alguma preferência em apresentações solo ou com banda?
Bom, não é preferência na verdade. Gosto de tocar sozinho porque é diferente. É algo que não se faz muito. Então, torna-se um pouco especial, mas não posso dizer que tenho uma preferência de verdade.
20) Vamos falar um pouco do Michael baixista. Quanto às suas origens no contrabaixo, você disse, certa ocasião, que não passa um dia sequer sem pensar em como Jaco tocava. Jaco, Michael Hedges... Quais são suas influências?
Especificamente com relação a melodia?
Sim.
Tantas coisas me influenciaram. A forma de falar é uma grande influência. Acho que a fala é muito importante para a melodia. Acredito que a melodia é à parte da música que mais se assemelha à fala e as inflexões que usamos são muito importantes com relação à melodia. Assim, certamente, a fala de modo geral. Outros músicos, quer dizer, qualquer um que toque melodia bem, seja Wayne Shorter ou James Taylor, qualquer um que seja bom em melodia é sempre bom ouvir e acaba me influenciando.
21) Tapping no fretless, qual é o the real thing? Para você, existe a nota perfeita?
Devo dizer de novo que minha ignorância acabou me beneficiando. Porque quando comecei com o tapping no baixo sem traste, nunca imaginei como seria difícil. A entonação é muito importante e não sei se posso dar muitas dicas. Descobri que tinha que aprender entonação para tapping de forma diferente do que para pizzicato. Assim, para entonação, eu literalmente toco em um lugar diferente quando toco tapping do que quando toco pizzicato. É muito difícil. Por isso eu tento usar tapping no baixo sem traste só quando acho que não vai ficar muito ruim e dá para fazer.
22) Sua maneira particular de frasear durante os improvisos está constituída em cima das particularidades de seus instrumentos e das afinações alternativas?
Obrigado por achar minha maneira de frasear original! Respondendo a sua pergunta, acho que por causa de ambas as coisas. Acho que... Eu procuro... Eu tenho uma intuição sobre como cada instrumento quer ser tocado – como se tivesse uma personalidade. Assim, quando toco um instrumento, imagino o que ele iria querer que eu fizesse. Tento ouvir e tocar dessa forma. Na maior parte das vezes, vem do instrumento e é a mesma coisa com as afinações. Ouço uma afinação, penso no que ela quer dizer e procuro encontrar as respostas.
23) Sua exploração matemática dos harmônicos expande as fronteiras do contrabaixo elétrico. Tem algum objetivo específico em mente?
Os harmônicos são ótimos para se estudar matematicamente porque se comportam matematicamente. Nem tudo em música é bom para se estudar assim. Os harmônicos são! Isso é muito bom porque a matemática é um instrumento maravilhoso de estudo. Não sei se isso responde a sua pergunta.
Você tem algum objetivo específico em mente?
Eu quero entender. E quero saber com o baixo, quero saber quais são todas as possibilidades. Estou interessado em descobrir todas as possibilidades.
24) Explique essa interação de técnicas (slap, tapping, pizzicato...), dispositivos técnicos (EBow) e dispositivos estilísticos (hammer, strum, pluck) especificamente com o baixo sem traste.
Gosto de imaginar que todas essas coisas são as mesmas. Não gosto de pensar teoricamente, acho que é mais fácil quando não penso: “agora eu vou tocar pizzicato, agora eu vou usar o tapping, agora eu vou usar o slap...”. Porque assim vou ter que mudar de opinião o tempo todo. Gosto de imaginar que é tudo a mesma coisa, não sei se isso vai ajudar, mas torna tudo mais fácil para mim. Assim não tenho que pensar muito.
25) Em um bass workshop da Bass Player, você disserta sobre o baixo acompanhar (comping) a música executando acordes. Teria algo a acrescentar sobre aquelas conclusões?
Há tanto mais que poderia ser dito. Há muito a se dizer sobre a construção de acordes, suas posições, o que funciona e quais os tipos, sobre sucessão de notas nos acordes, sobre mudar de um acorde a outro. Há muito a ser dito.
