Distância entre cordas no contrabaixo acústico

Estimados,

Tenho dúvida quanto a um assunto que não encontrei aqui no fórum. Normalmente se fala sobre a altura das cordas.
Contudo, estava observando o contrabaixo e notei que a distância entre as cordas no cavalete poderia interferir em termos de regulagem e altura das cordas no espelho.
Sendo assim, queria tirar uma(s) dúvida(s):
O alinhamento da corda é mais adequado se seguir o mais próximo possível o estreitamento da largura do espelho?
Se isso for uma regra, talvez meu baixo esteja cordas muito próximas entre si no cavalete.
Elas estão em torno de 28mm de distância entre si.
Pesquisando na rede identifiquei o que parecia ser uma distância de 31mm, mas fiquei em dúvida.
De fato, tive a impressão de que 31mm traria um melhor alinhamento das cordas no braço.
Faz sentido aumentar essa distância para 31mm em meu baixo??
Poderiam me dar uma ideia de padrões que costumam encontrar e/ou utilizar??



Desde já, obrigado!!

Franz

Olá.

Está sobrando muito espelho antes da E e depois da G?

Não digo regra pq não sei se existe, mas é fato que:
- Quanto mais baixo e junto, melhor para pizzicato;
- Quanto mais separado e alto, melhor para o arco;
(dentro dos limites do bom-senso, claro)

O grande lance é achar o ponto de equilíbrio.

Se você pegou esse baixo usado, provavelmente foi essa a forma que o dono anterior melhor se adaptou.

Essa distância que você mediu, fez como?
- Usou um paquímetro?
- Mediu internamente? Sem considerar as cordas?
- Ou mediu externamente? Somando as cordas nessa distância?

Ambos os meus baixos (um acústico e um elétrico vertical) deram 20 e tantos milímetros internamente, mas ficam em torno dos 30 externamente.

Olá Rafael,

Obrigado pelas dicas.
Respondendo...

"...Está sobrando muito espelho antes da E e depois da G?..."
Minha percepção é um tanto intuitiva, mas me parece que a partir de E (próximo ao ombro do baixo) as cordas poderiam estar sutilmente mais próximas da borda do espelho. Contudo, pesquisando vídeos e fotos, notei que pode haver ambas situações (próximas ou afastadas da borda)

"...Não digo regra pq não sei se existe, mas é fato que:
- Quanto mais baixo e junto, melhor para pizzicato;
- Quanto mais separado e alto, melhor para o arco;
(dentro dos limites do bom-senso, claro) ..."
Essa reflexão me ajuda bastante. Foi muito útil.

"...Essa distância que você mediu, fez como?
- Usou um paquímetro?
- Mediu internamente? Sem considerar as cordas?
- Ou mediu externamente? Somando as cordas nessa distância?..."
Eu coloquei o link para a foto na mensagem que escrevi anteriormente. Não consegui inserir imagem direto no corpo da mensagem. Tentarei novamente.

Medi com paquímetro considerando exatamente o centro do diâmetro das cordas. Se pegar os espaços entre A e E, por exemplo, daria menos.
Inclusive também medi as alturas relativas entre as cordas pelo fato de que o arco está ficando muito próximo de A e G ao friccionar a corda D, e muito próximo de A ao friccionar E e D. Ou seja, a curvatura do cavalete está abaixo do desejado e com ângulos de diferente ao friccionar as cordas. Acredito que estes ângulos deveriam ser minimamente próximos entre si.

"...Ambos os meus baixos (um acústico e um elétrico vertical) deram 20 e tantos milímetros internamente, mas ficam em torno dos 30 externamente. ..."
Eu notei que ao usar 30mm considerando o centro das cordas, já daria uma diferença em termos de distâncias.

Concluindo, ao que me parece a decisão estaria bem mais em mim do que em alguma recomendação prévia estabelecida. Seria isso mesmo?

Infelizmente, onde moro deve existir no máximo dois contrabaixos acústico e não consegui até hoje contato com a pessoa que teria o segundo.
Faz muita falta ver e tocar vários instrumentos para poder amadurecer pontos de vista e preferências.

Comprei o contrabaixo quase às cegas pela dificuldade em acessar vários instrumentos para amadurecer minhas opiniões.

Por sorte, estou com um instrumento que já está muito bom e ainda está  melhorando com algumas pequenas intervenções feitas por mim mesmo. Estou conseguindo fazer alguns ajustes delicados nele que melhoraram demais o equipamento. A título de exemplo, hoje o cavalete está perfeitamente assentado sobre o tampo em bem alinhado, com um exato comprimento de corda vibrante de 106cm, o que já resultou e maior maciez ao tocar, mesmo com cordas originais péssimas e com altura das cordas ainda altas (E=10mm, A=8mm, D=8mm, G=7mm). Quero chegar a algo próximo de (E=7mm, A=6mm, D=5mm, G=5mm). Distanciar um pouco as cordas ajudaria nessas melhorias e acho que não impediria o trabalho futuro de um luthier especializado no assunto para conseguir algo ainda melhor. O som também melhorou muito.

Em início de 2025 quero fazer melhorias drásticas nele pelas mãos de um luthier experiente e capacitado para isso. Mas até lá consigo fazer essas melhorias sutis para poder ir praticando e aprendendo.

abrçs.,

FRANZ

Franz escreveu:Concluindo, ao que me parece a decisão estaria bem mais em mim do que em alguma recomendação prévia estabelecida. Seria isso mesmo?

Conheço gente que ajustou o cavalete todo mais para a direita, deixando a parte mais aguda da corda E quase fora do espelho. A pessoa fez isso pois sentiu-se mais confortável puxando o G mais pra dentro, facilitando o acesso. E, como ele nunca toca as partes agudas do E, não viu problema nisso.

Meu gosto por coisas alinhadas e simétricas me impediria de fazer tal alteração ... heheheheh

Ta certo? Tá errado?
Pra ele funcionou, e o cara toca MUITO bem.

Já vi gente fazer atrocidades como fazer um cutaway no baixo (como tem nos violões folk normalente) pra poder acessar aquele região sem fazer capo.

Se afastar um pouco as cordas entre si vai te fazer tocar melhor, não vejo porque não fazer.

Só uma observação sobre a posição do cavalete. Se o instrumento segue um mínimo de padronização, o ideal é posicioná-lo como na imagem abaixo:
(os quadradinhos são as bases do cavalete)

Olá Rafael,

Sua resposta foi muito útil e me encorajou a fazer novas intervenções no instrumento. A ponte está com 30mm entre eixos das cordas e isso permitiu buscar melhor ajuste nos extremos laterais do espelho.
A tocabilidade melhorou enormemente após as alterações. O tempo de ressonância das cordas também aumentou.

Infelizmente, exagerei 1mm a menos na altura da corda G.
Isso me dará uma pequena dor de cabeça com correções até o dia que puder levar o instrumento ao luthier. Estou encarando todo esse processo como aprendizado.

Uma descoberta interessante que imagino que seria até útil para vários visitantes aqui do fórum, é que a corda um pouco mais baixa pode ser ótima para fins de tocabilidade, mas tira do instrumento nos pizzicatos aquilo que talvez o pessoal se refira como punch aqui no fórum. Falo aqui da oportunidade de explorar pegadas mais fortes com a mão direita em meio à execução das músicas.

Enfim, vou aprendendo. O fórum tem sido bastante útil neste sentido.

abrçs.,

FRANZ