Cantores amadores e suas variações

Após o tópico sobre "Os chatos das rodinhas de violão" venho apresentar outros espécimes da fauna musical:
Os Cantores amadores e suas variações

A situação é bem comum. Durante aquela reunião de amigos, ou fogueirinha, alguém aparece com um violão e começa a sonzeira. Certo, certo.

Mas a coisa varia. E muito. Pode ser algo extremamente agradável ou então um grande fiasco. Tudo porque há tipos bem distintos de "violeiros e cantadores". Vejamos alguns, os mais comuns:

O Obscuro
Ele pega o violão e, de cara, manda uma canção da década de 20. Depois, um samba de 1950. Uma atrás da outra, milhares de canções COMPLETAMENTE desconhecidas. Até que resolve tocar algo de Chico Buarque, mas opta por uma música do início da carreira, que jamais fora gravada. Assim, durante todo o tempo em que tem o violão sob sua posse, não manda NEM MESMO UMA MUSIQUINHA conhecida por alguém além dele próprio, Zuza Homem de Mello e Zé Ramos Tinhorão.

O Versãozinha
A moçada de cara conhece os acordes, parece ser "aquela" música famosa, mas o dito cujo canta tudo diferente. E olha feio para quem canta igual à versão conhecida. Não aceita interferências. É o João Gilberto da fogueirinha de praia. Modifica TODAS as canções, chega até a mudar a letra. E "ai" de quem ouse sobrepor a voz ou mesmo cantar junto.

O Enrolão
Esse talvez seja o mais comum. Como qualquer mortal, não sabe tocar TODAS as músicas. Mas não se acanha, e mesmo assim manda brasa em tudo que é pedido. Resultado: em vez de tocar direito, simplesmente desencana do violão e canta BEM ALTO, tornando indiferente o som que venha do instrumento. Muita gente - e isso é engraçado - nem repara nisso.

O Zé da Pausa
Quando uma música é interrompida, óbvio, perde toda a graça. Mesmo quando há algum erro, é melhor continuar; seja por acorde errado ou letra esquecida. O conselho é enrolar e continuar. Mas alguns não seguem essa regra, de modo que PARAM DE TOCAR, pedem desculpas, e RECOMEÇAM. Ninguém tem paciência para isso.

O Truque de Voz
Há dois tipos de "truques vocais". Os que sabem cantar um pouquinho fazem alguns truques como o "super vibrato sertanejo" ou as "variações grave/agudo caetanísticas". Mas há também os truques para disfarçar a falta de voz. Na hora de uma nota mais aguda, por exemplo, ele fica em silêncio e manda os demais cantarem juntos. É a "tática branco mello".

O Cantor da Turma
As turmas grandes têm, claro, suas figuras. O piadista, o bom de bola, o pegador, o idiota, e também o "vocalista". Como todas as outras figuraças da turma, ele primeiro refuta o título, mas em questão de minutos assume seu papel. Quando canta bem, irrita pela empáfia; quando canta mal, irrita mais ainda porque além de ser metido é uma catástrofe.

O Chiquinho Murmúrio
Você pode ser o melhor violonista do planeta, mas se não souber cantar, na boa, dificilmente fará sucesso em alguma fogueira ou reuniãozinha. Principalmente se tocar músicas INTEIRAS, sem errar uma nota no violão, mas MURMURANDO em vez de cantar. Isso só dá certo quando houver algum cantorzinho na turma. Em caso contrário, fica uma porcaria. Na maioria dos casos, o violonista desencana e entrega o violão para aquele outro que toca mal mas sabe cantar. Mas há também aqueles que se recusam a isso, e permanecem tocando suas músicas DO COMEÇO AO FIM, sem que ninguém cante. Chato pra c******.

Bônus Track: OS ACOMPANHANTES MALDITOS
Em geral, os acompanhamentos só servem para irritar. Até que são engraçadinhos no começo, mas depois ninguém agüenta. Já falei sobre eles num texto beeeeeeeem das antigas (acho que em agosto de 2002). Vejamos:

Bongô
Na boa, bongô irrita. E não irrita pouco. Ele chega, faz aquele "tum-tá-tum" durante toda a música, mas logo resolve transformar o evento em um festival de percussão. "Festival", claro, dentro de suas limitações motoras. Depois de quinze segundos, aquela bateção já deu o que tinha que dar. Menos para o batuqueiro, pois ele continua firme e forte ESTORVANDO os participantes.

Gaita
Bongô irrita após meio minuto, gaita irrita mesmo sem ninguém tocar. Quando alguém sabe tocar gaita muito muito muito bem, ela irrita "só um pouco". Mas quando o camarada fica assoprando aquela m**** só para fazer um sonzinho b*****, com direito a espasmos de parkinson que ele chama de "vibrato", é o caso de chamar o Ostrogodo para dar um pescotapa FORTE. Dizem que cura, e eu não duvidaria.


Instrumentos Atípicos
Juro que não é piada. Já ouvi relatos sobre esse tipo de coisa. Claro que ninguém aparece com tuba ou gaita-de-fole, mas há casos de rodinhas de violão acompanhadas de sanfona, violino, flauta transversal, entre outros.

Fonte: Gravataí Merengue

Renato escreveu:
Instrumentos Atípicos
Juro que não é piada. Já ouvi relatos sobre esse tipo de coisa. Claro que ninguém aparece com tuba ou gaita-de-fole, mas há casos de rodinhas de violão acompanhadas de sanfona, violino, flauta transversal, entre outros.

Tamborim...

Flauta doce... daquelas que se aprende no jardim da infância...

Triângulo...

Meu caro Renato, concordei com quase tudo o que está escrito aí em cima, mas não chegou nem perto do tanto que concordei com o caso do bongô!
Meu, como é difícil percussionista que se manca e não fica com firula naquela porcaria de tamborzinho!
Não é a toa que o Jô toca aquilo lá!

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O grande problema é q muitos desses pseudo-bongoneiros na verdade são bateristas q tão ali no bongo, e insistem em tocar bateria no bongo, com virada e tudo... Percursionista é percursionista, baterista é baterista... é tão cruel e sofrível qt um guitarrista solo tocando baixo! (Alguém discorda?? )

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Eu discordo... Neste caso específico eles ñ são percussionistas, nem bateristas, nem clarinetistas, nem bandolinista, nem nada de músico... os caras simplesmente compraram um bongo pq queriam ter alguma participação como protagonista na roda de violão (ou seja, precisavam aparecer)... e acham q simplesmente bater os dedos lá já resolve...

E geralmente o bongô tá desafinado...

Renato escreveu:

O Versãozinha

É o João Gilberto da fogueirinha de praia.

Essa definição foi sensacional... kkkkk