Elegia: Ademir Lino.

Hoje recebi a triste notícia do falecimento de Ademir Lino, dono do bar Rota 25 e grande apoiador da cena musical de Mogi Guaçu.

Infelizmente, hoje Ademir sucumbiu, assim como tantos outros, à maldita doença cujo nome todos nós sabemos.

Nesta noite de quarta-feira fria, o pensamento voa... Não é estranho como tanta coisa comum em nossas vidas parece ser hoje uma lembrança pálida de um passado longínquo?

Me lembro da última vez que subi em um palco e tudo parece muito, muito distante...

Divago... A vida de um músico não depende só dele. Há uma máquina atrás do sonho, uma máquina feita por várias pessoas, como, por exemplo, os companheiros de banda, o vendedor da loja de instrumentos musicais, o luthier, os operários (das fábricas de instrumentos musicais, cordas, captadores, ferragens, pedais e acessórios), o operador da mesa de som, o pessoal que monta o palco, o roadie, o iluminador, o dono do estúdio de ensaio, o dono do estúdio de gravação, o pessoal que cuida da manutenção do estúdio, o engenheiro de som, o produtor, o professor de música e, por último mas não menos importante, o dono do bar.

Ah, o dono do bar... Conheci muitos ao longo dos anos. Tendo em vista as inúmeras histórias de terror que escutei, confesso que tive muita sorte. Com a exceção de um sovina que manterei anônimo e que sequer nos deu um mísero copo d'água, todos os donos de bar que conheci sempre trataram bem a mim e aos meus companheiros.

E hoje o meu panteão particular de donos de bar sofreu uma perda irreparável pois Ademir foi, indubitavelmente, um dos melhores donos de bar que conheci nesta longa estrada da Vida.

Sempre guardo com muito carinho a atenção, o respeito e o acolhimento com o qual Ademir dedicou a mim e aos meus irmãos musicais em todas as memoráveis vezes em que o Coice tocou no Rota 25 junto com os nossos irmãos da cena musical de Mogi Guaçu.

Ademir era um apaixonado pela cena musical local e nos fez sentir em casa desde o primeiro instante em que entramos no Rota 25. Jamais me esquecerei disso, assim como jamais me esquecerei das nossas conversas sobre os refrigerantes locais de Mogi Guaçu (Aquela garrafinha de 200 ml Mogi Maçã está em um lugar de honra na minha casa).

Escrevo estas palavras não apenas para homenagear um dos melhores donos de bar que conheci e uma grande pessoa que viverá para sempre nos corações daqueles que o conheceram, mas também para deixar um forte abraço para os familiares, amigos e integrantes da cena musical de Mogi Guaçu (cena que hoje sofreu um duríssimo golpe). Força, pessoal!

Muito obrigado, Ademir. Descanse em paz. ​