Madeiras - Parte I
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Zubrycky
Raissa
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Madeiras - Parte I
A madeira
Para quem não sabe a madeira propriamente dita é o xilema da árvore. Sim! Aposto como você ficou tentando decorar a diferença entre xilema e floema na escola. O xilema é o tecido que conduz água com sais minerais (“seiva bruta”) da raiz para o resto da planta e possui várias células mortas por conta da lignina (substância impermeabilizante). Mais especificamente a madeira é o xilema secundário, mas não cabem aqui aprofundamentos de anatomia vegetal.
Propriedades físicas
É importante saber, antes de comentar sobre o aspecto tonal, que nenhuma madeira “produz” timbres. Na verdade as madeiras são “filtradoras” de frequências. Existe uma série de fatores que influenciam no timbre, a madeira é só um deles.
Para a construção de contrabaixo e guitarras elétricos são seguidas algumas recomendações de propriedades físicas para resultar em uma construção de qualidade. Para as madeiras em geral, deve-se ter frequência entre 150 e 200Hz.
Para o corpo a madeira deve apresentar:
* baixa densidade (0,35 a 0,65 g/cm³) - para que o corpo não seja muito pesado e para que haja maior velocidade de propagação sonora, pois "quanto maior a densidade, menor a velocidade de propagação do som”.
* velocidade de propagação acima de 3400 m/s (geralmente entre 3456 a 5053 m/s) – para que a madeira dê uma resposta rápida para a captação das vibrações transmitidas ao captador?
* baixo decaimento logarítmico (0,023 a 0,027) – o decaimento logarítmico quando em baixo valor proporciona maior resposta acústica da madeira em termos de sustentabilidade do som.
Já para o braço recomenda-se:
* densidades entre 0,46 a 0,63 g/cm³
* velocidade de propagação 3456 a 5053 m/s.
* decaimento logarítmico próximo a 0,025 (médio/baixo na escala de 0,023 a 0,027)
* MOE entre 66 000 a 153 000 kgf/cm²
* dureza entre 343 a 817 kgf
Para a escala:
* densidade entre 0,57 a 1,02 g/cm³
* velocidade de propagação entre 3585 a 4374 m/s.
* MOE entre 88000 e 146000 kgf/cm²
* dureza entre 664 a 1377 kgf
* baixo decaimento logarítmico (0,023 a 0,027)
Obs.: MOE e dureza são grandezas utilizadas como parâmetros nos braços e escalas porque estão sujeitas a forças mecânicas e por isso é conveniente classificá-las quanto ao grau de elasticidade e compressão.
A escolha da madeira
A escolha da madeira é uma das atividades de um luthier que envolve mais experiência e “feeling”. É de suma importância ressaltar que a escolha da peça da madeira é mais importante do que o NOME da madeira. Uma peça inadequada de cedro pode ter um resultado pior do que uma madeira “menos nobre”, mas bem escolhida. Mas o que exatamente essa peça escolhida “tem”? Primordialmente as tábuas de madeiras utilizadas em luthieria têm corte em quartier (quarter sawn), também chamado de corte radial. Esse tipo de corte gera veios retos na madeira que proporcionam maior estabilidade e condução do som. Para o corpo este tipo de corte pode ser diferente, mas para o braço e escala que sofrem toda a pressão e peso da ação das cordas, é primordial. Outro fator é que a madeira deve estar bem seca. As madeiras que não estão completamente secas ainda possuem seiva e podem deformar e trincar, que é tudo que não queremos no nosso instrumento musical. A palavra “seca” em termos práticos para nós, leigos, é traduzida para “estabilidade”! Você pode detectar se uma madeira está seca ou não através da serragem e do pó quando ela é lixada. Quando a madeira está verde o pó é úmido e consegue se unir quando prensamos com o dedo. Quando a madeira está seca, isso não acontece. Um outro ponto é que a madeira não deve ter nós, além de geralmente ficar esteticamente feio, prejudica a transmissão das ondas de som.
As características tonais e estéticas das madeiras serão cenas do próximo capítulo!
Espero ter ajudado um pouco.
Para quem não sabe a madeira propriamente dita é o xilema da árvore. Sim! Aposto como você ficou tentando decorar a diferença entre xilema e floema na escola. O xilema é o tecido que conduz água com sais minerais (“seiva bruta”) da raiz para o resto da planta e possui várias células mortas por conta da lignina (substância impermeabilizante). Mais especificamente a madeira é o xilema secundário, mas não cabem aqui aprofundamentos de anatomia vegetal.
