Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
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Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Saiu hoje cedo, no site BBC Brasil, uma entrevista com a Camila Nunes Dias, da UFABC, sobre o rompimento entre o PCC e o CV em todo o Brasil. As duas facções haviam estabelecido um pacto de segurança para seus membros nos presídios, mas esse pacto de conveniência teria sido rompido. A Camila Dias é uma pesquisadora séria do PCC (tem tese de doutoramento sobre, aliás) e não fala e nem escreve bobagem por aí. Aconselho a leitura:
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37663153
Obs: Leitura importante principalmente para o pessoal do RJ, onde o CV tem maior atuação até hoje.
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37663153
Obs: Leitura importante principalmente para o pessoal do RJ, onde o CV tem maior atuação até hoje.
Willian Casagrande- Membro
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Localização : Londrina/PR
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Por mim, que se matem entre eles...
Coder- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Coder escreveu:Por mim, que se matem entre eles...
Isso não existe.
Não há guerra que não respingue em volta.
allexcosta- Administrador
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Eu sei, e isso já vem respingando a muito tempo... 2006 foi só um exemplo do que esses caras do PCC são capazes...
Coder- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Isso aí é guerra de vagabundo...
É a guerra do varejo... No atacado, os chefes deles, todos engravatados de Wall Street (e similares), sempre chegam a um "acordo de cavalheiros"...
Por mim, que morram todos...
A "chave" está aqui, no texto acima postado pelo William:
A resposta do poder público nas últimas décadas tem sido sempre equivocada. Constróem-se mais prisões, mas esse investimento não vem acompanhado de investimentos no sistema penal como um todo, como na contratação de agentes de segurança. Houve um aumento gigantesco da população carcerária e também um aumento na relação entre presos e funcionários. Em prisões de São Paulo, temos muitas vezes um funcionário para cada 300 presos, situação que se reproduz em outras partes do país.
É evidente que o Estado não controla a população carcerária. Quem exerce o controle nas cadeias são as facções. Isso vale para o país todo. O Estado é conivente com isso - e mais do que isso, o Estado depende do controle das facções para continuar mantendo sua política de encarceramento.
Com as atuais taxas de encarceramento e superlotação dos presídios, não há nenhum tipo de política prisional que vá dar conta disso. Deve-se reservar a prisão apenas para quem cometer crimes violentos e adotar de maneira efetiva alternativas penais, como a tornozeleira eletrônica não só para presos do regime semiaberto, mas para evitar que quem cometa um furto vá para a prisão.
Também deveria haver uma discussão séria sobre a descriminalização das drogas. Mas tenho certeza de que isso não vai ocorrer e vão adotar apenas medidas paliativas. Logo um novo equilíbrio vai se impor no sistema prisional e seguiremos até a próxima crise.
É a guerra do varejo... No atacado, os chefes deles, todos engravatados de Wall Street (e similares), sempre chegam a um "acordo de cavalheiros"...
Por mim, que morram todos...
A "chave" está aqui, no texto acima postado pelo William:
A resposta do poder público nas últimas décadas tem sido sempre equivocada. Constróem-se mais prisões, mas esse investimento não vem acompanhado de investimentos no sistema penal como um todo, como na contratação de agentes de segurança. Houve um aumento gigantesco da população carcerária e também um aumento na relação entre presos e funcionários. Em prisões de São Paulo, temos muitas vezes um funcionário para cada 300 presos, situação que se reproduz em outras partes do país.
É evidente que o Estado não controla a população carcerária. Quem exerce o controle nas cadeias são as facções. Isso vale para o país todo. O Estado é conivente com isso - e mais do que isso, o Estado depende do controle das facções para continuar mantendo sua política de encarceramento.
Com as atuais taxas de encarceramento e superlotação dos presídios, não há nenhum tipo de política prisional que vá dar conta disso. Deve-se reservar a prisão apenas para quem cometer crimes violentos e adotar de maneira efetiva alternativas penais, como a tornozeleira eletrônica não só para presos do regime semiaberto, mas para evitar que quem cometa um furto vá para a prisão.
Também deveria haver uma discussão séria sobre a descriminalização das drogas. Mas tenho certeza de que isso não vai ocorrer e vão adotar apenas medidas paliativas. Logo um novo equilíbrio vai se impor no sistema prisional e seguiremos até a próxima crise.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
- Mensagens : 16619
Localização : Niterói, RJ
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Essa entrevista pode estar indicando algo que vai acontecer em regiões que mantém a dualidade de poder do CV e do PCC, como é o caso do RJ. Aqui, no Paraná, é PCC total, então esse rompimento não afetará em nada.
As coisas aparecem para as pessoas como se fossem simplesmente brigas de facções agora rivais por mercados ilegais em constante disputa, mas eu creio que é muito mais do que isso. É mais uma das provas de que a existência de um sistema prisional organizado em facções para se auto-gerenciar é resultado de uma política prisional de encarceramento de massa para, pura e simplesmente, conter populações pobres e manter mercados no interior dos quais alguns poucos lucram muito. Isso, claro, às custas de milhares de vidas todos os anos.
Concordo integralmente com o que ela disse, mas, não é o que todos enxergam, né? Ainda apostam no Estado, que tem de controlar o crime organizado e etc., como se fosse possível uma coisa dessas.
As coisas aparecem para as pessoas como se fossem simplesmente brigas de facções agora rivais por mercados ilegais em constante disputa, mas eu creio que é muito mais do que isso. É mais uma das provas de que a existência de um sistema prisional organizado em facções para se auto-gerenciar é resultado de uma política prisional de encarceramento de massa para, pura e simplesmente, conter populações pobres e manter mercados no interior dos quais alguns poucos lucram muito. Isso, claro, às custas de milhares de vidas todos os anos.
Concordo integralmente com o que ela disse, mas, não é o que todos enxergam, né? Ainda apostam no Estado, que tem de controlar o crime organizado e etc., como se fosse possível uma coisa dessas.
Willian Casagrande- Membro
- Mensagens : 3676
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Mauricio Luiz Bertola escreveu: [...]
A resposta do poder público nas últimas décadas tem sido sempre equivocada. Constróem-se mais prisões, mas esse investimento não vem acompanhado de investimentos no sistema penal como um todo, como na contratação de agentes de segurança. Houve um aumento gigantesco da população carcerária e também um aumento na relação entre presos e funcionários. Em prisões de São Paulo, temos muitas vezes um funcionário para cada 300 presos, situação que se reproduz em outras partes do país.
É evidente que o Estado não controla a população carcerária. Quem exerce o controle nas cadeias são as facções. Isso vale para o país todo. O Estado é conivente com isso - e mais do que isso, o Estado depende do controle das facções para continuar mantendo sua política de encarceramento.
Com as atuais taxas de encarceramento e superlotação dos presídios, não há nenhum tipo de política prisional que vá dar conta disso. Deve-se reservar a prisão apenas para quem cometer crimes violentos e adotar de maneira efetiva alternativas penais, como a tornozeleira eletrônica não só para presos do regime semiaberto, mas para evitar que quem cometa um furto vá para a prisão.
Também deveria haver uma discussão séria sobre a descriminalização das drogas. Mas tenho certeza de que isso não vai ocorrer e vão adotar apenas medidas paliativas. Logo um novo equilíbrio vai se impor no sistema prisional e seguiremos até a próxima crise.
concordo - pelo amor de deus, sem querer ser presunçoso - parcialmente com isso. acho muito importante rever nossa política prisional, mas é preciso ter cuidado para não se adotar o mesmo comportamento extremo do Estado, mas em sentido oposto: começar a abrandar desproporcionalmente penas e execuções penais, a este pretexto.
fheliojr- Membro
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Localização : Fortaleza-CE
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Enquanto não houver a diminuição da desigualdade social, é disso para pior. A diferença econômica entre os mais ricos e os mais pobres é colossal, e esta distorção tem como uma das consequências exatamente o que trata este tópico.
Mesmo que comecem a trabalhar hoje para a resolução do problema, só veremos resultados daqui a 20 anos.
A conclusão é que muita gente vai morrer. Muitos pobres, pretos e desassistidos. As mortes podem ser creditadas na conta dos hipócritas, políticos profissionais e de muitos que querem manter o "status quo" sem se importar com o que acontece à volta.
Diminuir esta desigualdade não é papo de petista ou esquerdopata. É uma questão prática, lógica e desapaixonada. Como está, é mais do que provado que nunca dará certo.
Mesmo que comecem a trabalhar hoje para a resolução do problema, só veremos resultados daqui a 20 anos.
A conclusão é que muita gente vai morrer. Muitos pobres, pretos e desassistidos. As mortes podem ser creditadas na conta dos hipócritas, políticos profissionais e de muitos que querem manter o "status quo" sem se importar com o que acontece à volta.
Diminuir esta desigualdade não é papo de petista ou esquerdopata. É uma questão prática, lógica e desapaixonada. Como está, é mais do que provado que nunca dará certo.
cardozo- Membro
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Localização : Rio de Janeiro
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
cardozo escreveu:
Diminuir esta desigualdade não é papo de petista ou esquerdopata. É uma questão prática, lógica e desapaixonada. Como está, é mais do que provado que nunca dará certo.
Não creio que seja uma questão "desapaixonada". O aumento da desigualdade social é um reflexo das políticas econômicas neoliberais. Os próprios ideólogos de verdade, não esses da imprensa, assumem isso, só que precisam escamotear para não desandar e arrasar os trabalhadores, afinal são necessários, precisam comer, dormir, manter-se vivos enquanto força de trabalho.
É uma questão política, logo, passa por paixões de toda ordem.
Willian Casagrande- Membro
- Mensagens : 3676
Localização : Londrina/PR
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Não é só a desigualdade. A certeza da impunidade e a sensação de que tudo é empurrado com a barriga também contribui.
Nesse momento há 770 escolas no Paraná ocupadas por estudantes. Cerca de 90.000 estudantes deixarão de fazer o ENEM ou terão que esperar pra fazer em outra data se essas escolas não forem desocupadas até 31/10.
Ninguém, absolutamente ninguém, fala em reintegração de posse ou em colocar os marginais pra fora.
Sou completamente contra esse direito universal que o Brasileiro tem de fazer manifestações. Esses atos deveriam ser organizados de maneira civilizada, com local e data aprovados pela prefeitura e órgãos de segurança, com alvará de permissão incluindo hora de início e de término, inclusive com polícia fazendo a segurança dos manifestantes, como acontece em qualquer país civilizado.
No Brasil você anda numa rua, tem que desviar por causa de protesto, vira a esquina, tem outro protesto sobre sei lá o quê.
Caos total completamente aceito pela sociedade.
Nesse momento há 770 escolas no Paraná ocupadas por estudantes. Cerca de 90.000 estudantes deixarão de fazer o ENEM ou terão que esperar pra fazer em outra data se essas escolas não forem desocupadas até 31/10.
Ninguém, absolutamente ninguém, fala em reintegração de posse ou em colocar os marginais pra fora.
Sou completamente contra esse direito universal que o Brasileiro tem de fazer manifestações. Esses atos deveriam ser organizados de maneira civilizada, com local e data aprovados pela prefeitura e órgãos de segurança, com alvará de permissão incluindo hora de início e de término, inclusive com polícia fazendo a segurança dos manifestantes, como acontece em qualquer país civilizado.
No Brasil você anda numa rua, tem que desviar por causa de protesto, vira a esquina, tem outro protesto sobre sei lá o quê.
Caos total completamente aceito pela sociedade.
Última edição por allexcosta em Qui Out 20, 2016 12:57 pm, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Erro)
allexcosta- Administrador
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
allexcosta escreveu:Não é só a desigualdade. A certeza da impunidade e a sensação de que tudo é empurrado com a barriga também contribui.
Nesse momento há 770 escolas no Paraná ocupadas por estudantes. Cerca de 90.000 estudantes deixarão de fazer o ENEM ou terão que esperar pra fazer em outra data se essas escolas não forem desocupadas até 31/10.
Ninguém, absolutamente ninguém, fala em reintegração de posse ou em colocar os marginais pra fora.
Sou completamente contra esse direito universal que o Brasileiro tem de fazer manifestações. Esses atos deveriam ser organizados de maneira civilizada, com local e data aprovados pela prefeitura e órgãos de segurança, com alvará de permissão incluindo hora de início e de término, inclusive com polícia fazendo a segurança dos manifestantes, como acontece em qualquer país civilizado.
No Brasil você anda numa rua, tem que desviar por causa de protesto, vira a esquina, tem outro protesto sobre sei lá o quê.
Caos total completamente aceito pela sociedade.
Então, pela sua ótica, seria bom que nem existissem protestos de nenhuma ordem. Esse é o mecanismo de defesa do Estado brasileiro que historicamente é antipopular, avesso a qualquer forma de participação direta que fuja de seu controle. Submeter manifestações ao controle do Estado é o mesmo que imobilizá-las.
