Re: Novo limite de dados da internet

por Willian Casagrande Qua Abr 13, 2016 3:25 pm

Mauricio Luiz Bertola escreveu:
Não tem como explicar pois esse pressuposto é baseado em premissas falsas.
Até porque, se a lógica do sistema é (ou melhor, deveria ser) a concorrência, ela, à longo prazo resultaria em monopolização, já que (teoricamente) as empresas menos "eficientes" ou lucrativas iriam fechar ou ser absorvidas pelas mais eficientes, diminuindo o seu número e tendendo à monopolização ou oligopolização. Aí entra o Estado, que, em tese, impediria a monopolização e regularia a concorrência (quando, na verdade, ela já deixou de existir...). Ou seja: Os "Liberais" precisam do Estado para garantir um mecanismo que eles dizem (falaciosamente) ser "natural". O Estado interessa a quem então?
Ademais, uma vez estabelecido um número X (reduzido) de grandes companhias, elas compõem entre sí cartéis (como eu expliquei acima); esses, o Estado protege dado o seu tamanho e poder econômico (e corruptor, claro!); as agências do Estado jogam o jôgo dos oligopólios, inclusive entravando o surgimento de novas alternativas (em time que está ganhando/lucrando, não se mexe....). Não há saída, e todo argumento em contrário é falacioso...
Aliás "Libertário de Direita" é um contra-senso...

Certo. É, a formação de monopólios, como premissa do processo de acumulação de valor no capitalismo, é certo, já que, no mercado, a circulação de produtos feitos sob determinações que permitam ao proprietário acumular mais valor (portanto, um produto com menos valor agregado, e não "alto valor agregado" ou essas baboseiras sem sentido que falam hoje em dia) barateia a produção, o que amplia o mercado para esse capitalista etc. Ou seja, é isso que sepultou a sociedade de mercado.
Queria entender só o argumento que sustenta essa tese doida de que seria possível um Estado totalmente "desregulamentado", sendo que a forma jurídica, a burocracia, é justamente a forma de manutenção da sociabilidade capitalista, a "razão" dela, já dizia um grande comuna chamado Weber (rsrsrs).

por Mauricio Luiz Bertola Qua Abr 13, 2016 3:33 pm

William,
O argumento é lógica e historicamente falacioso. É ideologia pura e simples, destinada a ser "empurrada goela abaixo" de uma "audiência" acrítica.
Ademais, como vimos, o Estado é uma agência de interesses, que administra recursos, os repassa e legisla para esses grupos de interesses. Por conseguinte, defender falácias como "Estado desregulamentado" é defender um certo grupo de interesses. Ademais, toda vez que um desses grupos precisa de uma "regulamentação ou lei, procura quem?
Pois é... Reparou como todo mundo que pensa, virou atualmente "comunista"?
O certo (para essa gente) é... "Crer, Obedecer, e Combater"!

por Willian Casagrande Qua Abr 13, 2016 3:44 pm

Sim, esse grupo procura o Estado. Não tiveram dúvidas em salvar os bancos em 2008. Liberal honesto mesmo falaria: "quebrem todos, tô nem aí". Mas, estamos falando do balcão de negócios estatal...
E, claro, quem pensa diferente já vira comunista, o que é, além de uma forma de espezinhar ainda mais os comunistas, sinais de fascistização, de busca por um pensamento único.
Sobre os libertários de direita, não sei como chamar esses caras. Optei por esse nome no achismo mesmo rs

por Breno_Barnabe Qua Abr 13, 2016 3:57 pm

Sonikado escreveu:
Breno_Barnabe escreveu:
Sonikado escreveu:Por favor, que venham as startups... e que não demorem!
É difícil uma Startup surgir nessr ramo hein.. o investimento em infra-estrutura é muito alto. Sem contar que num passado não muito distante, haviam diversos provedores pequenos locais que foram engolidos pelas grandes do setor.
Uma boa startup com um plano inovador e sólido não tem problemas em conseguir investidores (inclusive investidores gringos). O que vai pegar é a burocracia.

Rapaz, então...

Lembra da época da conexão discada?
Fora dos grandes centros urbanos, surgiram muitos provedores locais, era até relativmente fácil montar um, você solicitava um tronco na Embratel, montava um backbone com uns roteadores, etc... e tava lá, funcionando.
Um professor meu era sócio de um no interior de SP, até que um dia veio um dos grandes do Setor, que ainda não tinha acesso por lá e falou "quero comprar". Os sócios decidiram não vender... o provedor falou "olha, se vocês não venderem, eu monto uma estrutura maior, vendo mais barato, e vocês vão perder os clientes". Diante de argumento tão convincente, resolveram vender (e ganharam um bom dinheiro).