Propriedades físicas
É importante saber, antes de comentar sobre o aspecto tonal, que nenhuma madeira “produz” timbres. Na verdade as madeiras são “filtradoras” de frequências. Existe uma série de fatores que influenciam no timbre, a madeira é só um deles.
Para a construção de contrabaixo e guitarras elétricos são seguidas algumas recomendações de propriedades físicas para resultar em uma construção de qualidade. Para as madeiras em geral, deve-se ter frequência entre 150 e 200Hz.
Para o corpo a madeira deve apresentar:
* baixa densidade (0,35 a 0,65 g/cm³) - para que o corpo não seja muito pesado e para que haja maior velocidade de propagação sonora, pois "quanto maior a densidade, menor a velocidade de propagação do som”.
* velocidade de propagação acima de 3400 m/s (geralmente entre 3456 a 5053 m/s) – para que a madeira dê uma resposta rápida para a captação das vibrações transmitidas ao captador?
* baixo decaimento logarítmico (0,023 a 0,027) – o decaimento logarítmico quando em baixo valor proporciona maior resposta acústica da madeira em termos de sustentabilidade do som.
Já para o braço recomenda-se:
* densidades entre 0,46 a 0,63 g/cm³
* velocidade de propagação 3456 a 5053 m/s.
* decaimento logarítmico próximo a 0,025 (médio/baixo na escala de 0,023 a 0,027)
* MOE entre 66 000 a 153 000 kgf/cm²
* dureza entre 343 a 817 kgf
Para a escala:
* densidade entre 0,57 a 1,02 g/cm³
* velocidade de propagação entre 3585 a 4374 m/s.
* MOE entre 88000 e 146000 kgf/cm²
* dureza entre 664 a 1377 kgf
* baixo decaimento logarítmico (0,023 a 0,027)
Obs.: MOE e dureza são grandezas utilizadas como parâmetros nos braços e escalas porque estão sujeitas a forças mecânicas e por isso é conveniente classificá-las quanto ao grau de elasticidade e compressão.
A escolha da madeira
A escolha da madeira é uma das atividades de um luthier que envolve mais experiência e “feeling”. É de suma importância ressaltar que a escolha da peça da madeira é mais importante do que o NOME da madeira. Uma peça inadequada de cedro pode ter um resultado pior do que uma madeira “menos nobre”, mas bem escolhida. Mas o que exatamente essa peça escolhida “tem”? Primordialmente as tábuas de madeiras utilizadas em luthieria têm corte em quartier (quarter sawn), também chamado de corte radial. Esse tipo de corte gera veios retos na madeira que proporcionam maior estabilidade e condução do som. Para o corpo este tipo de corte pode ser diferente, mas para o braço e escala que sofrem toda a pressão e peso da ação das cordas, é primordial. Outro fator é que a madeira deve estar bem seca. As madeiras que não estão completamente secas ainda possuem seiva e podem deformar e trincar, que é tudo que não queremos no nosso instrumento musical. A palavra “seca” em termos práticos para nós, leigos, é traduzida para “estabilidade”! Você pode detectar se uma madeira está seca ou não através da serragem e do pó quando ela é lixada. Quando a madeira está verde o pó é úmido e consegue se unir quando prensamos com o dedo. Quando a madeira está seca, isso não acontece. Um outro ponto é que a madeira não deve ter nós, além de geralmente ficar esteticamente feio, prejudica a transmissão das ondas de som.
As características tonais e estéticas das madeiras serão cenas do próximo capítulo!
Espero ter ajudado um pouco.
Última edição por Bio Bass em Ter Nov 27, 2012 7:18 pm, editado 1 vez(es)
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"Women and rhythm section first" (Jaco Pastorius).
Raissa- Membro
- Mensagens : 1604
Localização : Fortaleza
Re: Madeiras - Parte I
Muito obrigado pelas informações, minha Cara!
Mal posso esperar pelas próximas colunas.
Sucesso!
P.S.: Como idéia para uma futura coluna, sugiro um glossário com as madeiras (E derivados de madeira) usadas na construção de instrumentos musicais e os seus respectivos nomes traduzidos para o português.
(Essa é uma dúvida minha de longa data e, para resolvê-la, nada como perguntar para quem sabe)
Mal posso esperar pelas próximas colunas.
Sucesso!
P.S.: Como idéia para uma futura coluna, sugiro um glossário com as madeiras (E derivados de madeira) usadas na construção de instrumentos musicais e os seus respectivos nomes traduzidos para o português.