Estive por vários dias em escolas ocupadas em Londrina e posso lhe assegurar que não há nenhum "marginal" por lá. O maior absurdo em 30 anos vai passar ileso no Congresso Nacional e reduzir drasticamente os recursos para as políticas sociais para alimentar o rentismo e ninguém dá a mínima. Aliás, ninguém nem se preocupa com isso, porque o problema é o estudante, o universitário, o manifestante. 770 é pouco ainda, tem que ocupar muito mais, até esse negócio cair. O PNE foi discutido por anos (cheio de problema, mas foi) e querem que a gente engula uma MP que vai reduzir toda a discussão do Plano de Educação a nada.
E não é só o Brasil que está assim. Vide o que ocorreu na França. Isso vai existir sempre, Allex, doa a quem doer.
Willian Casagrande- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Willian Casagrande escreveu:Então, pela sua ótica, seria bom que nem existissem protestos de nenhuma ordem.
Foi isso que eu escrevi?
Willian Casagrande escreveu:Esse é o mecanismo de defesa do Estado brasileiro que historicamente é antipopular, avesso a qualquer forma de participação direta que fuja de seu controle. Submeter manifestações ao controle do Estado é o mesmo que imobilizá-las.
Estive por vários dias em escolas ocupadas em Londrina e posso lhe assegurar que não há nenhum "marginal" por lá. O maior absurdo em 30 anos vai passar ileso no Congresso Nacional e reduzir drasticamente os recursos para as políticas sociais para alimentar o rentismo e ninguém dá a mínima. Aliás, ninguém nem se preocupa com isso, porque o problema é o estudante, o universitário, o manifestante. 770 é pouco ainda, tem que ocupar muito mais, até esse negócio cair. O PNE foi discutido por anos (cheio de problema, mas foi) e querem que a gente engula uma MP que vai reduzir toda a discussão do Plano de Educação a nada.
E não é só o Brasil que está assim. Vide o que ocorreu na França. Isso vai existir sempre, Allex, doa a quem doer.
Lógico que é marginal. Está à margem da lei... Ou apropriação indébita de imóvel é previsto em lei? Deixa um desconhecido entrar na sua casa pra morar em protesto a alguma coisa então.
A França deixou de ser um lugar civilizado faz uns anos já.
Eu acho que sem ordem é complicado. Se for o caso, dedica uma praça ou uma rua de cada cidade pra protestos e passeatas. Cada um recebe uma senha e tem 3 ou 4 horas pra ficar lá gritando e mostrando seus cartazes. Do jeito que é não concordo não. Ou então faz uma revolução logo. Mas fechar rua porque o bueiro entupiu, porque a lâmpada do poste tá queimada, ou porque o gari não passou é ridículo.
allexcosta- Administrador
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Eles usam a palavra "Ocupação" para deixar as invasões mais "bonitinhas".
No final está tudo destruído, pichado e sujo...
Sou totalmente a favor da PM intervir e acabar com essa baderna.
Quer protestar? Tudo bem. Que seja de forma organizada, civilizada e sem prejudicar ninguém.
No final está tudo destruído, pichado e sujo...
Sou totalmente a favor da PM intervir e acabar com essa baderna.
Quer protestar? Tudo bem. Que seja de forma organizada, civilizada e sem prejudicar ninguém.
Coder- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
^ Exato.
Agora, eu achar isso me torna uma pessoa de direita, anti PT, ou algo dessa bipolaridade idiota que eu sequer entendo.
A bandeira não fala Ordem e Progresso? Progresso já não tem mesmo... Poderia tentar ter ordem.
Agora, eu achar isso me torna uma pessoa de direita, anti PT, ou algo dessa bipolaridade idiota que eu sequer entendo.
A bandeira não fala Ordem e Progresso? Progresso já não tem mesmo... Poderia tentar ter ordem.
allexcosta- Administrador
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
allexcosta escreveu:
Foi isso que eu escrevi?
Não, mas seu raciocínio leva a isso. Fazer um "protestódromo" é domesticar algo que não pode ser capturado, que é a revolta popular, independente para qual caminho ela aponta. É o que as constituições das democracias burguesas sempre fazem, o que por um lado garante, frente a um Estado antidemocrático como foi o da ditadura civil-militar, o direito à manifestação, mas por outro lado captura os movimentos e os coloca na letra da Lei. Aí, o Estado pode dizer o que é legal e o que não é, o que pode e não pode, segundo os interesses de quem o controla. É uma via de mão dupla, que se fecha para um dos lados (nem preciso dizer qual) quando é conveniente. Estamos em uma época histórica em que é muito conveniente arrochar a participação das classes populares (ou seja, suprimir a própria democracia, que mais atrapalha do que ajuda em muitos casos) para avançar em contrarreformas antipopulares. Nunca que essa PEC passaria se submetida a escrutínio público. Isso diz muita coisa.
allexcosta escreveu:
Lógico que é marginal. Está à margem da lei... Ou apropriação indébita de imóvel é previsto em lei? Deixa um desconhecido entrar na sua casa pra morar em protesto a alguma coisa então.
A França deixou de ser um lugar civilizado faz uns anos já.
Eu acho que sem ordem é complicado. Se for o caso, dedica uma praça ou uma rua de cada cidade pra protestos e passeatas. Cada um recebe uma senha e tem 3 ou 4 horas pra ficar lá gritando e mostrando seus cartazes. Do jeito que é não concordo não. Ou então faz uma revolução logo. Mas fechar rua porque o bueiro entupiu, porque a lâmpada do poste tá queimada, ou porque o gari não passou é ridículo.
Sim, está à margem do que a Lei diz mesmo. É um fato. No entanto, a comparação não tem sentido, né?
Eu não uso os conceitos "civilidade", "cidadania" ou que tais. O que você quer dizer com isso? Os caras não aceitam uma reforma trabalhista que vai retroceder em décadas a legislação atual e saem para o pau, como tem que ser mesmo. Queria que eles recorressem aos tribunais?
Willian Casagrande- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Coder escreveu:Eles usam a palavra "Ocupação" para deixar as invasões mais "bonitinhas".
No final está tudo destruído, pichado e sujo...
Sou totalmente a favor da PM intervir e acabar com essa baderna.
Quer protestar? Tudo bem. Que seja de forma organizada, civilizada e sem prejudicar ninguém.
Pegue um voo para Curitiba e vá na primeira ocupação que encontrar. Vai se surpreender com a organização, divisão de tarefas, organização de oficinas e etc. Eu mesmo dei 2 oficinas e tô programando outras, conforme a disponibilidade, mas já visitei uns 6 colégios aqui. Estão até expulsando o pessoal das organizações estudantis do PC do B, que quer dirigir o movimento à revelia dos estudantes.
Willian Casagrande- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
PCC = PSOL.
Última edição por Moshe Bar Elohim em Qui Out 20, 2016 1:43 pm, editado 2 vez(es)
Moshe Bar Elohim- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Da onde você tirou isso?Moshe Bar Elohim escreveu:PCC = PSOL.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Willian Casagrande escreveu:Coder escreveu:Eles usam a palavra "Ocupação" para deixar as invasões mais "bonitinhas".
No final está tudo destruído, pichado e sujo...
Sou totalmente a favor da PM intervir e acabar com essa baderna.
Quer protestar? Tudo bem. Que seja de forma organizada, civilizada e sem prejudicar ninguém.
Pegue um voo para Curitiba e vá na primeira ocupação que encontrar. Vai se surpreender com a organização, divisão de tarefas, organização de oficinas e etc. Eu mesmo dei 2 oficinas e tô programando outras, conforme a disponibilidade, mas já visitei uns 6 colégios aqui. Estão até expulsando o pessoal das organizações estudantis do PC do B, que quer dirigir o movimento à revelia dos estudantes.
Sério?
https://jornalivre.com/2016/10/19/membros-do-mbl-sao-espancados-por-militantes-de-extrema-esquerda-em-escola-ocupada-no-parana/
Coder- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Coder escreveu:
Sério?
https://jornalivre.com/2016/10/19/membros-do-mbl-sao-espancados-por-militantes-de-extrema-esquerda-em-escola-ocupada-no-parana/
Cara, pegue informações em outros locais também. Esses blogs de agitação de direita distorcem tudo.
O pessoal do MBL é que chegou causando na escola e quis entrar, agrediu uma menina que estava lá dentro etc.
Leia este post a seguir. Conheço o Fábio Silveira desde a graduação, por sinal trabalhei com ele num jornal aqui. Ele é professor e foi repórter de política por mais de 20 anos aqui em Londrina. Ele é honesto e um democrata escarrado e cuspido - discordamos 90% das vezes, aliás rs.
http://baixoclero.com/2016/10/20/extremistas-deve-ser-tratado-com-rigor-ocupacao-dos-secundaristas-e-legitima-e-merece-respeito/
Willian Casagrande- Membro
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Localização : Londrina/PR
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Isso não é verdade.Coder escreveu:Eles usam a palavra "Ocupação" para deixar as invasões mais "bonitinhas".
No final está tudo destruído, pichado e sujo...
Sou totalmente a favor da PM intervir e acabar com essa baderna.
Quer protestar? Tudo bem. Que seja de forma organizada, civilizada e sem prejudicar ninguém.
A escola em que trabalho a 20 anos foi ocupada pelos alunos.
Não apenas nada foi destruído, como a escola ficou mais limpa e organizada que sob a direção designada pela SEEDUC.
Palestras e atividades culturais foram efetuadas, inclusive com a minha participação e de colegas professores da UFF (onde também leciono).
O Ministério Público estava constantemente na escola (como está hoje, aliás).
Outra coisa: Prédio ou Instituição PÚBLICA, o nome já diz: PÚBLICA, e não privada (a casa das pessoas é privada, uma empresa particular é privada), portanto, pertence em última instância ao povo em geral; portanto, e em que pese o parágrafo único da Constituição ( Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.), se uma parcela do povo ocupa um prédio público, ocupa o que é seu. Cabe apenas a Justiça decidir se essa ocupação é, ou não, ilegal ou inconveniente. E, no caso das escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro, a Justiça Estadual decidiu que tais ocupações era, não apenas legais, como justificadas.
Quanto a protestar de forma organizada e civilizada, concordo totalmente.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Willian Casagrande escreveu:Coder escreveu:
Sério?
https://jornalivre.com/2016/10/19/membros-do-mbl-sao-espancados-por-militantes-de-extrema-esquerda-em-escola-ocupada-no-parana/
Cara, pegue informações em outros locais também. Esses blogs de agitação de direita distorcem tudo.
O pessoal do MBL é que chegou causando na escola e quis entrar, agrediu uma menina que estava lá dentro etc.
Leia este post a seguir. Conheço o Fábio Silveira desde a graduação, por sinal trabalhei com ele num jornal aqui. Ele é professor e foi repórter de política por mais de 20 anos aqui em Londrina. Ele é honesto e um democrata escarrado e cuspido - discordamos 90% das vezes, aliás rs.
http://baixoclero.com/2016/10/20/extremistas-deve-ser-tratado-com-rigor-ocupacao-dos-secundaristas-e-legitima-e-merece-respeito/
Na minha escola a membros da Secretaria (creio eu), enviou elementos suspeitos ligados à uma facção criminosa disfarçados de "membros de uma associação de moradores" de um morro próximo para intimidar alunos e professores, coisa que o Ministério Público prontamente reconheceu.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Localização : Niterói, RJ
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Mauricio Luiz Bertola escreveu:
Na minha escola a membros da Secretaria (creio eu), enviou elementos suspeitos ligados à uma facção criminosa disfarçados de "membros de uma associação de moradores" de um morro próximo para intimidar alunos e professores, coisa que o Ministério Público prontamente reconheceu.
Pois é. Sinistro. Em Londrina, teve P2 entrando em escola ocupada dizendo que era "professor"...
Willian Casagrande- Membro
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Localização : Londrina/PR
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
^Isso ocorreu em outros lugares ao longo do ano.
E alguns casos piores. Na região dos lagos uma menina foi assassinada após um evento de música realizado em uma das escolas ocupadas.
Em outros lugares os alunos foram intimidados por milicianos.
E quanto ao link... O MBL é uma piada pronta.
E alguns casos piores. Na região dos lagos uma menina foi assassinada após um evento de música realizado em uma das escolas ocupadas.
Em outros lugares os alunos foram intimidados por milicianos.
E quanto ao link... O MBL é uma piada pronta.
Kobeh- Membro
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Localização : Rio de Janeiro
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/10/adolescente-e-encontrado-morto-dentro-de-colegio-estadual-ocupado.html
Primeira morte nas INVASÕES...
Primeira morte nas INVASÕES...
Coder- Membro
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Localização : Brasil
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Lamentável e nada surpreendente que o governador e a Sec. do Estado de Educação tentem utilizar esse ocorrido para pedir as desocupações das escolas.
O motivo da morte, pelas informações que a imprensa veicula (que são as da Polícia, portanto questionáveis, mas as únicas até o momento), não guardam relação alguma com o que está ocorrendo na escola. Aliás, isso lamentavelmente poderia ocorrer em qualquer lugar, e nem se discute a questão da violência, do uso de drogas entre adolescentes etc. Nada disso interessa neste momento, somente desmoralizar o movimento dos estudantes. O fato de ter se dado em uma escola ocupada é que está guiando a discussão.