Também uma época surgiu um provedor que veio literalmente comendo pelas beiradas em SP, abordando cidades da região metropolitana... até que, para entrar em São Paulo mesmo, iria ter que partilhar do mesmo meio físico das outras teles já instaladas e óbvio que elas fizeram de tudo pra barrar.. até que uma dessas teles comprou essa empresa.

Por isso que eu acho muito difícil... mas não impossível... o investimento tem que ser muito alto, pois tem as questões fisicas, backbone, datacenter, suporte, sistemas, etc... isso custo muito... mas o maior custo vai ser quebrar a barreira que as outras teles impõe... quem tá na panela não quer sair nem deixar ninguém entrar.

Mas uma startup com um investimento forte e bem centrado, seria ótimo, sem duvidas.

por arturbmallmann Qua Abr 13, 2016 4:14 pm

Ad hominem por todas as partes.. típico..
É só tirar o estado de alguns e parece que ficam sem oxigênio.

por Willian Casagrande Qua Abr 13, 2016 4:26 pm

arturbmallmann escreveu:Ad hominem por todas as partes.. típico..
É só tirar o estado de alguns e parece que ficam sem oxigênio.

Da minha parte, desculpe pelos ad hominem. Não foi a intenção.
Sobre a retirada do Estado, concordo, tem que tirar mesmo. Mas, primeiro, temos que discutir o que é Estado e para quem ele serve.

por arturbmallmann Qua Abr 13, 2016 4:34 pm

Willian Casagrande escreveu:
Da minha parte, desculpe pelos ad hominem.

Aceito. Desculpe qualquer coisa de minha parte tbm..

Willian Casagrande escreveu:Sobre a retirada do Estado, concordo, tem que tirar mesmo. Mas, primeiro, temos que discutir o que é Estado e para quem ele serve.

Este é o ponto em que nossas ideias entram em intersecção! Concordo.

por Sonikado Qui Abr 14, 2016 12:44 am

Breno_Barnabe escreveu:Lembra da época da conexão discada?
Fora dos grandes centros urbanos, surgiram muitos provedores locais, era até relativmente fácil montar um, você solicitava um tronco na Embratel, montava um backbone com uns roteadores, etc... e tava lá, funcionando.
Um professor meu era sócio de um no interior de SP, até que um dia veio um dos grandes do Setor, que ainda não tinha acesso por lá e falou "quero comprar". Os sócios decidiram não vender... o provedor falou "olha, se vocês não venderem, eu monto uma estrutura maior, vendo mais barato, e vocês vão perder os clientes". Diante de argumento tão convincente, resolveram vender (e ganharam um bom dinheiro).
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Mas uma startup com um investimento forte e bem centrado, seria ótimo, sem duvidas.

Esse é o mesmo problema que, por exemplo, empresas como a Google/Microsoft sofreram.

Só que aqui a briga é pior. Não tem como uma empresa grande engolir uma menor, a menos que ceda suas próprias regras de uso. Como vc vai brigar contra uma empresa que não limita seu acesso? Por isso fiz a comparação com o Uber: A única forma de uma empresa maior voltar a ter prestígio frente a uma startup é recuando e largando o osso dos dentes.

Vão ter problemas, certeza. Mas um bom investimento e zangue no zói e o monopólio pode começar a cair.

por Rodrigolack Qui Abr 14, 2016 5:05 am

Com relação a regulamentações o próprio mercado se auto regula, sempre. Se isso leva a monopólios, oligopólios, se é benéfico ou não, aí são outros 500.

Só que aqui a briga é pior. Não tem como uma empresa grande engolir uma menor, a menos que ceda suas próprias regras de uso. Como vc vai brigar contra uma empresa que não limita seu acesso? Por isso fiz a comparação com o Uber: A única forma de uma empresa maior voltar a ter prestígio frente a uma startup é recuando e largando o osso dos dentes.