(Essa é uma dúvida minha de longa data e, para resolvê-la, nada como perguntar para quem sabe)
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Clube Danelectro (Alvíssaras! Não estou mais só neste Clube!), também membro de outros clubes (Vide perfil) e dono da mão de marreta... Links --->Contrapontos,Vídeos e Soundcloud
Re: Madeiras - Parte I
Excelente Bio...começou muito bem...
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“Nenhuma quantidade de evidência irá persuadir um idiota”
(Mark Twain)
Cantão- Moderador
- Mensagens : 21969
Localização : Bauru
Re: Madeiras - Parte I
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"A culpa é minha e eu ponho em quem eu quiser !" (Homer Simpson)
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inibass- Membro
- Mensagens : 807
Localização : Aracaju-SE
Re: Madeiras - Parte I
Calma, meu caro. Essas serão cenas dos próximos capítulos! E obrigada!Zubrycky escreveu:[...]Como idéia para uma futura coluna, sugiro um glossário com as madeiras (E derivados de madeira) usadas na construção de instrumentos musicais e os seus respectivos nomes traduzidos para o português.
Obrigada, Cantão!Cantão escreveu:Excelente Bio...começou muito bem...
Valeu!inibass escreveu:
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"Women and rhythm section first" (Jaco Pastorius).
Raissa- Membro
- Mensagens : 1604
Localização : Fortaleza
Re: Madeiras - Parte I
Bem,
Estive estudante toneladas de luthieria clássica esses meses, e percebo que em 80% dos casos as especificações do desenho estão erradas, nas nomeclaturas, no quesito corte de madeira.
Se tem:
RadialSawn ou Violin Sawn:
É o corte perfeito, onde as fibras são paralelas e onde se consegue o melhor da força da madeira e onde ela tem a menor probabilidade de empenar. ( a diferença do radial sawn do violin sawn, é que na violin sawn a madeira é retirada em cunhas ao invés de pranchas)
Quarter sawn ou quartier:
É corte mais próximo do perfeito, é preferido das indústrias por não ter perda alguma de madeira, o nome é derivado do corte do tronco em "quartas", se consegue uma madeira de excelente qualidade e com o melhor custo benefício.
Plain sawn ou (vulgo) Industrial sawn:
O tronco é cortado de forma homogênia (salvo engano, com uma lâmina a cada 15cm), as pranchas próximas ao alburno ficam com veios de aspecto "montes" ou "cumes" e as pranchas próximas a medula ficam "radial sawn" com veios paralelos.
Estive estudante toneladas de luthieria clássica esses meses, e percebo que em 80% dos casos as especificações do desenho estão erradas, nas nomeclaturas, no quesito corte de madeira.
Se tem:
RadialSawn ou Violin Sawn:
É o corte perfeito, onde as fibras são paralelas e onde se consegue o melhor da força da madeira e onde ela tem a menor probabilidade de empenar. ( a diferença do radial sawn do violin sawn, é que na violin sawn a madeira é retirada em cunhas ao invés de pranchas)
Quarter sawn ou quartier:
É corte mais próximo do perfeito, é preferido das indústrias por não ter perda alguma de madeira, o nome é derivado do corte do tronco em "quartas", se consegue uma madeira de excelente qualidade e com o melhor custo benefício.
Plain sawn ou (vulgo) Industrial sawn:
O tronco é cortado de forma homogênia (salvo engano, com uma lâmina a cada 15cm), as pranchas próximas ao alburno ficam com veios de aspecto "montes" ou "cumes" e as pranchas próximas a medula ficam "radial sawn" com veios paralelos.
galegonobaixo- Membro
- Mensagens : 1430
Localização : Brasília
Re: Madeiras - Parte I
Obrigada, galegonobaixo, por incluir mais informações. Todo dia é dia de aprender!!
Sábado publicarei a segunda parte dessa matéria!
Sábado publicarei a segunda parte dessa matéria!
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"Women and rhythm section first" (Jaco Pastorius).
Raissa- Membro
- Mensagens : 1604
Localização : Fortaleza
Re: Madeiras - Parte I
Bio,
mandando super bem, como sempre.
Ótima coluna, parabéns
mandando super bem, como sempre.
Ótima coluna, parabéns
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Finou? Tá bão. O resto é dedo - CT. Colela.
Se traste fosse bom não tinha este nome - Cláudio Cuoco.
Tocar fretless é uma arte. Desafinar faz parte - Márcio Azzarini.
"Toma, que esta p**** não afina" (Sobre o baixo fretless) - Luizão Maia para o Arthur Maia.
Tarcísio Caetano- Membro
- Mensagens : 6556
Localização : Brasil
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