O motivo da morte, pelas informações que a imprensa veicula (que são as da Polícia, portanto questionáveis, mas as únicas até o momento), não guardam relação alguma com o que está ocorrendo na escola. Aliás, isso lamentavelmente poderia ocorrer em qualquer lugar, e nem se discute a questão da violência, do uso de drogas entre adolescentes etc. Nada disso interessa neste momento, somente desmoralizar o movimento dos estudantes. O fato de ter se dado em uma escola ocupada é que está guiando a discussão.
Última edição por Willian Casagrande em Ter Out 25, 2016 3:55 pm, editado 1 vez(es)
Willian Casagrande- Membro
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Localização : Londrina/PR
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Bom, considerando que é "direito" de todos e o espaço é "público", digamos que em uma escola existam 1.000 alunos, sendo que 100 deles realizam a "ocupação", é "justa" a medida? A vontade dos outros 900, que não aderiram e gostariam de ter aulas, é inferior à vontade daqueles? É "direito" impedir que os alunos que gostariam de seguir com seus estudos não tenham esta oportunidade?
Não estou defendendo se está certo ou errado, mas a quem pertence o 'maior' direito nesta situação.
Não estou defendendo se está certo ou errado, mas a quem pertence o 'maior' direito nesta situação.
Bastiao- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
^ Acho que vc nunca pisou ou lecionou em uma escola, não é?
Esses 100, são os que chamam os outros, são os que se mobilizam, aqueles que sabem (e querem) o que é educação e que percebem claramente que em nosso país isso não interessa ao governo.
Os outros, vão para a escola como quem vai à um encontro social, são convocados e não aparecem, inclusive nem entram em sala de aula regularmente, com ocupação ou sem ela, quando há os eventos, palestras e atividades, nem se dão ao trabalho de sair de casa...
Na escola onde leciono a 20 anos, pela 1ª vez ví um grupo de alunos interessado em mudar alguma coisa, e, embora eu não concorde com tudo o que eles pregam ou fazem, nem interfira com isso (nem meus outros colegas), tenho que apoiá-los.
Direitos tem quem luta por eles.
Esses 100, são os que chamam os outros, são os que se mobilizam, aqueles que sabem (e querem) o que é educação e que percebem claramente que em nosso país isso não interessa ao governo.
Os outros, vão para a escola como quem vai à um encontro social, são convocados e não aparecem, inclusive nem entram em sala de aula regularmente, com ocupação ou sem ela, quando há os eventos, palestras e atividades, nem se dão ao trabalho de sair de casa...
Na escola onde leciono a 20 anos, pela 1ª vez ví um grupo de alunos interessado em mudar alguma coisa, e, embora eu não concorde com tudo o que eles pregam ou fazem, nem interfira com isso (nem meus outros colegas), tenho que apoiá-los.
Direitos tem quem luta por eles.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Se essa PEC fosse criada pelo governo Dilma, DU-VI-DO que teria alguma "ocupação".
É tudo massa de manobra de partido político... Só não enxerga quem não quer.
É tudo massa de manobra de partido político... Só não enxerga quem não quer.
Coder- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Bastiao escreveu:Bom, considerando que é "direito" de todos e o espaço é "público", digamos que em uma escola existam 1.000 alunos, sendo que 100 deles realizam a "ocupação", é "justa" a medida? A vontade dos outros 900, que não aderiram e gostariam de ter aulas, é inferior à vontade daqueles? É "direito" impedir que os alunos que gostariam de seguir com seus estudos não tenham esta oportunidade?
Não estou defendendo se está certo ou errado, mas a quem pertence o 'maior' direito nesta situação.
^ Boa pergunta. Penso assim:
A questão do direito de ocupação, de greve, de liberdade de manifestação etc. não se dá em termos números, de maiorias que concordam ou não, pois são manifestações dos conflitos sociais. Tampouco a democracia, que é uma forma de governar como qualquer outra (e governar sempre foi e sempre será submeter pessoas à vontade de uma minoria que detém esse poder, por várias razões que não cabem aqui), baseia-se em legitimidade. Isso porque não existe legitimidade: o que existe é luta social, e luta social se dá somente pelo exercício da política.
Os estudantes querem manter as ocupações por uma pauta clara e precisa, a retirada da MP de Contrarreforma do Ensino Médio e da PEC 241; as pessoas que querem que as aulas voltem, sejam elas quem forem, usarão de outros argumentos.
Quem não perder, ganha. É simples.
Willian Casagrande- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Bem, eu não compactuo com ataques ad hominem, tampouco os faço em discussões. Procuro argumentar e manter o nível.
Encerro minha participação, então (no tópico que eu mesmo criei, aliás rsrs).
Encerro minha participação, então (no tópico que eu mesmo criei, aliás rsrs).
Willian Casagrande- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Coder escreveu:Se essa PEC fosse criada pelo governo Dilma, DU-VI-DO que teria alguma "ocupação".
É tudo massa de manobra de partido político... Só não enxerga quem não quer.
Você está equivocado.
Até porque, houveram propostas de mudança na grade curricular do ensino público universitário (além de queda nas verbas) no governo da "sapa barbuda" e o resultado foi uma das maiores greves da História nas mesmas...
Não confunda o que vc foi induzido à pensar com a Realidade...
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Desculpe a ignorancia,mas a qual PEC os amigos se referem?
SILVIAO- Membro
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
^ PEC 241
Engraçado que os mesmos ficaram caladinhos quando o governo Dilma cortou milhões da Educação... Ou seja, isso é tudo política. Estudante de verdade está em casa sem aula...
Também ficaram caladinhos quando faltou merenda nas escolas municipais de SP. Curiosamente, o prefeito é do PT! Imagina se fosse PSDB.. ai ai ai....
Engraçado que os mesmos ficaram caladinhos quando o governo Dilma cortou milhões da Educação... Ou seja, isso é tudo política. Estudante de verdade está em casa sem aula...
Também ficaram caladinhos quando faltou merenda nas escolas municipais de SP. Curiosamente, o prefeito é do PT! Imagina se fosse PSDB.. ai ai ai....
Coder- Membro
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Localização : Brasil
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
^ Cara, você não conhece o movimento estudantil ao dizer isso. Sabia que existem debates no interior dos movimentos de secundaristas e universitários, com participação de diversas tendências contra os apoiadores dos governos do PT, que participam do movimento (e tem direito a participar, aliás)?
Nem tudo se resume ao PT. Aliás a grande maioria dos estudantes das escolas ocupadas não tem absolutamente nenhuma vinculação com partidos ou organizações petistas, pecêdobistas ou o que o valha. Ao contrário, eles repudiam o PT e o seu legado. A maioria não têm nada a ver com o PT, não quer saber de partidos. As organizações como UPES e UBES, do PCdoB, pelegos que só, foram expulsas de várias escolas que eu já visitei.
Vocês estão acompanhando demais esses escroques que falam na Jovem Pan e no Antagonista, sei lá. Eu, hein..
Nem tudo se resume ao PT. Aliás a grande maioria dos estudantes das escolas ocupadas não tem absolutamente nenhuma vinculação com partidos ou organizações petistas, pecêdobistas ou o que o valha. Ao contrário, eles repudiam o PT e o seu legado. A maioria não têm nada a ver com o PT, não quer saber de partidos. As organizações como UPES e UBES, do PCdoB, pelegos que só, foram expulsas de várias escolas que eu já visitei.
Vocês estão acompanhando demais esses escroques que falam na Jovem Pan e no Antagonista, sei lá. Eu, hein..
Willian Casagrande- Membro
- Mensagens : 3676
Localização : Londrina/PR
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Tá aí as ocupações pacíficas feitas por estudantes bonzinhos e conscientes de seu dever cívico:
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/10/adolescente-e-encontrado-morto-dentro-de-colegio-estadual-ocupado.html
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/10/adolescente-e-encontrado-morto-dentro-de-colegio-estadual-ocupado.html
allexcosta- Administrador
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Localização : Terra
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
^ Desde quando um acontecimento entre dois drogados, sejam eles alunos ou não de escolas, desqualifica um movimento inteiro que nada tem à ver com isso?
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Localização : Niterói, RJ
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Bem lembrado...Coder escreveu:
Também ficaram caladinhos quando faltou merenda nas escolas municipais de SP. Curiosamente, o prefeito é do PT! Imagina se fosse PSDB.. ai ai ai....
Breno_Barnabe- Membro
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Localização : São Paulo
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Mauricio Luiz Bertola escreveu:^ Desde quando um acontecimento entre dois drogados, sejam eles alunos ou não de escolas, desqualifica um movimento inteiro que nada tem à ver com isso?
Nada a ver?
O próprio movimento se desqualifica quando comete o crime de se apoderar de imóvel alheio.
E isso não é isolado. Há centenas de denúncias de baderna, uso de drogas, festas que duram dias e noites, etc. feitas por vizinhos dessas cerca de 800 escolas ocupadas no Paraná.
No Brasil tudo pode, por isso nego ocupa, rouba, mata, faz o que bem entende. Qual a mensagem que um jovem desse leva pra o resto da vida? Que no país não há impunidade. O assassino foi detido pra esclarecimentos e daqui uns dias tá solto.
allexcosta- Administrador
- Mensagens : 54835
Localização : Terra
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Não estou totalmente por dentro desses movimentos e não me cabe julgar este momento presente, porém, em minha época de estudante da rede pública era notório, todo movimento estudantil tinha viés partidário/ideológico, todos. É o caso dos atuais? Como disse, não estou totalmente por dentro, logo não posso opinar.
Uma coisa que me salta aos olhos no pouco que li e vi dessas ocupações é que boa parte desses estudantes não fazem a menor ideia do que estão fazendo lá. Estão lutando contra uma PEC que sequer leram. Não estou julgando a legitimidade do movimento, entendam, mas o mínimo que se faz ao se lutar por direitos é saber que direitos são esses e em que consiste a luta.
Outra coisa que li/vi (e posso estar sendo influenciado, admito, e se for o caso, me esclareçam) é a ditadura de opinião que rola nessas ocupações. Entrar numa escola dessas com uma opinião diferente te torna alvo até de agressões físicas, ou seja, os ocupantes em momento nenhum estão abertos ao diálogo, tentando impor na marra o que eles querem, e repito, muitos deles sem sequer saber o que defendem.
Uma coisa que me salta aos olhos no pouco que li e vi dessas ocupações é que boa parte desses estudantes não fazem a menor ideia do que estão fazendo lá. Estão lutando contra uma PEC que sequer leram. Não estou julgando a legitimidade do movimento, entendam, mas o mínimo que se faz ao se lutar por direitos é saber que direitos são esses e em que consiste a luta.
Outra coisa que li/vi (e posso estar sendo influenciado, admito, e se for o caso, me esclareçam) é a ditadura de opinião que rola nessas ocupações. Entrar numa escola dessas com uma opinião diferente te torna alvo até de agressões físicas, ou seja, os ocupantes em momento nenhum estão abertos ao diálogo, tentando impor na marra o que eles querem, e repito, muitos deles sem sequer saber o que defendem.
Rodrigolack- Membro
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Localização : Braga, Portugal
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
OFÍCIO CIRCULAR – Ocupação das escolas por alunos adolescentes
Ofício nº 569 / 2016 Curitiba, 07 de outubro de 2016
Prezado(a) colega,
Tendo em vista a notícia de que muitas escolas, sobretudo da Rede Estadual de Ensino, vêm sendo ocupadas por alunos, em protesto contra a reforma do ensino médio, proposta pelo Governo Federal, por meio de medida provisória, e considerando que muitos desses alunos, ainda adolescentes, estariam pernoitando no local, sem a presença de seus pais ou responsáveis, entendemos necessário efetuar as seguintes ponderações e sugestões:
1 – O direito à livre manifestação de pensamento, de associação e mesmo o protesto pacífico diante de posturas tidas como arbitrárias por parte das autoridades constituídas é inerente a todo cidadão, nada impedindo que seja exercitado por meio da ocupação de um espaço público que tem como missão institucional o preparo para o exercício da cidadania (art. 205, da Constituição Federal);
2 – O exercício de tal direito deve ser também assegurado a adolescentes, sendo porém necessário, no espírito do preconizado pelo art. 70, da Lei nº 8.069/90, a tomada de cautelas, seja por parte de seus pais ou responsáveis, seja por parte de outros agentes, de modo a evitar a ocorrência de possíveis prejuízos decorrentes de eventuais abusos praticados por terceiros;
3 – Cabe aos órgãos públicos que atuam na defesa/ promoção de direitos de crianças e adolescentes, agindo de forma conjunta e planejada (nos moldes do previsto nos arts. 70, 70-A, inciso VI e 86, da Lei nº 8.069/90), num viés eminentemente preventivo, definir estratégias de abordagem/ intervenção junto aos alunos (sobretudo enquanto adolescentes) e seus pais/ responsáveis, de modo a avaliar as condições em que a dita ocupação está ocorrendo, notadamente quanto às condições de alojamento, higiene, alimentação e outros aspectos que, potencialmente, podem causar prejuízos àqueles que participam da manifestação;
4 – Abordagens similares devem ser efetuadas junto aos pais ou responsáveis pelos adolescentes que participam da ocupação, de modo que sejam conscientizados acerca de seus deveres para com os mesmos (art. 100, par. único, inciso IX, da Lei nº 8.069/90), assim como da necessidade de acompanhar/ monitorar as condições em que seus filhos/ pupilos se encontram;
5 – Deve ser também buscado, junto aos representantes da escola e da Secretaria de Educação, a realização de reuniões com os alunos, na perspectiva de esclarecer eventual desinformação acerca do que efetivamente consta da proposta de reforma do ensino médio e da forma como esta será implementada (valendo mencionar que o direito à informação é assegurado tanto pela Constituição Federal quanto pelo art. 100, par. único, inciso XI, da Lei nº 8.069/90);
6 – Embora, naturalmente, caiba ao Conselho Tutelar local o acompanhamento da situação e a tomada das providências necessárias a prevenir e/ou coibir possíveis violações de direitos dos adolescentes que participam das manifestações, as abordagens e intervenções acima referidas não devem se restringir a este órgão, sendo fundamental a participação de outros componentes da “rede de proteção” à criança e ao adolescente local (com ênfase para profissionais da área da pedagogia e serviço social, bem como daqueles que possuam formação em mediação de conflitos – cuja intervenção em situações semelhantes se mostra fundamental), além de representantes dos pais/ responsáveis e dos próprios alunos, observando-se, em qualquer caso, os princípios relacionados no art. 100, par. único, da Lei nº 8.069/90;
7 – Importante, em qualquer caso, que o planejamento das ações a serem desencadeadas seja efetuado na perspectiva de prevenir/ evitar qualquer situação de conflito, fazendo uso da informação, do diálogo, da mediação e do respeito mútuo como ferramentas de negociação junto às lideranças do movimento (que, logicamente, precisam ser identificadas e também conscientizadas acerca de seus deveres para com os adolescentes que dele participam);
8 – Paralelamente, deve ser obtido junto às escolas e à Secretaria de Educação a definição de alternativas, seja para futura reposição de aulas, seja para evitar que os alunos que não desejam participar do movimento sejam por ele de qualquer modo prejudicados.