26) Sei que você não tem muito tempo para estudar, mas nestas raras horas diárias o que mais te interessa: composição/arranjo, técnica, transcrições, improviso?
Ultimamente, eu me concentro mais em respiração e postura e coisas simples. E também em música serial e música indiana. Ainda estudo jazz, e algum dia a música brasileira. Um dia, ainda aprendo a tocar samba.
27) Você acompanha o trabalho de outros baixistas fretless, tais como o Mick Karn, Percy Jones, Mark Egan, Steve Bailey, Gary Willis...
Ah, sim. Muitos deles são meus amigos. Claro que sim.
28) Faça uma visão geral de seus cinco discos solo.
Em Unusual Weather, eu estava completamente absorvido em tentar aprender a como fazer um disco. Toward the Center of the Night, eu mesmo me produzi e tinha responsabilidades demais. Mas ambos foram boas experiências. Gostei dos dois, mas Drastic Measures também. O Steve Rodby (contrabaixista de Pat Metheny e produtor de Drastic Measures) foi ótimo e na verdade fez... Transformou isso em um disco. Finalizei Drastic Measures por causa do Steve Rodby. E Thonk foi divertido. Foi muito divertido porque consegui tocar o HyperBass, usando um amplificador Marshall, e me diverti muito. Foi tudo muito bobo. Esse aqui (o mais recente The Book of Flame gravado após a morte de seu melhor amigo o guitarrista new age Michael Hedges) é na verdade... Somente eu tentando entender várias coisas. Estou tentando achar uma boa palavra.
Pessoal?
É, pessoal, muito obrigado. Trabalhei quase que sozinho. E lutei com várias idéias. Idéias filosóficas.
29) Algum pensamento final?
Obrigado a todos. Obrigado por me dar a oportunidade de falar sobre música e boa sorte.
Texto por Jorge Pescara
____________________________
Finou? Tá bão. O resto é dedo - CT. Colela.
Se traste fosse bom não tinha este nome - Cláudio Cuoco.
Tocar fretless é uma arte. Desafinar faz parte - Márcio Azzarini.
Quando o mundo da música muda, os muros da cidade tremem - Platão.
Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6557
Localização : Brasil
Re: Michael Manring
Quanto mais eu acesso o Fórum, mais eu me surpreendo. Valeu pela contribuição
____________________________
Bruno A. L. Veloso - msn: brunoalveloso@hotmail.com - TWITTER @brunoalveloso - Clube dos baixista da Bahia, meu rei!!! # 001 / Clube Cort #58 / Clube dos amantes só das 4 cordas #42
Bruno A. L. Veloso- Membro
- Mensagens : 748
Localização : Feira de Santana- Bahia
Re: Michael Manring
Gente fina pra caramba... Gravamos juntos ..
toca um fretless da ZON maravilhoso...
Manring é um ser humano fantástico !
toca um fretless da ZON maravilhoso...
Manring é um ser humano fantástico !
Ney Neto- Membro
- Mensagens : 256
Localização : São Paulo
Re: Michael Manring
Mandem a pá de ouro. kkkkkkkkkk
Essa semana o Manring lançou um disco novo (Small Moments). Está disponível nas plataformas digitais.
Como sou muito fã do som dele, há 3 dias ouvindo direto.
Essa semana o Manring lançou um disco novo (Small Moments). Está disponível nas plataformas digitais.
Como sou muito fã do som dele, há 3 dias ouvindo direto.
Re: Michael Manring
Fiquei curioso em saber que bruxaria é essa.
Valeu pessoal
Lembrei dessa música de um guitarrista daqui de Sampa que tem algo parecido (esse lance de voltar a afinação com a música em curso e tal...)
Valeu pessoal
Lembrei dessa música de um guitarrista daqui de Sampa que tem algo parecido (esse lance de voltar a afinação com a música em curso e tal...)
Última edição por Henri-Q em Dom maio 03, 2020 8:04 pm, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : inserir vídeo do Sydnei Carvalho)
Convidado- Convidado
Re: Michael Manring
O baixo do Manring tem duplo sistema de afinação ? convencional por tarraxa e headles , é isso ?
