Fender Southern Cross (by Giannini) - Guia sobre a linha

Com autorização da Moderação, criei um TÓPICO para meu Post sobre os Fender SC. O intuito é facilitar a localização do mesmo para referências!
As resposta sequentes até o momento estão aqui:
https://www.contrabaixobr.com/t23856-fender-southern-cross-entrevista-com-carlos-assale#855700

Obrigado!
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Os créditos das fotos e imagens utilizadas aqui pertencem totalmente e exclusivamente aos autores!
Fotos extraídas da Internet!

Boa tarde pessoal!

À tempos que quero escrever sobre algumas informações que recebi sobre a linha Fender SOUTHERN CROSS (SC) da Giannini.



Tenho um colega de trabalho (João) que trabalhou como pintor na Dolphin (1987 a 1990) e trabalhou na Giannini a convite de um amigo supervisor (1990 - 1997).

Em 1991 ele trabalhou novamente com o Assale na Giannini, que havia vendido a Dolphin para a Izzo e o mesmo aceitou o convite do Giorgio Giannini para trabalhar na empresa no projeto da parceria com a Fender.

Inclusive este meu colega, foi o criador da cor azul MoonBurst, que era uma novidade para a linha comum da Giannini e assim o Assale inseriu na linha SC.

Vamos sobre as informações que ele me passou sobre a linha Fender/Giannini:



- Foi de 1993 até metade de 1995;

- Local: Fábrica de São Paulo - Capital. A fábrica de Salto-SP foi inaugurada em 1997.

- Cores: Preto, Vermelho (Candy Apple Red) e Azul-MoonBurst.





- Quantidade aproximada Bimestral:
A produção era contada em lote bimestral, pois era o período que o técnico/inspetor da Fender vinha ao Brasil verificar todos os instrumentos.

O João deu um chute aproximado de um lote:
300 guitarras
150 contrabaixos
50 violões

Estes números são uma lembrança, mas ele frisou que as guitarras tinham a maior quantidade no lote, os contrabaixos eram aprox. a metade da quantidade das guitarras, e os violões eram muito poucos...

Calculando uma produção total aproximada:
De 1993 à metade de 1995 = 30 meses. Como era bimestral a cotagem = 15 meses

Guitarras: 300 x 15 = aprox. 4500 peças
Baixos: 150 x 15 = aprox. 2250 peças
Violão: 50 x 15 = aprox. 750 peças

- A linha de produção Fender não era separada da linha Giannini. Era a mesma M.O. e máquinas, apenas faziam o lote Fender (conforme suas características) e depois retomava a produção da linha Giannini.

- Linha Jazz Bass ST e Precision Jet Sound B47: São realmente sobra/refugo do especificado pela Fender, que o headstock era cortado e colocado a venda. Veja que os ST sumiram logo após os Fender SC. O corpo dos baixos Jazz Bass ST tem os canal do corpo padrão SC. Os JetSound o corpo era próprio do modelo.




- Os primeiros instrumentos tinham melhor qualidade e “fidelidade” ao gabarito e Hardware (leia-se os Squier séries e os primeiros Southern Cross).

- Nos últimos lotes (1994 a 1995) a Giannini não manteve a qualidade da produção.
Por isso é normal ver cortes um pouco arredondados no headstock do baixo e mais reto no headstock das guitarras, atras do braço no fim do head e inicio do braço ser mais redondo, e variações na montagem (ponte desalinhada, rebaixador de cordas em local diferente, etc..).

O João me confirmou: Sem CNC! Os cortes eram feitos manualmente: Tupia, serra de fita, etc...

Acredita-se que nos últimos meses, a própria Fender já estava fazendo “vista grossa” para a qualidade, pois já estavam no clima de desanimo com a falta de qualidade da Giannini e assim já desejando fim do contrato.

Meu colega diz que o motivo da quebra do contrato e interrupção da produção foi mesmo a falta de qualidade, que não convenceu a Fender.





NESTE AQUI O "SQUIER SERIES" FOI RASPADO





Saiu apenas branco, 3 ply



- O padrão era do tipo abertas, com o detalhe da haste lisa, sem rebaixo, diferente das genéricas china:



-  Alguns baixos foram montados com tarraxas Gotoh (tipo anos 80).




Alguns sairam cerâmicos com polos aparentes, e alguns sem pólos aparentes, da linha Stratosonic da época.
Ambas mudanças acima era devido a atrasos de entrega de hardware.
Vale observar que nos baixos SC, os captadores seguem padrão Fender de diferença de tamanho entre captador braço e ponte. Curioso, pois nos MIM desde seu lançamento (1990-1991) até 2002, ambos captadores são do tamanho braço. Ponto para os SC.