A partir da instituição de tais cautelas e mecanismos de diálogo, negociação e acompanhamento, será possível minimizar os efeitos deletérios decorrentes das manifestações face a proposta de reforma do Ensino Médio apresentada pelo Governo Federal, sendo certo que a participação dos diversos órgãos e agentes corresponsáveis pela defesa/ promoção de direitos de crianças e adolescentes, assim como dos pais/ responsáveis pelos alunos, é fundamental para que o mencionado direito à manifestação do pensamento seja exercido de forma livre e saudável.
Sem mais para o momento, e permanecendo à disposição para os esclarecimentos adicionais e o suporte que se fizerem necessários, renovamos votos de elevada estima e distinta consideração.
HIRMÍNIA DORIGAN DE MATOS DINIZ
Promotora de Justiça
MURILLO JOSÉ DIGIÁCOMO
Procurador de Justiça – Coordenador
Ofício nº 569 / 2016 Curitiba, 07 de outubro de 2016
Prezado(a) colega,
Tendo em vista a notícia de que muitas escolas, sobretudo da Rede Estadual de Ensino, vêm sendo ocupadas por alunos, em protesto contra a reforma do ensino médio, proposta pelo Governo Federal, por meio de medida provisória, e considerando que muitos desses alunos, ainda adolescentes, estariam pernoitando no local, sem a presença de seus pais ou responsáveis, entendemos necessário efetuar as seguintes ponderações e sugestões:
1 – O direito à livre manifestação de pensamento, de associação e mesmo o protesto pacífico diante de posturas tidas como arbitrárias por parte das autoridades constituídas é inerente a todo cidadão, nada impedindo que seja exercitado por meio da ocupação de um espaço público que tem como missão institucional o preparo para o exercício da cidadania (art. 205, da Constituição Federal);
2 – O exercício de tal direito deve ser também assegurado a adolescentes, sendo porém necessário, no espírito do preconizado pelo art. 70, da Lei nº 8.069/90, a tomada de cautelas, seja por parte de seus pais ou responsáveis, seja por parte de outros agentes, de modo a evitar a ocorrência de possíveis prejuízos decorrentes de eventuais abusos praticados por terceiros;
3 – Cabe aos órgãos públicos que atuam na defesa/ promoção de direitos de crianças e adolescentes, agindo de forma conjunta e planejada (nos moldes do previsto nos arts. 70, 70-A, inciso VI e 86, da Lei nº 8.069/90), num viés eminentemente preventivo, definir estratégias de abordagem/ intervenção junto aos alunos (sobretudo enquanto adolescentes) e seus pais/ responsáveis, de modo a avaliar as condições em que a dita ocupação está ocorrendo, notadamente quanto às condições de alojamento, higiene, alimentação e outros aspectos que, potencialmente, podem causar prejuízos àqueles que participam da manifestação;
4 – Abordagens similares devem ser efetuadas junto aos pais ou responsáveis pelos adolescentes que participam da ocupação, de modo que sejam conscientizados acerca de seus deveres para com os mesmos (art. 100, par. único, inciso IX, da Lei nº 8.069/90), assim como da necessidade de acompanhar/ monitorar as condições em que seus filhos/ pupilos se encontram;
5 – Deve ser também buscado, junto aos representantes da escola e da Secretaria de Educação, a realização de reuniões com os alunos, na perspectiva de esclarecer eventual desinformação acerca do que efetivamente consta da proposta de reforma do ensino médio e da forma como esta será implementada (valendo mencionar que o direito à informação é assegurado tanto pela Constituição Federal quanto pelo art. 100, par. único, inciso XI, da Lei nº 8.069/90);
6 – Embora, naturalmente, caiba ao Conselho Tutelar local o acompanhamento da situação e a tomada das providências necessárias a prevenir e/ou coibir possíveis violações de direitos dos adolescentes que participam das manifestações, as abordagens e intervenções acima referidas não devem se restringir a este órgão, sendo fundamental a participação de outros componentes da “rede de proteção” à criança e ao adolescente local (com ênfase para profissionais da área da pedagogia e serviço social, bem como daqueles que possuam formação em mediação de conflitos – cuja intervenção em situações semelhantes se mostra fundamental), além de representantes dos pais/ responsáveis e dos próprios alunos, observando-se, em qualquer caso, os princípios relacionados no art. 100, par. único, da Lei nº 8.069/90;
7 – Importante, em qualquer caso, que o planejamento das ações a serem desencadeadas seja efetuado na perspectiva de prevenir/ evitar qualquer situação de conflito, fazendo uso da informação, do diálogo, da mediação e do respeito mútuo como ferramentas de negociação junto às lideranças do movimento (que, logicamente, precisam ser identificadas e também conscientizadas acerca de seus deveres para com os adolescentes que dele participam);
8 – Paralelamente, deve ser obtido junto às escolas e à Secretaria de Educação a definição de alternativas, seja para futura reposição de aulas, seja para evitar que os alunos que não desejam participar do movimento sejam por ele de qualquer modo prejudicados.
A partir da instituição de tais cautelas e mecanismos de diálogo, negociação e acompanhamento, será possível minimizar os efeitos deletérios decorrentes das manifestações face a proposta de reforma do Ensino Médio apresentada pelo Governo Federal, sendo certo que a participação dos diversos órgãos e agentes corresponsáveis pela defesa/ promoção de direitos de crianças e adolescentes, assim como dos pais/ responsáveis pelos alunos, é fundamental para que o mencionado direito à manifestação do pensamento seja exercido de forma livre e saudável.
Sem mais para o momento, e permanecendo à disposição para os esclarecimentos adicionais e o suporte que se fizerem necessários, renovamos votos de elevada estima e distinta consideração.
HIRMÍNIA DORIGAN DE MATOS DINIZ
Promotora de Justiça
MURILLO JOSÉ DIGIÁCOMO
Procurador de Justiça – Coordenador
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Localização : Niterói, RJ
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
https://jornalistaslivres.org/2016/04/secundaristas-protestam-com-intensa-atividade-cultural-durante-ocupacao-de-escolas-no-rio/
Mais um texto para quem só lê o que a mídia publica:
Por Douglas Oliveira
O levante estudantil secundarista está entre os fenômenos mais interessantes da atual cena política brasileira. Além de suscitar uma causa de forte apelo social — a defesa apaixonada da escola pública — e inovar nas táticas e estratégias de luta, ele se destaca por ter um caráter organizativo marcado pela horizontalidade e ausência de lideranças individuais. Uma outra característica do movimento que dificulta a reação do Estado às mobilizações é o fato de elas se colocarem para além da polarização partidária que dominou a arena da política institucional nestes últimos vinte anos: justamente por estarem contra todos os que atacam a educação é que as tentativas em jogá-las — ao menos no plano das narrativas oficiais — para dentro da esfera de influência do grupo que foi retirado do governo federal têm se visto cada vez mais frustradas.
Assim como outras lutas protagonizadas por grupos sociais até então silenciados na esfera pública, como as mulheres, os LGBTS, os negros e a juventude periférica, a ação dos secundaristas faz parte de um conjunto de movimentações com potencialidade para reorientar até mesmo o sentido político das ruas do país, ainda mais num momento de crescente descrença nas instituições representativas. Não é outra a razão do pânico por parte dos governantes estaduais atingidos pelas ocupações de 2016, o que os obriga a reorientar suas estratégias de reação e sufocamento das demandas estudantis.
Diferentemente do que aconteceu no último trimestre de 2015, quando a mobilização se concentrava em São Paulo e a própria Polícia Militar era utilizada para retirar os adolescentes das unidades escolares tomadas, a linha oficial assumida agora parece ser a “terceirização das desocupações”: ao menos é o que podemos observar nas reações violentas conduzidas contra os adolescentes nas duas principais cidades do país. Nem entraremos na discussão a respeito da ação violenta que foi levada a cabo no último dia 13 de maio, quando a tropa de choque da Polícia Militar, com aval da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, retirou violentamente — vale dizer, sem mandado de reintegração ou cumprimento de qualquer procedimento jurídico padrão — os estudantes que ocupavam algumas unidades de ETECs e também de uma diretoria de ensino na capital paulista1. O que nos interessa aqui é analisar as ações de grupos supostamente organizados na sociedade civil para derrubarem as ocupações estudantis. Apesar de se apresentarem como formados exclusivamente por estudantes indignados com as ocupações, seus métodos de ação, assim como alguns documentos e declarações de representantes de órgãos oficiais, sugerem que eles estejam articulados a uma estratégia mais ampla de reação que muito pouco tem a ver com espontaneidade popular ou resistência civil.
A violência terceirizada não esteve de todo ausente no ano passado. À época, os estudantes nos passavam relatos e registros que comprovavam a confabulação de diretores de escolas até mesmo com traficantes de drogas em algumas regiões da periferia de São Paulo; que saques pontuais foram promovidos para intimidar ocupantes de escolas que tinham um papel simbólico no movimento; e também que um grupo diretamente ligado ao PSDB se organizou, em Guarulhos, para minar a ocupação legítima que era conduzida pelos secundaristas. De todo modo, tais excessos foram exceções à regra. O seguido foi a judicialização da questão e o governo foi acumulando seguidas derrotas: a reivindicação ganhou forte apoio da opinião pública e a repressão violenta, que jamais faltou nos atos de rua, teve de ser atenuada nas unidades ocupadas. Além disso, é preciso recordar que a escola que atraiu maior parte da atenção da mídia, a EE Fernão Dias Paes, localiza-se numa região central da cidade de São Paulo, o que dificultava ações violentas como as que observamos em 2016.
TEXTO-MEIO
É provável que se o áudio da reunião extraordinária chamada por Fernando Padula, antigo chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação do estado de São Paulo, com diretores de ensino e membros da Secretaria de Segurança Pública, não tivesse sido vazado, num importante furo de reportagem do Coletivo Jornalistas Livres, uma regra de exceção teria sido estabelecida para lidar com aquele movimento2. Desmoralizado, pouco restou ao governo a não ser admitir a vitória dos estudantes, ainda que jamais tenha sido cancelado o projeto de reestruturação, tal como eles exigiam. Logo após a queda de Herman Voorwald, então secretário de Educação, o governador Geraldo Alckmin nomeou um juiz — José Renato Nalini — para assumir a pasta. O novo secretário parece ter sido escolhido, dentre outras razões, também para fazer a mediação entre a secretaria de Educação e os órgãos de segurança pública e Justiça.
As mobilizações de 2016 parecem expressar um novo momento da luta. O movimento de 2015 dos estudantes paulistas, organizado contra a reestruturação escolar, assim como o dos secundaristas goianos, insurgido contra a decisão do governo em ceder gestões escolares às Organizações Sociais (OSs), significavam reações legítimas a determinações impostas sem discussões com as comunidades escolares. As mobilizações de agora aparentam ser mais maduras e representar muito mais uma ofensiva por parte dos adolescentes: não apenas negam a escola do presente e as transformações a toque de caixa, também debatem a do futuro. Cada vez mais, deixam claro que sabem o que não funciona na educação brasileira e exigem mudanças radicais em sua gestão e na organização das unidades escolares. A preocupação não se reduz a apenas ocupar e resistir, mas fundamentalmente em fortalecer o trabalho de base e enraizar as lutas no cotidiano das escolas.
Os secundaristas das ETECs de São Paulo, que reivindicam merenda de um governo investigado por desvios recursos destinados a tal fim, são expressão de uma geração que não apenas tornou-se consciente de seus direitos, mas que também passou a se entender como protagonista política de seu tempo. Já em outros estados, como Rio de Janeiro, Ceará, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, os alunos parecem ter aproveitado as mobilizações de greve conduzidas pelos professores para trazerem à tona discussões fundamentais: no Rio, por exemplo, ao se levantarem contra o currículo mínimo — modelo imposto pelo governo carioca, às expensas do Plano Nacional de Educação –, ou mesmo ao exigirem mais aulas de Filosofia e Sociologia na grade oficial, os estudantes procuram redefinir o modo como se dá a própria condução das políticas que orientam a educação pública no estado. Por sua vez, os adolescentes gaúchos, dentre outras demandas gerais, se levantam contra o famigerado projeto Escola Sem Partido, que procura se legitimar em casas legislativas de todo o país e tem como objetivo silenciar professores e estudantes quanto a temas — ainda que previstos nos currículos — “indelicados” para o sistema, tais como gênero, política, movimentos sociais e revisionismo étnico-racial.
A tática de ocupações de unidades jamais foi uma unanimidade entre os estudantes e é preciso sempre lembrar que o movimento não se reduz a ela. Os secundaristas das ETECs tiveram de lidar concretamente com esta questão, já que a luta contra o ajuste fiscal e pela implantação de merenda, que deflagrou uma onda de ocupações nas escolas técnicas a partir do dia 28 de abril, foi levada a cabo quase que exclusivamente pelos que cursam o ensino médio no Centro Paula Souza (CPS). Os alunos do período noturno, em geral mais velhos e já inseridos no mundo do trabalho, aparentemente não tinham tal ponto de pauta como central e manifestaram sua insatisfação com a tomada dos prédios. Não deixou de ser um desafio para o movimento a necessidade de abrir um canal de comunicação mais eficiente com os trabalhadores que estudam na instituição.
Atento a tudo isso, o governo do estado soube explorar a insatisfação de uma parcela significativa da comunidade — parte dos estudantes dos cursos técnicos, professores, servidores administrativos e diretores — e moveu estratégias para insuflar alunos contra os ocupantes das unidades. Duas foram as linhas adotadas: 1) A legitimação, inclusive por meio de uma nota emitida no dia 10 de maio, de ações de desocupação a serem conduzidas por civis. No texto, assinado pela professora Laura Laganá, a diretora geral da instituição, o CPS admitia “apoiar fortemente” as ações de professores e estudantes contrários às ocupações com vias à retomada dos prédios. Abstraindo uma tensão concreta existente naquele momento, o documento por si representava uma temeridade e completo descaso com a segurança dos adolescentes que se encontravam no interior dos prédios, já que eles vinham sendo alvos de ameaças e ações violentas por parte de adultos3; 2) Diretores, coordenadores e professores da instituição assumiram o papel de estrategistas militares, organizando reuniões e definindo linhas de ação para que estudantes do ensino técnico invadissem e retirassem os ocupantes à força.
A ETEC Basilides de Godoy (BG), localizada no bairro da Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista, foi a unidade que vivenciou os momentos mais dramáticos e os principais registros de violência terceirizada em São Paulo.
No dia 3 de maio, uma terça-feira, após deliberarem em uma assembleia com cerca de trezentos estudantes, os secundaristas ocuparam a escola. Desde o início das mobilizações, eles conviveram com a pressão da equipe gestora, que não mediu esforços para colocar pais e estudantes, em especial os dos cursos noturnos, contra o movimento, ainda que as aulas da noite tivessem sido permitidas desde o primeiro momento de tensão. Nos dias que se seguiram, as ameaças e tentativas de invasão não pararam de aumentar, tomando um ar mais intensificado a partir da sexta-feira, dia 6, quando um grupo tentou uma investida mais agressiva e uma aluna chegou mesmo a desmaiar em meio ao tumulto. No dia 12, a quinta-feira de uma semana marcada pelo acirramento dos ânimos, em ação organizada em conjunto com professores e coordenadores da unidade, estudantes do curso noturno partiram enfim para uma atitude mais radicalizada, invadindo a ETEC e retirando os ocupantes.
A PM — em todos os dias — apenas “acompanhou” as ações do grupo vigilantista, sem nada fazer para coibir os atos de violência. Limitou-se a encaminhar as doações recebidas e pertences dos ocupantes, concluir e garantir a retomada do prédio, assim como entregá-lo novamente ao comando da direção.
A ação foi amplamente comemorada nas redes sociais e um dos coordenadores da Basilides chegou até mesmo a conceder entrevista para um blog de alinhamento político conservador e nome inusitado, o Reacionaria. Numa das questões, o entrevistador insistia na possibilidade de punir os ocupantes, ao que ele respondeu que a decisão — caso acontecesse — seria tomada pelo Conselho da Escola, mas que o governador fazia questão de ter a identificação dos responsáveis pela ocupação. O que era um temor dos secundaristas à época das desocupações começou a se materializar na primeira semana de junho, pois pais e alunos da unidade têm relatado casos de retaliação aos que participaram do movimento. Há inclusive registros de ameaças de suspensões e transferências compulsórias na ETEC. Sabe-se que diretorias de Ensino de diversas regiões do estado têm feito sondagens junto a estudantes e professores para identificar aqueles que são simpáticos ou que tenham tido envolvimento ativo com as ocupações e é muito provável que as retaliações não parem por aí. O Estado Punitivo parece estender os seus tentáculos para dentro das unidades escolares em São Paulo e muitos dos que ocupam cargos de gestão parecem entusiasmados com a possibilidade de assumir incumbências repressivas.
Se a situação em São Paulo já preocupa, a do Rio de Janeiro choca e pede atenção redobrada. Em nenhum outro lugar a terceirização da repressão atingiu níveis tão extremados. Ainda em março, já havia sido amplamente divulgado o caso do Ciep 114, em São João do Meriti, onde a direção foi acusada de arregimentar integrantes das temidas milícias cariocas para coagir pais e estudantes que organizavam a ocupação da escola4. Com o avanço do movimento, os métodos de reação foram amplamente sofisticados e atingiram um formato mais acabado com a criação do grupo autodenominado Desocupa, Já!, que tem promovido violência e aterrorizado as ocupações secundaristas.
No dia 21 de março, após transcorridas três semanas da greve dos professores cariocas, o Colégio Estadual (CE) Mendes de Moraes, localizado na Ilha do Governador, tornou-se o primeiro a ser ocupado no Rio de Janeiro. Não demorou muito para que uma onda de ocupações se espalhasse a partir do movimento Ocupa Mais, chegando a um pico de quase oitenta unidades tomadas pelos estudantes nas mais diversas regiões do estado. A exemplo do que havia acontecido com a EE Fernão Dias Paes, no movimento dos secundaristas paulistas de 2015 — que também mantinha uma boa organização interna e contava com excelentes quadros entre os seus porta-vozes –, a maior parte da atenção da mídia se concentrou no Mendes. Foi para lá também que se voltou a ira do Desocupa, que passou a encarar a derrubada da OcupaMendes como uma questão de honra, não poupando esforços para pressionar psicológica e fisicamente os estudantes. Acreditava que uma vez que derrotasse a primeira ocupação do estado, causaria um efeito dominó nos demais colégios.
A intimidação dos Desocupas seguiu em duas frentes no Mendes de Moraes: 1) Uma campanha virtual que alegava que os ocupantes haviam desorganizado a escola e reivindicava o direito dos estudantes descontentes com o movimento a terem aulas; ameaças constantes de invasões e convocações pelas redes sociais de atos para desocupar o colégio, mesmo sem mandado de reintegração ou qualquer amparo legal e; até mesmo a exposição virtual de uma professora da unidade que é apoiadora do movimento, com um pedido público por sua exoneração em razão de ter expressado um posicionamento político favorável à ocupação; 2) Ameaças de ataques com vias a causar cansaço psicológico nos ocupantes e ações presenciais e violentas contra eles. Ainda que inegavelmente contasse com estudantes entre os seus membros, em muitas oportunidades se observou a presença de pessoas — tanto adultos como adolescentes de comunidades vizinhas — alheias ao colégio nas ações intimidatórias. Mais do que relatos, há registros de depredação de dependências do prédio, agressões físicas, pauladas e até mesmo facadas contra alunos que participaram da OcupaMendes.
Como em São Paulo, os ataques foram realizados sob os olhos da PM, que se reservou a apenas observar as agressões ou mesmo se retirar em momentos de maior acirramento dos ânimos.
No dia 10 de maio, ao meio dia, o Desocupa voltou, acompanhado por membros de outros colégios e pessoas ligadas a facções criminosas e forçou a saída dos ocupantes. Por volta das 22h, os secundaristas do Mendes de Moraes reocuparam o prédio numa ação histórica e louvada por estudantes e professores de diversas regiões do país. Ainda que o governo estadual tivesse decretado que os colégios ocupados estavam oficialmente em férias, as ameaças e agressões persistiram. Por questões de segurança, já que a presença de elementos alheios à comunidade era avaliada cada vez mais como um sinal de perigo de acontecer até mesmo o pior, os alunos decidiram pela desocupação definitiva do Mendes de Moraes no dia 16. Em tais condições, manter o prédio tomado lhes traria apenas riscos, uma vez que já tinham conseguido que a Secretaria de Educação (SEEDUC) atendesse a pauta local do colégio e tido a garantia do governo de que a unidade contaria com uma verba suplementar de 15 mil reais para consertar coisas que já vinham sendo denunciadas desde o início do movimento e também para reparar os danos causados por aqueles que invadiram a ocupação.
Mesmo após o retorno das aulas, a intimidação não parou e há informações de que alunos vinculados à OcupaMendes têm sofrido reiteradas ameaças.
Até o momento, o movimento dos secundaristas cariocas já conseguiu uma série de conquistas importantes. O secretário estadual de Educação, Antônio Neto, foi exonerado do cargo no dia da desocupação do Mendes de Moraes e substituído por Wagner Victer, que até então respondia pela presidência da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). A Defensoria Geral do Estado e o Ministério Público do Rio de Janeiro definiram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que estende a verba suplementar para a reparação de danos às demais unidades ocupadas, ainda que o governo não tenha garantido o seu cumprimento, assim como lança o programa “Preservando Escolas”, que se compromete a promover reformas em 185 colégios estaduais. O Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) deverá ser extinto e substituído por uma espécie de simulado para o Exame Nacional do Ensino Médio já a partir de 2017. Os colégios ocupados terão eleições diretas para diretores — com proporção de 50% para funcionários e diretores e 50% para pais e estudantes –, previstas para o início do segundo semestre5.
Os estudantes ainda ocupam cerca de trinta CEs, a Metropolitana III (espécie de Diretoria Regional de Ensino e uma das seis do estado) e a SEEDUC, esta última pela segunda vez. Os ocupantes dos prédios administrativos já deixaram claro que só pretendem recuar se o governo protocolar em edição do Diário Oficial tudo o que foi acordado até o momento, tanto com o antigo quanto com o novo secretário de educação.
No último dia 1 de junho, a juíza Glória Heloísa de Lima Souza, titular da Segunda Vara da Infância, Juventude e do Idoso da capital carioca, deferiu uma ordem em favor do retorno às aulas, mesmo sem decretar autorização para que a PM desocupasse as unidades6. Ainda que a greve continue contando com grande adesão da categoria, a decisão acabou por fazer com que diversas unidades fossem desocupadas voluntariamente pelos estudantes e o próprio movimento Desocupa acabou recuando nos ataques: após o despacho, até mesmo a página do grupo foi retirada das redes sociais.
A repressão terceirizada, entretanto, continua firme e cada vez mais sofisticada. Um ato pacífico organizado por secundaristas foi duramente reprimido no Meier, na quarta-feira, dia 15. Cerca de 14 menores foram detidos e a violência correu solta pelas ruas do tradicional bairro carioca. O que chamou a atenção nem foram tanto as cenas de terror, cada vez mais frequentes no combate aos atos estudantis, mas sim os seus promotores. Os estudantes não foram presos por policiais em exercício oficial, mas sim por membros do programa Operação Segurança Presente (OSP), uma espécie de convênio entre a PM carioca e a Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio), que é apresentado como um estímulo a práticas de vigilância, utilizando policias em período de folga e civis como agentes de segurança: os custos são divididos entre a entidade e o poder público7. O projeto institucionaliza os já tradicionais biscates dos policiais militares, uma categoria tão mal remunerada como a dos professores, acabando por deixar nas mãos dos empresários a definição a respeito das áreas de risco e contenção à criminalidade. Quando a serviço do programa, até mesmo os que são PMs não estão em ação como agentes do Estado e sim como seguranças do Capital. Não são poucas as críticas de moradores e especialistas em segurança pública do Rio de Janeiro ao OSP8.