Última edição por Cantão em Dom maio 03, 2020 8:12 pm, editado 1 vez(es)
Cantão- Moderador
- Mensagens : 21966
Localização : Bauru
Re: Michael Manring
Acho que é similar a uma floyd rose... tarracha e ajuste fino em baixo, mas sem trava no nut e com um dispositivo para voltar a afinação
Convidado- Convidado
Re: Michael Manring
Muito loko né...o cara manja muito.Henri-Q escreveu:Acho que é similar a uma floyd rose... tarracha e ajuste fino em baixo, mas sem trava no nut e com um dispositivo para voltar a afinação
Cantão- Moderador
- Mensagens : 21966
Localização : Bauru
Re: Michael Manring
^
Demais! Adorei o som.
Quanto a isso que eu disse é chutão. Pode ser que venha algum iluminado e traga luz a essa questão de como funciona o bass dele.
Demais! Adorei o som.
Quanto a isso que eu disse é chutão. Pode ser que venha algum iluminado e traga luz a essa questão de como funciona o bass dele.
Convidado- Convidado
Re: Michael Manring
Cantão escreveu:O baixo do Manring tem duplo sistema de afinação ? convencional por tarraxa e headles , é isso ?
Eu acho que ele usa aquelas X-tenders, manja? Que você "solta" e "aperta" e baixa/sobe um tom.
Re: Michael Manring
Ele usa uma tarraxa x-tender em cada corda e ainda tem um sistema de afinação na parte de cima e na parte de baixo da ponte. Compos a música explorando esses mecanismos. Ele é genial!
Re: Michael Manring
Sim Edu , mas fora a mudança de tom com as X-Tenders tive a impressão que ele mexe nas Tarraxas também...Edu Fettermann escreveu:Cantão escreveu:O baixo do Manring tem duplo sistema de afinação ? convencional por tarraxa e headles , é isso ?
Eu acho que ele usa aquelas X-tenders, manja? Que você "solta" e "aperta" e baixa/sobe um tom.
Então , fora o efeito no tom com as X-Tender , ele mexe no tom também usando as tarraxas e a ponte headles , é isso ? Gênio mesmo Davi...Davi Motta escreveu:Ele usa uma tarraxa x-tender em cada corda e ainda tem um sistema de afinação na parte de cima e na parte de baixo da ponte. Compos a música explorando esses mecanismos. Ele é genial!
Cantão- Moderador
- Mensagens : 21966
Localização : Bauru
Re: Michael Manring
^Isso Cantão, mas ele não roda a borboleta, ele roda a tarraxa no seu eixo mesmo. Dá pra conferir melhor no 5:24 do vídeo abaixo. Sempre assisto essa Selene por esse vídeo. Em HD.
Re: Michael Manring
Álbum novo na área - Small Moments!!!
https://open.spotify.com/album/1IokJ08wjaLrAgmIXvqu7e?si=Ux61luCsTyWMT3VXh19gsQ
https://open.spotify.com/album/1IokJ08wjaLrAgmIXvqu7e?si=Ux61luCsTyWMT3VXh19gsQ
Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6557
Localização : Brasil
Re: Michael Manring
Esse cabra é um ET,ele inventa as afinações para facilitar a digitação,li uma entrevista em q ele afirmava q o baixo tem mais de 1000 afinações disponíveis,pra nós tocarmos Fretless já é uma batalha,pra ele é simples,realmente genial,um dos melhores discos dele na minha opinião,chama se Unusual Weather de 1986 se não me engano,época em q ele usava SWR
Nando Vasques- Membro
- Mensagens : 4753
Localização : USA
Tópicos semelhantes
» Michael Manring
» Você já falou mal de slap só porque não conseguia fazer?
» Seu baixista e o baixo dele
» Michael Manring Parody ...
» Em busca do timbre perfeito.
» Você já falou mal de slap só porque não conseguia fazer?
» Seu baixista e o baixo dele
» Michael Manring Parody ...
» Em busca do timbre perfeito.
:: Fórum Técnico :: Baixistas
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos