Compressor como squasher

Nunca fui grande fã de compressores.

Sempre que usei ou testei ou me perguntava se o pedal realmente estava fazendo alguma coisa, ou a maneira que ele afetava minha dinâmica incomodava um pouco ou então eu ficava irritado com o ruído e desligava. Cheguei a ter um Demeter Opto alguma coisa anos atrás e o pouco que ele atuava era num sentido negativo aos meus ouvidos.

Em estúdio sempre foi normal o técnico usar um pouco de compressão com equipamentos de ponta. Eu sentia uma perda de ataque e um certo "atraso" na nota, mas nunca tive coragem de pedir pra o técnico tirar completamente.

Mas ontem tava escutando o baixista do Carlos Vives no Tiny Desk com um som de baixo gigantesco. E parte disso assumo ser um squashing dos brabos. Nunca tive oportunidade de usar um squasher de verdade e ter tempo de entendê-lo.

No Talkbass o povo falava do Fat Burner anos atrás, mas só conheço por vídeo e nunca cheguei a entender o que o botão "muscle" fazia.

Como temos alguns especialistas aqui, gostaria de postar o vídeo que vi e perguntar quais os compressores são capazes de um achatamento tão severo que se torne um efeito utilizável em certas músicas. É necessário escutar com fone.

Grato desde já.

Vídeo:

O negócio é brabo mesmo...

allexcosta escreveu:Como temos alguns especialistas aqui, gostaria de postar o vídeo que vi e perguntar quais os compressores são capazes de um achatamento tão severo que se torne um efeito utilizável em certas músicas. É necessário escutar com fone.

Tony Levin (Peter Gabriel, King Crimson etc., etc., etc...) sempre usou e abusou desses timbres super esmagados. Ele é "garoto propaganda" do Analog Man Bi-CompROSSor Compressor que, na verdade, trata-se de um 2 em 1 - clones de dois lendários compressores: Ross Compressor, do lado esquerdo, e Dan Armstrong Orange Squeezer, do lado direito. Ligados em paralelo, eles são capazes de gerar "toneladas" de compressão.


Analog Man Bi-CompROSSor Compressor
Made in USA
https://www.analogman.com/rossmod.htm#bicomp




Pedalboard de Tony Levin, em maio de 2006, usada na turnê de sua banda solo, na Itália.

^ Obrigado.

Sabia que você traria bastante info, como de costume.

O efeito é bem mais pronunciado no vídeo que você postou que no que eu postei. Na verdade não sei nem dizer se vocês que tem mais costume com efeitos chamariam o que eu postei de "esmagado" ou só de "compressão pronunciada".

allexcosta escreveu:^ Obrigado.

Sabia que você traria bastante info, como de costume.

O efeito é bem mais pronunciado no vídeo que você postou que no que eu postei. Na verdade não sei nem dizer se vocês que tem mais costume com efeitos chamariam o que eu postei de "esmagado" ou só de "compressão pronunciada".

Sim, eu diria que o som do baixo no vídeo que você postou tem bastante compressão, mas não a ponto maquiar tão significativamente o timbre do baixo. Já, no caso do Tony Levin, o timbre do baixo sofre alteração intencional e evidente.

JAZZigo escreveu:Sim, eu diria que o som do baixo no vídeo que você postou tem bastante compressão

A ponto de ser necessário um squasher pra tirar aquele som ou um compressor "normal" tira nos seus ajustes mais altos?

Allex, o que consigo entender dessa "Compressão de TV" é que se usa bastante compressão com o Attack lento (Eu uso +ou- 100ms) e Release rápido(+ou- 30ms).

Alguns compressores de primeira linha como o La2A, possuem uma variação automática de tempo no release, onde no final da atuação, ele se torna lento. É muito difícil conseguir essa excelência e detalhamento em compressores comuns. Acredito que por isso, a grande maioria se torna tão nociva ao áudio original. Daí a popularidade da compressão paralela (mix nos compressores), que ajuda a minimizar os danos.

Quando eu encontrei o pedal que me resolve, decidi que vai morrer comigo.

Mesmo para especialistas como o Jazzigo, acredito que não seja fácil encontrar o ponto perfeito da compressão. Imagina para um mero mortal...

Sandro Levi escreveu:Mesmo para especialistas como o Jazzigo, acredito que não seja fácil encontrar o ponto perfeito da compressão. Imagina para um mero mortal...

Pois é. Ponto interessante...

Mesmo tendo certa facilidade com conceitos de áudio e entender a teoria do que acontece com o sinal, acho compressão um bagulho mega complexo.

Porque uma coisa é você entender o sinal num gráfico, outra é escutar o resultado final...

E durante os anos perdi a conta de quantas vezes colegas chegaram com caixinhas mágicas dizendo que era a última bolacha do pacote e eu mexendo botão feito um louco pra terminar achando melhor desligado.

allexcosta escreveu:

JAZZigo escreveu:Sim, eu diria que o som do baixo no vídeo que você postou tem bastante compressão

A ponto de ser necessário um squasher pra tirar aquele som ou um compressor "normal" tira nos seus ajustes mais altos?

Sandro Levi escreveu:Allex, o que consigo entender dessa "Compressão de TV" é que se usa bastante compressão com o Attack lento (Eu uso +ou- 100ms) e Release rápido(+ou- 30ms).

Alguns compressores de primeira linha como o La2A, possuem uma variação automática de tempo no release, onde no final da atuação, ele se torna lento. É muito difícil conseguir essa excelência e detalhamento em compressores comuns. Acredito que por isso, a grande maioria se torna tão nociva ao áudio original. Daí a popularidade da compressão paralela (mix nos compressores), que ajuda a minimizar os danos.

Quando eu encontrei o pedal que me resolve, decidi que vai morrer comigo.

Mesmo para especialistas como o Jazzigo, acredito que não seja fácil encontrar o ponto perfeito da compressão. Imagina para um mero mortal...

O Sandro tocou num ponto fundamental, mas, muitas vezes, ignorado: o tempo/momento de atuação da compressão sobre o sinal, notadamente, no ataque, IMHO. O achatamento do transiente de ataque altera profundamente o timbre e é o que ocorre na compressão instantânea, como acontece com o Tony Levin acima, enquanto, com o Guillermo Vadalá, aparentemente, existe um atraso (geralmente medido em mili/micro-segundo) no início da compressão, que mantém a definição do ataque e a transparência do timbre, apesar do ratio relativamente alto e do threshold baixo em ambos os casos.

Difícil dizer o que seria um compressor "normal", pois, quando há poucos controles (knobs) disponíveis, é porque alguns parâmetros de compressão são fixos, conforme o gosto de cada fabricante. Para mim, "normal" seria dispor de controles sobre os quatro principais parâmetros de compressão - attack, release, ratio e threshold. Enfim, com ratio alto (20:1 ou mais), threshold baixo o suficiente para não "imobilizar" completamente a dinâmica, e um attack "lento", acredito que se possa chegar a algo similar ao som do baixo do Guillermo Vadalá.


https://www.fealabs.com/