Embora não se possa estabelecer uma relação direta entre a terceirização da repressão e alguns casos recentes, certos dados já se apresentam como motivos suficientes para justificar uma preocupação maior com a relutância do poder público em coibir as práticas aqui descritas. Já há registro de uma estudante encontrada morta após sair de uma ocupação no Rio e também do desaparecimento de um outro em Santos, um secundarista que participou das ocupações de 2015 e, que segundo informações, vinha sendo ameaçado desde então9.
A repressão terceirizada à juventude combativa não é um fenômeno novo, nem no Brasil e nem na América Latina. Há menos de dois anos, o mundo inteiro ficou chocado com a audácia do governo mexicano em entregar as cabeças, os sonhos e os corpos dos normalistas do estado de Guerrero ao crime organizado10. É temerário que o nosso país comece a ceder praça a tais procedimentos odiosos: os governos do Rio de Janeiro e de São Paulo devem uma reposta à sociedade brasileira. Com ou sem greves e ocupações, a luta continuará e os governantes precisam assumir a reponsabilidade em negociar diretamente com quem reivindica o legítimo direito de ser protagonista político de seu tempo.
Ao permitir tais atos, o poder público acaba por favorecer ações civis com evidentes requintes fascistas.
A opinião pública do país reconhece a legitimidade do levante secundarista e já deu mostras de que valoriza uma geração que assumiu como sua a luta em defesa da escola pública. O que estudantes, pais e professores esperam neste momento é que os governantes façam o mesmo, e antes de que qualquer tragédia anunciada possa ser confirmada. Se o Estado não quer ser visto como estimulador de tais ações violentas, é necessário que se coloque como mediador de conflitos, que coíba as práticas milicianas e negocie diretamente com o movimento social.
Mais um texto para quem só lê o que a mídia publica:
Por Douglas Oliveira
O levante estudantil secundarista está entre os fenômenos mais interessantes da atual cena política brasileira. Além de suscitar uma causa de forte apelo social — a defesa apaixonada da escola pública — e inovar nas táticas e estratégias de luta, ele se destaca por ter um caráter organizativo marcado pela horizontalidade e ausência de lideranças individuais. Uma outra característica do movimento que dificulta a reação do Estado às mobilizações é o fato de elas se colocarem para além da polarização partidária que dominou a arena da política institucional nestes últimos vinte anos: justamente por estarem contra todos os que atacam a educação é que as tentativas em jogá-las — ao menos no plano das narrativas oficiais — para dentro da esfera de influência do grupo que foi retirado do governo federal têm se visto cada vez mais frustradas.
Assim como outras lutas protagonizadas por grupos sociais até então silenciados na esfera pública, como as mulheres, os LGBTS, os negros e a juventude periférica, a ação dos secundaristas faz parte de um conjunto de movimentações com potencialidade para reorientar até mesmo o sentido político das ruas do país, ainda mais num momento de crescente descrença nas instituições representativas. Não é outra a razão do pânico por parte dos governantes estaduais atingidos pelas ocupações de 2016, o que os obriga a reorientar suas estratégias de reação e sufocamento das demandas estudantis.
Diferentemente do que aconteceu no último trimestre de 2015, quando a mobilização se concentrava em São Paulo e a própria Polícia Militar era utilizada para retirar os adolescentes das unidades escolares tomadas, a linha oficial assumida agora parece ser a “terceirização das desocupações”: ao menos é o que podemos observar nas reações violentas conduzidas contra os adolescentes nas duas principais cidades do país. Nem entraremos na discussão a respeito da ação violenta que foi levada a cabo no último dia 13 de maio, quando a tropa de choque da Polícia Militar, com aval da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, retirou violentamente — vale dizer, sem mandado de reintegração ou cumprimento de qualquer procedimento jurídico padrão — os estudantes que ocupavam algumas unidades de ETECs e também de uma diretoria de ensino na capital paulista1. O que nos interessa aqui é analisar as ações de grupos supostamente organizados na sociedade civil para derrubarem as ocupações estudantis. Apesar de se apresentarem como formados exclusivamente por estudantes indignados com as ocupações, seus métodos de ação, assim como alguns documentos e declarações de representantes de órgãos oficiais, sugerem que eles estejam articulados a uma estratégia mais ampla de reação que muito pouco tem a ver com espontaneidade popular ou resistência civil.
A violência terceirizada não esteve de todo ausente no ano passado. À época, os estudantes nos passavam relatos e registros que comprovavam a confabulação de diretores de escolas até mesmo com traficantes de drogas em algumas regiões da periferia de São Paulo; que saques pontuais foram promovidos para intimidar ocupantes de escolas que tinham um papel simbólico no movimento; e também que um grupo diretamente ligado ao PSDB se organizou, em Guarulhos, para minar a ocupação legítima que era conduzida pelos secundaristas. De todo modo, tais excessos foram exceções à regra. O seguido foi a judicialização da questão e o governo foi acumulando seguidas derrotas: a reivindicação ganhou forte apoio da opinião pública e a repressão violenta, que jamais faltou nos atos de rua, teve de ser atenuada nas unidades ocupadas. Além disso, é preciso recordar que a escola que atraiu maior parte da atenção da mídia, a EE Fernão Dias Paes, localiza-se numa região central da cidade de São Paulo, o que dificultava ações violentas como as que observamos em 2016.
TEXTO-MEIO
É provável que se o áudio da reunião extraordinária chamada por Fernando Padula, antigo chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação do estado de São Paulo, com diretores de ensino e membros da Secretaria de Segurança Pública, não tivesse sido vazado, num importante furo de reportagem do Coletivo Jornalistas Livres, uma regra de exceção teria sido estabelecida para lidar com aquele movimento2. Desmoralizado, pouco restou ao governo a não ser admitir a vitória dos estudantes, ainda que jamais tenha sido cancelado o projeto de reestruturação, tal como eles exigiam. Logo após a queda de Herman Voorwald, então secretário de Educação, o governador Geraldo Alckmin nomeou um juiz — José Renato Nalini — para assumir a pasta. O novo secretário parece ter sido escolhido, dentre outras razões, também para fazer a mediação entre a secretaria de Educação e os órgãos de segurança pública e Justiça.
As mobilizações de 2016 parecem expressar um novo momento da luta. O movimento de 2015 dos estudantes paulistas, organizado contra a reestruturação escolar, assim como o dos secundaristas goianos, insurgido contra a decisão do governo em ceder gestões escolares às Organizações Sociais (OSs), significavam reações legítimas a determinações impostas sem discussões com as comunidades escolares. As mobilizações de agora aparentam ser mais maduras e representar muito mais uma ofensiva por parte dos adolescentes: não apenas negam a escola do presente e as transformações a toque de caixa, também debatem a do futuro. Cada vez mais, deixam claro que sabem o que não funciona na educação brasileira e exigem mudanças radicais em sua gestão e na organização das unidades escolares. A preocupação não se reduz a apenas ocupar e resistir, mas fundamentalmente em fortalecer o trabalho de base e enraizar as lutas no cotidiano das escolas.
Os secundaristas das ETECs de São Paulo, que reivindicam merenda de um governo investigado por desvios recursos destinados a tal fim, são expressão de uma geração que não apenas tornou-se consciente de seus direitos, mas que também passou a se entender como protagonista política de seu tempo. Já em outros estados, como Rio de Janeiro, Ceará, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, os alunos parecem ter aproveitado as mobilizações de greve conduzidas pelos professores para trazerem à tona discussões fundamentais: no Rio, por exemplo, ao se levantarem contra o currículo mínimo — modelo imposto pelo governo carioca, às expensas do Plano Nacional de Educação –, ou mesmo ao exigirem mais aulas de Filosofia e Sociologia na grade oficial, os estudantes procuram redefinir o modo como se dá a própria condução das políticas que orientam a educação pública no estado. Por sua vez, os adolescentes gaúchos, dentre outras demandas gerais, se levantam contra o famigerado projeto Escola Sem Partido, que procura se legitimar em casas legislativas de todo o país e tem como objetivo silenciar professores e estudantes quanto a temas — ainda que previstos nos currículos — “indelicados” para o sistema, tais como gênero, política, movimentos sociais e revisionismo étnico-racial.
A tática de ocupações de unidades jamais foi uma unanimidade entre os estudantes e é preciso sempre lembrar que o movimento não se reduz a ela. Os secundaristas das ETECs tiveram de lidar concretamente com esta questão, já que a luta contra o ajuste fiscal e pela implantação de merenda, que deflagrou uma onda de ocupações nas escolas técnicas a partir do dia 28 de abril, foi levada a cabo quase que exclusivamente pelos que cursam o ensino médio no Centro Paula Souza (CPS). Os alunos do período noturno, em geral mais velhos e já inseridos no mundo do trabalho, aparentemente não tinham tal ponto de pauta como central e manifestaram sua insatisfação com a tomada dos prédios. Não deixou de ser um desafio para o movimento a necessidade de abrir um canal de comunicação mais eficiente com os trabalhadores que estudam na instituição.
Atento a tudo isso, o governo do estado soube explorar a insatisfação de uma parcela significativa da comunidade — parte dos estudantes dos cursos técnicos, professores, servidores administrativos e diretores — e moveu estratégias para insuflar alunos contra os ocupantes das unidades. Duas foram as linhas adotadas: 1) A legitimação, inclusive por meio de uma nota emitida no dia 10 de maio, de ações de desocupação a serem conduzidas por civis. No texto, assinado pela professora Laura Laganá, a diretora geral da instituição, o CPS admitia “apoiar fortemente” as ações de professores e estudantes contrários às ocupações com vias à retomada dos prédios. Abstraindo uma tensão concreta existente naquele momento, o documento por si representava uma temeridade e completo descaso com a segurança dos adolescentes que se encontravam no interior dos prédios, já que eles vinham sendo alvos de ameaças e ações violentas por parte de adultos3; 2) Diretores, coordenadores e professores da instituição assumiram o papel de estrategistas militares, organizando reuniões e definindo linhas de ação para que estudantes do ensino técnico invadissem e retirassem os ocupantes à força.
A ETEC Basilides de Godoy (BG), localizada no bairro da Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista, foi a unidade que vivenciou os momentos mais dramáticos e os principais registros de violência terceirizada em São Paulo.
No dia 3 de maio, uma terça-feira, após deliberarem em uma assembleia com cerca de trezentos estudantes, os secundaristas ocuparam a escola. Desde o início das mobilizações, eles conviveram com a pressão da equipe gestora, que não mediu esforços para colocar pais e estudantes, em especial os dos cursos noturnos, contra o movimento, ainda que as aulas da noite tivessem sido permitidas desde o primeiro momento de tensão. Nos dias que se seguiram, as ameaças e tentativas de invasão não pararam de aumentar, tomando um ar mais intensificado a partir da sexta-feira, dia 6, quando um grupo tentou uma investida mais agressiva e uma aluna chegou mesmo a desmaiar em meio ao tumulto. No dia 12, a quinta-feira de uma semana marcada pelo acirramento dos ânimos, em ação organizada em conjunto com professores e coordenadores da unidade, estudantes do curso noturno partiram enfim para uma atitude mais radicalizada, invadindo a ETEC e retirando os ocupantes.
A PM — em todos os dias — apenas “acompanhou” as ações do grupo vigilantista, sem nada fazer para coibir os atos de violência. Limitou-se a encaminhar as doações recebidas e pertences dos ocupantes, concluir e garantir a retomada do prédio, assim como entregá-lo novamente ao comando da direção.
A ação foi amplamente comemorada nas redes sociais e um dos coordenadores da Basilides chegou até mesmo a conceder entrevista para um blog de alinhamento político conservador e nome inusitado, o Reacionaria. Numa das questões, o entrevistador insistia na possibilidade de punir os ocupantes, ao que ele respondeu que a decisão — caso acontecesse — seria tomada pelo Conselho da Escola, mas que o governador fazia questão de ter a identificação dos responsáveis pela ocupação. O que era um temor dos secundaristas à época das desocupações começou a se materializar na primeira semana de junho, pois pais e alunos da unidade têm relatado casos de retaliação aos que participaram do movimento. Há inclusive registros de ameaças de suspensões e transferências compulsórias na ETEC. Sabe-se que diretorias de Ensino de diversas regiões do estado têm feito sondagens junto a estudantes e professores para identificar aqueles que são simpáticos ou que tenham tido envolvimento ativo com as ocupações e é muito provável que as retaliações não parem por aí. O Estado Punitivo parece estender os seus tentáculos para dentro das unidades escolares em São Paulo e muitos dos que ocupam cargos de gestão parecem entusiasmados com a possibilidade de assumir incumbências repressivas.
Se a situação em São Paulo já preocupa, a do Rio de Janeiro choca e pede atenção redobrada. Em nenhum outro lugar a terceirização da repressão atingiu níveis tão extremados. Ainda em março, já havia sido amplamente divulgado o caso do Ciep 114, em São João do Meriti, onde a direção foi acusada de arregimentar integrantes das temidas milícias cariocas para coagir pais e estudantes que organizavam a ocupação da escola4. Com o avanço do movimento, os métodos de reação foram amplamente sofisticados e atingiram um formato mais acabado com a criação do grupo autodenominado Desocupa, Já!, que tem promovido violência e aterrorizado as ocupações secundaristas.