Exato. Uma startup com um produto/serviço atrativo, (neste caso a não limitação de tráfego) pode ser uma verdadeira pedra no sapato das grandes.

por arturbmallmann Qui Abr 14, 2016 11:15 am

Em um livre mercado deve partir tbm da consciência do consumidor o que consumir e qual monstro alimentar :-P.

por Raul S. Qui Abr 14, 2016 5:01 pm

Há muitos anos, o mercado de telecomunicações era composto por empresas "especializadas" que ofereciam 3 tipos de serviço: telefonia fixa/internet, TV por assinatura e telefonia móvel. Há pouco mais de 10 anos, houve uma onda na qual as empresas de telefonia fixa/internet se fundiram a empresas de TV por assinatura, e, alguns anos mais tarde se fundiram a empresas de telefonia móvel, dando origem ao que conhecemos hoje pelas grandes telecoms.

Ao meu ver, isso tudo que está acontecendo é resposta das telecoms frente à falta de adequação (por parte delas) ao mercado; de alguns anos para cá, o comportamento do consumidor mudou drasticamente com o advento dos smartphones e uma migração em massa para outras formas de entretenimento:

As TVs por assinatura vêm perdendo para serviços como netflix, youtube, redes sociais e para a própria navegação/google, tirando a exclusividade da telinha nesse quesito, pois mesmo com a TV ligada, muita gente está olhando é para a telinha do seu smartphone, principalmente na hora dos comerciais.

As redes sociais, que antigamente eram coisa de "gente jovem" agora são em grande medida consumidas por todas as gerações; e vovós e vovôs curtem fotos que seus netinhos hoje postam de seus próprios filhos, além de conversarem e interagem com vários grupos no zapzap.

A telefonia móvel vem sido substituída pelo wi-fi, não só porque todo lugar tem wi-fi, mas porque o serviço de 3G/4G é normalmente péssimo, além de caro, com uma cobertura precária, o que fez com que o usuário perdesse a confiabilidade e passasse a usá-lo apenas enquanto está em trânsito, para se localizar, avisar ou resolver alguma coisa até chegar no local de destino, que geralmente tem wi-fi, mais uma vez: porque todo lugar tem wi-fi

É válido lembrar também que, não faz muito tempo, essas mesmas operadoras vieram primeiro com a estória de reduzir a velocidade, e recentemente acabaram por simplesmente cortar o acesso se você atinge o limite diário estabelecido, pelo menos no caso do pré-pago.

A telefonia fixa, como todos sabem, já é caso perdido, e essas linhas que correm nos postes só andam servindo para carregar sinal DSL para algumas empresas que ainda usam a tecnologia. Algumas operadoras usam inclusive VoIP para esse tipo de serviço, o que é uma porcaria, porque se a conexão fica fora do ar (e isso acontece com frequência) ou acaba a energia, você fica sem telefone em casa.

Outro motivo para se achar um absurdo essa limitação de banda é o fato do volume de dados do sinal digital de um canal HD, p.ex., ser bastante superior ao consumo médio de internet, mas não se fala em cortar esse tipo de serviço nem de contabilizar esse fluxo de dados, que poderia servir para “compensar” o que foi consumido via internet quando a TV está desligada.

Enfim, já não assisto mais TV; no fixo só liga telemarketing; e só uso a internet do celular quando estou fora de casa, e acredito que o mercado está caminhando para um meio termo nessa direção. Mas a gente tem que ficar de olho e bater o pé quando fazem esse tipo de sacanagem com a gente.

Fazer barulho (não necessariamente por essas vias) ajuda, e “nós da internet” somos mais fortes do que eles imaginam. Deem uma força no Avaaz se tiverem interesse:
https://secure.avaaz.org/po/petition/Vivo_GVT_OI_NET_Claro_Anatel_Ministerio_Publico_Federal_Contra_o_Limite_na_Franquia_de_Dados_na_Banda_Larga_Fixa/?sdvQwkb

E esta é minha opinião. rs

Em tempo: esqueci de mencionar que as pessoas também não andam fazendo mais ligações, e que a telefonia móvel (a qual me referi apenas quanto à internet) já não é tão interessante quanto antigamente, tanto que nos últimos anos houve uma desistência em massa de mais da metade dos números de linhas no Brasil, criados da antiga prática de se ter 2 ou 3 chips para “falar de graça” entre operadoras.

Serviços como whatsapp, facebook messenger, entre outros, que oferecem tanto serviços de mensagem de texto (nem vale a pena falar sobre SMS) e áudio quanto de ligação com vídeo, estão substituindo a necessidade de pagar as altíssimas taxas praticadas pelas operadoras de telefonia móvel, porque é como eu disse, todo lugar tem wi-fi.

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