Nos baixos, sempre foi o padrão 4 parafusos de fixação, com canal na base para alinhar os parafusos dos Saddles. Os Saddles tinham um diametro maior e os parafusos de altura são medida M4 de rosca.




Sempre sairam no padrão tipo Strato na cor preta.

- A história das 30/50 escudos de Guitarra com elétrica e caps USA é boato. Todas guitarras foram montadas com o mesmo escudo completo do México (captadores cerâmicos). Só a etiqueta é em inglês. O bom é que tem data, assim da para aproximar a data do instrumento, coisa que nos baixos não tem.




- Ainda sobre essas etiquetas nas guitarras, as últimas feitas (ultimos lotes em 1995) já não tinha mais essas etiqueta atras do escudo. Apenas havia um carimbo com a data... ( mais um sinal de final de contrato com o padrão mudando...)




- Foto rara da embalagem Giannini/Fender




Os decalques originais parecem que foram feitos uma falsificação, mas realmente a qualidade era baixa, com relevo no recorte, corte quadrado, coisa constante nos SC que vemos no mercado.

Na fase "Squier Séries" os escritos "Jazz Bass" tinham grafia mais fina. Nas guitarras não se aplica essa diferença.



- Todos as Guitarras e Baixos saíram com o decalque atrás com o autorização da Fender.
E o Fender na frente na cor prata e contorno fino preto.



- Os violões saíram no começo com selo interno “Southern Cross” e os últimos com selo “Folk Series”



- CORPO: Em cedro-rosa (mais leves), cedro (bem mais pesados) e raros em mogno, com corte da piscina grande no padrão Fender da época.

- BRAÇO: Marfim. Largura do NUT de 40mm.

- ESCALA: Pau-Ferro, 20 trastes.



Já a linha Stratosonic Bass GCB08 do mesmo ano, tinha o contorno bem feito no captador do braço, possibilitando (mais bonito) o uso sem escudo. 





- Os baixos da época, apenas os SC tinham headstock tamanho Fender, os de linha Stratosonic sempre foi aquele Headstock fino que já estavam em produção desde 1991/1992 até 1995 (GCB08), apesar de usar as mesmas madeiras.



- As Guitarras Stratosonic tinham (praticamente) as mesmas medidas da Fender SC. Mudava a ferragem e a captação (sem polos). As Stratosonic saiam com escala em Pau-ferro ou Marfim. As Fender SC só escala em Marfim.




Portanto, é muito mais fácil ter uma falsa guitarra Stratosonic escala marfim com decalque de Fender SC, do que um Baixo, devido a proximidade do formato do headstock entre os produtos das 2x linhas da mesma época.
Isso nas falsificações que são muito bem feitas, pois tem algumas falsificações que o “artista” nem respeita o tipo de shape e acha que engana trocando decalque.

O modelo de baixo da Giannini que poderia ser mais próximo para fazer um baixo SC falso, acredito que são os GCB08 de 87/88 à 90, com os 2 "S" no decal StratoSSonic, que tem o Headstock quase igual, porém o formato ainda é diferente das variações do Fender SC:



PS.:
1 - Não consigo entender como a Fender liberou esses instrumentos sem um serial... as guitarras pelo menos tem o selo interno no escudo de inspeção da eletrica com data, já ajuda.

2- Os braços dos SC tem 40mm largura do NUT, diferente do padrão JB que é 38mm. Os MIM sempre foram 38mm.

- Concluindo: Não quero desmentir o que consta naquela famosa entrevista do Carlos Assale sobre a linha SC. Acredito que pode haver erros na interpretação da entrevista.

Infelizmente o Assale faleceu (em 2010) e não será possível uma nova entrevista.

Mas a fonte que tenho é quente!!! Hahahahahahaha

Segue o link da matéria da revista Audio News (infelizmente não descobri qual edição foi) sobre o lançamento da linha SC, onde lá também consta informação da produção da linha na primeira pagina.

http://robertocatalogoseoutrosdocumentos.blogspot.com/2014/10/materia-de-revista-lancamento-giannini.html



Propaganda Revista "Dynamite" de Agosto de 1995:



Abraços!

Sem palavras

Tem um desses azul moonburst à venda no OLX da minha cidade; acho bonitão.


(R$ 2500).

Grande Bigboy , valeu pelo tópico brother...