No dia 21 de março, após transcorridas três semanas da greve dos professores cariocas, o Colégio Estadual (CE) Mendes de Moraes, localizado na Ilha do Governador, tornou-se o primeiro a ser ocupado no Rio de Janeiro. Não demorou muito para que uma onda de ocupações se espalhasse a partir do movimento Ocupa Mais, chegando a um pico de quase oitenta unidades tomadas pelos estudantes nas mais diversas regiões do estado. A exemplo do que havia acontecido com a EE Fernão Dias Paes, no movimento dos secundaristas paulistas de 2015 — que também mantinha uma boa organização interna e contava com excelentes quadros entre os seus porta-vozes –, a maior parte da atenção da mídia se concentrou no Mendes. Foi para lá também que se voltou a ira do Desocupa, que passou a encarar a derrubada da OcupaMendes como uma questão de honra, não poupando esforços para pressionar psicológica e fisicamente os estudantes. Acreditava que uma vez que derrotasse a primeira ocupação do estado, causaria um efeito dominó nos demais colégios.
A intimidação dos Desocupas seguiu em duas frentes no Mendes de Moraes: 1) Uma campanha virtual que alegava que os ocupantes haviam desorganizado a escola e reivindicava o direito dos estudantes descontentes com o movimento a terem aulas; ameaças constantes de invasões e convocações pelas redes sociais de atos para desocupar o colégio, mesmo sem mandado de reintegração ou qualquer amparo legal e; até mesmo a exposição virtual de uma professora da unidade que é apoiadora do movimento, com um pedido público por sua exoneração em razão de ter expressado um posicionamento político favorável à ocupação; 2) Ameaças de ataques com vias a causar cansaço psicológico nos ocupantes e ações presenciais e violentas contra eles. Ainda que inegavelmente contasse com estudantes entre os seus membros, em muitas oportunidades se observou a presença de pessoas — tanto adultos como adolescentes de comunidades vizinhas — alheias ao colégio nas ações intimidatórias. Mais do que relatos, há registros de depredação de dependências do prédio, agressões físicas, pauladas e até mesmo facadas contra alunos que participaram da OcupaMendes.
Como em São Paulo, os ataques foram realizados sob os olhos da PM, que se reservou a apenas observar as agressões ou mesmo se retirar em momentos de maior acirramento dos ânimos.
No dia 10 de maio, ao meio dia, o Desocupa voltou, acompanhado por membros de outros colégios e pessoas ligadas a facções criminosas e forçou a saída dos ocupantes. Por volta das 22h, os secundaristas do Mendes de Moraes reocuparam o prédio numa ação histórica e louvada por estudantes e professores de diversas regiões do país. Ainda que o governo estadual tivesse decretado que os colégios ocupados estavam oficialmente em férias, as ameaças e agressões persistiram. Por questões de segurança, já que a presença de elementos alheios à comunidade era avaliada cada vez mais como um sinal de perigo de acontecer até mesmo o pior, os alunos decidiram pela desocupação definitiva do Mendes de Moraes no dia 16. Em tais condições, manter o prédio tomado lhes traria apenas riscos, uma vez que já tinham conseguido que a Secretaria de Educação (SEEDUC) atendesse a pauta local do colégio e tido a garantia do governo de que a unidade contaria com uma verba suplementar de 15 mil reais para consertar coisas que já vinham sendo denunciadas desde o início do movimento e também para reparar os danos causados por aqueles que invadiram a ocupação.
Mesmo após o retorno das aulas, a intimidação não parou e há informações de que alunos vinculados à OcupaMendes têm sofrido reiteradas ameaças.
Até o momento, o movimento dos secundaristas cariocas já conseguiu uma série de conquistas importantes. O secretário estadual de Educação, Antônio Neto, foi exonerado do cargo no dia da desocupação do Mendes de Moraes e substituído por Wagner Victer, que até então respondia pela presidência da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). A Defensoria Geral do Estado e o Ministério Público do Rio de Janeiro definiram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que estende a verba suplementar para a reparação de danos às demais unidades ocupadas, ainda que o governo não tenha garantido o seu cumprimento, assim como lança o programa “Preservando Escolas”, que se compromete a promover reformas em 185 colégios estaduais. O Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) deverá ser extinto e substituído por uma espécie de simulado para o Exame Nacional do Ensino Médio já a partir de 2017. Os colégios ocupados terão eleições diretas para diretores — com proporção de 50% para funcionários e diretores e 50% para pais e estudantes –, previstas para o início do segundo semestre5.
Os estudantes ainda ocupam cerca de trinta CEs, a Metropolitana III (espécie de Diretoria Regional de Ensino e uma das seis do estado) e a SEEDUC, esta última pela segunda vez. Os ocupantes dos prédios administrativos já deixaram claro que só pretendem recuar se o governo protocolar em edição do Diário Oficial tudo o que foi acordado até o momento, tanto com o antigo quanto com o novo secretário de educação.
No último dia 1 de junho, a juíza Glória Heloísa de Lima Souza, titular da Segunda Vara da Infância, Juventude e do Idoso da capital carioca, deferiu uma ordem em favor do retorno às aulas, mesmo sem decretar autorização para que a PM desocupasse as unidades6. Ainda que a greve continue contando com grande adesão da categoria, a decisão acabou por fazer com que diversas unidades fossem desocupadas voluntariamente pelos estudantes e o próprio movimento Desocupa acabou recuando nos ataques: após o despacho, até mesmo a página do grupo foi retirada das redes sociais.
A repressão terceirizada, entretanto, continua firme e cada vez mais sofisticada. Um ato pacífico organizado por secundaristas foi duramente reprimido no Meier, na quarta-feira, dia 15. Cerca de 14 menores foram detidos e a violência correu solta pelas ruas do tradicional bairro carioca. O que chamou a atenção nem foram tanto as cenas de terror, cada vez mais frequentes no combate aos atos estudantis, mas sim os seus promotores. Os estudantes não foram presos por policiais em exercício oficial, mas sim por membros do programa Operação Segurança Presente (OSP), uma espécie de convênio entre a PM carioca e a Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio), que é apresentado como um estímulo a práticas de vigilância, utilizando policias em período de folga e civis como agentes de segurança: os custos são divididos entre a entidade e o poder público7. O projeto institucionaliza os já tradicionais biscates dos policiais militares, uma categoria tão mal remunerada como a dos professores, acabando por deixar nas mãos dos empresários a definição a respeito das áreas de risco e contenção à criminalidade. Quando a serviço do programa, até mesmo os que são PMs não estão em ação como agentes do Estado e sim como seguranças do Capital. Não são poucas as críticas de moradores e especialistas em segurança pública do Rio de Janeiro ao OSP8.
Embora não se possa estabelecer uma relação direta entre a terceirização da repressão e alguns casos recentes, certos dados já se apresentam como motivos suficientes para justificar uma preocupação maior com a relutância do poder público em coibir as práticas aqui descritas. Já há registro de uma estudante encontrada morta após sair de uma ocupação no Rio e também do desaparecimento de um outro em Santos, um secundarista que participou das ocupações de 2015 e, que segundo informações, vinha sendo ameaçado desde então9.
A repressão terceirizada à juventude combativa não é um fenômeno novo, nem no Brasil e nem na América Latina. Há menos de dois anos, o mundo inteiro ficou chocado com a audácia do governo mexicano em entregar as cabeças, os sonhos e os corpos dos normalistas do estado de Guerrero ao crime organizado10. É temerário que o nosso país comece a ceder praça a tais procedimentos odiosos: os governos do Rio de Janeiro e de São Paulo devem uma reposta à sociedade brasileira. Com ou sem greves e ocupações, a luta continuará e os governantes precisam assumir a reponsabilidade em negociar diretamente com quem reivindica o legítimo direito de ser protagonista político de seu tempo.
Ao permitir tais atos, o poder público acaba por favorecer ações civis com evidentes requintes fascistas.
A opinião pública do país reconhece a legitimidade do levante secundarista e já deu mostras de que valoriza uma geração que assumiu como sua a luta em defesa da escola pública. O que estudantes, pais e professores esperam neste momento é que os governantes façam o mesmo, e antes de que qualquer tragédia anunciada possa ser confirmada. Se o Estado não quer ser visto como estimulador de tais ações violentas, é necessário que se coloque como mediador de conflitos, que coíba as práticas milicianas e negocie diretamente com o movimento social.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
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Isso aí também não foi publicado pela imprensa?
A ordem que se exploda então?
Isso aí também não foi publicado pela imprensa?
A ordem que se exploda então?
allexcosta- Administrador
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
allexcosta escreveu:^
Isso aí também não foi publicado pela imprensa?
A ordem que se exploda então?
Allex, pergunte-se "que imprensa"?
Felizmente hoje em dia, e essa é uma das vantagens do meio digital, a possibilidade de uma informação mais "aberta", ampla, bem maior. Porém, há que se ter o "cabedal" necessário para "filtrar" o que se lê ou "dizem por aí", e a maioria das pessoas só lê, só escuta um lado...
Mais um exemplo:
Por Sarah Fernandes
São Paulo – A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que deve ser votada nesta semana em segundo turno na Câmara dos Deputados e que congela por 20 anos os investimentos sociais do governo federal, representa uma ameaça à educação, pois impede a implementação do Plano Nacional de Educação, documento de Estado com 20 metas para o setor nos próximos dez anos. Como resposta à proposta do governo Michel Temer, estudantes iniciaram um movimento de ocupação de escolas, universidades e institutos federais que chegou hoje (24) a 1.072 localidades, segundo o último balanço, divulgado às 16h30, pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).
Para alcançar as metas do Plano Nacional de Educação – que incluem universalizar a educação infantil, o ensino fundamental de nove anos e o ensino médio; oferecer educação integral para 50% das escolas públicas; elevar a taxa de alfabetização dos adultos; e triplicar matrículas na educação profissional – é necessário aumentar o percentual investido pelo Estado em educação até alcançar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no final da vigência do documento.
“A PEC 241 impede a ampliação dos recursos para educação”, diz a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral. “O principal risco da PEC 241 é o fim do Plano Nacional de Educação, uma pauta que lutamos por dez anos para aprovar e que planeja a educação pelos próximos dez. O plano previa que o governo fosse aumentando gradualmente o investimento em educação e, sem esse recurso, as metas se inviabilizam.” O plano foi aprovado em 2014.
Estudantes de diversos estados organizaram hoje um dia nacional de luta contra a medida. Foram ocupados 73campi universitários e realizadas aulas públicas e fechamento de rodovias federais. Além disso, os estudantes convocaram atos em Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em São Paulo a mobilização está marcada para amanhã. Os estudantes protestam também contra a Medida Provisória (MP) 746, que propõe uma reforma no ensino médio, considerados ultrapassados por especialistas, e contra o projeto Escola sem Partido.
“Hoje é um dia nacional de luta do movimento educacional com ocupações e paralisações em diversas universidades, junto com professores e técnicos administrativos”, diz Carina. “É um aviso para que o governo não tente enfiar essa PEC goela a baixo da educação.”
Além das universidades, são 995 escolas e institutos federais e três núcleos de educação estão ocupados, além de outro espaço não identificado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, responsável pelo levantamento. O estado que concentra o maior número de ocupações é o Paraná (847), seguido por Minas Gerais (48), Rio Grande do Sul (13) e Goiás e Rio Grande do Norte (ambas com nove). “O movimento de ocupações é legítimo e é uma pressão pela retirada da PEC 241 e da medida provisória do ensino médio (746). É uma ação emergencial contra medidas que colocam em risco a educação”, diz a presidenta da UNE.
Segundo professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), se a lei valesse desde 2005, os recursos para a área em 2015 teriam caído de R$ 98 bilhões para apenas R$ 24 bilhões. O crescimento de 100% em vagas nas universidades federais desde 2003 e de mais de 400% no número de mestres e doutores desde 1996 não teria ocorrido.
Já a reforma do ensino médio, que foi anunciada pelo governo Temer em 22 de setembro, prevê a flexibilização do currículo para que os alunos escolham entre as áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia deixam de ser obrigatórias e os professores não precisariam mais ter diploma de licenciatura. O modelo foi duramente criticado por especialistas, que defendem que ele fragmenta a formação.
Mais um exemplo do que não é divulgado pela "imprensa", que ilude todo mundo... E muita gente acredita:
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o economista e presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Nildo Ouriques, avalia que a Proposta de Emenda à Constituição 241, de 2016, que impõe um teto para os gastos sociais e com saúde e educação pelos próximos 20 anos, é uma “declaração de guerra” contra o povo brasileiro. “A saúde, a educação, as condições de vida não estão boas. E eles estão dizendo, vai piorar. E não é por quatro ou cinco anos. É por vinte. Ou seja, é uma declaração de guerra contra nós. É uma guerra de classe”, afirma.
