A produção da doença
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A produção da doença
Pronto, agora ninguém escapa de ser classificado e todos podem solicitar a sua receita azul! E viva a indústria do século XXI!
A produção da doença
A partir do final de maio, estará disponível a quinta e última versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). É de esperar que, a partir de agora, um importante debate a respeito da maneira com que as distinções entre normal e patológico foram modificadas chegue à opinião pública.
Utilizado de maneira cada vez mais extensiva como padrão de reflexão sobre a natureza do sofrimento psíquico, o DSM está longe de ter o fundamento científico e isento que ele gostaria de nos fazer acreditar. Influências de toda ordem entram em cena. Afinal, cada novo transtorno é promessa de novos investimentos bilionários da indústria farmacêutica, assim como garantia do aparecimento certo de verdadeiras epidemias visíveis do dia para a noite graças à divulgação maciça pela imprensa mundial e suas matérias de saúde.
Talvez isso explique ao menos um pouco essa verdadeira tendência de "patologização da vida cotidiana" levada a cabo pelo DSM-5, que elevou o número de patologias mentais a 450 categorias diagnósticas. Elas eram 265 no DSM-3, lançado em 1980, e 182 no DSM-2 (de 1968).
De fato, com modificações como as que diminui o luto patológico de dois meses para 15 dias ou que cria categorias bisonhas como o transtorno disruptivo de desregulação de humor, o vício comportamental (behavioral addiction) ou o transtorno generalizado de ansiedade, dificilmente alguém que passa por conflitos psíquicos e períodos de incerteza entrará em um consultório psiquiátrico sem um diagnóstico e uma receita médica.
Por trás desta estratégia clínica, com sua negação de perspectivas etiológicas, há a tentativa equivocada de transformar toda experiência de sofrimento em uma patologia a ser tratada. Mas uma vida na qual todo sofrimento é sintoma a ser extirpado é uma vida dependente de maneira compulsiva da voz segura do especialista, restrita a um padrão de normalidade que não é outra coisa que a internalização desesperada de uma normatividade disciplinar decidida em laborató- rio. Ou seja, uma vida cada vez mais enfraquecida e incapaz de lidar com conflitos, contradições e reconfigurações necessárias.
Há de se perguntar se tal enfraquecimento não será, ao final, o resultado social destas modificações no campo da saúde mental patrocinadas pelo DSM. Pois uma coisa é certa: há muito o que questionar na eficácia de tais sobrediagnósticos. Basta lembrar como houve, de 2000 a 2009, um aumento de 60% no consumo de antidepressivos nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Nada indica que a taxa de depressão tenha diminuído.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2013/05/1278102-a-producao-da-doenca.shtml
A produção da doença
A partir do final de maio, estará disponível a quinta e última versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). É de esperar que, a partir de agora, um importante debate a respeito da maneira com que as distinções entre normal e patológico foram modificadas chegue à opinião pública.
Utilizado de maneira cada vez mais extensiva como padrão de reflexão sobre a natureza do sofrimento psíquico, o DSM está longe de ter o fundamento científico e isento que ele gostaria de nos fazer acreditar. Influências de toda ordem entram em cena. Afinal, cada novo transtorno é promessa de novos investimentos bilionários da indústria farmacêutica, assim como garantia do aparecimento certo de verdadeiras epidemias visíveis do dia para a noite graças à divulgação maciça pela imprensa mundial e suas matérias de saúde.
Talvez isso explique ao menos um pouco essa verdadeira tendência de "patologização da vida cotidiana" levada a cabo pelo DSM-5, que elevou o número de patologias mentais a 450 categorias diagnósticas. Elas eram 265 no DSM-3, lançado em 1980, e 182 no DSM-2 (de 1968).
De fato, com modificações como as que diminui o luto patológico de dois meses para 15 dias ou que cria categorias bisonhas como o transtorno disruptivo de desregulação de humor, o vício comportamental (behavioral addiction) ou o transtorno generalizado de ansiedade, dificilmente alguém que passa por conflitos psíquicos e períodos de incerteza entrará em um consultório psiquiátrico sem um diagnóstico e uma receita médica.
Por trás desta estratégia clínica, com sua negação de perspectivas etiológicas, há a tentativa equivocada de transformar toda experiência de sofrimento em uma patologia a ser tratada. Mas uma vida na qual todo sofrimento é sintoma a ser extirpado é uma vida dependente de maneira compulsiva da voz segura do especialista, restrita a um padrão de normalidade que não é outra coisa que a internalização desesperada de uma normatividade disciplinar decidida em laborató- rio. Ou seja, uma vida cada vez mais enfraquecida e incapaz de lidar com conflitos, contradições e reconfigurações necessárias.
Há de se perguntar se tal enfraquecimento não será, ao final, o resultado social destas modificações no campo da saúde mental patrocinadas pelo DSM. Pois uma coisa é certa: há muito o que questionar na eficácia de tais sobrediagnósticos. Basta lembrar como houve, de 2000 a 2009, um aumento de 60% no consumo de antidepressivos nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Nada indica que a taxa de depressão tenha diminuído.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2013/05/1278102-a-producao-da-doenca.shtml
Boss2K- Membro
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Re: A produção da doença
Tenho medo do mundo.
Sério mesmo.
Alguns me chamam de conspiracionista.
Mas perceber que indústrias de "defensivos" agrícolas também investem nas pesquisas que comprovam sua segurança "E" desenvolvem medicamentos para câncer, é no mínimo suspeito.
Sério mesmo.
Alguns me chamam de conspiracionista.
Mas perceber que indústrias de "defensivos" agrícolas também investem nas pesquisas que comprovam sua segurança "E" desenvolvem medicamentos para câncer, é no mínimo suspeito.
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"Olho por olho e o mundo acabará cego" Ghandi
Pedroswaldo- Membro
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Re: A produção da doença
No entanto devo frisar que trato certos tipos de transtornos com medicamentos tarja preta.
Auto medicação e sem receita:
Auto medicação e sem receita:
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Pedroswaldo- Membro
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Re: A produção da doença
Pedroswaldo escreveu:Tenho medo do mundo.(...)
Pedroswaldo escreveu:(...) trato certos tipos de transtornos (...)
Boss2K- Membro
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Re: A produção da doença
Pedroswaldo escreveu:No entanto devo frisar que trato certos tipos de transtornos com medicamentos tarja preta.
Auto medicação e sem receita:
Também uso este. Santo remédio!
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Firme no leme que a reta é torta!!
GANSO- Membro
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allexcosta- Administrador
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Re: A produção da doença
^ Esse filme é muito bom (e triste). Me incomodou muito quando assisti.
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GANSO- Membro
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Re: A produção da doença
E olha que ele pega leve...
É mais ou menos o que falei acima....
É mais ou menos o que falei acima....
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Pedroswaldo- Membro
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Re: A produção da doença
Boss2K escreveu:Pedroswaldo escreveu:Tenho medo do mundo.(...)Pedroswaldo escreveu:(...) trato certos tipos de transtornos (...)
Hohohohohohohohoho
Desse mal espero não melhorar tão cedo...
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Pedroswaldo- Membro
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