É o que eu disse no outro tópico, esse rapaz BigBoy é um perito em Giannini, a autoridade mor no assunto.

Que material legal desse tópico, vou ler com calma depois.

Excelente tópico!
Parabéns!

A aula de hoje foi essa ai! Parabéns, mestre.

Obrigado pessoal!

Não sou especialista não... hahahahah
Mas estamos ai para aprender juntos!!

Abraços!

Excelente !

Meu primeiro professor tem um Giannini e sempre disse que nunca se desfará daquele baixo. Falo com ele até hoje e pergunto sobre o baixo. Ele já teve raridades e vendeu mas aquele ali parece que não vai sair daquele CEP.

Quem sabe, sabe...

Parabéns pelo belo post!

Aproveitando o tópico, alguém sabe dizer se esse baixo tem problema de "deadspots"?
Eu tenho um e venho notando isso. Achava que era problema nos captadores, mas já modifiquei isso e segue ocorrendo.

kanaan93 escreveu:Parabéns pelo belo post!

Aproveitando o tópico, alguém sabe dizer se esse baixo tem problema de "deadspots"?
Eu tenho um e venho notando isso. Achava que era problema nos captadores, mas já modifiquei isso e segue ocorrendo.

Tem um pouco sim, no meu exemplar também!
Nada a se duvidar vindo de um Giannini!
(povo ainda pede preço de Fender nesses baixos...)

BigBoy escreveu:

kanaan93 escreveu:Parabéns pelo belo post!

Aproveitando o tópico, alguém sabe dizer se esse baixo tem problema de "deadspots"?
Eu tenho um e venho notando isso. Achava que era problema nos captadores, mas já modifiquei isso e segue ocorrendo.

Tem um pouco sim, no meu exemplar também!
Nada a se duvidar vindo de um Giannini!
(povo ainda pede preço de Fender nesses baixos...)

Não é por ser Giannini. Deadspots não são raros em qualquer baixo com headstock tipo Fender Precision ou Jazz Bass, até em Fender americano.

CSergio escreveu:Tem um desses azul moonburst à venda no OLX da minha cidade; acho bonitão.

(R$ 2500).

Deve ser um chumbo! risos


deadspots é volume em partes do braço de forma diferente, né?

Juninho Sampaio escreveu:


deadspots é volume em partes do braço de forma diferente, né?

Basicamente é isso aí pelo que andei lendo. No meu caso eu percebo que o som dá uma "morrida" na corda A entre as casas 8 e 15 mais ou menos.

Muito, muito massa essa história, Big Boy.

Só fico na dúvida quanto as tarrachas. Nesses anos todos eu já vi muito Southern Cross à venda e a maioria apresenta sinais de que as tarrachas foram trocadas.

Tenho um amigo luthier que insiste dizer que essas tarrachas originais tinham um 'miolo' de plástico e quebravam em poucos meses. Ele mesmo diz nunca mais ter visto um Southern Cross com essas originais, apenas quando são as gotoh....

Também tenho um Southern Cross e também apresenta marcas de tarrachas trocadas...

Dennis Messa escreveu:Muito, muito massa essa história, Big Boy.

Só fico na dúvida quanto as tarrachas. Nesses anos todos eu já vi muito Southern Cross à venda e a maioria apresenta sinais de que as tarrachas foram trocadas.

Tenho um amigo luthier que insiste dizer que essas tarrachas originais tinham um 'miolo' de plástico e quebravam em poucos meses. Ele mesmo diz nunca mais ter visto um Southern Cross com essas originais, apenas quando são as gotoh....

Também tenho um Southern Cross e também apresenta marcas de tarrachas trocadas...

Obrigado Dennis!

Era mais comum ser montado com essa tarracha da foto, ou em raros casos, montados com a ótima GOTOH.
Apesar de genéricas, essas tarrachas são ótimas, e não é miolo de plastico não!
O meu exemplar está exatamente com esse modelo.
Veja que uma diferença para identificar elas com as chinesas atuais é a haste lisa, sem rebaixo.

Juninho Sampaio escreveu:

CSergio escreveu:Tem um desses azul moonburst à venda no OLX da minha cidade; acho bonitão.

(R$ 2500).

Deve ser um chumbo! risos

Acho que o  vendedor até está num mesmo grupo local de zapzap, que também estou.
Se eu conhecesse, iria encher o saco dele; "me mostra esse teu Gianoca ai? onde tu mora?".

Sensacional o post! Muito bom. Verdadeira aula.