Para Ouriques, está sendo construído um discurso para iludir a população a acreditar que o maior problema brasileiro são os impostos muito elevados, que inibiriam investimentos e a iniciativa das pessoas, e a irresponsabilidade dos governos. “Todo o esforço da classe dominante brasileira consiste em iludir a população, criar uma ideologia, segundo a qual a crise é consequência da irresponsabilidade dos governos, que arrecadam muito e gastam muito mal. E não bastasse isso, ainda tem a corrupção, que é a forma mais deslavada de inépcia e desrespeito com os assuntos públicos”, avalia.
Ele, porém, ressalta que o principal dispêndio dos governos federal, estadual e municipal não é com áreas sociais, mas sim com juros e amortizações de um sistema de dívida, que consome uma imensa parte da arrecadação de impostos e dos ativos que os governos vendem – privatizam. Porém, não há nenhuma medida quanto à dívida, somente contra os gastos considerados sociais. “E terá de ser por vinte anos. Não é que essa disciplina resolverá o problema em 20 anos. É que como vamos manter intocável o pagamento de juros, então não tem outra alternativa a não ser apertar a população. Diminuindo direitos previdenciários, reduzindo vagas em universidades, tudo o que está sendo proposto”, afirma.
Ouriques lembra que no começo do Plano Real, em 1994, a dívida brasileira era de aproximadamente R$ 64 bilhões. Hoje são cerca de R$ 4 trilhões. “Os que decidiram fazer o Plano Real elevaram radicalmente a taxa básica de juros a mais de 50%. E deram como alternativa aos capitalistas comprar Títulos da Dívida Pública. Remunerados a um tal valor com uma taxa tão elevada, que era melhor emprestar dinheiro ao governo do que investir na produção de produtos”, relata. Hoje, a dívida consome entre 40% e 43% do orçamento da União, aliada a uma das maiores taxas básicas de juros do mundo.
“A carga tributária não é elevada porque precisa pagar salários astronômicos para deputados e juízes, mas porque precisa manter o pagamento de juros e amortizações da dívida. Precisa de uma auditoria. É o maior esquema de corrupção da República”, disse. “Mas nós próximos 20 anos o que vai governar a vida é uma austeridade contra o povo”, completa.
Ouriques defende uma auditoria da dívida pública, além de uma atuação firme do governo em outras áreas que efetivamente contribuem para o déficit financeiro do governo: excesso de incentivos fiscais, sonegação de impostos e evasão de divisas. Hoje o país tem uma dívida ativa – valores devidos por empresas e pessoas aos governos – de R$ 1,5 trilhão. Dessa dívida, cerca de R$ 250 bilhões correspondem a causas já transitadas em julgado. “O capitalista não tem mais a quem recorrer. O governo poderia lançar mão desse valor para equalizar a dívida. Mas ele não faz”, afirma.
Além disso, segundo Ouriques, ao menos US$ 1,5 trilhão está depositado por brasileiros em paraísos fiscais. “Esse dinheiro saiu daqui sem tributação, de forma ilegal, não sabemos como foi adquirido. E todo ano tem no Congresso uma lei propondo anistiar isso, com a justificativa de que o país precisa de capitais. E é cobrada uma parcela mínima do imposto devido, que permite ao capitalista legalizar esse dinheiro”, ressalta. Outros R$ 500 bilhões são sonegados por ano, segundo estimativas do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda (Sinprofaz), que denuncia repetidamente a precarização dos trabalhadores, que impede a atuação.
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Em nosso mundo, a mentira paga e adotada pelos meios de comunicação hegemônicos, impera.
As pessoas são induzidas à pensar da maneira que o Grande Capital quer, "naturalizando" sua própria exploração, acreditando em quem na verdade lhe está impondo exploração brutal.
Quando se está em uma grande universidade e se estuda esse tipo de coisa (em meu caso, indiretamente, pois meu foco de estudo é a 100 anos ou mais no passado), sente-se fortemente o "peso" dessa imposição, dessa "ditadura" (eficaz, pois disfarçada, oculta).
Atualmente inclusive há toda uma desqualificação do intelectual acadêmico, do pesquisador, ou através do isolamento dele no "meio acadêmico" (o que é produzido nas Universidades não chega às pessoas), ou pela propagação de críticas infundadas por diversos meios (as críticas pertinentes são "esquecidas", pois sua implementação podería elevar o nível do trabalho de pesquisa acadêmica, e isso não se quer...), inclusive na "grande mídia".
Se há algo de positivo nesse meio em que estamos dialogando (e, felizmente você é pessoa culta e cordata, capaz de diálogo), é que um "contra-discurso" pode ser veiculado e é acessível. O problema é que as pessoas estão tão "dominadas" pela maneira de pensar hegemônica (que é difundida "aos 4 ventos"), e tão incapazes de pensar (pela precarização da Educação nos últimos 50 anos), que elas acham que tudo o que se fala contra o que elas foram induzidas à pensar é "comunismo" e outros "ismos". Os meios tecnológicos, ao invés de libertar os seres humanos, escravizaram-nos ainda mais...
A tal "Matrix" é uma Realidade há muito implantada, e as pessoas não percebem, e nós que percebemos isso (e nem estou falando de mim não), tem que lutar dobrado para fazer com que as pessoas enxerguem...
Por isso, há 40 anos que a figura do Professor está sendo sistematicamente desvalorizada, por isso inclusive propostas como essas de uma educação que na verdade é mera "programação" (não somos máquinas p....!), para o trabalho (os pais pensam que é para o "sucesso" de seus filhos... quá-quá -quá-quá...). Por isso a propagação na(s) mídia(s) de falsas verdades, por isso o elogio e o incentivo ao irracionalismo...
1% dos mais ricos controlam mais da metade da riqueza mundial. 62 famílias têm um patrimônio igual à metade mais pobre da população da Terra. 16 grupos controlam quase a totalidade do comércio de commodities (grãos, minerais, energia, solos, água), manipulando os preços como querem e bem entendem, garantindo que os países mais pobres financiem os mais ricos sistematicamente.
Dos 29 conglomerados econômicos gigantes planetários, 75% são bancos a começar pelo Bank of America e terminando com o Deutsche Bank, são tidos como “sistemicamente importantes”, pois sua eventual falência (não esqueçamos o maior deles, o norteamericano Lehamn Brothers que faliu) levaria todo o sistema ao abismo ou próximo a ele, com consequências funestas para a inteira humanidade, por conseguinte, os governos trabalham para eles. O mais grave é que não existe nenhuma regulação para o seu funcionamento, nem pode haver, porquando as regulações são sempre nacionais e eles atual planetariamente. Só o faturamento da empresa Black Rock é de 14 trilhões de dólares sendo que o PIB dos USA é de 15 trilhões e do pobre Brasil mal alcança 1,6 trilhões de dólares. Estes gigantes planetários manejam cerca de 50 trilhões de dólares, o equivalente à totalidade da dívida pública do planeta. O importante é conhecer o seu propósito e sua lógica: visam simplesmente o lucro ilimitado Uma empresa de alimentos compra uma mineradora sem qualquer expertise no ramo, apenas porque dá lucro. Não há nenhum sentido humanitário como, por exemplo, tirar uma pequeníssima parcela dos lucros para um fundo contra a fome ou a diminuição da mortalidade infantil. Para eles, isso é tarefa do Estado (Estado esses que querem "minimizado") e não para os acionistas que só querem lucros e mais lucros. É isso que as pessoas foram induzidas a achar que é "natural", que é "normal" e até mesmo desejável (como assim!!??), e isso vem acontecendo com a Educação há tempos...
As pessoas são induzidas à pensar da maneira que o Grande Capital quer, "naturalizando" sua própria exploração, acreditando em quem na verdade lhe está impondo exploração brutal.
Quando se está em uma grande universidade e se estuda esse tipo de coisa (em meu caso, indiretamente, pois meu foco de estudo é a 100 anos ou mais no passado), sente-se fortemente o "peso" dessa imposição, dessa "ditadura" (eficaz, pois disfarçada, oculta).
Atualmente inclusive há toda uma desqualificação do intelectual acadêmico, do pesquisador, ou através do isolamento dele no "meio acadêmico" (o que é produzido nas Universidades não chega às pessoas), ou pela propagação de críticas infundadas por diversos meios (as críticas pertinentes são "esquecidas", pois sua implementação podería elevar o nível do trabalho de pesquisa acadêmica, e isso não se quer...), inclusive na "grande mídia".
Se há algo de positivo nesse meio em que estamos dialogando (e, felizmente você é pessoa culta e cordata, capaz de diálogo), é que um "contra-discurso" pode ser veiculado e é acessível. O problema é que as pessoas estão tão "dominadas" pela maneira de pensar hegemônica (que é difundida "aos 4 ventos"), e tão incapazes de pensar (pela precarização da Educação nos últimos 50 anos), que elas acham que tudo o que se fala contra o que elas foram induzidas à pensar é "comunismo" e outros "ismos". Os meios tecnológicos, ao invés de libertar os seres humanos, escravizaram-nos ainda mais...
A tal "Matrix" é uma Realidade há muito implantada, e as pessoas não percebem, e nós que percebemos isso (e nem estou falando de mim não), tem que lutar dobrado para fazer com que as pessoas enxerguem...
Por isso, há 40 anos que a figura do Professor está sendo sistematicamente desvalorizada, por isso inclusive propostas como essas de uma educação que na verdade é mera "programação" (não somos máquinas p....!), para o trabalho (os pais pensam que é para o "sucesso" de seus filhos... quá-quá -quá-quá...). Por isso a propagação na(s) mídia(s) de falsas verdades, por isso o elogio e o incentivo ao irracionalismo...
1% dos mais ricos controlam mais da metade da riqueza mundial. 62 famílias têm um patrimônio igual à metade mais pobre da população da Terra. 16 grupos controlam quase a totalidade do comércio de commodities (grãos, minerais, energia, solos, água), manipulando os preços como querem e bem entendem, garantindo que os países mais pobres financiem os mais ricos sistematicamente.
Dos 29 conglomerados econômicos gigantes planetários, 75% são bancos a começar pelo Bank of America e terminando com o Deutsche Bank, são tidos como “sistemicamente importantes”, pois sua eventual falência (não esqueçamos o maior deles, o norteamericano Lehamn Brothers que faliu) levaria todo o sistema ao abismo ou próximo a ele, com consequências funestas para a inteira humanidade, por conseguinte, os governos trabalham para eles. O mais grave é que não existe nenhuma regulação para o seu funcionamento, nem pode haver, porquando as regulações são sempre nacionais e eles atual planetariamente. Só o faturamento da empresa Black Rock é de 14 trilhões de dólares sendo que o PIB dos USA é de 15 trilhões e do pobre Brasil mal alcança 1,6 trilhões de dólares. Estes gigantes planetários manejam cerca de 50 trilhões de dólares, o equivalente à totalidade da dívida pública do planeta. O importante é conhecer o seu propósito e sua lógica: visam simplesmente o lucro ilimitado Uma empresa de alimentos compra uma mineradora sem qualquer expertise no ramo, apenas porque dá lucro. Não há nenhum sentido humanitário como, por exemplo, tirar uma pequeníssima parcela dos lucros para um fundo contra a fome ou a diminuição da mortalidade infantil. Para eles, isso é tarefa do Estado (Estado esses que querem "minimizado") e não para os acionistas que só querem lucros e mais lucros. É isso que as pessoas foram induzidas a achar que é "natural", que é "normal" e até mesmo desejável (como assim!!??), e isso vem acontecendo com a Educação há tempos...
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Um erro não justifica o outro.
Essa PEC é um absurdo, assim como é invasão e ocupação de propriedade.
Essa PEC é um absurdo, assim como é invasão e ocupação de propriedade.
allexcosta- Administrador
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Localização : Terra
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Prédio público não é "propriedade privada"...allexcosta escreveu:Um erro não justifica o outro.
Essa PEC é um absurdo, assim como é invasão e ocupação de propriedade.
Nesse caso específico, o Ministério Público já se manifestou... Leia acima.
Seria o Ministério Público, "comunista", propagador da ilegalidade?
Mauricio Luiz Bertola- FCBR-CT
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Localização : Niterói, RJ
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Não é pelo fato de ser publico que pode invadir. Pra mim já passou da hora de uma reintegração de posse... Sabe por que?
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2016/10/alunos-da-ufba-fazem-prova-em-salao-de-festa-de-predio-por-causa-de-greve.html
Fazer greve e invasão só está prejudicando o verdadeiro estudante...
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2016/10/alunos-da-ufba-fazem-prova-em-salao-de-festa-de-predio-por-causa-de-greve.html
Fazer greve e invasão só está prejudicando o verdadeiro estudante...
Coder- Membro
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Localização : Brasil
Re: Rompimento entre PCC e Comando Vermelho
Mauricio Luiz Bertola escreveu:
Prédio público não é "propriedade privada"...
Eu disse que era?
Prédio público deve servir ao bem comum. Agora nego deixa de fazer enem porque os prédios estão ocupados.
A posse desses prédios é do poder público, não de quem bem entender. Senão eu vou invadir uma escola e morar de graça, só porque é pública.
Faz isso em outro país pra ver se você dura 5 minutos.
allexcosta- Administrador
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